sweetdoll299 Choki Chan

Para Kyosuke Ishikawa, não fazia sentido: por qual motivo ele tinha que comandar a empresa de sua família? Por que justamente ele? Muitas pessoas poderiam estar em seu lugar, porém, ele teria que ser o escolhido, justo ele... Ele não queria estar ali, porém, não poderia mais fugir, era impossível fugir de uma responsabilidade dada a si mesmo antes mesmo de nascer.


Drama Para maiores de 18 apenas.

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Just another night

Era quase 2 da manhã, o homem finalmente saiu de seu trabalho, soltando um pequeno suspiro, ele olhou para cima, o céu estava limpo e as estrelas brilhavam junto a lua, o que fez o mesmo soltar outro suspiro baixo, dessa vez, sendo de alivio, já que pelo menos, dessa vez, não teria que voltar para casa embaixo de uma chuva intensa como noúltimomês, que fez com que ele pegasse uma gripe intensa, porém, mentiu aos seus irmãos que seria apenas um resfriado, justamente para não preocupa-los e para que não soubessem ainda que estava voltando a trabalhar até de tarde, eles já teriam muitas coisas a fazer e com que se preocupar, e não queria ser mais uma dessas coisas. Não gostava de ver as expressões tristes e preocupadas de seus irmãos para si, na verdade, não gostava de que nenhuma pessoa oolhasse com preocupação, isso fazia com que ele se sentisse fraco, e definitivamente não queria se sentir assim, principalmente na situação em que se encontrava atualmente, tinha que ser forte, mesmo que quisesse desistir, deveria se manter em frente e enfrentar, não porque queria, não porque achava ser o bastante para isso, mas porque as obrigações de ser o filho mais velho e herdeiro daquela maldita empresa não o deixariam em paz até que ele morresse.


Pegou seu celular, estava com pouca bateria, apenas com 10%, que provavelmente iria acabar rápido, deu uma última olhada nos status de seus dois irmãos: os dois estavam offlines, provavelmente estavam dormindo, o que o aliviou ainda mais, já que se vissem que estava online, poderiam facilmente lhe perguntar o motivo. Guardou novamente seu celular e se pós a caminhar, caminhando em direção a uma lojinha aberta 24 horas ali perto de seu local de trabalho, por onde passava as vezes justamente quando não poderia comer ou teria passado um bom tempo do dia sem comer, e obviamente, isso fazia com que ele fosse um cliente frequente no lugar, por conta de sempre ficar trabalhando até tarde e nem ao menos tempo de almoço ter, teve que se acostumar a ficar o dia inteiro a passar fome, só podendo se alimentar de madrugada, e algumas vezes, até mesmo tendo que ficar dias e noites inteiras sem nem ao menos colocar um pedaço de comida na boca, parecia que seu estomago já teria se acostumado com isso, já que não mais roncava de modo raivoso como antigamente fazia.


Ao chegar lá, deu uma breve acenada ao atendente do local: um rapaz mais jovem que si, de 17 anos, tinha a pele branca e cabelos pretos, com grandes olheiras marcantes embaixo de seus olhos, que teriam sido feitas por esse mesmo ficar passando madrugadas e madrugadas jogando, como já teria admitido em uma de suas conversas aleatórias. Foi rapidamente em direção aprateleirade bebidas, pegando uma garrafa de vodka, e depois indo a prateleira de barras de cereal, pegando algumas; não gostava de pegar guloseimas muito doces ou com muitas calorias, já que, por mais que estivesse com fome e com uma vontade enorme de comer qualquer coisa a sua frente, ainda precisava manter uma boa forma, novamente não por querer, mas por obrigação, por causa da pressão de se manter " bom " segundo a sociedade em todos os aspectos. Após pegar o que precisava, pagou e saiu da loja, indo até uma praça ali perto também, se sentando em um dos bancos e abrindo a garrafa, começando a bebe-la e a comer uma das barras de cereal, pensando na vida.


