lara-one Lara One

Nossos agentes são enviados para um congresso. Congresso... Ahn! Os dois estão enlouquecidos com a separação e o desejo latente. Vão dar bola pra congresso do FBI? A separação mostra algumas barreiras que haviam ainda entre os dois. Eles tomam noção disso e resolvem acabar com elas.


Fanfiction Seriados/Doramas/Novelas Para maiores de 21 anos apenas (adultos).

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S03#09 - A CULPA E O DESEJO


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

FBI – Arquivos X – 6:01 P.M.

[Som: John Paul Young – Love is in the Air]

Mulder sentado no chão. Scully sentada na cadeira de Mulder. Ambos em silêncio.

Mulder olha pro teto, procurando com os olhos, um possível local para uma câmera escondida.

Scully cabisbaixa, rabiscando num papel. Scully levanta-se num ímpeto.

Mulder desvia a atenção pra Scully.

Scully olha pra Mulder. Seus olhares se cruzam.

Nenhuma reação no rosto deles, mas os olhos reagem em brilho. Tensão sexual.

Mulder levanta-se do chão. Olha pro relógio em seu pulso. Senta-se em sua cadeira.

Scully escora-se na parede, cruza os braços, observa o chão.

Mulder abre a gaveta e retira alguns lápis, iniciando seu passatempo predileto, mirando o forro de isopor.

Scully ergue a cabeça, respirando profunda e suavemente, num piscar de olhos, dirigindo seu olhar pra Mulder, concentrado em sua atividade.

SCULLY (OFF): - Nenhuma manifestação. Não sei o que ele me esconde, mas se pede para que nada fique exposto, nem um sorriso em nossos lábios, assim será... Olho para esse homem à minha frente e vejo um menino. Um menino assustado, tentando defender seu território de monstros imaginários.

Scully continua admirando Mulder com os olhos, sem Mulder perceber.

SCULLY (OFF): - Um misto de força e de fraqueza, mas vejo o medo estampado em seus olhos. E me calo. Nada questiono. Assim ele pediu. Mas por quê? Por que estou fazendo isso? Sempre lutei e perdi grandes amores por causa da minha necessidade e do meu medo de me doar! É um mundo machista, todos sabemos. Um simples gesto de concordar com ele me parecia como se eu estivesse sendo submissa. A ideia de submissão me dá raiva! Mas muitas vezes eu não consigo, como agora. Não consigo questioná-lo e isso me irrita. Acho que me tornei uma pessoa mais compreensiva ao lado dele... Ou então, eu nunca havia amado de verdade.

Mulder olha pra ela. Scully está cabisbaixa. Longe em seus pensamentos. Mulder a admira.

MULDER (OFF): - O que será que ela fica pensando quando deixa os cabelos caírem por sobre seu rosto? Será que está com medo? Será que alguma dúvida a assombra? Não, Scully, não fica assim. Se pudesse roubar todas as suas preocupações e dores, eu o faria. Acho que está pensando sobre nós dois. Também penso, Scully, no quanto poderíamos estar rindo e conversando agora, se a desgraça não ficasse rondando a nossa porta. Amo tanto você que a ideia de ver você chorando me assusta. Eu sempre fui um doido, não me importava com ninguém, mas agora, se magoarem você, eu parto pra guerra.

Mulder a observa, apaixonado.

MULDER (OFF): - Essa sua força interior é tão grande que se eu não conhecesse você, duvidaria que ela existisse... Nesse corpo tão frágil, nesse olhar tão meigo e tímido... Sinto tanta necessidade de te proteger, embora isso pareça machismo. Mas não é. É simplesmente zelo, cuidado, medo de perder você. Medo de que te machuquem. Você é tão linda, por dentro, por fora. Você é tão mulher, tão menina... Scully, a cada dia que passo do teu lado, eu sinto que te amo cada vez mais. E num universo caótico como o meu, perdido entre a loucura e a razão, a única certeza que tenho é essa.

O telefone toca. Mulder sai de seus pensamentos. Scully também. Ele atende.

MULDER: - Tá, estamos subindo.

Os dois olham um para o outro. Scully abre a porta. Mulder apaga a luz. Os dois saem.

MULDER: - Quando a reunião terminar, 10 minutos depois te encontro no estacionamento. Se o Skinner não atrapalhar os planos.

SCULLY: - Tá.

Os dois sobem as escadas em silêncio.

VINHETA DE ABERTURA: LOVE IS IN THE AIR...


BLOCO 1:

Sala de reuniões – 7:11 P.M.

Alguns agentes sentados à mesa. Skinner sentado ao lado de Mulder. O agente Myers está de pé, em frente ao quadro negro, explicando alguma coisa. Scully, sentada de frente para Mulder, observa-o.

SCULLY (OFF): - Parece que a situação não tem ajudado muito... Há duas semanas que não conseguimos nos encontrar. E isso está me deixando louca... (RI) Acho que estou ficando tarada... Mulder é quem fica viajando, eu não fazia isso...

Scully olha pra Mulder, que presta atenção nas explicações de Myers. Scully segura um sorriso bobo, tapando os lábios com a mão, olhando pra Mulder.

SCULLY (OFF): - Ah, Deus! Eu nunca fiz isso... Mas confesso que a situação... Ah, eu vou fazer! Eu sempre quis fazer isso, via nos filmes e achava tão excitante... Desafiador... Vamos, Dana, quebre essas malditas barreiras! Mulder não vai interpretar mal. Precisa quebrar essas barreiras...

[Som: Bryan Ferry – Slave to Love]

Scully tira os sapatos com os pés. Fica olhando pro agente que está falando, enquanto leva o pé por debaixo da mesa até a perna de Mulder.

Mulder olha pra Scully, esboçando uma fisionomia de surpresa.

Scully dá uma olhadinha sedutora pra ele, mas volta sua atenção pra Myers, enquanto esfrega seu pé na perna de Mulder, subindo cada vez mais por suas calças.

Mulder começa a ficar nervoso. Olha pra Skinner a seu lado. Olha pros outros ali na mesa. Medo. Fecha os olhos.

Scully leva a mão nos lábios, segurando o riso.

Mulder olha pra ela. Scully olha pra ele.

Mulder ajeita-se na cadeira, olhando pra Scully com medo e ao mesmo tempo gostando da situação.

Scully desvia o olhar.

Mulder começa a suar frio. A excitação vence e ele afrouxa a gravata, respirando com dificuldades.

Skinner olha pra Scully, que presta atenção na reunião. Skinner olha pra Mulder. Mulder dá um sorrisinho sem graça, já derrubando suor pelo rosto. Skinner faz uma fisionomia de ‘o que está acontecendo com você?’. Mulder fica sem graça. Skinner estranha, mas não percebe nada. Volta a atenção para a reunião.

Mulder está tenso.

Scully sobe mais o pé até as coxas de Mulder.

Mulder tenta se controlar, mexe-se na cadeira, dá uma tossida, está completamente nervoso.

Skinner olha pra Mulder e cochicha.

SKINNER: - Algum problema?

MULDER: - Preciso de ar, estou me sentindo mal.

Mulder levanta-se, colocando depressa as mãos nos bolsos e sai de fininho.

Scully coloca os sapatos nos pés. Skinner olha pra ela, a questionando com os olhos. Scully ergue os ombros e faz uma fisionomia cínica de ‘o que houve com ele?’.


8:37 P.M.

Mulder e Scully descem as escadas, aos cochichos.

MULDER: - Você é louca?

SCULLY: - Desculpe.

MULDER: - Não, não me peça desculpas. Eu gostei. Só que tive de ir até o banheiro e colocar minha cabeça debaixo da torneira e dizer que estou com problemas de enjoo.

SCULLY: - (RI)

MULDER: - Scully, por favor... Eu não acredito que temos que ficar aqui a noite toda planejando aquela maldita palestra pro congresso do FBI. Scully, eu tô mal e você fica me provocando ainda? Não maltrata, eu sou apenas um homem e homens não têm autocontrole como as mulheres. Meu ‘autocontrole’ fica visível, o seu não, tá?

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu saí porque já estava pensando em grudar você em cima daquela mesa, na frente de todo mundo e azar o nosso!

SCULLY: - Mulder, acha que também não estou doida...

[Som: Bryan Ferry – Slave to Love]

Mulder agarra Scully num supetão a encostando contra a parede. Os dois trocam um beijo desesperado, ao mesmo tempo em que Mulder passa as mãos pelo corpo de Scully, a desejando como louco. Scully o empurra.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Mulder, pelo amor de Deus, estamos no FBI!

MULDER: - (DEBOCHADO) É, eu sei. E sei também que estou prestes a ter de abotoar meu paletó porque minhas calças vão rasgar.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Mulder!

Eles descem mais um lance de escada. Mulder aproxima-se da porta dos Arquivos X. Tira a chave do bolso.

MULDER: - (SÉRIO) Se não houvesse escutas aí dentro, eu juro que hoje perderia minha compostura e agiria como o tarado que deixei você pensar que eu era. E aposto que, você quer que eu seja esse tarado.

Os dois entram na sala. Mulder acende as luzes. Fecha a porta. Scully fica cabisbaixa, confusa e tensa.


10:14 P.M.

Mulder sentado, digita algo no laptop sobre a mesa. Está com a camisa semi-aberta, a gravata ao redor do pescoço e suando. Scully anda de um lado pra outro, ditando coisas. Caminha pela sala enquanto sacode a blusa, tentando se refrescar.

SCULLY: - ... A metodologia aplicada com recursos adequados poderá auxiliar na preparação correta de agentes desse porte...

Mulder pára. Estala os dedos que estão doídos. Scully olha compadecida pra ele.

SCULLY: - Cansou? Quer que eu bata pra você?

Mulder olha pra ela debochadamente.

MULDER: - Scully, por favor, quando falar comigo, utilize termos nada dúbios à minha mente doentia, porque eu estou muito, mas muito ‘nervoso’ hoje, tá legal?

Scully fica ruborizada. Tenta disfarçar. Mulder se levanta.

MULDER: - Quer um refrigerante?

SCULLY: - ...

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Nada... Pode me trazer um copo de água?

MULDER: - Tá.

Mulder sai da sala. Scully encosta-se na parede. Observa a sala com atenção. Respira fundo. Abre a porta e desliga as luzes. Sai. Caminha de um lado para o outro, tensa, cabisbaixa. Esbarra em Mulder, que segura dois copos na mão.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - (NERVOSA) Mulder... Eu... Eu nunca disse isso pra você, quer dizer, não assim, tão claro e...

