isa-miranda Isa Miranda

A saga da Noite Sombria é uma série de livros ambientado no mundo obscuro das entidades noturnas, ou seja, vampiros. Sinopse: Nocturns. Vampiros. Quando manto sombrio da noite abraça a Terra, é a chamada, a canção do despertar que faz das ruas e becos de Nova Iorque uma trilha perigosa para os seres em sua frágil existência. Quando as criaturas da noite tomam o mundo, apenas o sangue, o poder e a luxúria instigam os imortais rumo à escuridão eterna. Lya Merelyn era mais uma entre eles, vagando noite após noite sem rumo. Até que ele surgiu. Gianni Salvatore. Padre. Caçador. O que poderia ocorrer do encontro entre seres tão opostos? Certamente não era amor o que ambos esperavam, mas foi o que aconteceu. Até que ... Conspirações seculares, rixas raciais, vampiros, lobisomens, a Igreja e caçadores. Em lados opostos do tabuleiro, enquanto Gianni tenta sobreviver nesse mundo infernal, cabe a Lya buscar uma forma de ajudar seu amado e se redimir pelo crime que cometeu. A Dama Negra retrata a rivalidade e o poder vampiresco muito além da carnificina e bestialidade, ilustra uma civilização obscura e poderosa que retorna à essência das criaturas sombrias de mestres como Bram Stoker, Anne Rice e André Vianco.


Paranormal Vampires Para maiores de 18 apenas.

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Prólogo - Amor em Sangue

"Jesus, salvator mundi

Tue famuli subveni

Quos pretioso sanguine

quos pretioso sanguine

Redemisti"

O silêncio era quebrado por sussurros de alguns fiéis que, ajoelhados diante do altar, oravam pela sua redenção, era assim que ficavam presos naquela fé sob o olhar de seu "salvador". Ao fundo um grupo do coro ensaiava cantos religiosos dando ainda mais ênfase aos que rezavam pedindo perdão pelos seus pecados. A nave tinha um ar melancólico para alguns e para outros gerava a paz, mas não era o caso de Gianni Salvatore. Em nenhum momento o homem alto de cabelos negros corte curto usando um terno desalinhado, não conseguia sentir aquela paz que o local proporcionava, a igreja santa que a todos era o refúgio, para ele era o fracasso de uma missão mal sucedida que levara à morte dois de seus melhores amigos.

Afastando-se alguns passos do altar, em uma expressão cansada girou o corpo nos próprios calcanhares caminhando até o cruzeiro onde acendeu uma vela para cada um dos seus amigos, Padre Miguel e Padre João, uma rápida prece e por fim soltou o ar do peito como se aliviasse por alguns momentos o coração frustrado, afastou-se do cruzeiro caminhando entre os enormes bancos que compunham aquela que era a sede principal do Vaticano.

— Padre Salvatore.

Já estava perto porta principal quando ouviu aquela voz suave e baixa quase sussurrante lhe chamar. Padre? Não, não era mais padre, devido ao seu fracasso resolvera abdicar do seu sacerdócio. Não acreditava mais em sua fé, não acreditava mais em sua vocação, não mais, pelo menos até encontrá-la e livrar o mundo do demônio e assim se redimir para ser merecedor daquele título. Era essa a sua punição, a que escolhera como redenção.

— Irmã Maria, fico grato por sua ajuda. – Pegou a mala trazida pela jovem noviça que vinha do outro extremo da catedral. Ela cumprimentou com os olhos marejados por lágrimas.

— Não precisa agradecer, padre, faço de bom gosto e... – Ela olhou-o receosa. —Tome cuidado. – Juntou as mãos sobre o peito. – Caçar essa criatura é perigoso, a Dama Negra caminha há séculos pelo mundo e ninguém conseguiu eliminá-la.

— É minha missão e a cumprirei. – Tocou no ombro confortando-a. – Sou abençoado por ter-lhe como amiga, reze por mim. — Virou-se, olhando-a por alguns segundos.

Curvou levemente a cabeça se despedindo desceu as escadarias um pouco apressado, sabendo que nos olhos de Irmã Maria posavam-lhe preocupações, mas não tinha como evitar, apenas seguir em frente com sua missão. Tomou o táxi e pouco depois estava no aeroporto.

Seu voo saiu às 18:30h com destino a Nova Iorque, fora em alguns momentos cansativos devido algumas turbulências, mas outros amenos, aproveitou para analisar os relatórios que havia retirado dos arquivos para traçar uma estratégia e assim chegar até a Dama Negra. Havia algo naquela vampira que ele não conseguia se desvencilhar, por muitas vezes se questionou por que ainda a caçava. Uma ligação entre ambos tão extrema que fizera seus amigos perderem a vida, agora a insistência em livrar aquele monstro da face da terra. Enquanto os demais passageiros dormiam Gianni lia um relatório onde havia uma ficha sobre a vampira. Os caçadores criavam arquivos com dados de vampiros que caçavam para fins de pesquisas, o qual tinham a missão de manter atualizado. Pegou uma das pastas, abriu-a e analisou os relatórios, anotando pontos principais em sua pequena agenda de couro que carregava sempre consigo, além do seu rosário que mantinha enrolado no pulso esquerdo.

