lara-one Lara One

Mulder e Scully se vêem às voltas com caçadores de fantasmas. Se há alguma coisa estranha pela vizinhança... Quem você vai chamar? Crossover: Arquivo X - Nova Iorque Contra o Crime e Os Caça Fantasmas


Fanfiction Seriados/Doramas/Novelas Para maiores de 18 apenas.

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S04#15 - ESPECTRO NEGRO

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Prédio da ONU – Nova Iorque – 11:47 A.M.

[Som: Ray Parker Jr - Ghostbusters]

Movimento de viaturas policiais e carros do FBI. Homens com coletes à prova de balas, descendo rapidamente dos carros, espalhando-se pela frente do edifício, correndo com armas em punho, tomando posições. Tensão.

Mulder e Scully descem de um dos carros. Mulder com um colete à prova de balas e um microfone rente aos lábios. O responsável aproxima-se deles, segurando um mapa enrolado.

HOPKINS: - Agente Mulder, sou o agente Hopkins. Estou no comando da operação. Até agora o que sabemos é que, a menos de duas horas, dois funcionários, burlando a segurança, entraram ‘para trabalhar’ portando armas atômicas. Há seis reféns com eles. Todos políticos que estavam em reunião. Se os dois sujeitos portavam armas atômicas, concluímos que são terroristas árabes. Esse tipo é perigoso. Todo o cuidado é pouco.

O agente abre o mapa sobre o carro.

HOPKINS: - Aqui está a planta do prédio. As informações que temos é que estão na sala de arquivos do quarto andar. Vai entrar lá e tentar negociar o que quiserem, ok?

MULDER: - (INCRÉDULO) Há duas horas e ainda nenhum deles entrou em contato para uma negociação?

HOPKINS: - Isso nos preocupa. Não fizeram contato algum, ainda não exigiram nada. Você sabe os procedimentos de conduta. Se sentir que eles não vão negociar, quero que os conduza pra perto da janela. Temos atiradores de elite em posições específicas, compreendeu?

MULDER: - Sim.

HOPKINS: - O mínimo de mortes. Este é o objetivo. Políticos, ok? Não podemos errar nesse caso. Agradeço sua ajuda e peço desculpas por ter de fazê-lo ficar mais um dia por aqui.

MULDER: - Tudo bem. Já estou acostumado a ficar preso em Nova Iorque.

Scully olha pra ele o fulminando. O agente afasta-se. Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Grande coisa! Eu deveria entrar lá, salvar os terroristas e levar os seis políticos presos.

SCULLY: - (NERVOSA) Mulder, toma cuidado.

MULDER: - Eu tomarei.

Mulder se dirige à frente do prédio. Mãos pra cima. Hopkins fala por um megafone.

HOPKINS: - Vamos enviar um dos nossos homens! Ele não está armado! Podem falar suas exigências!

A porta do prédio abre-se. Uma mulher sai correndo para fora, gritando por ajuda. Mulder passa por ela. A mulher o segura pelos braços, sacudindo-o.

MULHER: - (HISTÉRICA) Eles estão lá!!! São muitos!!!

MULDER: - Os terroristas?

MULHER: - (NERVOSA/ HISTÉRICA) Não!!! Dois estão mortos! Cobertos por alguma substância química radioativa!

MULDER: - Senhora, do que está falando????

MULHER: - São fantasmas!!!

MULDER: - (INCRÉDULO) Senhora, tem certeza de que são fantasmas?

MULHER: - (O SACUDINDO/ HISTÉRICA) Dezenas deles!!! Milhares deles!!! Oh, meu Deus!!!!

A mulher sai correndo, arrancando os cabelos, enlouquecida. Mulder aproxima-se do prédio, observando o alto das janelas. A mulher fica ao longe, gritando.

MULHER: - E aqueles malucos estão quebrando tudo!

MULDER: - Os fantasmas?

MULHER: - Não! Aqueles malucos...

MULDER: - Que malucos?

Corta para uma enorme quantidade de ectoplasma esverdeado que voa pela janela, caindo por cima de Mulder.

Corta para Ray que mete a cabeça pela janela, segurando sua arma de prótons.

RAY: - Aí, rapazes... Acho que agora realmente estamos encrencados...

VINHETA DE ABERTURA: ‘WHO YOU CAN CALL???’


BLOCO 1:

Escritório do FBI – Sala de interrogatórios – 12:39 P.M.

Mulder aproxima-se de Scully. Cabelos molhados, roupa trocada. Scully olha pra ele, rindo.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Vai amar isso!

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Dois terroristas mortos... (RI) Seis reféns que juram que os terroristas foram mortos por (RINDO) almas de outro mundo. Buuu!!!!!!

MULDER: - (INCRÉDULO) O quê?

SCULLY: - (RINDO) E quatro malucos que afirmam serem caçadores de fantasmas.

MULDER: - ???

Dois agentes saem da sala e passam por eles, rindo.

AGENTE 1: - São todos seus. Já que vocês têm experiência com malucos dessa natureza.

Mulder e Scully entram na sala. Há um burburinho enorme. Mulder aproxima-se da mesa. Bate na mesa.

MULDER: - (INDIGNADO) Ok, ok!!! Vão ter bastante tempo pra discutirem no xadrez!

Corta para a mesa. Pete, Egon, Ray e Winston calam-se, olhando pra Mulder. Estão usando os tradicionais macacões com o fantasminha de símbolo. Egon e Winston estão sujos de ectoplasma verde.

MULDER: - Sou o agente Mulder e esta é minha parceira Scully. Se colaborarem vão sair daqui rapidinho. Caso contrário, eu tenho bastante tempo pra ficar aqui cantando 'Don’t cry for me Argentina'. E acreditem, eu sou bem desafinado.

Os quatro ficam olhando pra ele. Pete com ar de deboche. Mulder puxa a cadeira e senta-se. Scully observa de longe, escorada na parede. Pete olha pra ela e dá uma piscada. Scully vira o rosto, constrangida. Mulder pega o papel sobre a mesa e passa os olhos rapidamente. Olha pra eles.

MULDER: - Ok, quem é quem nessa bagunça?

Egon estende a mão.

EGON: - Sou o Dr. Egon Spengler.

Mulder o cumprimenta.

EGON: - Este é o Dr. Raymond Stantz, o nosso colaborador Winston Zeddemore e aquele é o Dr. Peter Venkman.

Mulder olha pra Pete.

MULDER: - Você não apresentava um programa na TV, há uns 15 anos atrás, chamado Mundo Psíquico?

PETE: - (SORRI) Ah, então me conhece.

MULDER: - (DEBOCHADO) Claro. Eu ligava a TV só pra dormir ouvindo aquela palhaçada.

Pete olha pra Mulder com um certo ar de deboche. Mulder estende a mão.

MULDER: - (DEBOCHADO) Muito prazer, Dr. Venkman.

Pete o olha com cara de nojo e só estende a mão, sem apertar a mão de Mulder. Retira a mão rapidamente e a limpa na roupa, fazendo um gesto de repulsa. Scully sorri, virando-se pra parede.

MULDER: - Ok, o quê três cientistas e um colaborador faziam num prédio federal portando armas? E não são armas comuns. E isto está deixando o FBI nervoso, porque nunca vimos tal tecnologia.

RAY: - São armas de prótons.

PETE: - Cala a boca! Acha que eles vão entender?

WINSTON: - Deixa ele falar! Temos que tentar sair daqui!

O burburinho começa, os quatro ficam discutindo. Mulder se irrita.

MULDER: - Ei, ei, ei! Um de cada vez! Quero saber por que foram confundidos com terroristas?

Eles se calam. Mulder vira-se pra Pete.

MULDER: - Pode me explicar?

PETE: - (DEBOCHADO) Acho que não. Policiais e macacos têm o mesmo nível de QI e eu ainda não aprendi a linguagem de animais.

RAY: - Pete, cala a boca! Ou a gente nunca vai sair daqui.

EGON: - É cala essa boca!

PETE: - Quem vai vir aqui me calar, hein? Eu não conheço vocês! Eu estava lá por acaso e entrei nessa confusão!

EGON: - Ora, seu mentiroso filho de uma...

Os quatro começam a discutir de novo. Scully tapa as orelhas com as mãos.

EGON: - Se sua maldita boca tivesse ficado fechada, não estaríamos aqui!

WINSTON: - É, não estaríamos!

RAY: - Seu idiota ganancioso!

EGON: - Agora temos o FBI no nosso pé por sua culpa!

PETE: - Ah, é minha culpa? Não fui eu quem planejou essa birutice toda! Eu estava tapando buracos na oitava avenida!

EGON: - Eu sei bem os buracos que você andava tapando por lá!

MULDER: - (GRITA ENFURECIDO) AHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!

Eles se calam.

MULDER: - (IRRITADO) Quero saber agora o que aconteceu!

Eles se entreolham.

MULDER: - (DEBOCHADO) Vocês por acaso são da Fraternidade dos idiotas que beberam água do parto?

PETE: - (DEBOCHADO) Bem que te conhecia! Estava ministrando a palestra da última reunião!

RAY: - Pete!

WINSTON: - Fala, Ray. Você é ótimo com palavras.

PETE: - É, Ray, fala. Você é tão bom com palavras e pensamentos quanto é bom em criar monstros de marshmellow e devorar sobras de geladeira.

RAY: - Agente ‘Murder’...

MULDER: - Mulder. Meu nome é Mulder.