MULDER: - ???

SCULLY: - (VERGONHA/ FECHA OS OLHOS/ ATRAPALHADA) Eu sofro de um sério dilema entre moral religiosa e familiar e sérios impulsos incontroláveis quando vejo você, e eu não consigo controlar, a mente acusa, o corpo quer, há câmeras que não vão captar nada no escuro e escutas que não ouvem se o silêncio estiver no ar, e eu...

[Som: Bryan Ferry – Slave to Love]

Scully agarra Mulder fazendo ele derrubar os copos, o empurrando pra dentro da sala dos Arquivos X. Os dois ficam se beijando como loucos, sem dizer uma palavra. Scully o empurra pro fundo da sala, onde é mais escuro e quase derruba a TV e o projetor. Num impulso, afasta-se de Mulder.

MULDER: - (COCHICHA) O que foi?

SCULLY: - (COCHICHA) Mulder, eu não sei ficar quieta, não podemos ir longe demais.

MULDER: - (RESPIRA FUNDO) Tá.

Scully passa as mãos no rosto de Mulder. Mulder fecha os olhos. Os dois trocam beijos, carícias, mas em silêncio. Mulder abre a blusa de Scully e beija-lhe os seios. Scully desata a frente do sutiã. Mulder agarra os seios dela, devorando-os com desejo incontido.

SCULLY (OFF): - Minha respiração acelera e os lábios dele me devoram... Sua saliva, seu toque, seus dentes... Agonia e êxtase se misturam... Deus, estamos no FBI! Isso é perigoso, é loucura, mas... É excitante... Meu corpo todo se arrepia ao sentir que meus seios se encaixam em suas mãos... Esfrego minhas coxas, uma contra a outra, porque o quero dentro de mim, mas sei que aqui é perigoso... E eu vou gemer alto, vou gritar... Não, eu não me contenho, dói, me enlouquece, me excita, me leva pra outro mundo...

Mulder sobe seus lábios pelo pescoço de Scully, pela orelha e cochicha, com a respiração descompassada.

MULDER: - Scully, acho melhor parar... Eu não vou conseguir ficar só nisso. Não tá dando, é inevitável.

SCULLY: - ...

MULDER: - Me desculpa, mas... (OFEGANTE) Acho que preciso sair e respirar.

Scully segura Mulder pelo braço, o impedindo de sair. Abre a camisa dele.

SCULLY (OFF): - Sinto seu corpo encostado no meu e percebo que ele está explodindo. E eu também. Estou cega e meu cérebro já não pensa mais...

MULDER: - (COCHICHA) Scully, não me provoca, por favor... Eu não agüento mais! Pára ou vai acontecer um sério acidente por aqui...

SCULLY (OFF): - Sei que minha atitude vai surpreendê-lo. Mas como sempre, dane-se! Minhas mãos exploram seu peito e meus lábios distribuem beijos por seus músculos tensos. Escuto a respiração dele, como se me pedisse pra fazer aquilo, mesmo que eu saiba que se eu não fizer, ele não vai pedir. Desço minha mão pelo seu corpo e sinto seu desejo por mim. Lentamente vou me ajoelhando à sua frente e percebo que ele fica mais nervoso com aquilo. Ele também tem medo. Ele também tem culpa, tem regras... Abro o zíper de sua calça. Ele nada diz.. Aguarda que eu decida. Mas já estou decidida.

MULDER (OFF): - Ah, eu não sei se a impeço de fazer isso ou se deixo que ela tenha suas decisões... Talvez precise quebrar suas barreiras, como eu preciso. Mas como vou dizer minhas barreiras se ela é minha amiga? Mulder, Mulder, precisa parar com essas coisas, precisa ser mais espontâneo, precisa perder o medo dela... Ah, sinto sua boca no meu corpo e agora estou tonto... Embrenhado em desejo e em culpa... Parece que o ar me falta e senti-la só aumenta o meu tesão... Não há mais razão, há loucura. Envolvo minhas mãos em seus cabelos a aceitando e me parece que isto a tranquiliza. Sentir seus lábios molhados, sua língua... Eu gosto disso... O que não gosto é dessa culpa que eu nunca tive com outras, mas que com ela parece me perseguir como um fantasma... Venci a barreira do sexo, mas não em todas as suas formas... Dane-se a culpa, estou enlouquecendo com isso. Agarro-me aos cabelos dela, sentindo uma angústia misturada a prazer... Dói... Incomoda... Mas é bom. Pego sua mão e a guio por meu corpo... Deus! Eu nunca tive coragem de fazer isso! Sempre fiquei quieto, deixando-a agir sozinha... Me surpreendo, ela parece ter ficado mais leve... Toda a vez que ela quer ser ousada, percebo mais que ela tem desejos, vontades que esconde, e que eu dou a liberdade que ela precisa... E que não teve com outros. Se teve foi pouco, porque eu preciso guiá-la, ela tem medo e isso me diz que experiências tão profundas quanto estas lhe foram poucas ou quase nulas... Perco a sensatez e sinto meu cérebro bloquear... Solto a mão e os cabelos dela, e lhe sussurro avisando pra parar com aquilo, pois eu não posso mais me conter... Mas ela não quer que eu me contenha...


4:34 A.M.

Mulder fecha o laptop. Scully suspira.

MULDER: - Terminado. Essa droga acabou!

Scully fecha os olhos.

MULDER: - Boa noite pra você, Scully. Nos vemos de manhã. Acho que vou me atrasar, preciso dormir um pouco.

SCULLY: - Tá.

MULDER: - Quer carona?

SCULLY: - Não, estou de carro.

Scully ajeita suas coisas na pasta.

SCULLY: - Bom resto de noite pra você, Mulder.

Scully sai.

[Som: Frank Sinatra – Strangers in the Night]

Mulder levanta-se. Pega o paletó. Desliga as luzes. Sai da sala. Avança até a porta que dá no estacionamento. Caminha em direção a seu carro. Abre-o. Olha pra todos os lados. Vê o carro de Scully saindo. Scully vira o rosto, olhando pra ele. Mulder entra em seu carro.


BLOCO 2:

Hotel Sonnerville - 5:07 A.M.

[Som: Frank Sinatra – Strangers in the Night]

Mulder arrasta-se por debaixo dos lençóis, subindo pelo corpo de Scully. Scully apaga a luz do abajur. Mulder acende. Scully olha surpresa pra ele. Mulder olha em seus olhos.

MULDER: - Não. Não precisamos nos esconder no escuro agora.

SCULLY: - (NERVOSA) É que...

MULDER: - A não ser que estejamos nos escondendo de nós mesmos.

SCULLY: - Mulder, eu... E-eu...

MULDER: - Eu não quero me esconder de você. Nem quero que você se esconda de mim.

SCULLY: - ...

MULDER: - Hoje não. Não há crime algum por aqui, Scully. Só amor e desejo.

Mulder beija-lhe o pescoço. Scully fica tensa, olhando para o abajur aceso.

SCULLY (OFF): - O calor da língua dele percorre meu pescoço. Ergo minhas sobrancelhas, não disfarçado o espanto da sua iniciativa. Estou tensa. Ele ergue meus braços até a cabeceira da cama e continua a tocar meu pescoço com sua língua, procurando meus lábios. Fico imóvel, assombrada. Ele devora meus lábios, e eu arregalo os olhos assustada. Perco o fôlego com esse beijo forte que não me deixa respirar. Ele desce as mãos pelos meus braços, suavemente, até tocar meus seios, os acariciando. Ele sabe como me acalmar. Fecho meus olhos enquanto sinto-o sugar meus seios. A princípio suavemente, depois mais selvagem. Ainda não acredito. Parece que algo diferente está acontecendo entre nós... Parece que é a nossa primeira vez, só que sem tantas restrições... Meu corpo se arrepia, o calor brota dos pés a cabeça. Seguro-me nas grades da cama, contorcendo o corpo, murmurando o nome dele. Ele vai descendo pra baixo dos lençóis, acariciando meu corpo, em toques suaves e provocativos, com suas mãos e sua língua. Parece que conhece cada ponto que me excita e eu sinto alguma vergonha. Mas abro meus olhos e tomo coragem. Ergo o lençol. Tomo a coragem de olhar o que ele faz comigo, sem olhos de culpa. Sinto a mão dele deslizar até minha barriga, fazendo carinhos. Começo a entrar em êxtase, sentindo a língua dele entre minhas pernas. Inclino minha cabeça para trás e me entrego aos seus desejos. Impulso. Medo. A culpa e o desejo.

SCULLY: - Mulder, pára... Mulder, não faz isso... Hum, Mulder... Mulder, não... Ah, meu deus, Mulder! ... O que está acontecendo com você... (COMEÇA A GEMER)

SCULLY (OFF): - Ele desliza sua língua por minhas coxas, pernas e começo a sentir mais arrepios e calor ao mesmo tempo.

SCULLY: - (SUPLICANTE) Mulder... Mulder, eu vou enfartar!

MULDER: - (MURMURA) Se você pode me fazer enfartar... Eu também posso... Vingança, Scully.

SCULLY (OFF): - Ele segura minhas coxas com suas mãos firmes. Fecho meus olhos e esfrego meu corpo contra a cama, não consigo mais segurar o prazer.

SCULLY: - Mulder, isso é tortura... Não...

SCULLY (OFF): - Mas ele continua me enlouquecendo apenas com sua língua. Puxo o lençol por sobre seu corpo e o deixo perdido ali embaixo, enquanto me agarro nas bordas do lençol com força, mordendo-as, gemendo baixinho, sentindo a língua dele deslizando em movimentos circulares. Começo a gemer mais alto. Solto o lençol, ergo meus quadris em desespero, agarrando-me ao travesseiro, girando minha cabeça de um lado para o outro implorando pra ele parar. Ele não pára. Estou extasiada, grito novamente pra ele parar. Ele sobe pelo meu corpo, voltando para meus seios, dividindo suas atenções para cada um deles, mordendo meus mamilos e os contornando com a língua. Eu o agarro pelos cabelos, enlouquecida, sentindo meu corpo incendiando-se de desejo e minhas partes íntimas completamente molhadas de tesão e pela saliva dele.

SCULLY: - (SUPLICA/ FORA DE SI) Mulder... (OFEGANTE)... Eu quero sentir você dentro de mim. Agora!

