urutake Urutake Hime

Um breve resumo sobre os pensamentos de Bunnymund sobre a batalha contra o Breu, seus pensamentos sobre Jack Frost e, depois que a paz é instaurada, parece que agora o rapaz consegue provocar outros sentimentos no guardião. [BunnyJack]


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Capítulo Único

“As pessoas acreditam em mim!”


Aquelas eram as únicas palavras que faziam Jack Frost perder toda a pose. Eu sabia muito bem o quanto elas o afetavam, o quanto elas doíam e perfuravam seu coração, o garoto acabava perdendo o brilho nos olhos e ficava visivelmente abalado. Este era seu único medo: que ninguém nunca acreditasse nele, que nunca pudessem vê-lo e continuasse a ser ignorado como vinha sendo nesses longos 300 anos. E por saber que essa era a única maneira de causar algum dano naquele pirralho egoísta, eu as dizia sem pensar, na maioria das vezes quando estávamos em alguma discussão calorosa.


Depois disso, sempre acabava me sentindo estúpido mesmo que não demonstrasse isso, mas ver aquele belo par de olhos azuis se desmanchando em tristeza sempre que ouvia aquelas palavras acabava me fazendo mal também. E claro que isso é pura idiotice! Pois não deveria me importar com esse garoto que só sabe aprontar por ai e vive atrapalhando minha caça aos ovos. Ele me provoca, me tira do serio e se diverte muito ao me ver assim. Esse moleque... Não sei o motivo de sua insistência em me fazer ficar assim, atormentado.


Enfim Breu atacou com todas as forças e tivemos que nos unir para acabar com ele. Nunca poderia imaginar isso aconteceria um dia, ainda mais com Jack acabando por ser nomeado um guardião. Isso é loucura! No que o Homem da Lua está pensando? Desde o começo fui contra, não tem como esse pirralho nos ajudar em alguma coisa! Ver seu rosto cheiro de diversão enquanto me via tremendo de medo dentro do trenó do North me irritou tanto que, se eu não estivesse apavorado, iria jogar meu bumerangue bem na cara dele! Esse sorriso travesso que ele insistia em manter no rosto podia ser muito charmoso, mas era bem irritante. Ok, ignore a parte do “charmoso”.


Jack estava se empenhando em nos ajudar, mas não sei se está fazendo isso porque quer ou simplesmente se está interessado em recuperar suas lembranças. Eu aposto na segunda opção, apesar dele estar se tornado cada vez mais confiável. Curioso como Frost consegue me afetar com tão poucas palavras, mesmo quando estávamos correndo como idiotas numa competição sem sentido para recolher todos os dentes das crianças. Bem, sou um coelho competitivo, não resisti em entrar nessa situação e até que deixou tudo mais divertido. Uma coisa eu tenho que admitir: esse moleque tem talento para a diversão.


Estava começando a gostar dele... É, começando! Afinal Jack tinha até pedido desculpas por ficar me chamando de canguru, pensei que era um cara legal. Isso até a Páscoa ser arruinada... Como ele pôde nos deixar lá e simplesmente se esquecer do nosso dever? Tudo por causa dos seus dentes e de suas lembranças estúpidas! Não devíamos ter confiado nele!! Cheguei a erguer meu punho para acertar um belo soco na cara desse mentiroso, mas... Eu simplesmente não consegui. Além da irritação, também estava triste pelas crianças não acreditarem mais em mim e isso me tirava às forças para acertá-lo.


As coisas chegaram a piorar... Mais e mais crianças deixavam de acreditar nos guardiões e isso estava afetando a todos nós. A Fada mal conseguia voar, o North estava perdendo as forças e eu... Acabei encolhendo. Dá pra imaginar a minha frustração ao me olhar no espelho e ver que eu havia me tornando um pequeno coelho fofinho? Ah não... Queria minha altura, meu porte e minha força de volta! Bem, pelo menos o pensamento de que Jack não estava aqui para ver e ficar tirando sarro de mim era um alivio. Por que eu tinha que ficar pensando naquele pirralho até em um momento como esse?


Tivemos que correr para ter alguma chance, só restava uma criança acreditando em nós e precisávamos cuidar para que aquela luz não se apagasse ou seria o fim de todos nós. No entanto, quem diria! Jack Frost estava lá e o que mais me surpreendeu foi descobrir que ele fez com que o menino não perdesse a crença em nós. Quando Jamie contou que o moleque havia feito um coelho de gelo e desenhado um ovo da Páscoa na janela, mal pude acreditar nas minhas grandes orelhas. Jack exibiu um sorriso tímido, como se estivesse sem jeito, mas me encarou com um olhar sincero. É... Acho que o julguei mal esse tempo todo!