Pete abaixa a cabeça. A balança negativamente.

PETE: - (DEBOCHADO) Olha o nome do sujeito! Depois eu é que bebi água do parto! A mãe dele deve ter se enforcado com o cordão umbilical enquanto pedia clemência divina... Com um nome desses... Deve ser judeu... Se duvidar muito o pai usa barba desde que ficou adolescente, tem uma joalheira na Primeira Avenida e a mãe costumava tecer meias e fazer pão sem fermento...

Mulder olha atravessado pra ele.

PETE: - É, em psicologia chamamos essa raiva de trauma da circuncisão...

Scully morde os lábios, doida pra rir. Mulder está indignado. Abre a boca, mas Ray o corta, percebendo o clima.

RAY: - Temos dois amigos no prédio da ONU. Eles nos relataram que haviam visto aparições espectrais. Então, pra não causar alarde, Egon e Winston entraram com os crachás deles. O Pete e eu entramos como visitantes.

EGON: - (EMPOLGADO) Quando chegamos, precisava ver a quantidade de espectros que captamos! Vários deles apareceram. Então começamos a disparar as armas.

WINSTON: - As pessoas pensaram que éramos terroristas e ficaram em pânico.

RAY: - (RINDO) É, e ainda por cima teve o lance do ectoplasma que caiu em cima desses dois aí. As pessoas achavam que eles estavam mortos.

MULDER: - Um momento, um momento. Foram encontradas quatro armas estranhas com vocês.

RAY: - Sim, são nossas armas de prótons.

MULDER: - Prótons? Armas nucleares?

Mulder levanta-se e começa a rir.

MULDER: - E ainda se dizem inocentes? Entram num prédio federal portando armas nucleares e ainda querem absolvição?

PETE: - (DEBOCHADO) Armas nucleares são feitas de nêutrons, Mr. FBI.

Mulder olha pra Pete. Os dois parecem que vão se atracar aos socos. Scully abaixa a cabeça disfarçando o riso.

EGON: - Prendemos os fantasmas com essas armas.

MULDER: - (DEBOCHADO) Deve ser incrível! Queria ver essa cena. Vocês apontam a arma e dizem: parado aí fantasma, levante as mãos. Está preso por emporcalhar o ambiente e por perturbação da ordem.

Pete olha pra Egon. Ergue os braços.

PETE: - O que eu falei sobre os macacos?

Mulder olha pra Pete.

MULDER: - Dr. Venkman, eu gostaria de ouvir a sua versão da história. Já que se julga tão inteligente por aqui.

Pete levanta-se. Anda pela sala, com as mãos no bolso do macacão. Olha pra Mulder.

PETE: - Bem, eu gostaria de salientar que sou psicólogo. Não entendo muito de ‘história’... Minha versão da ‘História’... Bem... (PIGARREIA) Hum... Os espanhóis não chegaram aqui por mero acaso, foram guiados por ÓVNIS provenientes de Saturno. A busca pela independência não foi por causa da alta tarifação do chá na Inglaterra, até porque ninguém toma chá por aqui mesmo, só Coca-Cola e...

Scully solta uma gargalhada. Mulder olha pra ela, com censura. Ela põe a mão sobre os lábios, saindo em disparada aos risos da sala. Pete olha pra Ray.

PETE: - (SORRINDO DEBOCHADO) Eu sempre faço as mulheres rirem.

MULDER: - (IRRITADO) Pois vai ter tempo pras suas piadas porque vai ficar preso! Os quatro estão presos!

RAY: - Agente Mur... Mulder, poderíamos provar que estamos dizendo a verdade.

MULDER: - Vão dormir aqui hoje. Eu vou procurar a verdade.

EGON: - Acredita em fantasmas, agente Mulder?

MULDER: - Ficaria surpreso com o que eu acredito.

Mulder sai porta à fora. Winston suspira. Olha pra Ray.

WINSTON: - Trouxe o baralho pelo menos?

EGON: - Se o Pete calasse essa maldita boca e parasse de irritar o federal!

PETE: - Ah, a culpa é minha agora? Esse cara é um imbecil! Por isso passou no teste da polícia. Ele só tem tamanho e um grão de feijão dentro da cabeça. Em compensação a ruiva...

EGON: - Pete, pára de causar problemas, ok?

RAY: - (DIVAGANDO) Scully... Dana Scully.

PETE: - (CURIOSO) Como sabe?

RAY: - Li o crachá.

PETE: - (ABRE UM SORRISO) Dana?

EGON: - (IRRITADO) Pete, mantenha-se afastado das Danas, ok? Já causou estrago em uma.

PETE: - Que culpa eu tenho se meu sex appeal é um ímã para as mulheres chamadas Dana...

EGON: - Estamos ferrados! Ninguém vai acreditar na gente. Essa maldita cidade sem memória.

RAY: - Depois do que fizemos é melhor ficar no anonimato mesmo.

WINSTON: - Ninguém mais se lembra dos Caça-Fantasmas?

PETE: - Isso foi há quase 16 anos atrás! Acha que vão se lembrar? Os que não morreram ainda, agora cresceram e fazem sexo!


Corta pra Mulder e Scully que os observam do outro lado da parede de vidro.

SCULLY: - Então?

MULDER: - Vou verificar quem foram os Caça-Fantasmas.

SCULLY: - Acredita nesses palhaços?

Mulder olha pra ela. Scully solta uma gargalhada.

SCULLY: - (RINDO) Eu não acredito! Mulder, olha pra eles! Parecem uns palhaços animadores de festas infantis com aqueles macacões ridículos! Viu o carro deles? É tão discreto quanto batom rosa-pink!

MULDER: - ...

SCULLY: - ... É, e eu que achava os Pistoleiros estranhos... Imagina juntar todos vocês... Que time!

MULDER: - E você? Ficou rindo da minha cara na frente deles!

SCULLY: - Confessa Mulder: Venkman te superou. Achou um rival à sua altura. O que me faz criar uma teoria, a partir da análise de dois exemplares da mesma espécie: psicólogos são todos loucos, debochados e tarados!

Ela sai da sala. Mulder suspira.


Precinto 15 - 4:16 P.M.

Mulder caminha com o detetive Andy Sipowics, em direção às celas.

SIPOWICS: - Tá brincando comigo, não é? Cada vez que você aparece por aqui eu sinto o cheiro de alguma encrenca. E não estou bêbado hoje.

Sipowics abre a cela.

SIPOWICS: - Ok, seus quatro malucos. Estão livres. Tirem seus traseiros sujos do meu distrito.

Os quatro levantam-se. Pete passa por Mulder, com uma cara debochada. Sipowics olha pra ele.

SIPOWICS: - Ei, você não é o Dr. Peter Venkman que fazia um programa chamado Mundo Psíquico?

Pete olha pra ele com um sorriso infame.

PETE: - Sou.

SIPOWICS: - Puxa, adorava aquele programa. Ligava a TV e ia dormir.

Mulder abaixa a cabeça, rindo. Pete olha pra Mulder.

PETE: - (SÉRIO/DEBOCHADO) Há... há... há.

EGON: - Estamos livres mesmo?

SIPOWICS: - Estão livres até eu colocar minhas mãos em vocês de novo. Há 16 anos atrás aprontaram uma feia por aqui. Destruíram a cobertura de um prédio e criaram um monstro de marshmellow. Se quiserem correr atrás do improvável, tentem localizar o meu aumento de salário. E tirem aquela maldita ‘ambulância’ da frente da delegacia. Tá chamando a atenção até de turistas.

Os quatro saem. Sipowics olha pra Mulder.

SIPOWICS: - Viu a placa daquela fubica velha? ECTO1A. Esses caras são malucos... Se duvidar muito, atiram geleia nas paredes com aquelas coisas e gritam que são fantasmas.

MULDER: - Obrigado por emprestar seus registros.

SIPOWICS: - Ora, sabe que aqui é sua casa também.

MULDER: - (SORRI)

SIPOWICS: - Acredita nesses doidos?

MULDER: - ...

SIPOWICS: - Tá brincando! Agente Mulder, um conselho: Pare de beber. Antes que realmente seja tarde demais.


BLOCO 2:

Central dos Caça-Fantasmas – 6:29 P.M.

Mulder pára o carro em frente ao velho prédio. A placa com o símbolo do fantasminha está velha e corroída pelo tempo. Mulder e Scully descem. Scully olha pra placa e põe as mãos na cintura.

SCULLY: - Não acredito! Mulder, eles são uns vigaristas! Ganham dinheiro iludindo gente que sofre de ilusão igual ou pior do que a deles.

MULDER: - (DEBOCHADO) Fantasmas são ilusão, Scully?

SCULLY: - ...

MULDER: - Ganhavam. Eles fecharam as portas há 10 anos atrás. Acusados de retirarem a Estátua da Liberdade do lugar.

Ela olha pra ele.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Você está brincando comigo, não é?

MULDER: - ...

SCULLY: - (DEBOCHADA) Usaram um ÓVNI superpotente para retira-la de lá? Ou foi apenas uma mágica auxiliada por David Coperfield?

MULDER: - Ectoplasma. Apenas um evento psicocinético.

SCULLY: - Tem testemunhas disso?

MULDER: - Se tivesse alguém com memória e lúcido nessa cidade, esses caras hoje seriam heróis.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Scully, são três cientistas, ok? Coleguinhas seus. Não meus.