SCULLY (OFF): - Mas ele não quer me ouvir, ele quer me deixar louca... Continua me torturando de prazer. Estou explodindo, agarrando os cabelos dele com mais força. Viro o rosto, esfregando-o no travesseiro. Sussurro implorando pra ele entrar em mim. Ele procura meus lábios e trocamos um beijo enlouquecido. Devoro sua boca, envolvo meus braços nele. Deslizo as mãos pelas suas costas lisas e fortes. Balbucio.

SCULLY: - Mulder... Não tortura... Eu me entrego...

SCULLY (OFF): - Não termino de pronunciar a frase e sinto-o entrar lentamente em meu corpo. Solto um longo gemido. Comprimo a ponta dos meus dedos em suas costas. Ele aconchega sua cabeça no meu pescoço e mexe seu corpo contra o meu, em movimentos rápidos. Eu sussurro pra que ele seja mais rápido ainda. Ele atende. Passo minhas unhas nas costas dele e ele fica mais enlouquecido. Grito de dor. Grito de prazer. Agarro seus cabelos, seus ombros, os lençóis, estou fora de mim. Então ele leva meus braços até a cabeceira da cama e me segura pelos pulsos. Mulder ergue seu corpo, sem deixar de mover-se contra o meu. Oh, céus! Eu vou ao delírio, murmurando coisas inaudíveis. Mordo meus lábios. Ele parece estar pensando só no meu prazer. Então eu sinto prazer. E isso o deixa mais excitado. Mesmo ofegante, ele não pára. Espera que eu diga quando. Deita-se sobre meu corpo, soltando meus pulsos e deslizando suas mãos até as minhas. Enlaçamos nossos dedos. Oh, como é bom senti-lo dentro de mim... Ele sabe como fazer isso, ele faz com paixão, ele faz com desejo, com amor. Sussurro pra que não se torture. Ele solta minhas mãos e agarra-se nos lençóis. Numa ânsia continua movendo seu corpo contra o meu. Eu solto um gemido mais alto e seguro-me nas grades da cama, mexendo meu corpo contra o dele, gritando. Ele grita também. Sinto a respiração descompassada dele e sinto que ele não aguenta mais. Num impulso incontrolável, ele comprime seu corpo bruscamente contra o meu, soltando um gemido. Mordo meus lábios, cerro meus olhos. Ele repete o movimento e gritamos os dois, enlouquecidos. Ele repete novamente, gemendo angustiado, num alívio. Envolvo meus braços nele, ternamente. Sinto suas forças desaparecerem e seu corpo suado e cansado, esmorecer sobre o meu peito. Sinto seu coração batendo forte como se batesse junto ao meu. Parece agora, que dois corações são um só. E batem descompassadamente ao mesmo tempo... Acaricio seus cabelos e olho pra ele. Ele fecha os olhos. Acaricia minha cintura ternamente. Ficamos os dois ali, inebriados, cansados e suados...


FBI – Gabinete do Diretor-Assistente – 9:12 A.M.

Corte do som. Scully e Mulder sentados no sofá. Skinner anda de um lado para outro, explanando sobre algo, fazendo gestos com as mãos. [Apenas escuta-se o pensamento de Mulder, perdido em devaneios.]

MULDER (OFF): - (FELIZ) Engraçado como a vida conspira a favor da vida. A favor do amor. Quando acreditei que a dor dessa separação seria insuportável, parece que até o FBI resolveu nos ajudar. Agora tem esse congresso em Atlanta. E tio Skinner vai nos mandar apresentar o projeto no lugar dele. Ele me confidenciou que deveria ir, mas inventou pretextos familiares ao diretor, porque achava que era uma boa oportunidade pra que eu e ela pudéssemos ficar juntos, a sós. Ah, Skinner... Isso é que é um amigo de verdade! Uma semana inteira do lado dela. Quando não tivermos que falar na frente do público, acho que vou agarrá-la pela mão e sair correndo do auditório. Feito um garoto bobo.

SKINNER: - Entendeu, Mulder?

Mulder disfarça.

MULDER: - Eu não sei, me parece meio confuso.

SKINNER: - Tá, eu quero que você exponha o projeto sobre...

Skinner continua falando. Corta o som. Scully é quem devaneia agora.

SCULLY (OFF): - Aposto que ele nem estava ouvindo... Ah, uma semana... O único cuidado que teremos de ter é em relação aos colegas hospedados no hotel... Mas isso é como voltar a ser adolescente e namorar escondido dos pais... Ai, Mulder, eu... Eu preciso tanto ficar contigo. Esse congresso não podia vir em melhor hora. Estou com tanta saudade da gente...


Aeroporto de Internacional de Atlanta – Georgia – 9:33 P.M.

Mulder e Scully saem do aeroporto. Em silêncio. Mulder empurra o carrinho de bagagens até um carro. O motorista lhe entrega a chaves.

MOTORISTA: - Boa viagem, senhor Mulder.

Mulder abre o porta malas e atira tudo ali dentro. Os dois entram no carro. Mulder dá a partida. Scully abre a bolsa e retira um estojo de CDs. Mulder acelera o carro e sai cantando os pneus. Scully segura o riso.

MULDER: - (DEBOCHADO) Algum sinal de alguém com uma jaqueta preta com duas consoantes e uma vogal grandes, escritas em bold amarelo?

SCULLY: - (RI) Não. Acho que o FBI não chegou ainda.

Os dois trocam um beijo. Mulder esmurra o volante e grita.

MULDER: - Enfim sós!

Scully começa a rir. Mulder gira o volante e entra na auto-estrada.

MULDER: - Yhaaaaa!!! Liberdade!!! Liberdade!!!

SCULLY: - Mulder, fico constrangida pra falar com o Skinner sobre nós, afinal eu sou mulher e... Mas agradeça a ele por nos mandar pra cá um dia antes. Agradeça ao Skinner a compreensão e a amizade que tem por nós.

Scully desce o vidro e inspira o ar. Os cabelos dela voam com o vento.

SCULLY: - Ah, liberdade! Liberdade de expressão! De ser, de viver, de amar!!!

Mulder olha pra ela.

MULDER: - Fica linda com esse sorriso e com os cabelos ao vento. Eu deveria ter alugado um conversível.

SCULLY: - Deixa o conversível pra outra oportunidade. Que tal a rota 61? Eu, você, um Cadillac, latas de cerveja, calças jeans, rock’n roll, céu estrelado e sem destino?

MULDER: - Sacos de dormir?

SCULLY: - Pra quê? Podemos dormir no banco de trás, apertadinhos, olhando pras estrelas... Mulder, ao contrário do que pensa, um saco de dormir com duas pessoas dentro não é a única forma de se esquentar...

MULDER: - Puxa, isso seria muito interessante. Mas nunca tiramos férias juntos.

SCULLY: - Mulder, deixe as coisas se acomodarem e vamos pegar uma virose de dois meses. Eu preencho os atestados médicos.

MULDER: - Uau, Dra. Scully! Isso é crime, vou prendê-la por falsificação de atestados médicos.

SCULLY: - Onde? Onde vai me prender?

Scully coloca a mão no peito de Mulder.

SCULLY: - (SORRI) Aqui?

MULDER: - Com certeza você já está presa aí há muitos anos.

SCULLY: - Música?

MULDER: - Com certeza. Bryan Adams?

SCULLY: - Não, hoje você escolhe.

MULDER: - Bom, estou muito quente.

SCULLY: - Uau! O que vamos ouvir?

MULDER: - Música brasileira.

SCULLY: - Não sabia que curtia Bossa Nova.

MULDER: - Música popular. Tem um CD de um cara chamado Caetano Veloso aí. Peguei as traduções do CD na internet. O cara é bom. Poesia pura, ‘gatinha’.

SCULLY: - Que tal se um dia fôssemos pro Rio de Janeiro?

MULDER: - (CANTANDO) Soy loco por ti America, soy loco por ti de amores... Será que nos encontrariam por lá?

SCULLY: - Acho que não seríamos perturbados.

MULDER: - Hum... Scully, não me proponha nada quando estou desesperado desse jeito. Eu posso pensar seriamente na ideia. Posso falar com um amigo na Interpol e oferecer nossa ajuda em algum caso por lá.

SCULLY: - Pense... Ah! Tô tão feliz que queria gritar.

MULDER: - Grita.

Scully põe a cabeça pra fora da janela e grita. Mulder começa a rir.

SCULLY: - Que sensação boa de alívio... Parece que meu coração tava trancado!

Mulder respira fundo, relaxando os ombros.

MULDER: - Uma semana inteirinha pra nós... Nós dois... Juntinhos... Louquinhos... Sozinhos...

SCULLY: - E bêbados.

MULDER: - Sério?

SCULLY: - Preciso beber!

MULDER: - Sim senhora. Vamos beber então.

SCULLY: - Mulder, pára o carro.

MULDER: - Pra quê?

SCULLY: - Quero olhar pra você.

Mulder pára o carro no acostamento. Desliga. Olha pra ela, apaixonado.

MULDER: - Não dá nem pra esperar, né?

SCULLY: - (ANGUSTIADA) Não.

MULDER: - (SORRI MEIGO) Eu sei.

Mulder avança em Scully e beijam-se apaixonados, por segundos. Afastam-se.

MULDER: - (PIDÃO) Outro né? Pra compensar.

Scully sorri. Eles se agarram de novo e trocam outro longo beijo.

SCULLY: - Tá. Agora tô mais calma. E você?

Mulder ri. Liga o carro. Volta pra estrada. Scully olha pra ele, admirando-o. Mulder vira o rosto pra ela.

MULDER: - Que foi?

SCULLY: - Nada. Concentre-se na estrada.

MULDER: - É difícil, com você me olhando.

SCULLY: - Deixa eu te admirar. Preciso disso.

Scully liga o CD. Sorri pra Mulder.

[Som: Caetano Veloso – Muito]

MULDER: - ... Sabe o que essa música fala?

Scully suspira, olhando pra Mulder. Os olhos brilham.

MULDER: - Eu sempre quis muito, mesmo que parecesse ser modesto... (OLHA PRA ELA DEBOCHADO) Juro que eu não presto... Eu sou muito louco... Muito...

Scully sorri. Mulder continua recitando.

MULDER: - ... Mas na sua presença o meu desejo parece pequeno... Muito é muito pouco... Muito... Broto...

Scully ri.

MULDER: - Você é muito... Broto... Você é muito... Muito.