Lya Frantini Merelyn, nascida por volta de 1782 na ilha da Sicília bourbônica (1734-1860) Itália, segunda metade do século XVIII. Aos 15 anos entra para o convento Irmãs Matriarca do Perpétuo iniciando os seus estudos religiosos se tornando noviça o que faz até os 18 anos. Em uma viagem para Roma desaparece misteriosamente. Reaparecendo no final do século XVIII, com inúmeros assassinatos, havia se tornado a besta sedenta por sangue e devido aos crimes fora condenada ao extermínio, desde então vem sendo caçada pelo mundo.

Muitos encontraram a morte diante do demônio chamado de a Dama Negra. O trecho era relido por ele diversas vezes, levando a se perguntar, como essa jovem noviça se tornou um monstro? Questionamentos a parte, ele preferia encontrar pontos fracos que o ajudasse a acabar com a criatura.

Horas depois e duas conexões o avião finalmente pousou no Aeroporto Internacional John F. Kennedy no Queens, o agito daquele lugar denunciava o quanto era caótico e conturbado andar pelo salão. Não demorou muito o check-out e já estava no táxi rumo ao hotel na mesma região. Depois de se hospedar no final da tarde, começou a se preparar para a caçada, aquela noite seria a decisiva, traçado os locais e possíveis ninhos de vampiros iria achá-la pondo por fim aquela missão.

Decidido, Gianni rumou ao distrito de Staten Island pegando a última balsa para a ilha, tinha em mãos o mapa do lugar sabendo que a região era grande, por isso não perderia tempo, indo para um possível ninho fora da área residencial. Debruçado na grade da embarcação, olhava as suas anotações sem notar que estava sendo observado.

Os olhos prateados com leve tom esverdeado tornaram-se estreitos, analisando-o conforme se aproximava tão suave em passos leves encostou-se à grade e virou a face para o mar que o som das águas batendo no casco quebrava o silêncio daquela noite fria de início do inverno, murmurando em italiano a modo que somente ele pudesse lhe ouvir.

— Libertà, qualcosa di così semplice e allo stesso tempo impossibile da raggiungere... ( Liberdade, algo tão simples e ao mesmo tempo impossível de alcançar.)

Gianni não notara sua aproximação até ouvir sua voz, um arrepio subiu a espinha e semicerrou os olhos, sua mão direita desceu devagar para dentro de seu casaco.

— A liberdade somente é para os merecedores... -Sacou de sua arma e girou o corpo apontando para direção de onde vinha a voz suave delicada e terrivelmente envolvente fazendo os mais fortes sucumbirem à sua vontade.

A mira apontada para a mulher de pele alva, tão alva que se tornava translúcida, longos cabelos loiros que beiravam abaixo de sua cintura no mesmo tom de sua pele, lábios suavemente corados e estatura baixa. Usava um longo casaco negro que a protegia de um frio no qual não sentia devido a sua condição de ser da noite.

Sorriu-lhe, divertindo-se com a situação.

— Sua bênção, padre.

Gianni estremeceu e o calafrio subir lhe a espinha, adrenalina aumentando o mantendo em alerta com aproximação dela.

— Sabe bem que não há como lhe dar a bênção, Lya. – O tom de voz alto e irritado.

Lya inclinou o corpo para frente aproximando-se ao ponto de o cano da arma tocar-lhe a testa, fechou os olhos e suspirou baixo, aguardando algum ato daquele humano.

— Melhor guardar a arma, padre, está chamando atenção. – Abriu seus os olhos girando a órbita para o canto para mostrar-lhe que poderia chamar a atenção dos humanos na balsa. - O que pretende fazer, padre? Atirar?

Ele respirava rápido, não queria tirar os olhos dela, mas um barulho de porta abrindo o obrigou a desviar o olhar, guardando a arma por baixo do casaco. Foram segundos, no entanto, o suficiente para ela sair do seu campo de visão, sumindo nas sombras.

— Lya.

— Sim, padre.

Ele ouviu a voz, procurando por ela nas sombras.

— Eu devo exterminá-la, pôr um fim em tudo. – Ele andava olhando o local, tentando localizá-la. Aquela vampira deixava-o louco e sem chão, desde que a encontrara dois anos atrás em Roma na sua primeira missão.– Padre João e Padre Miguel morreram por sua causa, Lya, não tenho mais como evitar. Devo pôr um fim agora mesmo. – A voz embargada em uma mistura de raiva, frustração e agonia.