SCULLY: - E todos uns espertos, querendo ganhar dinheiro em cima de pessoas desesperadas e cegas por crenças errôneas. Mulder, não percebe que eles estão querendo atingir popularidade de novo? Isso deve ser outro golpe de marketing bem preparado!

MULDER: - Estão velhos demais pra isso, Scully. Egon me confessou que estavam com saudades dos velhos tempos e não resistiram à oferta dos fantasmas na ONU. Só nunca imaginaram que daria tanta encrenca.

Mulder bate na porta. Janine atende, usando seus óculos, cabelos vermelhos e brincos até os ombros, num vestido verde-limão com rosa-pinky.

JANINE: - Sim?

Mulder recua num susto, soltando um ‘uhhhh’ de espanto.

MULDER: - (INCRÉDULO) ... Dr. Spengler está?

JANINE: - Marcaram hora?

Scully mostra a identificação.

JANINE: - Ah, sim, entrem.

Eles entram. O local está uma bagunça. Poeira, teia de aranha. Algumas fotos pelas paredes, dos quatro abraçados, no uniforme de serviço. Scully observa as fotos.

JANINE: - Por favor, me sigam.

Mulder olha pra Scully. Os dois seguem Janine.

MULDER: - Secretária estranha...

SCULLY: - Modelito ‘bem atual’... Quem não é estranho por aqui, Mulder?

MULDER: - Ora, Scully, confessa que você usou muita meia verde-limão com sandálias de plástico laranja.

Eles entram num laboratório. Egon segura uma espécie de caneta apontando pra um rato na gaiola.

EGON: - Dance.

O rato nem se mexe.

EGON: - Eu disse pra dançar!

Mulder olha pra Scully, apavorado. Scully faz sinal de que Egon é biruta. Egon vira-se.

EGON: - (SORRI) Ah, que bom que vieram!

SCULLY: - (CURIOSA) O que está fazendo, Dr. Spengler?

EGON: - Estou testando minha caneta de emissão de raios ultra-estimuladores-sensoriais.

SCULLY: - Ah! (DEBOCHADA) E... Pelo jeito não funcionou?

Egon coloca a mão na gaiola, pega o rato e o joga no lixo. Scully ergue as sobrancelhas.

EGON: - Funcionou. Só que eu esqueci que deveria ter dito ‘dançar’ antes de dizer ‘morrer’...

Mulder põe a mão no rosto, numa atitude de ‘o que eu estou fazendo aqui?’

SCULLY: - Dr. Spengler, poderíamos ter uma conversa séria?

Pete entra na sala, tirando o casaco e falando alto.

PETE: - Conversa séria, agente Dana, é comigo mesmo. Sou o único sujeito sério por aqui.

Pete estende a mão pra cumprimentar Mulder. Mulder estende a mão. Pete afasta a mão e joga o casaco usando o braço de Mulder como cabide. Mulder fica catatônico, incrédulo. Pete aproxima-se de Scully. Senta-se num banco, cruzando as pernas num ar de conquistador.

PETE: - Fale. Diga-me tudo sobre você, Dana. Toca violoncelo?

SCULLY: - Eu vim aqui pra saber tudo sobre você.

PETE: - (SORRI DEBOCHADO/ CONQUISTADOR) ... Ora, Dana... Não me deixe encabulado... Então é recíproco?

Mulder continua catatônico, segurando o casaco de Pete, boquiaberto com tamanha cara dura.

SCULLY: - Dr. Venkman, pode me explicar cientificamente essa história de armas de prótons?

PETE: - Podemos ir tomar alguma coisa do outro lado da rua e eu te explico direitinho como funciona minha arma...

Mulder atira o casaco de Pete no chão. Aproxima-se.

MULDER: - (ENCIUMADO/ IRRITADO) Ei, ô palhaço...

Pete ergue a mão pra ele se calar, só olhando pra Scully com uma cara de cínico apaixonado.

PETE: - Não nos conhecemos de algum lugar?

SCULLY: - Da delegacia.

PETE: - Não, antes disso... (POE A MÃO NA TESTA) Ah, não me desculpe! (SORRI/ GALANTEADOR) Estou confundindo você com o brilho de Vênus em noites quentes de verão.

Scully dá um sorriso tímido, abaixando a cabeça. Mulder fica sem reação diante da cara dura dos dois. Scully se flagra e fica séria.

SCULLY: - Ok, Dr. Venkman. Já vi que é um palhaço, agora quero ver se é cientista.

PETE: - Quem sabe deixa pra ver isso mais tarde. Deixa eu te mostrar a minha habilidade como amante. Gosta de homens mais velhos?

Mulder empurra Scully, já fechando o punho. Egon interfere.

EGON: - Ok, esqueçam o Pete. Ele é retardado e mal educado. Eu posso explicar pra senhorita. Entende alguma coisa de física?

SCULLY: - Sou médica e também cientista.

Pete olha debochado pra Egon.

PETE: - Ai... Acho que minha fimose está me atacando novamente... Ai, dói! Alguma médica na casa?

Mulder sai porta à fora, indignado, possesso de ciúmes, quase atropelando Ray que vem chegando.


11:29 P.M.

Scully entra no quarto. Senta-se na cama. Tira os sapatos. Mulder sai do banheiro, enrolado numa toalha. Não olha pra ela. Revira a mala, pega algumas roupas e volta pro banheiro batendo a porta. Scully segura o riso.

SCULLY: - Mulder, conversei com o Dr. Spengler. Ele parece louco, mas suas teorias são muito bem fundamentadas.

Ele sai do banheiro, segurando a camiseta nas mãos.

MULDER: - (FURIOSO) Até essa hora? Tem certeza de que ficou conversando com o Dr. Spengler? Ou ficou de frescura com o ‘Pete’ Venkman? Já que você adora homens mais velhos.

Mulder volta pro banheiro e bate a porta. Scully suspira.

SCULLY: - Mulder, está agindo como criança.

MULDER: - (GRITA) Que moral você tem pra me criticar?

Mulder sai do banheiro, vestindo cuecas boxer de seda e uma camiseta branca. Fisionomia de possessão. Puxa o lençol e se deita. Scully olha pra ele. Ele lança um olhar de raiva, deita-se e vira-se de costas pra ela.

MULDER: - Apague a luz. Quero dormir.

Ela levanta-se. Apaga a luz e vai pro banheiro. Cabisbaixa.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - ...

SCULLY: - Não quer lavar minhas orelhinhas?

MULDER: - Pede pro Venkman fazer isso.

SCULLY: - (RI) Mulder, eu não acredito! Você me disse que não era ciumento! Por que fazer um drama desses?

Ele acende o abajur e pula da cama. Aproxima-se dela com o dedo em riste.

MULDER: - (FURIOSO) Eu só vou te dizer uma coisa e presta bem atenção porque eu não vou repetir.

Ela recua a cabeça, arregalando os olhos, assustada com a reação dele.

MULDER: - (POSSESSO DE CIÚMES) Se eu sentir o cheiro de outro cara em você eu juro que te atiro por aquela janela e escondo as provas. Me entendeu?

SCULLY: - (BOQUIABERTA)

MULDER: - (GRITA) Entendeu?

SCULLY: - (GRITA) Ei!

Ela o empurra.

SCULLY: - Quem foi que deu o maior sermão de moral pra cima de mim, me acusando de insegurança? Quem foi que veio pra Nova Iorque e quase aprontou por aqui, hein? E que jogou na minha cara que ‘eu confio cegamente em você, Scully, você é que não confia em mim. Devia ter um pouco mais de auto-estima...’

MULDER: - Ah, é assim?

SCULLY: - Que confiança é essa que fica me acusando de coisas que eu não fiz?

MULDER: - Eu não sei se fez ou não. Eu não estava lá pra saber!

SCULLY: - Eu estou dizendo que não fiz!

MULDER: - E daí? Isso não significa nada.

SCULLY: - Está dizendo que não confia em mim?

MULDER: - Estou dizendo que você estava lá se derretendo toda pra aquele sujeito!

SCULLY: - Eu???

MULDER: - É, você. Você mesma! Parecia uma vadia!

SCULLY: - (BOQUIABERTA/ INCRÉDULA) Ohhh!!!

Ela vira as costas e entra no banheiro batendo a porta, indignada. Ele vai atrás dela. Entra no banheiro.

MULDER: - Devia ser mais distinta, agente Scully.

SCULLY: - (FURIOSA) Cala a boca, Mulder!

MULDER: - (FURIOSO) Cala a boca você! Eu estou cansado de fingir que não vejo as coisas!

SCULLY: - Você vê coisas. Coisas que não existem! Você é inseguro, Mulder! Completamente inseguro! É muito bom que eu descubra essa novidade agora. Assim não me arrependo das coisas que falei! Você merecia ouvir sim. Depois as pessoas dizem que eu sou uma ciumenta compulsiva e você é só um menino indefeso!

MULDER: - Ah, é? Pois você vai ouvir também!

SCULLY: - Eu não vou ouvir nada! Está vendo chifre em cabeça de cavalo!

MULDER: - E você tá me deixando parecido com um unicórnio!

SCULLY: - Eu não traí você!

MULDER: - Provas! Eu agora quero provas racionais e científicas.

SCULLY: - Eu sabia! Tinha que ter algo de errado em você! Era perfeito demais pra ser verdade!

MULDER: - Errado? Não há nada de errado comigo! Você é que não sabe se comportar como uma mulher casada!

SCULLY: - Onde está a certidão oficial que prova isso? Hein?