SCULLY: - (SORRINDO) Sou? Mesmo?

MULDER: - É... E eu nunca quis pouco, falo de quantidade e intensidade... Bomba de hidrogênio... Luxo para todos... Todos... Mas eu nunca pensei que houvesse tanto coração brilhando no peito do mundo... Louco... Gata... Você é muito ...

Scully gruda-se nele beijando-o no rosto.


Hotel Atlantis – 10:18 P.M.

[Som: John Paul Young – Love is in the Air]

Scully aproxima-se da porta de seu quarto, com um rapaz carregando suas malas. Mulder passa por ela, junto com outro rapaz que leva suas malas. Mulder abre a porta do quarto ao lado. Os dois trocam um olhar. Mulder dá uma gorjeta pros rapazes. Eles saem. Mulder atira a mala pra dentro do quarto e fecha a porta. Corre até Scully, a segura pela cintura e a empurra pra dentro do quarto dela, fechando a porta com o pé.

Corta pra dentro do quarto.

Mulder vai empurrando-a aos beijos. Scully recua, na ponta dos pés.

MULDER (OFF): - Meu desespero é tanto que eu não consigo mais me conter. Eu quero essa mulher. Eu enlouqueço só com o cheiro dela, só com a voz dela.

Mulder arranca a blusa de Scully. Os botões voam. Scully arregala os olhos, surpresa. Dá um sorriso de espanto. Mulder beija-lhe os seios, enlouquecido.

SCULLY (OFF): - Ele sabe me enlouquecer com essas atitudes que eu esperava dele, mas que nunca demonstrou... Sei que ele parecia ser assim, agora sinto que dei a chance dele ser o que ele queria ser. Ele me pediu isso, quando falou que queria ser o tarado que eu achava que ele era...

Scully desce o paletó dele pelos ombros. Mulder tira o paletó. Scully o puxa pela gravata.

MULDER: - Ai!

Scully desata o nó da gravata dele, desesperada. Mulder ergue o pescoço. Scully tira a gravata. Desabotoa a camisa. Pega o braço dele e desabotoa o punho.

MULDER (OFF): - Fico olhando pra essas mãozinhas delicadas e pequenas... Macias... Frágeis... Coisas rotineiras, como o simples fato de desabotoar o botão da camisa, ficam tão mais interessantes quando você as faz... Você faz isso de um jeito tão sedutor...

SCULLY (OFF): - Desço a camisa dele por seu corpo... Passo minhas mãos em seu peito másculo e encosto meu rosto suavemente sentindo seu cheiro de homem. Ele me enlouquece.

Mulder envolve seus braços no corpo dela. Scully reclina-se pra trás. Mulder beija-lhe os seios e pescoço.

SCULLY (OFF): - Eu me entrego. Eu só quero me entregar, não quero resistir... Não importam nossas diferenças... Pelo menos ele não é meu espelho. Ele me completa.

Mulder a deita na cama, delicadamente, ficando sobre o corpo dela. Olha em seus olhos. Desce a mão pelo peito dela e abre seu sutiã.

SCULLY (OFF): - Suas mãos tão grandes a me acariciarem... A abrirem meu sutiã com tanta destreza... Ele me enlouquece a cada gesto, a cada toque... Sinto seus lábios molhados em meus seios e fecho meus olhos. O momento é mágico. Sempre é mágico.


BLOCO 3:

2:11 A.M.

Scully levanta-se nua da cama. Caminha até o banheiro.

Entra no box, liga o chuveiro, ergue a cabeça e deixa a água quente escorrer por seu rosto. Passa as mãos pelo rosto.

SCULLY (OFF): - Preciso relaxar, não consigo dormir... Apesar de cansada, essa situação toda tem me deixado tensa. Acho que nosso afastamento provocou algo muito mais forte... A água é relaxante... Embora não queira tirar o cheiro dele do meu corpo. As impressões dele da minha pele... Ainda sinto seu perfume no meu corpo, e acho que aos poucos estou desfalecendo de amor. Eu sei que é muito sentimento pra um coração só e que não há palavras às vezes que o defina. Por isso nossos olhos... Quando nos faltam as palavras, o olhar completa. O olhar nos diz tudo. Se antes eu desfalecia por amá-lo e não tê-lo, agora desfaleço por amar e saber que sou amada.

Scully coloca xampu na palma da mão e esfrega seus cabelos.

Mulder entra no box. Olha pra ela. Ela olha pra ele. Os dois percebem uma certa tensão no ar. Aquele olhar eles ainda não conheciam. Scully aproxima-se de Mulder e vira-se de costas, deixando os braços caírem. Mulder leva as mãos até os cabelos dela, esfregando-os com suavidade. Scully fecha os olhos.

SCULLY (OFF): - Sentir o toque dele me arrepia. Sinto seu corpo contra o meu. Eu gosto disso. Gosto de sentir suas mãos lavando meus cabelos... Gosto da sensação de que ele está tomando conta de mim... Gosto de me sentir frágil, de precisar dele... Como uma garotinha inocente que se entrega pra um homem de verdade. Ela espera que ele tenha as atitudes que ela teme, mas que deseja. Ela sabe que ele é um homem e que ela é uma garotinha. Mas ela quer descobrir o amor através dele.

Scully vai pra baixo do chuveiro e começa a enxaguar os cabelos. Mulder aproxima-se e a ajuda. Scully desce as mãos, deixando que ele o faça.

SCULLY (OFF): - Mulder me surpreende... Todo o dia eu descubro algo nele que desconhecia. É como se ele fosse um oceano de mistérios...

Scully se afasta dele, puxando os cabelos para trás. Olha-o, tímida.

MULDER (OFF): - Adoro quando ela me olha assim... Tímida, com medo... Olhos molhados, cílios molhados, cabelos molhados... Um olhar de timidez. Da timidez que ela tenta esconder, como se relutasse a sentir-se frágil. Penso em lhe dizer: Scully, perca essas defesas, abaixe esse escudo de força. Seja o que quer ser, sem medo. Sou eu que estou aqui. Eu, o louco. Mas não há como dizer em palavras. Então, meus olhos o dizem.

SCULLY (OFF): - Entendo que seu olhar implora para que eu me deixe levar pelo momento... Mulder, eu... Eu quero tentar... Eu posso... Então eu digo isso com o meu olhar.

Scully pega o xampu e coloca na palma das mãos. Aproxima-se dele, com um sorriso tímido. Mulder abaixa a cabeça e sente as mãos dela esfregando seus cabelos.

SCULLY (OFF): - Adoro esfregar os cabelos dele. Também há em mim um desejo de vê-lo frágil, dependente. Sinto que ele gosta dos meus carinhos. Ele deita sua cabeça em meu ombro, como que pedindo para que eu não pare. Hum, agora ele é o menino bobo que tenta se descobrir com a mulher mais experiente... Eu continuo a esfregar seus cabelos, mas percebo que o que estou fazendo são carinhos. Sinto a respiração dele contra meu pescoço e fecho meus olhos. Continuo a acaricia-lo. Meu Mulder... Tão carente de afeto... Sei que sou o único refúgio de suas preocupações, embora também saiba que no momento, sou a maior preocupação dele. Não está sendo fácil dormir algemada a ele toda a noite... Me pediu que eu fosse dormir na casa de minha mãe, quando não estivéssemos juntos. É mais seguro. Claro que não o faço, mas se dissesse, ele ficaria mais preocupado... Acho que vão tentar me levar de novo. Não sei o que pretendem, mas ele tem medo e isso é real.

Mulder afasta-se dela e vai pra baixo do chuveiro. Scully o admira.

SCULLY (OFF): - Gosto de vê-lo esfregar seus cabelos... De ver a espuma correndo por seu corpo. Fico excitada com isso. Observo o corpo perfeito dele... As coisas se confundem em minha cabeça e penso que desejá-lo com os olhos, daquele jeito, me faz invadir sua privacidade... Na verdade, sinto que meus princípios religiosos criaram em mim um medo, o medo do desejo, o medo de cobiçar... Ah, meu Deus! Ele está olhando pra mim e percebeu que eu como seu corpo com meus olhos... Ele não diz nada, apenas me dá um sorriso tímido. Acho que estou ficando ruborizada e ele quer tentar me tranqüilizar... Sinto vergonha de mim, uma vergonha que não deveria sentir, mas sinto. Não sei onde isto vai terminar, mas não me importo. Há algo estranho... Tudo está em silêncio... Não há nenhuma palavra, nenhuma brincadeira... Isso me assusta...

Scully distrai o olhos para outro lado.

SCULLY (OFF): - Muitas vezes a noção de pecado vem à minha consciência... Sei que pecado seria se eu estivesse com ele e desejando tudo isso com outro homem... Mas a moral e a religião criaram alguns conflitos com meu corpo e meus desejos... Muitas vezes eu fico surda e aquele impulso toma conta de mim, me deixando cega. Viro uma tarada, maluca. Acho que se alguém me visse nesse instante, diria que eu não era a Dana Scully. Que Dana Scully não é assim. Mas ela é. Ela apenas tenta quebrar suas barreiras, e queria quebrá-las por completo. Quando as quebro, depois fico mal humorada, jogando a culpa nele. Impulsos... Impulsos fortes... Como na nossa primeira vez, enquanto ele estava ao telefone e estava doida pra senti-lo... Nesse impulso eu me ajoelhei frente a ele e fiz aquilo... Esse impulso mais forte. No outro dia me peguei relembrando a cena e me criticando: o que ele teria pensado de mim? Ele não voltaria mais, a não ser que eu lhe desse aquilo tudo novamente. Estava enganada. E com o tempo, o medo misturado com o desejo de que ele sentisse algo tão grande quanto eu, se confirmaram. Havia pele. Mas havia muito mais coração. Ele voltaria todos os dias. Mesmo que não tivesse nada de mim. Era ele. Ele, o Estranho, o último homem da face da terra que eu imaginaria um dia amar. O homem de quem eu discordava, que me irritava, tão diferente de mim. Nada tinha pra dar certo. Mas eu achei minha alma gêmea. Só não sabia que almas gêmeas não significam pensamentos iguais. Mas sim, sentimentos iguais. Medos iguais. Nunca pensei que éramos tão iguais dentro de nossas diferenças...

Mulder pega o sabonete e começa a esfregar em suas mãos. Scully disfarça e olha pra ele novamente.