Ele pensava principalmente em como chegou naquele ponto: como chegou no ponto de simplesmente estar numa madrugada, sozinho numa praça, comendo barras de cereal como janta atrasada e bebendo uma garrafa inteira de vodka sem motivo nenhum? Poderia facilmente não estar naquela situação, na verdade, muitas pessoas se o vissem naquela hora provavelmente pensariam que ele queria estar daquela forma, o veriam como mais um vagabundo bebâdo qualquer, nem ao menos iria passar pela cabeça dessas pessoas que ele poderia ser o filho primogenito de uma das familias mais importantes do Japão, e ele não julgava essas pessoas, pois nem ele mesmo acreditava naquilo, nem ele mesmo acreditava que no futuro, iria controlar a maior empresa de tecnologia do Japão, e uma das maiores do mundo inteiro, não sabia como faria isso, e nem ao menos sabia como fora qualificado para aquilo, como um bêbado aleatório teria chegado naquele ponto? Como um garoto sem nenhuma expectativa para sua própria vida teria chegado tão longe assim? Essas perguntas passavam sem parar por sua mente, enquanto virava a garrafa em suas mãos.


Se lembrou de quando era criança, se lembrava de quando seus pais ainda eram vivos: se atualmente já estava na merda, imagine naquela época, se lembrava exatamente da pressão que ele sofria de seus pais, sendo trancado em quartos escuros para ficar decorando um monte de coisas que sequer entendia, tendo que fazer coisas que nem mesmo pessoas 10 anos mais velhas que si conseguiriam fazer, tendo que ser perfeito em tudo, desde pequeno, Kyosuke nunca teve tempo para realmente ser uma criança, as vezes que ia na escola, simplesmente era para tentar socializar com outras crianças e ser popular entre elas, na verdade, ele não gostava de nenhuma criança ali, ele sempre queria estar sozinho, queria estar isolado e nunca falar com essas crianças imundas que tentavam conversar consigo e que por algum motivo gostavam de si, porém, era obrigado a socializar com elas e ir com elas em passeios e ir em suas festinhas, tudo por luxo de seus pais e para se manter com um bom status, teria que manter uma boa vida social desde pequeno, não poderia cometer nenhum erro, teria que ser o filho perfeito de qualquer familia desde que nem ao menos poderia andar, já que afinal, esse foi o destino dado para si, o destino que lhe deram antes mesmo de nascer: o destino de ser o herdeiro da empresa Ishikawa, tinha que ser perfeito, quase como um robô, tinha que ser inteligente, sociavel, se manter em boa forma, ser forte, não podia ser exagerado ou mostrar fraquezas, já que poderiam usar isso contra si: era isso que ensinaram a ele desde pequeno, e ele nunca gostou disso, por isso, ele sempre brigava com seus pais, criava brigas enormes com eles por isso, e muitas vezes, essas brigas resultavam no garoto fugindo de casa, e sendo obviamente encontrado poucos dias depois e tendo esse caso abafado pela mídia para não estragar a reputação da familia.


O problema? Era que seus pensamentos desde criança não mudam, quer dizer, sim, ainda se sentia meio culpado por ter brigado tanto com seus pais antes da morte deles, porém não se arrependia de ter aquele ponto de vista desde pequeno: achava porca a maneira como eles tratavam seus filhos, tratando suas crianças como se fossem simples robôs só feitos para ficarem no lugar de seus pais e substitui-los após sua morte, ele não conseguia superar aquilo, mas infelizmente, mesmo com esse ponto de vista, ele cedeu e fez aquele maldito teste para ver se era qualificado para ser o herdeiro, e infelizmente para si, passou de primeiro, aquilo fez com que ficasse com um enorme ódio, porém, já era tarde demais para simplesmente desistir e voltar para trás: Teria traçado seu próprio destino, teria se amarrado aquilo, e então, sendo pressionado ou não, tinha que continuar.


Continuou pensando naquilo, até logo, uma notificação em seu celular lhe acordar, olhando seu celular, viu a mensagem: bateria extremamente fraca, era apenas isso, era apenas uma coisa boba que o distanciou de seus pensamentos, soltando um suspiro baixo, o garoto guardou seu celular e se levantou, jogando a garrafa vazia e os pacotes de barrinhas de cereal fora numa lixeira ali perto, voltou a caminhar: tinha que voltar para casa fingindo estar bem, mesmo que por dentro, ainda estivesse quebrado e triste.

7 de Março de 2019 às 21:21 0 Denunciar Insira Seguir história
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