MULDER: - Ah, é assim?

SCULLY: - É, é assim.

MULDER: - Ótimo!

SCULLY: - Ótimo!

Ele volta pro quarto emburrado. Começa a chutar os móveis. Ela sai do banheiro, enrolada numa toalha, molhada e enfurecida.

SCULLY: - Vai agir como um maluco?

MULDER: - Eu sou maluco!

Ele atira um vaso contra a parede. Ela olha pra ele incrédula, assustada. Ele atira-se na cama.

SCULLY: - Seu porco! Canalha! Acha que eu te trairia?

MULDER: - Não acho! Se ainda não o fez foi por falta de oportunidade!

SCULLY: - Mulder, você é asqueroso! E hipócrita! Não foi você que disse: quem mal não tem, mal não pensa?

Ele emburra mais, fazendo um beiço. Puxa o lençol e cobre-se até a cabeça. Ele veste uma camiseta e vai pra cama. Fica de costas pra ele e apaga o abajur.

SCULLY: - (INDIGNADA) ... Ridículo.

MULDER: - ...

SCULLY: - Por que acha que eu me sentiria atraída por outro?

MULDER: - ...

SCULLY: - ...

MULDER: - Não falo de outro. Falo do Venkman.

SCULLY: - E o que ele tem de tão especial?

MULDER: - Senso de humor melhor do que o meu.

Ela acende a luz do abajur. Sorri, incrédula. Vira-se pra ele.

SCULLY: - Ô, Mulder...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder...

Ela puxa o lençol que cobre o rosto dele. Mulder está derrubando lágrimas. Ela fica apiedada dele.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - ... (CHORANDO CALADO)

SCULLY: - Mulder, por que está chorando?

MULDER: - Porque você é a única coisa que eu tenho na vida e eu tenho medo de perder você!

Ela sorri meigamente.

SCULLY: - Vem aqui, vem.

Ele se abraça nela. Ela, sorrindo, afaga os cabelos dele.

SCULLY: - Ô Mulder, meu bobão... Você é o único palhaço da minha vida. Os outros podem até me tirar algumas risadas, mas você é o motivo da minha festa.

MULDER: - ...

SCULLY: - Tá? Não chora, vai... Eu não gosto de te ver chorando.

MULDER: - ...

SCULLY: - Eu te amo, meu bobão. Você é o palhaço do circo da minha vida.

MULDER: - ...

SCULLY: - ... Vem, meu palhaço. Vamos pra baixo da lona fazer o circo pegar fogo?

Ela puxa o lençol pra cima deles.

Corta para o abajur. A luz começa a falhar. Da lâmpada escorre uma substância de cor rosa.


Central dos Caça-Fantasmas – 3:47 A.M.

Rua escura. A porta do prédio abre-se lentamente. O carro vai saindo de ré. Pete, Winston e Ray empurram. Egon dirige.

Eles empurram até tomarem distância. Entram no carro. Egon liga o carro.

EGON: - Acho que burlamos a vigilância. Se é que estão nos vigiando.

WINSTON: - Vamos checar aquela suspeita?

EGON: - Como acham que aqueles fantasmas chegaram no prédio? Vocês repararam nas lâmpadas?

RAY: - Todas elas estavam cheias de fluídos.

PETE: - Ah, certo. (DEBOCHADO) Quer dizer que agora os fantasmas estão usando a corrente elétrica para chegarem a seu destino... Talvez chefiados por um líder de uma seita religiosa chamada Filhos Bastardos da Luz.

Egon esmurra o volante.

EGON: - É isso, Pete!

PETE: - (INCRÉDULO) Isso o quê?

EGON: - Vocês já ouviram falar da Lenda do Espectro Negro?

WINSTON: - Que ‘habitava os subterrâneos de Nova Iorque’?

RAY: - Sim, um fantasma poderoso que se utiliza dos outros mais fracos pra poder criar força.

EGON: - Exatamente. E se estes espectros fossem apenas bodes expiatórios do Espectro Negro?

Pete põe as mãos no rosto.

PETE: - (RESMUNGA/ INCONFORMADO) Eu poderia estar em Las Vegas, com duas morenas, ganhando uma partida de pôquer e bebendo champanhe francesa... Mas não. Aqui estou eu, com três malucos, falando em Espectro Negro e conspirações de fantasmas em Nova Iorque...

RAY: - E onde o Espectro Negro poderia se esconder?

Pete olha debochadamente pra câmera. Olha pra Ray.

PETE: - (DEBOCHADO) Quem sabe nos subterrâneos de NY, já que a lenda diz que ele se esconde nos subterrâneos de Nova Iorque?

RAY: - Puxa, é mesmo!

Pete olha debochado pra câmera. Abaixa a cabeça, a balançando negativamente.

EGON: - Na central de energia elétrica. Assim não levantaria suspeita!

WINSTON: - (EMPOLGADO) É claro! Dali ele se aproveita e utiliza-se dos cabos de energia para se espalhar pela cidade...

RAY: - (EMPOLGADO) E fazer suas vítimas!!!

PETE: - Ah, não! Gente, gente, vamos com calma! Não vamos causar nenhum blecaute na cidade desta vez, ok? Deve ter muitos maridos que chegarão tarde e às escondidas e não queremos que esbarrem nos móveis, certo?

EGON: - Pra companhia de energia!

RAY: - Yes!!!

PETE: - Estou ferrado! Começou com a polícia da cidade e terminou com o FBI. Daqui a pouco, homens da CIA revirarão meu apartamento! E levarão minhas cuecas como prova.

Egon vira o volante rapidamente, quase virando o carro.


BLOCO 3:

Precinto 15 - 5:32 A.M.

A rua completamente escura. Mulder estaciona o carro. Fisionomia de fúria, de quem acordou irritado. Scully desce. Mulder desce, batendo a porta do carro e aproximando-se da entrada do edifício. Tudo no escuro. Mulder acende a lanterna. Scully correndo atrás dele. Mulder entra na delegacia.

Geral da recepção. Velas pra todo o lado. John olha pra ele.

JOHN: - Agente Mulder?

MULDER: - Onde está o Sipowics?

JOHN: - Na sala de interrogatório.

Mulder avança furioso pela delegacia. Scully atrás dele. Mulder abre a porta. Ela entra. Mulder entra depois dela.

Uma vela acesa sobre a mesa. Mulder bate a porta. A vela se apaga. Mulder mira a lanterna em Sipowics que olha pra ele.

SIPOWICS: - Ah, agente Mulder! Olha os vaga-lumes crescidos que encontrei na companhia de energia elétrica da cidade.

Mulder mira a lanterna em cada um dos quatro.

MULDER: - Chame um padre. Precisamos exorcizar esses idiotas!

PETE: - Ei! Mais respeito quando se referir a mim e meus amigos.

MULDER: - Olha, Venkman, não me teste! Sua sorte é que tem grades na janela!

Mulder chuta a cadeira. Sipowics levanta-se. Passa por ele.

SIPOWICS: - É isso aí, dá uma dura. Vou registrar a ocorrência.

Sipowics sai. Mulder parece fora de si. Desliga a lanterna. Caminha de um lado pra outro com as mãos na cintura.

MULDER: - Ok, seu bando de loucos! Por que cortaram a energia elétrica da cidade?

EGON: - Já ouviu falar do Espectro Negro?

Mulder olha pra Scully. Aproxima-se dela.

MULDER: - (DESESPERADO) Scully, me perdoa por todas as vezes que eu te chateei! Agora entendo na carne o quanto você devia sofrer ouvindo essas coisas malucas! Obrigado por ter sido tão gentil e complacente comigo. Perdão! Perdão mesmo!

RAY: - Mas o Espectro Negro existe.

MULDER: - Tá, tá legal, ok? (DEBOCHADO) Eu vou dizer uma coisa: Parem de comer cachorro quente dessas carrocinhas das ruas de Nova Iorque, estão todos contaminados com a bactéria ‘burricos estupidis’ e estão corroendo o cérebro de vocês!

PETE: - (DEBOCHADO) Ei, não sou eu que uso um perfume francês, chamado ‘Migerri di Cachorri’...

Mulder pega Pete pelo pescoço. Começa a sacudi-lo. Scully tenta impedir.

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Só até ele ficar roxo e cuspir sangue pela boca, eu prometo!

SCULLY: - Me ajudem!

Eles conseguem afastar Mulder de Pete. Os dois se olham rosnando como cachorros. Egon levanta-se.

EGON: - Eu ajudo a mata-lo depois, agente Mulder.

Pete olha pra ele.

PETE: - Ah, é bom saber que posso contar com os amigos.

EGON: - É, é bom mesmo.

Os dois se peitam.

EGON: - Você só cria confusão! Você atrapalha a seriedade do nosso trabalho, seu cético miserável!

PETE: - Ah, que seriedade? Se isto me trouxesse alguma grana eu até pensaria em cortar a energia da cidade inteira!

EGON: - Seu miserável ganancioso!

Mulder se intromete. Olha pra Ray.

MULDER: - Ok. Dr. Stantz, o senhor me parece ser o mais racional por aqui. Vamos conversar lá fora.

Mulder vira-se pra Pete.

MULDER: - E você, Venkman, fale uma só piada pra agente Scully e vai ver como retalho um corpo em menos de um minuto.

Mulder sai com Ray. Pete olha pra Scully. Começa a se fazer de vítima, sempre no deboche.