SCULLY (OFF): - E esse impulso, que me faz fazer essas loucuras todas, que me transformam de beata em vagabunda... Dizem que toda mulher tem uma vagabunda dentro de si... Embora o conceito de vagabunda seja muito complexo dentro da cabeça das pessoas. Prefiro o termo ousada. Olho pra ele, esfregando o sabonete entre as mãos e o impulso começa a ser mais forte. Não resisto as idéias que surgem ao mesmo tempo... Eu preciso ser ousada.

Scully aproxima-se dele e toma o sabonete de suas mãos. Mulder olha pra ela. Scully esfrega o sabonete em suas mãos e começa a ensaboar o peito dele. Mulder fecha os olhos.

SCULLY (OFF): - Não posso resistir. Preciso tocá-lo, senti-lo em minhas mãos. Enquanto as deslizo por seus músculos, analiso seu corpo, como se agora eu estivesse fazendo um trabalho muito complexo e detalhado, exigindo minha atenção constante... Sinto o coração dele bater. Sinto cada músculo de seu corpo, de seus braços, de seu peito, seu abdômen... Me aproximo mais, e envolvo meus braços nele, deslizando minhas mãos ensaboadas por suas costas fortes e perfeitas. Ele não diz nada. Sei que ele não tem noção de pecado, mas é tímido. E se um de nós não ousar transpor os limites, o outro não ousará. Então penso que meu impulso é um indício de que eu devo quebrar as barreiras. Acho que é mais fácil pra mim. Eu comecei o desejando. Depois ele foi meu amigo. Ele começou sendo meu amigo e depois me desejando. Acho que o medo dele é maior... De me tocar, de transparecer as loucuras que pensa. Às vezes ele não resiste e as começa. Mas é raro. E quando acontece, eu fico surpresa. Acho que aos poucos ele está percebendo que eu quero quebrar o muro do pecado, da culpa. E que se ele me ajudar, eu não vou dizer não.

Mulder envolve suas mãos na cintura dela, de olhos fechados. Scully esfrega o peito dele, delicadamente, analisando-o.

SCULLY (OFF): - Sinto os músculos do corpo dele ficarem rijos e tensos, seu desejo por mim... Sinto-o contra meu corpo. Deslizo minha mão, no impulso, para seu abdômen. Percebo que o corpo dele está mais quente. E percebo que meu corpo treme de desejo por dentro. Fecho meus olhos e escorrego minha mão. Toco-o. Ele treme. Viro-me de costas e lhe entrego o sabonete e a minha culpa. Sinto suas mãos ensaboadas percorrerem meu corpo. Ergo meus braços para trás, os envolvendo em seu pescoço. Ele sobe suas mãos, esfregando suavemente meus seios e sinto meus mamilos enrijecerem a cada toque circular de suas mãos ensaboadas. Ele segura meus seios, enquanto circula seus polegares pelos meus mamilos... Esfrego meu corpo contra o dele. Sinto seus lábios roçarem a pele do meu rosto, pescoço, ombros... Viro meu rosto, e meu corpo se entrega ao toque dele. Suas mãos deslizam entre espuma para meus pêlos. Ele me entrega a culpa novamente, afastando suas mãos de um lugar proibido. Mas eu devolvo a culpa, agarrando sua mão com a minha e deslizando-a novamente até meus pêlos. Quero guiá-lo por meu corpo. Retiro minha mão e a envolvo em seu pescoço, deixando-me entregue às suas carícias. A culpa é dele. Se é que há culpa nisso. Se amar e desejar é culpa, eu quero ir pro inferno.

[Som: Bryan Ferry – Slave to Love]

Scully esfrega seu corpo contra o dele, em movimentos pra cima e pra baixo.

SCULLY (OFF): - Acho que ele vai explodir. Provocá-lo me deixa excitada. Viro-me de frente pra ele e ele me beija enlouquecido. Sinto sua língua roçando em minha língua, e a água quente que cai sobre nossos corpos. Sinto as mãos dele descendo por minhas coxas e as apertando. Ele não vai mais resistir. Ele encosta seu rosto no meu, roçando os lábios em minha pele, sussurrando baixinho e quase sem ar.

MULDER: - (OFEGANTE) Scully, quero você... Agora.

SCULLY (OFF): - Ele ergue meu corpo, segurando meu bumbum com força, num ímpeto. O toque dele me enlouquece. Sinto a fria parede de azulejos nas minhas costas e o corpo quente dele entrando dentro de mim. Hum... Sinto o atrito de meu corpo contra a parede e o atrito do corpo dele contra o meu, me erguendo pra cima. Fecho meus olhos e me agarro em seus ombros, tentando me segurar, apesar de que estou firme nas mãos dele. A dor me invade, misturada com prazer e eu tento não gritar. Mas solto gemidos altos, cada vez que sinto o impacto de seu corpo dentro do meu. Sinto que o coração dele vai saltar de seu peito, que o desejo dele é maior que tudo. Seus lábios em minha pele molhada, suas mãos grandes, ele me invade por completo e eu quero gritar de prazer... Comprimo minhas coxas contra seu corpo e enlaço minhas pernas entre si. Oh, Deus, isso é demais! Agarro-me enlouquecida em seus cabelos gritando para que ele não pare nunca mais. E não nos contemos, movendo nossos corpos um contra o outro, como se lutássemos em busca do prazer. Sua respiração ofegante vai tornando-se uma falta de ar, um desespero incontido e sinto-o gozar dentro de mim, enquanto ele solta um gemido tenso. Sinto novamente o impacto de seu corpo com muita força e o impacto de meu corpo contra a parede. Solto um grito ao sentir seu gozo. Um grito de prazer, que ele não confunde. Suas mãos começam a perder força. Ele não consegue mais suportar meu peso e meu corpo desliza pela parede, sentido suas mãos descerem, até que toco o chão com meus pés.

Mulder respira ofegante pela boca. Cansado, de olhos fechados. Abre os olhos e lhe sorri, ainda fora de si.

SCULLY (OFF): - Vejo seu estado de cansaço e isso me deixa feliz. É como se o cansaço dele refletisse o tamanho do desejo que tinha por mim. E é tão bom a sensação de ser desejada por alguém como ele. Nunca achei que homens como Mulder pudessem desejar uma Scully. O desejo dele me conforta, me deixa sentindo que sou uma mulher desejável, que causo isso nele. Observo-o tentando se recompor, e agora a culpa foi embora. Mas eu quero mais. Eu quero mais Mulder, isso não me basta.

Mulder aproxima-se dela e desce beijando seu corpo até cair de joelhos no chão. Agarra-se em suas coxas. Scully fecha os olhos. Envolve as mãos nos cabelos dele.

SCULLY (OFF): - Ele sabe como me enlouquecer mesmo... Sinto minha perna flutuando no ar, segura apenas por sua mão. A culpa é dele. Sua língua explora meu corpo e me sinto quente novamente. A sensação volta. Ele não quer parar também. Sua boca devora minhas partes íntimas e eu começo a gemer baixinho, entrando em êxtase. Ah, ele sabe como fazer isso... Ele sabe... Hum... Meu corpo arde de desejo por ele. A culpa é minha novamente. Agarro seus cabelos com força e o puxo mais contra meu corpo. Que a culpa seja minha então. Eu estou ficando acesa, meu sangue começa a fluir mais rápido e sinto que meus músculos se contraem. Ele beija minha barriga, segurando-me pela cintura. Sinto que me puxa para o chão. Eu obedeço. Ficamos ajoelhados, um olhando pro outro. Envolvo meus braços no pescoço dele e meus lábios não me obedecem mais. Procuro os lábios dele, e coloco minha língua em sua boca, devorando-o. Ele me devora também, enquanto minhas mãos automaticamente deslizam por seu corpo viril e belo. Suas mãos em minha cintura descem e agarram meu bumbum com força... Essas mãos me enlouquecem...

Os dois, ajoelhados, beijam-se enlouquecidos. Ele afasta os olhos dela, num estado de desejo completo, que não pode segurar.

MULDER: - (OFEGANTE/LOUCO DE DESEJO) Scully, eu quero mais... Você nunca me basta...

SCULLY (OFF): - É muito desejo latente em nossos corpos. Nós não cansamos. Parece que realmente, muito é muito pouco. Parece que podemos fazer isso durante 24 horas por dia e nunca iremos compensar o tempo que perdemos... Fecho meus olhos e entrego meu corpo nos braços dele. Não posso resistir. Eu pertenço a ele. Eu sempre quis pertencer a ele. Então, pela primeira vez, consigo falar o que nunca pensei que falaria.

SCULLY: - (MURMURA/ DE OLHOS FECHADOS) Me tome, Mulder... eu sou toda sua... tudo o que você quiser... quando você quiser...

SCULLY (OFF): - Nada de gestos, piadas ou indiretas. Nada de gracinhas pra aliviar a seriedade da situação. Eu falei! Meu Deus, eu consegui falar! (RI) Eu quebrei a culpa! Percebo que ele me agarra voluptuosamente pela cintura, beijando meu pescoço enlouquecido. Suas mãos sobem e descem e me parece que ele está confuso, sem saber onde toca primeiro. Minhas mãos também estão confusas e fora do meu controle. Fecho meus olhos... Sinto as mãos dele me agarrando pela cintura, tentando girar meu corpo. O impulso volta mais forte e eu me viro de costas pra ele. Sem culpa. Sinto seu braço envolver minha cintura e sua outra mão a massagear minhas costas. Seus lábios sedentos, suas mãos fortes... Meu corpo amolece. Eu quero. Eu sempre quis. Mas nunca ousava em fazê-lo. Minha culpa só me permitia tê-lo sobre mim, contra uma parede ou sobre ele. Não daquele jeito. Não ousava variar tanto. Medo. Medo de me entregar, de ser dele. Medo das coisas que ele poderia pensar de mim, embora eu saiba que ele não as pensaria... Medo da séria e racional Scully, que muitas vezes sufoca a Dana, uma mulher quente e frágil, ávida por prazer, por viver, por se entregar... Sua mão vai empurrando minhas costas, e deslizo meu corpo pra frente, sentindo-me segura em seu braço. Dana, você precisa vencer a Scully... Preciso de você, Dana! ... Estendo meus braços e me apoio contra a parede. A água quente cai sobre minhas costas e sinto-o entrar em mim. Agora com fúria, com desespero. Eu me entrego. Eu sempre quis assim... Quem quebra o muro agora é ele. Sinto minhas mãos deslizarem pelos azulejos, enquanto ele me invade cada vez mais louco, mais forte, mais ofegante. Apoio minhas mãos no chão. As mãos dele me segurando pela cintura, enquanto move seu corpo contra o meu... fecho meus olhos, mordendo os lábios. Isso é bom, é realmente bom... Não queria nunca mais sair daqui. Não consigo conter e começo a gemer junto com ele. Eu falo. Eu o incito. Eu o ajudo a quebrar a barreira.