A batalha final teve inicio e, graças às crianças, pudemos derrotar o Breu e mandá-lo de volta para o buraco fundo e escuro de onde ele jamais deveria ter saído! Jack se tornou oficialmente um de nós depois de ter feito o juramento do guardião e voltou para o Polo Norte conosco. Assim que o North estacionou o trenó, já resmungava sobre como faria o Natal dessa vez e quantos brinquedos teria que carregar. Sandman foi tirar um cochilo e recuperar suas forças depois de ter ficado tanto tempo sob o domínio de Breu e a Fada já estava correndo para voltar ao seu lar, querendo recolher mais dentes. No fim, fiquei ali com o Frost.


— Bem, acho que você também tem que voltar para os seus ovos, não é? — questionou o garoto, se apoiando no cajado.


— É... Todos estão voltando aos seus afazeres, como sempre. — respondi sem muita animação na voz. A Páscoa desse ano havia sido um fiasco, eu tenho que fazer algo extraordinário para o ano que vem.


— Quero pedir desculpas por tê-los deixado na hora de esconder os ovos... Eu devia ter percebido que os dentes eram uma isca do Breu. — Jack parecia realmente arrependido, ainda mais depois de tudo o que passamos e por termos nos acertado.


— Tudo bem... Você queria saber do seu passado, tinha esse direito. Também demorei pra saber quem eu fui, a Fada teve que me ajudar.


— Então soube pelos dentes? — agora aquele par de safiras que eram seus olhos pareciam curiosos — Posso saber quem você era antes de ser um guardião?


— Não, nem pense nisso! E não adianta perguntar aos outros, já os proibi de contar isso a você. — ri de forma debochada, nem em sonhos eu deixaria Frost saber do meu passado.


— Ah, qual é Coelhão...


Percebi que ele iria tentar fazer alguma chantagem, então achei melhor sair rapidinho dali. Bati a pata no chão e um dos meus adoráveis túneis se abriu no local, estava estava pronto para pular nele quando meu pescoço foi envolvido pela ponta curva do cajado de Jack, me puxando para trás. Quase cai com essa ação repentina, mas consegui manter o equilíbrio e virar para frente, pronto pra brigar com esse pirralho. Quase me sufocou com esse cajado! Só então que me dei conta de que estávamos perto... Perto demais eu diria! Seu sorriso era diferente dos que costuma dar e seu olhar parecia atento a minha reação.


— Vai ir embora assim, sem se despedir?


— E o que você quer que eu faça? — devolvi a pergunta com uma sobrancelha arqueada. Impressão minha ou ele está se aproximando mais?


— Que tal um beijo de despedida?


— Um o que?!


Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, pude sentir a respiração gelada de Frost – sim, tudo nele é frio – bater contra o meu focinho e o garoto ficou nas pontas dos pés para alcançar os meus lábios, tocando-os com os seus. No primeiro momento, fiquei parado e totalmente chocado. Mas o que esse moleque tem na cabeça afinal?! Por que está fazendo isso? Bem, todas as coisas que ele fazia comigo eram sem motivo, acho. Ou sou eu não consigo ver o motivo... Deve ser isso. Ele se afastou um pouco, voltando a firmar os pés no chão e seu sorriso agora era travesso.


— Quem sabe eu não apareça no seu bosque qualquer dia desses para congelar uns ovos, hein?


— Nem pense nisso... — rebati, mas sem soar irritado de verdade. No fundo, eu queria a sua visita.


Jack finalmente se afastou com aquela risada tão gostosa de se ouvir e, com um movimento de seu cajado, já voou para longe no horizonte, indo levar neve para algum lugar ou congelar coisas pra se divertir. Ele não tem jeito mesmo... Vai continuar sendo um garoto irresponsável que só pensa em diversão! Mas as coisas tinham mudado entre nós... E pareciam que iam mudar mais ainda, depois desse beijo inesperado. Ora essa, tenho que tirar esse sorriso idiota da cara, até parece que estou... Apaixonado por ele. Balancei minha cabeça negativamente e finalmente pulei no meu túnel, indo para o bosque me focar na Páscoa do ano que vem. Jack havia conseguido a crença das crianças, se tornou um guardião, acertamos nossas diferenças, mas... De alguma forma, sei que ele sempre vai conseguir me deixar balançado, não importa o que faça ou se apenas me olhar.

5 de Julho de 2019 às 00:42 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Urutake Hime Uma garota que escreve desde 2009, com diversas temáticas e fandom diferentes. Nyah: https://fanfiction.com.br/u/30892/ Spirit: https://www.spiritfanfiction.com/perfil/urutake-hime Wattpad: https://www.wattpad.com/user/Urutake-Hime

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