PETE: - Entendi. Está me traindo com ele.

SCULLY: - ...

PETE: - Ele é seu namorado?

SCULLY: - ...

PETE: - O que viu num sujeito como ele? A beleza?

SCULLY: - ...

PETE: - Mas o que é a beleza diante da experiência?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não gosto de aprender. Gosto de ensinar.

PETE: - Uau! Acho que nos daremos muito bem. Eu sou tão ingênuo...

Pete põe a mão na testa.

PETE: - E eu que te convidei pra jantar à luz de velas, aqui nesta delegacia...

SCULLY: - Dr. Venkman...

PETE: - Ia lhe pedir em casamento, teríamos lindos ruivinhos debochados de olhos azuis, inteligentes como o pai e belos como a mãe...

SCULLY: - Pete.

PETE: - (SORRINDO) Sim?

SCULLY: - Vá se danar!

Egon solta uma gargalhada. Winston também. Pete olha pra ela.

PETE: - Tudo bem, Dana. Sem mágoas.

SCULLY: - Agente Scully.

PETE: - Ok, Dana Agente Scully...

Ele sorri debochado. Ela acaba rindo.

SCULLY: - Faz isso sempre?

PETE: - Elas caem, acredite.

SCULLY: - É, acredito. Mas não caí.

PETE: - Porque já caiu por outro.

SCULLY: - ...

PETE: - Ah, tudo bem. Você também não faz o meu tipo. Gosto de tocadoras de violoncelo. E ‘caçadoras de aliens’...

Scully sai correndo assustada, gritando por Mulder.


Hotel Reitman - 2:35 P.M.

Mulder desliga o celular. Boceja. Atira-se na cama. Scully está deitada.

MULDER: - Avisei o Skinner. (BOCEJA) Quero dormir, Scully...

SCULLY: - Dorme.

MULDER: - Eles vão aprontar alguma de novo e terei de ir correndo atrás. Uma babá quase perfeita... Se tiver de me vestir de velha e usar peitos eu juro que afogo esses doidos naquela geleia toda...

SCULLY: - Não vão. Sipowics está os observando. À noite é conosco.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Acho que ganhamos quatro amigos novos.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - Minha amizade... (BOCEJA) ... com os Pistoleiros também não começou numa boa...

SCULLY: - Grandes amizades nascem assim... E Venkman?

MULDER: - Minha irritação com ele é porque me vi no espelho, entende? Ninguém quer se reconhecer no espelho.

SCULLY: - É, tem fundamento.

MULDER: - ... Eu faço o primeiro turno hoje à noite.

SCULLY: - Não posso dormir Mulder. Vou voltar no prédio da ONU e procurar provas da substância que o Dr. Spengler afirma ter visto.

MULDER: - Zzzzzzzz.......

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - Zzzzzzzz......

Ela o cobre com o lençol e abraça-se nele. Fecha os olhos.


11:34 P.M.

Do outro lado da rua, um carro estacionado no escuro. Mulder dentro do carro, comendo salgadinhos e observando o prédio. O celular toca. Ele atende.

MULDER: - (BOCA CHEIA) Mulder.

SCULLY (OFF): - O que está jantando?

MULDER: - Cebolitos.

SCULLY (OFF): - Argh! Quer alguma coisa mais nutritiva?

MULDER: - (SORRI) Você, por exemplo?

SCULLY (OFF): - Não, eu não sou nutritiva. Sou exatamente o contrário. Sabia que cada vez que se faz sexo, do pré-orgasmo ao clímax, pode-se perder em média 25,6 calorias?

MULDER: - E sabia que depois que você tomou conta da minha cozinha, esse número de calorias é ínfimo em relação a que eu adquiro todo o dia?

SCULLY (OFF): - (RINDO) Como está aí?

MULDER: - Hum... (DEBOCHADO) Nada de novo. Nossos caçadores de fantasmas parecem estar dormindo. É, talvez hoje não seja uma noite muito espirituosa. E você, como está aí?


Corta para Scully. Ela observa uma sala cheia de arquivos, enquanto fala no celular.

SCULLY: - Aparentemente nada, nenhum fantasma.

MULDER (OFF): - Eles disseram que pegaram todos.

SCULLY: - É. Se pegaram eu não sei, mas aqui não há fantasma algum, só uma ruiva perdida entre arquivos, pra variar. Quer companhia?


Corta pra Mulder.

MULDER: - (SORRI SAFADO) Seria uma boa. Assim o tempo passaria mais depressa.

SCULLY (OFF): - Quer dizer que o tempo passa rápido quando está se divertindo?

MULDER: - É, isso é uma comprovação minha em particular, irrefutável.

SCULLY (OFF): - Te levo um lanche decente, certo?

MULDER: - Ok, te aguardo.

Mulder desliga. Continua olhando pro prédio e comendo salgadinhos.


11:48: P.M.

[Som: Ray Parker Jr - Ghostbusters]

A porta do prédio abre-se. Mulder observa. O carro dos Caça-Fantasmas sai rapidamente do prédio. Mulder atira o pacote de salgadinhos no banco e liga o carro. Segue o carro deles.


12:13 A.M.

O carro pára em frente ao velho prédio, com uma alta escadaria. Os quatro descem, uniformizados.

Corta para Mulder que pára o carro ao longe. Os observando atento.

Corta para os quatro. Eles entram no prédio.

Mulder desce do carro. Verifica a arma. Coloca no coldre. Caminha a passos largos. Pára na frente do prédio, olha pro prédio. Mulder puxa o celular e aperta uma tecla. Vai subindo as escadas.

SCULLY (OFF): - Fala.

MULDER: - Estou no antigo teatro municipal.

SCULLY (OFF): - Comprou os ingressos?

MULDER: - Quatro ‘ingressos’. Tá fim?

SCULLY (OFF): - O espetáculo é bom?

MULDER: - Chama-se ‘Os Caça-Fantasmas contra o Fantasma da Ópera’. Acho que é imperdível.

SCULLY (OFF): - Mulder, se o show for uma farsa eu quero o dinheiro de volta.

MULDER: - Pode ter certeza de que agora ou os pegamos ou realmente eles se livram da gente. E podemos voltar pro nosso ninho, fazer amor por dois dias inteiros, sem fantasmas, conspirações ou qualquer fenômeno sobrenatural. Apenas fenômenos físicos completamente racionais e explicáveis.

SCULLY (OFF): - Me convenceu. Estou indo.

Mulder desliga. Para na frente da porta. Observa.

MULDER: - Arrombamento de propriedade do município... É, vai ser uma ótima, acrescentando o blecaute...

Mulder empurra a porta lentamente. Entra. O lugar está escuro. Mulder puxa a lanterna do bolso.

MULDER: - Preciso achar uma lanterna maior e digna, ou as piadas vão ficar cada vez mais irritantes...

Mulder continua caminhando. Entra no auditório. Não vê nenhum movimento. Caminha até o palco. Escuta algumas vozes. Para. Tenta se localizar pelo ouvido. Sente a mão em seu ombro. Mulder dá um pulo, coração disparado.

Corta pra Pete que o olha debochadamente.

PETE: - Procurando alguma coisa?

MULDER: - (INDIGNADO) Você sempre é idiota ou isso é apenas influência do ciclo lunar?

PETE: - Digamos que temos o mesmo signo ascendente. Procurando algo?

MULDER: - Sim, quatro idiotas num uniforme com um aviso: proibido fantasmas.

Pete sorri debochado.

PETE: - Não vi ninguém assim por aqui.

Egon aproxima-se segurando um aparelho.

EGON: - Impressionante! A atividade psicocinética do local chega a escala de 1.120 no PKE e 3,1 no GEV.

Mulder olha incrédulo.

MULDER: - Que porcaria é essa que tem duas antenas que se movem pros dois lados?

EGON: - Isto é um detector espectral de ultra densidade.

MULDER: - Ah! E pra que serve?

Pete olha pra câmera, debochadamente.

PETE: - Não percam a estréia da seção Respostas Imbecis para Perguntas Cretinas... No número de lançamento, Ray versus Mulder. Quem vai ganhar?

EGON: - Estamos captando uma concentração de energia espectral neste lugar.

MULDER: - Com isso?

Ray aproxima-se rapidamente sem perceber a presença de Mulder.

RAY: - Há fantasmas por aqui, Egon e... (OLHA PRA MULDER) Oh-oh... Pensei que era um fantasma.

Ray abaixa a cabeça.

EGON: - Tudo bem, Ray. Pode falar. Mulder já sabe que estamos aqui.

Pete olha pra câmera, fazendo um sinal pra ela se aproximar. Cochicha.

PETE: - Errata da nota de edição: Egon versus Mulder versus Ray... Vocês não acham que certos comentários poderiam estar completamente fora deste roteiro? Não me perguntem. Não escrevi.

Pete olha pra Ray.

PETE: - E o que faremos? Um show de graça pro FBI?

MULDER: - Vocês não vão fazer show algum. Estou cansado e vocês vão sair agora daqui ou vou levar vocês todos presos. Isso é invasão de propriedade municipal, artigo 10, lei...

PETE: - Cara, você tem problemas pra dormir?

Mulder cala-se e olha pra ele. Ray vai saindo de fininho.

PETE: - Confessa. Falta de sexo faz a gente ficar biruta.

MULDER: - Olha aqui, ô engraçadinho, vocês são quatro malucos que já me esgotaram a paciência. Não me interessam se são cientistas. Eu vou levar vocês presos e juro que farei de tudo pra que fiquem trancafiados em isolamento completo até a volta de Cristo.