Atenta aos movimentos dele, das sombras onde havia mergulhado o corpo, escondia a face entristecida.

— Humanos morrem todos os dias, padre, não me culpe pelos erros deles, avisei-lhes que não deveriam seguir-me.

— Stai zitta! (Cale a boca!) Sua voz, não me confunda, não acreditarei mais em suas palavras. – Bufou nervoso, sentindo algo se aproximar dele.

Ela passava ao seu lado nas sombras quando lhe tocou ombro.

Assustando-se, empurrou-a, o baque do corpo contra o metal ecoou pelo convés do navio. A arma estava apontada para seu peito, Gianni a pressionou, escondendo-a com o casaco para que aqueles que os vissem não notassem nada além de um casal abraçado, fixou o olhar apático nos olhos claros dela.

Lya grunhiu baixo com aquele contato dele, sentiu o aroma de sua pele e o calor, fazendo com que seus olhos avermelhassem. A mão tocou o peito do seu algoz, afagou apertando o tecido da blusa branca que ele usava entre seus delicados dedos pálidos.

— Não acredita mais, cacciatore? Então, cumpra a sua missão. – Ergueu o rosto e aproximou de forma que Gianni sentisse o roçar da pele fria em sua face. – Atire!

Gianni pressionou o corpo contra o dela, sua mente estava presa aquele olhar. Não queria admitir, mas sabia que sua raiva e mágoa não eram somente pela morte dos amigos caçadores. Sua raiva estava presa àquela vampira, àquele olhar e àquela voz. O caçador que fizera seus votos diante do altar em erradicar o mal havia sucumbido àquela criatura que o tocava como se a ela pertencesse.

Gianni abdicara de seu sacerdócio para caçá-la, para recuperar sua alma, para ser merecedor novamente de ser um servo de Deus.

— Não descansarei enquanto existir, demônio. – Engatilhou a arma, pressionou mais o corpo dela contra a parede de ferro da balsa. Sua mão trêmula, seu coração pulsava rápido, quase saindo pela boca, sua respiração ofegante quando ela o tocou. – Destruiu tudo. – Falava com dificuldade. – Destruiu minha fé e agora preciso recuperá-la. A minha redenção virá com o seu extermínio.

— Gianni, não destruí algo que já estava destruído, se sua fé fosse tão fervorosa, não teria sido abalada nem por mim e nem por ninguém. – Os dedos pálidos e macios tocara os lábios do ex-padre. – Quando me beijou em Paris sabia que não era merecedor do título que ostentara no passado.

Ele olhou-a furioso e puxou a arma se afastando, apontou a arma, não conseguia atirar. Seu corpo estava tenso, em fúria abaixou a arma e descarregou aquela ira com um soco na estrutura de metal do navio, passando a poucos centímetros da face de Lya.

O impacto chamou atenção de alguns passageiros que acabaram de atravessar a proa. Disfarçando, ambos se afastaram. Ele negava com a cabeça, atormentado pelo desejo e suas convicções religiosas, o que aquele demônio fizera com ele? Questionava-se constantemente.

— Está na hora de pararmos com essa brincadeira de gato e rato, Gianni, esta noite colocaremos um ponto final. – Olhava-o entristecida.

Amor para quem nunca sentiu nada além da terrível sede de sangue era algo inusitado e irreal. Há dois anos riria de algo assim com desdém, mas ali perto dele só conseguia pensar o quanto queria estar ao lado dele, quase uma obsessão em ter aquele humano para si.

— Exatamente, tudo terminará está noite. – Gianni retrucou rangendo os dentes com olhos flamejando de raiva e frustação.

A viagem até a ilha fora silenciosa, ambos se olharam quase hipnotizados um pelo outro, presos naquele sentimento irracional lutando contra as próprias naturezas e convicções. Em alguns momentos a troca de olhares falava de desejo, do medo, da vontade e a negação que vinha à mente.

O soar da sirene, despertou-os daquele duelo silencioso quando a balsa se aproximou e atracou no porto. Ela caminhou a frente dele. Gianni a seguiu colocando as mãos nos bolsos, guardando a arma. Ele percebeu quando desceu da balsa e caminhou atrás dela, um homem se aproximar e um brilho reluzir no cano de uma arma que disparou. Por impulso, ele se lançou sobre ela. O resto passou em sua mente tão rápido que somente notou um gosto de ferro na boca. Um baque aqueceu seu peito e ele baixou o olhar sentindo algo quente escorrer por dentro do casaco. Sua visão falhou e agarrou o ombro dela. Tocou onde a dor inflamava e quando trouxe a mão para seu campo de visão estava manchada de vermelho. Gemeu baixo vendo o olhar apavorado dela sobre si e tudo escureceu a sua volta.

3 de Junho de 2019 às 01:31 1 Denunciar Insira Seguir história
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Karimy Lubarino Karimy Lubarino
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July 05, 2019, 15:03
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