SCULLY: - Hum, Mulder... Assim... Assim... Oh, meu Deus, assim!

SCULLY (OFF): - Percebo que a loucura é mútua. Senti-lo inteiro dentro de mim, suas mãos me agarrando, como se eu estivesse sendo dominada por ele e nada pudesse fazer contra isso. Mas eu não queria fazer nada contra isso. Ouvindo nossos gemidos enlouquecidos de prazer... Dana estava vencendo. Scully deveria estar assustada... Eu queria ser dele, de qualquer jeito, do jeito que ele quisesse. Às vezes ele não percebe o quanto eu quero ser dominada. O quanto eu quero que ele me procure, que ele comece tudo...

Mulder sobe suas mãos afagando-lhe as costas. Com uma das mãos, sobe por seu pescoço, agarrando-lhe pelos cabelos. Puxa-a pra trás. Ela solta um grito.

SCULLY: - Oh! Não pára, faz assim comigo, faz...

SCULLY (OFF): - Não havia mais culpa alguma agora e ele me usava selvagemente. E eu ficava mais e mais excitada por estar entregue nas mãos daquele homem. Sinto o impacto de nossos corpos... eu grito de dor e prazer... é rápido... é forte... é selvagem... e eu, Dana, gosto disso.


3:57 A.M.

[Som: Frank Sinatra – Strangers in the Night]

Scully seca seus cabelos com o secador, olhando-se num espelho na parede do quarto. Vestida num robe de seda. Está distraída. Mulder a admira, sentado na cama, apaixonado.

MULDER (OFF): - Não dormimos direito há duas noites, mas eu confesso que nem ligo pra isso. O cansaço é menor... Gosto de olhar como escova os cabelos, como o ar brinca com seus cabelos acobreados. Vejo-a fechar os olhos, enquanto o ar do secador passa por seus cabelos e ela inclina sua cabeça como se aquilo fosse um carinho que recebesse do ar. Fico sentado na cama, olhando pra ela, como um garoto olha pra primeira namorada. (RI) Nem minha primeira namorada me fez ficar tão bobo assim. Eu era medroso, bobo, inconsequente. Me sinto um garoto com ela, me sinto um homem... Não adianta, é mania, mas tenho que compará-la. Lembro das mulheres que tive, atraentes, perfeitas em matéria. Lindas em matéria. Ela não é uma delas. Há nela uma beleza diferente, que foge da beleza superficial... Ela é de uma beleza etérea. A beleza completa, aquela que ultrapassa o corpo e atinge o espírito. Algumas vezes, posso ver sua aura. Ela desliza a escova pelos fios acobreados, incansável. Scully, você não precisa querer parecer bela. Você é bela por natureza.

Scully percebe que ele a olha. Vira-se pra ele.

SCULLY: - Por que você olha pra mim com os olhos brilhantes?

MULDER: - Não sei. É involuntário.

Ela sorri. Desliga o secador e volta a escovar os cabelos, suavemente.

MULDER: - Scully, me lembrei de uma letra do Caetano. Acho que me tornei fã dele. Que tal assistirmos um show enquanto ele está por aqui?

SCULLY: - Que tal abrir mão da sua conta bancária e me levar pra conhecer as praias do Rio? Hum?

MULDER: - (RINDO) Não me responsabilizo se encontrar alguma ‘garota de Ipanema’...

SCULLY: - ... (RINDO) Safado... O que a letra diz?

Mulder fica cabisbaixo. Fecha os olhos e toma coragem.

MULDER: - ... (TÍMIDO) ... Coisa mais bonita é você ... Assim... justinho você... Eu juro, eu não sei por que você... Você é mais bonita que a flor... Quem dera a primavera da flor tivesse todo esse aroma de beleza que é o amor, perfumando a natureza, numa forma de mulher... Porque tão linda assim não existe a flor, nem mesmo a cor não existe. E o amor, nem mesmo o amor existe.

Scully olha pra ele ternamente. Mulder sorri meio sem jeito.

MULDER: - Tá, baixou o bobo apaixonado... Foi mais forte. Vai, continua, eu não vou te atrapalhar.

SCULLY: - Adoro o bobo apaixonado. Ele me faz feliz, me faz sentir que... que sou uma mulher.

Ela continua escovando os cabelos. Ele a admirando.

MULDER (OFF): - Então isso é o amor... Muito prazer, senhor amor. Fui descobri-lo quase aos 40! Algumas vezes a paixão veio e me enganou. Agora eu sei a diferença. Há paixão, há amor... Intensidades diferentes... Scully, por muito tempo acreditei que sexo e amor não tinham diferença. Até que uma garota me disse que o que tínhamos feito era sexo... Então vi que sexo e fazer amor eram coisas diferentes. Por muito tempo acreditei que sexo era com qualquer uma e fazer amor apenas com quem se ama. Mas eu estava errado. Sexo não é amor e amor não é sexo. Você me mostrou que sexo faz parte do amor. Mas que o fazer amor não implica sexo. Quantos anos ficamos nos amando sem nunca ter rolado sexo? Nós fazemos amor quando nos olhamos. Fazemos amor quando sorrimos um pro outro. Fazemos amor quando um consola o outro, quando enfrentamos os desafios juntos, quando nossas mãos se tocam, quando te levo café na cama, quando você faz um mousse pra me agradar... Isso é fazer amor. Agora eu sei a diferença. Sexo se faz. Amor não. Amor se conquista.


BLOCO 4:

7:11 A.M.

[Som: Bryan Ferry – Slave to Love]

Os dois deitados na cama, cobertos pelo lençol, dormindo. Scully de costas pra ele. Mulder por sobre o corpo de Scully, aconchegado com a testa no ombro dela. Scully com o braço sobre o colchão e ele com seu braço por sobre o dela. Estão algemados um no outro. Mulder abre os olhos. Aconchega-se no pescoço dela. Fica olhando pra algema. Afaga a mão dela. A algema faz barulho, mas ela continua dormindo. Mulder fecha os olhos, se aconchegando mais nela.

MULDER (OFF): - Gosto de sentir seu corpo, seus cabelos, seu cheiro. Gosto de dormir agarrado em você. De te proteger... Acho que o garoto medroso foi embora, entretanto algumas vezes ele volta atordoado. Tento ser homem pra você, mas você é mulher demais pra mim. Você é como um sonho... E eu te desejo a toda hora, como um louco, como um viciado.

Mulder desata a algema.

MULDER (OFF): - Não vou dormir mais. O congresso começará às nove. E tenho a nítida sensação de que não vamos estar lá na abertura. Eu não quero sair daqui, nem que um disco voador pouse agora na rua e me dê uma entrevista exclusiva.

Mulder ergue a cabeça e brinca com seu nariz nos cabelos dela.

MULDER (OFF): - Foi assim que tudo começou... Eu te esquentando do frio, te desejando mais que a minha própria verdade... Imaginando te tocar, mas sem ousar que você sentisse meu toque. Naquele momento eu só queria ter você ali. Cuidar de você. Da forte Scully... que fica tão vulnerável enquanto dorme. Olhava pra você e segurava meu desejo...

Mulder desliza as mãos por sobre o corpo dela, sem tocá-la.

MULDER (OFF): - Acariciava teu espírito tomando o cuidado de não tocar seu corpo. Imagina que vergonha seria se você acordasse sentindo que seu melhor amigo estava te tocando como um homem... Não achei que o desejo fosse falar tão alto naquele dia. Mas ainda bem que falou, ou hoje, eu ainda estaria jogado no meu mundo vazio, solitário e frio. Nós dois funcionamos juntos, Scully. Pena que perdemos tanto tempo... tempo demais... Inspiro profundamente o perfume de sua pele, de seus cabelos... (RI) Estou apaixonado! O Estranho Mulder está apaixonado! Agora sim ele ficou estranho de vez! Fica agindo como um louco por aí, vendo coisas onde não existem, com um sorriso indisfarçável de felicidade nos lábios, tentando não deixar ninguém perceber... Ah, ninguém vai perceber. Eu sou estranho mesmo! ... Seu cheiro me enlouquece e me provoca. Percebo que tínhamos tanto medo um do outro, e que esse medo ainda está aqui. Medo de sentir algo tão forte... Vou baixar minhas defesas também, Scully. Eu prometo.

Mulder esfrega levemente seu rosto nos cabelos dela, brincando com eles.

MULDER (OFF): - Não consigo me conter... é tarde... (RI) Como você diria, estou ‘nervoso’... Acho que vou estragar seu sono... Mas sei que você gosta de acordar desse jeito... Naquela cabana eu me contive, hoje não há porquê. Beijo-lhe os ombros, a nuca, enquanto deslizo minha mão por debaixo do lençol até sua perna. Não resisto mais. Meu corpo não me escuta, ele parece não depender mais de mim. Coloco minha perna por sobre seu corpo, empurro sua perna com a minha... e com a mão. Suavemente vou dobrando sua perna pra frente e a afastando da outra, tentando encaixar meu corpo no seu. Respiração descompassada. Percebo que você se acordou pois sinto sua mão tocar a minha e vejo que se ajeita na cama, buscando uma posição melhor. Saber que me deseja, que deseja o louco, o insano, o estranho Mulder, me deixa feliz. Me dá vida. Me dá um brilho que eu nunca tive. Deslizo minha mão por meu corpo e você fecha os olhos, levando sua mão pelo colchão, me esperando. Entro em você e escuto seu gemido baixinho. Vejo sua mão se agarrar no lençol. Vou entrando mais e mais, lentamente, com carinho, eu não quero te machucar... Você é tão frágil. Meu desejo me tenta, mas eu resisto. Tenho medo quando enlouqueço. Sinto meus músculos todos tensos, meu sangue parece que não mais circula, meus mamilos estão duros. Um calor sobe pelo meu corpo e meu coração acelera. Minha cabeça está pesada, como se um aviso ’out of order’ estivesse preso no meu cérebro. Entro por inteiro em seu corpo e minha respiração é tensa. Fecho meus olhos. Agarro-me em sua cintura e deslizo minha outra mão agarrando-me ao travesseiro. Movimento meu corpo suavemente contra o seu e isso me enlouquece, me envolve em nuvens distorcidas e numa falta de ar quase completa. Estou dentro de você, sentindo seu calor, sua umidade... Escuto seus gemidos baixinhos. Sua mão agarrando a minha e envolvendo seus dedos por sobre meus dedos, enquanto te seguro pelos quadris. Estou enlouquecido, mas me contenho. Sussurro em seu ouvido. Eu não quero te machucar. Mas você se ajeita, inclinando o corpo e me pede mais, me concede mais. Não resisto. Movo meu corpo mais rápido, sentindo você. Ah, aquela sensação boa de estar dentro de você, tão íntimo, de fazer parte do seu corpo quente. Agarro um dos seus seios e você solta um gemido mais alto. Estou enlouquecido dentro de você, te invadindo como um louco apressado. Dói! ... Ah, deus, isso dói! Dói pra mim também, Scully... Acredite... Não consigo mais respirar direito e acho que vou entrar em êxtase. Ela segura minha mão contra seu seio e move seu corpo contra o meu. Ah! Isso me deixa louco... ofegante. Então crio coragem pra guiá-la a me descobrir. E falo. Pela primeira vez eu falo. Começo a gritar agora, enlouquecido de prazer.