PETE: - E se isso acontecer amanhã?

Mulder se aproxima de Pete, ele vai recuando. Egon interfere.

EGON: - Ok, ok... Vamos embora, está certo?

MULDER: - Estou vigiando vocês. Vou colocar guardas por aqui.

PETE: - (DEBOCHADO, DANÇANDO E MEXENDO AS MÃOS) É, ele vai nos vigiar e colocar guardas por aqui. Ele é o homem do FBI. Frustrados Burros Incompetentes...

MULDER: - Dr. Venkman, não teste minha paciência.


Corta para o lado de fora do prédio. Scully desce do carro. Vai subindo as escadas. Para. Vira-se. Do outro lado da rua, dois sujeitos com capacetes. Um corta os fios no alto do poste e o outro segura a escada. Scully volta. Atravessa a rua. Puxa a credencial.

SCULLY: - Ei, o que fazem aí?

Ray olha pra baixo e ergue a cabeça rapidamente. Winston abaixa a cabeça, puxando o capacete.

WINSTON: - (DISFARÇANDO A VOZ) Olha aqui, madame, estamos trabalhando, ok? Poderia nos deixar em paz?

RAY: - (DISFARÇANDO A VOZ) É isso aí, gracinha, nos deixe em paz.

Scully inclina a cabeça pra olhar o rosto de Winston, ele vira o rosto. Scully continua tentando vê-lo. Ele se esquivando. Scully finge ir pra um lado e acaba o flagrando.

SCULLY: - Ahá!

Winston suspira. Scully olha pra cima.

SCULLY: - Desça já daí!

Ray termina de cortar o fio e desce. Olha pra ela, enquanto tira as luvas de borracha.

SCULLY: - O que pensam que estão fazendo? Qual é a tara de vocês por escuridão completa?

RAY: - (HUMILDEMENTE) Olha, Dra. Scully, não entenderia. Mas precisamos fazer.

SCULLY: - Não me venham com desculpas furadas, ok? O que está acontecendo por aqui?

WINSTON: - Tem entidades psíquicas dentro daquele teatro. Uma delas é bem forte e domina as outras.

RAY: - Sim, e estão usando o fio de luz para se propagarem pela cidade.

SCULLY: - Ahn????

RAY: - Pensávamos que ele se escondia na companhia de energia. Mas ele é esperto. Esconde-se no velho teatro. Precisamos cortar a energia do teatro com a área toda, ou ele vai se propagar pelos fios. Está ficando cada vez mais forte.

WINSTON: - Ele vai tomar conta de Nova Iorque! Será o caos! Espalhará maus fluídos! Já temos o bastante por aqui!

Scully apoia-se com a mão no poste. Abaixa a cabeça. Suspira.

SCULLY: - Uma casa em Virgínia, um consultório, meu nome precedido de um DRA no catálogo telefônico... Mas não. Eu acabei aqui, numa rua escura de Nova Iorque, a uma da manhã, conversando com dois malucos sobre fantasmas...

Ray olha pra ela com piedade. Scully suspira. Passa a mão nos cabelos. Olha pra cima. Olha pra sua mão com uma substância gosmenta. Olha pra cima novamente. Ray mira a luz da lanterna.

Corta para o poste, tomado de uma estranha gosma rosada que vem pelos fios.

Som de estrondo.

Os três viram-se pro teatro. Pete e Egon saem correndo. Mulder passa voando pelo meio dos dois, caindo no chão, todo melecado de substância rosada, rolando escada à baixo.

Scully atravessa a rua correndo. Mulder estirado na calçada.

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Ai!

SCULLY: - Você está bem?

MULDER: - Não sei. Não sinto nada...

Mulder começa a cuspir a estranha substância.

PETE: - Eu falei, eu falei pra se abaixar. Você não me deu ouvidos.

Mulder tenta se levantar e grita.

MULDER: - Venkman eu juro que quando me levantar daqui, vou fazer você engolir essa porcaria toda pra ver se cala essa maldita boca!

PETE: - Não, obrigado, eu já jantei.

SCULLY: - Pelo amor de Deus! Querem parar?

Scully ajuda Mulder a se levantar.

SCULLY: - O que aconteceu?

MULDER: - Não sei. Eu ia prender os dois e eles gritaram. Só ouvi um barulho, senti uma coisa molhada nas costas e depois pim, pum, poft.

SCULLY: - Ahn?

MULDER: - Eu, me estatelando pelas escadas.

SCULLY: - Ah!

MULDER: - Ai! Eu tô sofrendo!

Mulder caminha, com a mão nas costas, todo torto. Fisionomia de quem vai chorar de desespero.

MULDER: - Eu odeio Nova Iorque! Eu odeio vocês! Eu quero a minha mãe!!! Buaáááá!!!!!!

Ray coloca a mão sobre o ombro dele.

RAY: - Calma, amigo. Calma. Respire fundo e verá a vida com olhos diferentes.

MULDER: - Vocês foram o pior caso que já enfrentei! Alienígenas e conspirações do governo são fichinha perto de um segundo com vocês quatro! (DESESPERADO) Eu vou ter pesadelos com vocês pro resto da minha vida! Se Deus queria me castigar, conseguiu! O inferno deve ser um lugar cheio de placas com fantasminhas e vocês mantendo todos em cativeiro ameaçando as pobres almas com armas de prótons e cantando Ghostbusters!

Scully abraça Mulder como um filho e afaga seus cabelos. Ele está completamente desesperado. Pete se aproxima.

PETE: - (SÉRIO/ DESCARADO) Entendo seu sofrimento. Eu os aturo há mais de 20 anos. Agora percebe por que sou completamente biruta? Eu era como a agente Dana Ruiva Scully, uma pessoa séria e cética, com um futuro pela frente...

EGON: - Ray, cortou os fios?

RAY: - Sim.

EGON: - Precisava ver, Ray. Era o Espectro Negro.

RAY: - Ahn?

EGON: - Era dessa altura. E tá lá dentro.

Barulhos de móveis e objetos se quebrando.

EGON: - Temos que fazer alguma coisa.

Winston abre o carro. Começa a tirar os equipamentos.

SCULLY: - Ei, ei, ei! Vocês não vão fazer nada. Vou chamar reforços.

PETE: - Reforços? Dra. Dana Ruiva Interessante da Silva Sexy, acha que alguém em são consciência entraria naquele lugar, apenas com coragem e uma arma automática?

SCULLY: - Dr. Peter Imbecil Debochado Irritante Venkman, encoste-se no carro porque eu vou algemá-lo.

Ele sorri debochado.

PETE: - Gatinha, podíamos conversar sobre isso depois. Meu apartamento fica há duas quadras daqui, tenho um vinho safra especial e no caminho tem uma farmácia 24 horas.

Scully puxa as algemas. Ray se coloca na frente dela.

RAY: - Eu sei que vocês acham isso um absurdo. Mas poderiam pelo menos nos dar um voto de confiança?

Mulder e Scully se olham.

RAY: - A gente vai entrar lá e capturar o Espectro Negro. Se acharem que somos uma fraude, eu mesmo me entrego e dou o endereço dos outros.

Pete olha pra Ray, metendo um safanão em sua nuca.

RAY: - Au!

PETE: - (SORRINDO) Não liguem pra ele, tem um neurônio apenas e só serve pra pensar em comida.

Mulder chama Scully fazendo um gesto com a cabeça. Scully vai até ele. Os dois caminham, se afastando. Olhando algumas vezes pros quatro. Param.

MULDER: - Scully, pior do que está não vai ficar.

SCULLY: - Eu não diria isso, olha com quem estamos lidando! O pior nunca é o pior quando se trata desses sujeitos.

MULDER: - ... (PENSATIVO)

SCULLY: - Olha pra cara deles! Mulder, estamos deixando eles destruírem patrimônio histórico! Seremos acusados como cúmplices e adeus economias, porque o processo vai custar caro!

MULDER: - Me deixa preso. Mas eu quero ver até onde isso vai.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Scully, tem alguma coisa estranha ali dentro e me atacou. Não sei o que é, mas confesso que o cheiro dessa meleca tá me revoltando o estômago. Isto é ectoplasma, realmente. Você já viu isso.

SCULLY: - Vamos fazer assim. Eu vigio os quatro e você entra. Se vir alguma coisa suspeita você grita. Então deixamos que eles façam o que dizem fazer. Se realmente o que viram é o que alegam ser.

MULDER: - Ahn?

SCULLY: - Ah, deixa pra lá. Nem sei mais o que estou dizendo! Esse foi o Arquivo X mais estressante que já investiguei!

Mulder e Scully voltam pra perto deles.

MULDER: - Ok. Vão ficar aqui e eu vou entrar.

RAY: - (DESESPERADO) Não pode entrar sozinho lá com um espectro daqueles! É perigoso!

MULDER: - Vou levar um papo com o Gasparzinho e vocês vão ficar aqui. A agente Scully é uma ótima babá.

Scully puxa a arma.

SCULLY: - Vai, Mulder.

MULDER: - Se Venkman proferir alguma gracinha, atire no meio das pernas Scully. Eu vou corroborar com você. Foi defesa pessoal.

Pete faz uma cara de deboche pra Mulder. Mulder sobe a escadaria.


BLOCO 4:

Egon suspira. Encosta-se no carro. Winston senta-se no cordão da calçada. Ray apóia a mão no carro e coloca a outra na cintura.

RAY: - (RESMUNGA) Céticos... Me dão nojo!

EGON: - Pessoas como você, Dra. Scully, deveriam ter a mente mais aberta. Só porque somos cientistas, não devemos nos ocultar debaixo do racionalismo científico intrínseco, de visão limitada e aspectos ortodoxos.

Pete se aproxima dela. Scully ergue a arma. Ele ergue as mãos.

PETE: - Calma.

SCULLY: - Fique parado aí.

PETE: - Aqui?

SCULLY: - É.

PETE: - Pode ser aqui, mais pra direita?

SCULLY: - Quer ficar parado?

PETE: - Ou pra esquerda?

SCULLY: - Pára!

PETE: - Um pouquinho mais pra frente?

Ela aponta a arma. Ele fica parado.

PETE: - Ok, ok... Pelo menos posso baixar os braços?

SCULLY: - Pode.

Pete baixa os braços. Descontrai os ombros.

PETE: - Ufa!

SCULLY: - ...

PETE: - Você não me respondeu naquele dia.

SCULLY: - O quê?

PETE: - Toca violoncelo?

Egon olha pra Scully.

EGON: - Dra Scully, não caia na lábia desse destruidor de corações femininos. Já infernizou o bastante a vida de uma amiga nossa chamada Dana. Que por sinal, toca violoncelo.

SCULLY: - Ah... Tem preferência pelo nome das vítimas? Segue um padrão de ataque?

PETE: - (MEXENDO AS SOBRANCELHAS/ DEBOCHADO) Digamos que sou o ‘serial killer do amor’.

Scully cerra as sobrancelhas.


Corta para o teatro. Mulder aos gritos vem rolando pelas escadas, coberto de mais meleca rosa novamente.

EGON: - Dra. Scully, o FBI não resolveu. Isto é um trabalho para os Caça-Fantasmas.

Eles se ajudam a colocar aquela aparelhagem pesada nas costas.

Fade out.

[Som: Ray Parker Jr - Ghostbusters]

Fade in.

A câmera avança em closes pra cada um deles.

Pete, segurando a arma, num ar de deboche.

Ray, com uma cara malvada.

Egon ajeitando o topete.

Winston engatilhando.

Mulder num uniforme dos caça-fantasmas, cheio de meleca rosa pelos cabelos, com a cara irritada, engatilhando a arma de prótons.

Os cinco trocam um cumprimento com as mãos. Sobem as escadas.

Scully suspira. Encosta-se no carro, os observando de braços cruzados.

SCULLY: - Acho que o Mulder encontrou um novo emprego. Você não acha?

Geleia olha pela janela do carro e faz sinal de positivo pra ela. Scully segura o riso olhando pro teatro.

SCULLY: - É... melhor nem questionar... nada é normal por aqui... Afinal, estamos em Nova Iorque...

Geleia oferece um pacote de salgadinhos. Ela coloca a mão e retira alguns, levando à boca.


2:27 A.M.

Os cinco andam lentamente pelo teatro, armas em punho, observando atentos.

EGON: - Não se esqueça. Não cruze o raio.

MULDER: - O que acontece se eu cruzar?

PETE: - Vai descobrir da pior maneira.

EGON: - Atire e fique pressionando o gatilho. Precisa envolve-lo no feixe de prótons. Depois acionamos a caixa.

MULDER: - Que caixa?

PETE: - Vai ficar explicando tudo pra ele? Calouros têm que aprender sozinhos.

Mulder olha pra Pete.

MULDER: - (DEBOCHADO) Acho que não sou eu quem está precisando de sexo por aqui.

Pete olha pra ele, fazendo uma cara de deboche.

PETE: - (DEBOCHADO) Acha que eu também não vasculhei suas gavetas, agente Mulder, ‘o Estranho’?

Mulder olha pra ele.

PETE: - É tão louco quanto nós.

EGON: - Se não for mais louco, porque trabalha pro FBI ao invés de trabalhar sozinho. Veria que as ironias servem a nosso favor e não contra nós.

PETE: - E trazem uma graninha extra.

RAY: - Poderia ser um Caça-fantasmas.

MULDER: - Não, obrigado. Eu prefiro caçar extraterrestres.

RAY: - Eles atiram meleca em você também?

Todos olham pra Ray.

PETE: - Não repare. Ele adora essa coisa de escatologia.

RAY: - Eles têm armas laser potentes?

Eles olham pra Ray.

PETE: - Quer calar essa sua boca? Pára de assistir a sessão de filmes B porque o ingresso custa 1 dólar. Em uma semana vai ter dinheiro pra assistir Contato.

WINSTON: - E a gostosa da Jodie Foster...

MULDER: - Sapato 43...

Winston dá um sorriso. Egon fica apontando o detector pra todos os lados.

PETE: - Isto está muito quieto por aqui.

EGON: - Ele está aqui. O ponteiro está descontrolado.

Repentinamente algumas cadeiras começam a voar. Eles viram-se.

EGON: - Ainda não, esperem... Não se manifestou.

WINSTON: - A entidade está brincando conosco.

PETE: - Já viu um fantasma, agente Mulder?

Todos olham pra Pete.

PETE: - (DEBOCHADO) Não, é sempre bom perguntar. Ele está com uma arma de prótons. Não quero correr o risco dele me confundir com um.

MULDER: - Fantasmas são entidades incorpóreas que correspondem ao espírito dos mortos que vagueiam na nossa dimensão à espera da sua entrada definitiva no paraíso. Além de se deixarem ver, também podem ser gravados em fita magnetofônica, o que chamamos de psicofonias. Quando são brincalhões e se dedicam a mover e manipular objetos, são conhecidos por poltergeist.

Eles olham pra Mulder.

PETE: - (DEBOCHADO) É, o macaquinho do FBI é inteligente... Palmas pra ele.

Som de aplausos.

Eles procuram com os olhos. Tudo vazio.

O som pára.

Pete olha pra eles debochado.

PETE: - Impressionante como eu tenho carisma com o público.

EGON: - Só o público do além, você quer dizer.

Egon pára. Mexe o nariz.

EGON: - Não estão sentindo um cheiro estranho?

Pete cheira a gola da camisa.

PETE: - Eca! Peguei a camisa de três dias atrás ao invés da de dois dias...

Mulder faz cara de nojo.

MULDER: - Parabéns! Você consegue ser mais desleixado do que eu.

RAY: - Imagina há quantos dias ele não troca de cueca.

Os cinco fazem cara de nojo.

EGON: - Não estão sentindo?

WINSTON: - Ei... Sim... Tem um cheiro estranho por aqui.

LOUIS: - (GRITANDO) Eu cheguei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Os cinco dão um pulo. Corações disparados. Mulder vira-se.

MULDER: - (DEBOCHADO) Quem é essa coisa? Atiro?

OS QUATRO EM CÔRO: - (ASSUSTADOS) Não!!!!!!!!

Louis se aproxima, ajeitando os óculos.

LOUIS: - Muito prazer, sou Louis Tolly, advogado deles.

MULDER: - Pois eu jurava que uma nave havia descido aqui dentro e estava enviando um contato.

LOUIS: - Quem é o grandão aí?

PETE: - (DEBOCHADO/ IMITANDO A VOZ ARRASTADA DE MULDER) FBI, Mulder... Mulder, FBI... Agente Mulder, do FBI.

Mulder olha pra Pete.

RAY: - Ei, onde estava quando precisávamos de você?

LOUIS: - Precisaram de mim?

PETE: - Deixa pra lá. Fique fora disso. Vá tentar convencer a agente ruiva lá fora que somos inocentes.

Louis sai.

MULDER: - Sabe o que o pai dele disse quando ele cresceu?

PETE: - Não.

MULDER: - Querida, ‘encolhi as crianças’...

Eles riem.

PETE: - Acho que o Saturday Night Live perdeu um prato cheio de humoristas por aqui.

Ray e Pete tossem, debochados.


3:19 A.M.

Os cinco sentados.

EGON: - Acho que o Espectro Negro está brincando com a gente.

Pete levanta-se.

PETE: - Ei, senhor Espectro Negro!

Eles observam Pete. Pete caminha pelo local.

PETE: - Vamos acabar com isto de uma vez! Eu quero ir pra casa, tá legal?

Egon abaixa a cabeça, desanimado.

EGON: - Ele faz isso sempre. Nunca termina bem.

PETE: - Quer jogar uma partidinha de tiro ao alvo? Ou você tá com medo, seu gayzão?

Mulder olha pra ele incrédulo. Pete olha pra eles rindo debochado.

PETE: - Acho que o Espectro Negro é uma bichinha enrustida. Tá com medo de cinco caras malucos como nós. Fica jogando melequinha cor-de-rosa por aí...

EGON: - Pete, pára com isso! Sabe que não deve provocar entidades psíquicas.

PETE: - Qual é o problema? Olha só, tô tremendo de medo. Se duvidar muito ele usa saia. (DEBOCHADO) Espectro Negro é o nome de guerra dele. De dia é Espectro Claro. De noite é negro, porque o slogan de rua dele é: (VOZ DE BICHA) Vem cá, meu nego! Por 5 dólares eu chupo o que quiser! Por 10 a gente pensa... Deixa eu ver a minha tabelinha aqui na bolsa... Não, meu bem, é a outra tabelinha, a de preços... Essa eu não tenho. Tirei meu útero aos 15...