MULDER: - Scully, faz assim... Assim, Scully... Mexe assim... Oh, Deus! Scully, eu vou... eu vou gozar.

MULDER (OFF): - Meu cérebro bloqueia entorpecido, sinto espasmos e gozo dentro dela. Alívio... Sensação de alívio, mas não completo. Ela solta um gemido de êxtase. Move seu corpo me pedindo mais. Céus, o que há conosco? ... Minhas palavras a excitaram mais... Num instinto, num impacto, eu empurro meu corpo contra o dela e gozo novamente. Não consigo mais parar, estou cansado, mas meu corpo resiste, insistindo em mover-se contra o dela, recusando-se a sair do corpo dela, ela quer, eu quero e tudo acontece de novo... Alívio completo, numa mistura de agonia. Sinto dor e cansaço e meu cérebro parece que abre-se da névoa em que estava. Meu sangue parece que corre normalmente, embora meu coração esteja prestes a sair fora do peito. Sinto o coração dela, através de seus seios, de seus mamilos endurecidos. Saio de dentro do corpo dela, lentamente, embora se pudesse, ficaria ali pra sempre, naquela sensação de segurança que tenho quando estou dentro dela. Respiro profusamente. Isto foi louco, foi maravilhoso... Saio de cima dela e sinto o colchão em minhas costas. Estou tremendo ainda... Sinto o suor percorrer meu corpo, fico com os olhos parados, no nada... Vem aquela sensação de torpor, aquele estado de letargia, de lassidão... Como vou encará-la depois do que disse?

Scully vira-se pra ele, procurando seu carinho. Mulder a abraça. Ela recosta a cabeça em seu peito. Mulder afaga seus cabelos, ainda entorpecido.

MULDER (OFF): - (SORRI ALIVIADO) Barreira quebrada. Não preciso que ela me diga nada. Percebo que ela gostou da minha sinceridade... Sinto que ela treme também e respira com dificuldades. Pena que isto seja tão breve pra mim. Sei que é contínuo pra ela. A natureza sempre foi injusta com o homem... Respiro mais calmamente agora. Sinto os lábios dela a procurarem meu pescoço. Sua mão macia e pequena a deslizar pelo meu peito. Meus braços estão envolvidos nela e eu adoro isso... Scully, como eu amo você... Como gosto de me sentir assim, importante pra alguém, protegendo alguém... assim sei que tenho algum motivo na minha vida... Algo que me move. Algo que me dá forças pra encarar a minha jornada... Você me faz sentir homem. Eu... Eu deixo de ser um louco, uma criança crescida e mimada... Ela aconchega-se em mim. Brinca com seus dedos nos pêlos do meu peito. Ah, céus! Aquela sensação de novo. É inevitável, Scully, você mexe comigo. Sinto os mamilos dela enrijecidos contra meu corpo. O toque dela me deixa excitado ainda. Eu não posso mais parar! Eu não sei o que está havendo, mas... Quanto mais desafios, mais apaixonados nós ficamos... Eu quero morrer do teu lado... Quero passar todos os dias da minha vida com você. Se eu morrer nos teus braços, vou morrer tranqüilo... em paz... Deslizo minha mão pelo seu braço, acariciando-a. Acariciando aquele corpo pequeno, tão frágil... Ela arrisca e começa a deslizar seus lábios pelo meu peito. Arrisque, Scully. Você sabe que me desperta. Então a puxo pra cima de mim, bruscamente. Ela entende. Trocamos um beijo quente e molhado, e sinto as mãos dela a explorar o meu corpo, como duas mãos curiosas. Explore, Scully. Eu sou teu mesmo... O suor do corpo dela se mistura ao meu suor. Há muito calor em nossos corpos molhados... A saliva dela, o gosto dela... ‘Out of order’. Digo a mim mesmo: Seu queixo cai cada vez que ela olha pra você. Foi fisgado, Mulder. Como um peixe.

Eles beijam-se loucamente.

MULDER (OFF): - Ela afasta os lábios dos meus, enquanto olha pra mim e desce por meu corpo. Sinto as gotas de suor escorrendo por minha testa e minha temperatura aumentar mais ainda. Estou nervoso com a situação... Sempre fico encabulado quando ela faz isso... Mas eu preciso quebrar essa barreira. Não se pode conter o desejo quando se ama... Mulder, chega de torturar-se em culpas que não existem... Desço minhas mãos, ela me impede. Deixo que ela o faça. Sinto sua mão. Sua boca. Fecho meus olhos. Scully, menina má... Seja má comigo, eu gosto disso. Fujo por um momento, inebriado nesse prazer, relembrando o passado... As coisas que pensava dela... Lábios pecaminosos no rosto de uma santa... Não queria revelar aos amigos a minha atração por ela, pra não ouvir piadas acerca da tímida agente. Jamais me interessei por santas, mas me sentia atraído por ela. Pensava isso embevecido. Ela não fazia meu tipo e eu tinha certeza de que isso era recíproco. Ela me fitava como se eu fosse de outro planeta. Mas eu queria aqueles olhos azuis e lábios convidativos... que pensamentos se escondiam por trás daquele rosto? Havia expressões e trejeitos intrigantes que me faziam suspeitar de que ela não era tão tímida e sóbria quanto aparentava. A barreira da seriedade e defesa escondia uma mulher passional, com coração em brasa. Eu estava certo! Só pra variar, eu estava certo nas minhas deduções... Então me agarro no travesseiro. Scully, minha santa e minha pecadora. Eu não vou reagir. Me use como quiser, eu não quero reagir. Não quero resistir, eu quero me entregar... Ergo minha cabeça e a observo, aquilo me excita. Ela desliza seus lábios úmidos, suas mãos... Ai, dói... Dói, mas eu gosto... Dói, mas eu quero... Imploro para que ela pare, eu não vou mais segurar... Sinto seus lábios subirem para minha barriga, meu peito. Céus, estou fora da galáxia... Ela então senta-se sobre meu corpo. Inclino minha cabeça pra trás, contra o travesseiro, gemendo, enquanto sinto que ela me coloca dentro do corpo dela... Estou entrando nela. Agarro-me nas grades da cama. Sinto ela deslizando seu corpo mais ao encontro do meu e eu cada vez mais fundo dentro dela. Começo a gemer de prazer. Ah, minha falta de ar... Ela move-se sobre mim e isto me deixa louco, angustiado, cada vez mais excitado. Mordo meus lábios, cerro os olhos, solto gemidos longos. Ela grita, apóia as mãos sobre meu peito. Seguro as mãos dela, extasiado. Ela joga o corpo pra trás, os cabelos... Eu me ergo e a seguro pela cintura, beijando-lhe os seios, prestando reverência, adorando aquela mulher. Ela inclina-se pra trás e eu a seguro com meus braços ao redor de sua cintura frágil. Ela revira seus cabelos com as mãos, movendo-se mais ainda contra meu corpo. Isso, Scully, enlouqueça, enlouqueça! Eu tento me mover contra o corpo dela, mas sou muito pouco bem sucedido. Me sinto como um objeto de prazer e isso me deixa mais empolgado. Ser usado... Quero mais que ela me use quando e como quiser. Nos abraçamos um no outro, sentindo nossos corações acelerados e nossa respiração quase nula. Deito-me na cama e ela move seu corpo mais enlouquecida, arranhando minha barriga. Ah, ela sabe me deixar maluco... Ela sabe o que eu gosto. As sensações todas voltam e eu me entrego a elas. Agarro-me ofegante no colchão. Eu amo essa mulher. Agora, nós enlouquecemos juntos e me parece que sem culpas.


Restaurante Le Hirondelle – 11:22 P.M.

[Som: Frank Sinatra – Strangers in the Night]

Um restaurante chique. Cortinas de seda, ambiente austero, luz suave. Os dois agentes sentados à mesa. Mulder de smoking, Scully num vestido de paetês. Mulder serve vinho pra ela. Scully sorri, o admirando.

SCULLY (OFF): - Eu estou completamente fascinada por esse novo homem. Em tanto tempo, é a primeira vez que ele me leva pra jantar. Mulder odeia lugares públicos, e mesmo com o FBI em peso na cidade, ele resolveu me levar pra jantar fora. Olho para sua mão servindo-me o vinho, analiso seu contorno, suas veias salientes... Olho pra ele. Ele exibe uma paz que eu nunca vira antes em seu rosto. Nossos olhares se cruzam. Ele ergue as sobrancelhas num sorriso debochado.

MULDER: - Se pedir qualquer coisa que precise ser cozida enquanto viva, eu acho que saio correndo daqui.

SCULLY: - (RINDO) Qual seu problema com lagostas?

MULDER: - (DEBOCHADO) Nenhum. Contanto que eu não tenha que olhar nos olhos delas e dizer: Você, você aí do canto.

Scully ri. Toma um gole do vinho.

SCULLY: - Hum, gostoso.

MULDER: - (DEBOCHADO) O que é gostoso? Eu ou o vinho?

SCULLY: - Ambos. Combinação perfeita.

MULDER: - Posso ser sincero?

SCULLY: - (RINDO) Espero que seja sincero.