Mulder abaixa a cabeça e ri. Os outros continuam sérios, observando Pete.

PETE: - Espectro Negro... Quem teve a ideia de te batizar com esse nome? A vadia da sua mãe? Ou o corno do seu pai?

O teatro começa a tremer. Mulder arregala os olhos, segurando-se na cadeira. Percebe que os rebites estão se soltando.

RAY: - (ASSUSTADO) Pete, pára com isso!

MULDER: - Esse Venkman é completamente maluco!

Eles levantam-se. Pete vira-se pra eles.

PETE: - Estão vendo? É apenas um terremoto. Essa coisa de Espectro Negro é coisa pra boi dormir. Nem criança se assusta com isso. Ele já era! Estamos na época do Pokémon.

Lentamente uma estranha nuvem negra toma forma de um rosto destorcido e furioso atrás de Pete. Ele não percebe. Mulder fica catatônico. Ray abre a boca. Winston faz o sinal da cruz. Egon começa a tremer as pernas. Pete continua falando.

PETE: - Ora, se eu vou ter medo dessa coisa! Espectro Negro... Ahn! Isso não existe. Eu vou dizer uma coisa pra vocês que eu tô cansado de falar. Essas coisas de paranormalidade em 99% são um embuste. Isso só dá dinheiro, o que eu acho realmente uma coisa interessante vista sob essa perspectiva.

O Espectro Negro vai aumentando de tamanho. Pete nem percebe. Os outros continuam acompanhando com os olhos, erguendo a cabeça pra cima ao mesmo tempo.

PETE: - E tem mais! Eu vou embora! Avisem o Espectro Man... Ahn, Negro, que se aparecer por aqui hoje eu já fui embora porque não costumo chegar atrasado nos encontros. Diga pra ele que eu pensarei se vou ou não comer a mãe dele.

Pete percebe que os outros estão catatônicos.

PETE: - Ei, rapazes? Algum problema?

Eles com a cabeça erguida, catatônicos.

PETE: - Ah, mais uma piada. Estão procurando ÓVNIS?

Pete cerra os olhos num insight. Vira-se lentamente e dá de cara com o estranho e enorme rosto que abre a boca de onde se pode ver o inferno. Pete olha com a maior calma.

PETE: - Ah, então chegou. Estava justamente falando de você. Está atrasado. Sabia que quando a gente marca com uma pessoa é falta de educação atrasar tanto? Percebo que não é um Lorde Inglês.

O fantasma abre mais a boca. Pete olha pra dentro. Passa a mão na frente do nariz.

PETE: - Argh! O que você anda comendo, meu filho?

O fantasma solta um urro infernal que faz eles voarem por cima das poltronas, estatelando-se na parede.

MULDER: - Venkman, eu te mato!

Eles levantam-se rapidamente. O fantasma aumenta de tamanho aos urros. Egon olha pra eles. Aciona a arma.

EGON: - Dó...

RAY: - Ray...

PETE: - Mi..... cara, muchas gracias...

Eles olham pra Pete.

PETE: - Fogo!!!!!!!

Eles disparam as armas.


FBI – Washington D.C.

Arquivos X – 11:34 A.M.

Mulder sentado na cadeira, com um braço e cabeça enfaixados. Scully digita um relatório. Pega a caneca dos Caça-Fantasmas e leva à boca.

SCULLY: - Café?

MULDER: - Não, obrigado.

SCULLY: - Bem, vou encerrar com o que vi.

MULDER: - Tem certeza?

SCULLY: - Tenho. Vi vocês rolando por uma escada, sujos de gosma rosada, por três vezes consecutivas. Levantavam-se, voltavam pra dentro, segundos depois rolavam pra fora de novo. Depois vi Venkman voando por uma janela. Você por outra. E finalmente, Spengler, Stantz e Winston saindo com um sorriso de vitória do teatro. Cobertos de gosma.

Mulder suspira. Scully fecha o laptop. Mulder olha pro nada e dá um sorriso.

MULDER: - Sabe de uma coisa, Scully?

SCULLY: - Ahn?

MULDER: - Sinto falta deles. São uns caras legais.

SCULLY: - Não precisa, vai vê-los em breve novamente.

Mulder pula da cadeira, horrorizado.

MULDER: - (DESESPERADO) Por quê?

SCULLY: - Eu os chamei.

MULDER: - (PÂNICO) Como assim?

Scully aponta pro fundo da sala. Geleia olha pra ela, suspirando apaixonado, segurando flores na mão. Mulder cai desmaiado. Scully suspira.

SCULLY: - Se há alguma coisa estranha pela vizinhança... Quem você pode chamar?

Mulder ergue a cabeça. Tonto.

MULDER: - Mulder e Scully? Por que não Mulder e Scully?

Mulder desmaia de novo.

[Som: Ray Parker Jr - Ghostbusters]

X


16/12/2000.

9 de Agosto de 2019 às 05:43 3 Denunciar Insira Seguir história
2
Fim

Conheça o autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Olá, autora! Escrevo-lhe para parabenizá-la por sua história ter sido verificada e para deixar minhas impressões sobre ela. Nunca realmente acompanhei a série Arquivo X, mas assistia esporadicamente, na TV, quando era pequena. Adorava os episódios e a forma como tudo era tão dramático e misterioso. Para ser sincera, até hoje tenho vontade de maratonar a série, só me falta mesmo um pouquinho mais de tempo. Acho bastante interessante o fato de você ter escolhido escrever suas fanfictions em forma de roteiro. Quando comecei a ler, pensei que talvez não fosse curtir muito por esse motivo, mas estava enganada. Você realmente conseguiu me impressionar, porque me senti dentro da história como se fosse mesmo um dos episódios que via quando mais nova na televisão. O formato da fanfiction e a passagem de cenários não ficaram cansativos nem confusos, pelo contrário; os cortes foram feitos de forma suave, principalmente por conta das últimas frases de transição que os interligam. Apesar de não haver muitas descrições, o que é completamente compreensível por se tratar de uma obra escrita em formato de roteiro, não senti muita falta de detalhamento. Algumas coisas com relação ao cenário e roupas eram reveladas e outras ficaram à mercê de minha própria imaginação, mas em uma boa medida: dessa forma, consegui até perceber o que acontecia melhor. Com relação aos personagens, eu gostei demais de como Mulder e Scully foram retratados, me pareceram bastante reais. No entanto confesso que fiquei um pouco assustada com a crise de ciúmes que ele teve. Apesar disso, dá pra entender que ele estava esquentadinho no momento e que não é bem do feitio dele esse tipo de coisa, principalmente porque a Scully levou tudo de forma muito suave. O Pete foi de longe um personagem e tanto neste episódio. Ri bastante com as piadas ruins dele e com o jeitão pegador (mas que parece não pegar nada) que ele tem. Dos parceiros dele, o que mais se destacou foi, sem dúvidas, o Ray. Com o jeitinho mais leve de lidar com as coisas, ele meio que conseguiu equilibrar bastante esse lado louco do Pete. Os demais também tiveram coisas especiais a mostrar durante a leitura e cada um se revelou único, o que é bastante legal e difícil de se fazer como escritora (trabalhar com vários personagens sem misturar um pouco da personalidade deles), você foi bem cuidadosa com esse ponto. Também gostaria de deixar algumas dicas com relação à gramática e ortografia. Suas histórias são muito bem-escritas, mas tenho notado alguns pontos nelas em comum nesse quesito, como a falta de vírgula para separar alguns vocativos (ex.: "atire no meio das pernas Scully." em vez de "atire no meio das pernas, Scully). Também vi o uso de "há" para indicar distância em "Meu apartamento fica há duas quadras", porém o verbo haver não é usado nesses casos. Outra coisa bastante recorrente em suas histórias é o uso de acento agudo em "para" (ex.: "O carro pára em frente" em vez de "O carro para em frente"), além de alguns verbos ligados a pronomes faltando acento, como "mata-lo" em vez de "matá-lo", e acento incorreto em "que", como "o quê três cientistas" em vez de "o que três cientistas". São coisinhas pequenas e que acontecem muito pouco em suas histórias, porém são recorrentes em todas elas, por isso resolvi trazê-las aqui, para caso resolva mexer em alguma futuramente. Mais uma vez, parabéns pelas histórias incríveis. Espero que muitas pessoas consigam acessá-las , pois são leituras deliciosas. Sucesso para você e para suas fanfics. Abraços!
January 03, 2020, 12:31

  • Lara One Lara One
    Obrigada Karimy. E peço desculpas porque estas histórias ainda foram escritas bem antes da reforma ortográfica e estou apenas postando sem me dedicar muito a correção inicialmente. E logicamente sempre falhas acontecem, ainda mais que eu escrevia uma por semana, num ritmo maluco na época. Agora postando aqui espero poder ter tempo para examiná-las novamente como quem lambe a cria, sem pressa. Muito obrigada mesmo, de coração. Espero que assista a série, tenho certeza que vai gostar muito. Bjus!!! <3 January 04, 2020, 21:29
  • Karimy Lubarino Karimy Lubarino
    Nem esquenta com isso hahaha Eu entendo perfeitamente e sua escrita é incrível. Além disso, é extremamente difícil corrigir todos os erros de uma história, ainda mais com tantas palavras. As observações são feitas por conta do protocolo de verificação e por consideração ao autor e à obra. Parabéns mais uma vez pelo excelente trabalho ❤ January 04, 2020, 22:02
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