MULDER: - Nunca, mas nunca em minha vida, amei alguém como amo você.

Scully silencia. Perdida, diante da declaração.

MULDER: - E nunca, pode ter a certeza disso, porque sei que mulheres querem ter a certeza disso... Nunca tive uma mulher como você.

Scully desvia o assunto, tentando se proteger.

SCULLY: - Sabe, Mulder, estava pensando em tempos antigos... Quando eu dizia pra mim mesma coisas como ‘Não serei tola para me magoar’. ‘Ok, você quer vencer seus medos e se tornar uma mulher normal. Mas ele é um conquistador inveterado, um brincalhão compulsivo’. ‘Você não é o tipo de mulher que desperta a atenção dele’... Ouvindo a batida do meu coração, no escuro do quarto, porque você havia tocado em minha mão, dizia a mim mesma: ‘Você é mesmo uma completa idiota, Dana’... Me desculpe. Eu fazia um péssimo juízo de você, Mulder.

MULDER: - (DEBOCHADO) Fazia nada, eu sou safado e aproveitador mesmo.

Scully sorri. Leva a taça aos lábios e bebe um gole do vinho tinto.

MULDER: - Pena que você não sabia que Mulder é incapaz de resistir a um desafio. Quanto mais difícil, mais valente ele fica. Levante uma barreira e ele vai sentir-se impelido a ultrapassá-la... Entende o que quero dizer?

SCULLY: - ...

MULDER: - Mas só vou ultrapassá-la se tiver permissão.

SCULLY: - (SORRI) Tem. Tem permissão sim. Quando não tiver, eu aviso.

Os dois ficam se olhando. Mulder pede a mão dela estendendo sua mão sobre a mesa. Scully entrega sua mão. Mulder segura a mão dela e a acaricia.

MULDER: - Amo você, Scully.

SCULLY: - Mulder, eu... Eu sei que nessas situações, geralmente isso parte de um homem, mas... Eu... Eu não cumpri minha promessa.

MULDER: - (BEIJA A MÃO DE SCULLY) Que promessa? Do que está falando?

Scully pega a carteira que está sobre a mesa e abre. Tira uma aliança de prata.

SCULLY: - Comprei isso pra você. Mas não pude esperar o dia dos namorados...

MULDER: - (SURPRESO/ NUM SORRISO) Pra mim?

SCULLY: - ... Mulder, eu tenho suas sementes de girassol, mas não dei nada à você como simbologia do nosso casamento.

MULDER: - (RINDO) Ah, quer que eu use aliança, é?

SCULLY: - Não. Achei que isto combinava com você. Aceite. É o que de mais simples eu poderia dar. Acho que isso significa você mesmo.

Mulder pega a aliança da mão dela. Analisa.

MULDER: - Uma aliança esotérica? ... (RI) Scully, sua mentirosa!

SCULLY: - (RINDO) Gostou?

MULDER: - Aqui tá escrito: para Mulder, com amor Dana Scully.

Ela fica ruborizada, puxando os cabelos para trás. Mulder entrega a aliança.

MULDER: - Tá certo. Então coloque no meu dedo.

SCULLY: - (OLHOS BRILHANTES) Vai usar?

MULDER: - Claro. Mas só porque é esotérica e combina com a minha beleza.

SCULLY: - (RINDO) Mulder!

Scully coloca a aliança no dedo dele. Mulder olha pra sua mão.

MULDER: - Hum, gostei. Combinou comigo. Embora eu não deveria usar, porque te dei um anel no natal passado e nunca te vejo com ele.

Scully ergue a mão, mexendo os dedos, mostrando o anel.

MULDER: - Foi esse que eu te dei?

SCULLY: - Homens... Memória curta...

MULDER: - Tá, tá legal. Embora que natal mais estranho aquele. Acho que o Papai Noel tinha razão. Precisaríamos das algemas. Agora entendo o motivo.

SCULLY: - E o sapatinho cor de rosa?

Mulder reclina-se na cadeira, disfarçando.

SCULLY: - (RECEOSA) Mudou de ideia?

MULDER: - Não. Só estou um pouco tenso.

SCULLY: - Mulder, não quero que faça nada por mim, pense em você...

MULDER: - Já discutimos isso antes, Scully. Eu quero. Antes que eu fique velho e rabugento e não consiga nem brincar com meu filho por causa do reumatismo!

Ela sorri feliz. Ergue o copo.

SCULLY: - Um brinde ao nosso filho.

MULDER: - Um brinde.

Os dois brindam. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Se for menino, não vai chamá-lo de Bryan ou eu fujo com ele.

SCULLY: - (RINDO) Tá bem... Nada de Bryan... Que tal Fox Júnior?

MULDER: - Pensando melhor, acho que Bryan fica mais bonito. É. Chame a criança de Bryan. Pobre inocente, não o quero carregando um nome desses pra servir de piada na escola.


10:19 P.M.

Os dois entram no quarto. Scully tira os sapatos, equilibrando-se na porta.

SCULLY: - E congresso que é bom, nada...

MULDER: - Ah, deixa aquele bando de certinhos engravatadinhos prestando atenção no que já sabem... Nossa palestra é só amanhã à noite.

SCULLY: - Não vamos escapar do coquetel.

MULDER: - Eu vou. Sou o Estranho Mulder, ninguém sente a minha falta nas festas do FBI.

Scully aproxima-se dele, o ajudando a desatar a gravata borboleta.

SCULLY: - Por falar em engravatadinhos, que moral tem para critica-los?

MULDER: - ... Você é hábil com gravatas, não?

SCULLY: - Experiência.

MULDER: - Ah!

SCULLY: - Não é o que está pensando nessa sua mente doentia, Mulder. Eu costumava dar nós na gravata do meu pai. Sempre arrumava a gravata dele. (SUSPIRA)

MULDER: - Tem saudades dele, não é?

SCULLY: - Tenho...

Scully desliza as mãos pela camisa de Mulder, como se a ajeitasse em seu corpo.

SCULLY: - Como consegue permanecer esbelto, ingerindo tanto açúcar?

MULDER: - (DEBOCHADO) Atividade física. Muitos exercícios... Principalmente abdominais.

SCULLY: - Eu também faço abdominais, mas estou começando a ficar gordinha!

MULDER: - Não está gordinha não.

SCULLY: - Cego.

MULDER: - Surdo e burro também, mas eu te amo.

Mulder aproxima-se dela. Ela vai recuando, encostando-se na porta.

SCULLY: - (RINDO) Mulder...

MULDER: - (SÉRIO) Vem cá, Scully. Precisamos conversar.

SCULLY: - Não...

MULDER: - ...

SCULLY: - (RINDO) Sai pra lá, mal intencionado e cafajeste.

MULDER: - (SÉRIO) É sério, Scully. Acho que temos algo pra falar sobre nós dois. Algo que nos incomoda.

SCULLY: - (NERVOSA) Eu...

Mulder toca os lábios dela com o dedo. Scully olha pra ele. Mulder inclina a cabeça e aproxima os lábios dos dela. Scully fecha os olhos.

SCULLY (OFF): - Ah, Deus! Adoro ser beijada por ele... Assim, calma e apaixonadamente, até que ele resolva... Resolveu. Ele aprofunda o beijo forçando-me a abrir os lábios, colocando sua língua dentro da minha boca. Entregar-me a ele é arriscado, mas delicioso, emocionante, tenso... As mãos dele moldam as minhas curvas e eu me esquivo das mãos ansiosas dele. Tenho medo do que ele quer falar.

Mulder apóia as mãos espalmadas na porta, uma de cada lado. Prende Scully entre os braços.

MULDER: - Não, não vai sair daqui agora.

SCULLY: - ...

MULDER: - Agora não, Scully. Vamos acabar com isso como dois adultos.

SCULLY: - ...

MULDER: - Se não quer falar, eu vou falar. Porque eu entendo o que se passa em sua cabeça e quero que saiba que é recíproco o medo, o respeito e a culpa. Mas chega! Você me deu essa chance e acho que agora você precisa ouvir isso de mim. Sei que ficamos de gracinhas e piadinhas pra que tudo funcione. Gosto das gracinhas e piadinhas, fico excitado com os joguinhos que criamos. Mas me preocupo porque sei que é uma maneira de enganar a nós mesmos do medo que ainda existe. Medo em falar.

SCULLY: - ...

Scully olha pra Mulder como uma gata assustada.

MULDER: - Sei que nossos olhos se entendem. Mas não podemos ter medo de falar. Medo de ir fundo. De conhecer cada vez mais um ao outro. Podemos ter joguinhos, mas eu não quero mais barreiras. Quero fazer todas as loucuras que você me propor.

SCULLY: - ...

MULDER: - Quero tudo com você. Entendeu ou quer que eu seja mais direto?

SCULLY: - ...

MULDER: - (SORRI) Tô te assustando?

SCULLY: - ... (CULPADA) É que a boa moça está aqui hoje e...

MULDER: - Diga pra boa moça que não atrapalhe porque eu não vou respeitá-la. Eu sou tarado por boas moças. Boas moças que têm uma moça má dentro de si. Diga pra ela, Scully, que ela já devia saber disso.

Scully sorri. Mulder sorri também.

MULDER: - Barreiras quebradas?

SCULLY: - Barreiras quebradas.

MULDER: - Sinto um alívio, sabia?

SCULLY: - Acho que estou flutuando agora. Assunto encerrado então.

MULDER: - Tá. Tudo como era antes mas...

SCULLY: - Mas o medo foi embora. Mulder, como foi bom a gente se conhecer mais, revelar os medos, sabia? Sei que fomos infantis, mas parece que há coisas que só o tempo trás...

MULDER: - A cada dia que passamos juntos nos conhecemos melhor. E confesso, as surpresas são melhores do que as que eu esperava. Scully, relacionamentos são assim. Amadurecem com o tempo. Revelam-se com o tempo.

[Som: John Paul Young – Love is in the Air]

Mulder roça o nariz no dela. Scully sorri. Mulder segura o rosto dela em suas mãos. Ela fecha os olhos. Ele a beija.

SCULLY (OFF): - Sinto as pernas enfraquecerem. Minha pulsação disparou. O chão desaparece sob meus pés. Agarro-me aos ombros largos para me amparar. Braços fortes, o toque de suas mãos experientes... Amo você. Sem culpa. Mas com desejo.

Fade out.

X


18/06/2000


4 de Agosto de 2019 às 22:06 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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