lactose Julian James

Julian Graham acaba de mudar-se para uma escola nova. O que ele não esperava, era ter suas primeiras experiências amorosas em meio a acontecimentos tão inesperados e assustadores.


Romance Suspense romântico Para maiores de 21 anos apenas (adultos).

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Capítulo 1

A visão da chuva do outono que se aproximava, caindo sobre os prédios da cidade, era algo que Julian queria guardar antes de mudar-se para sua nova escola.

De pé, em frente a uma grande janela, com uma expressão vazia em seus olhos azuis ele observava a chuva cair lentamente no vidro, formando pequenas sombras em seu quarto. O dia parecia um tanto cinza, como se a saturação das cores tivessem sido reduzidas. E era exatamente assim que ele gostava, frio e úmido.

Julian olhou a hora em seu celular e viu que logo partiria. Ele vestiu uma jaqueta de couro decorada com algumas franjas e pôs a mochila nas costas. Caminhou até onde estavam duas malas e as pegou, dando uma última olhada pelo quarto, certificando-se de que não havia esquecido nada.

Finalmente convicto, ele deixou seu quarto e foi até a cozinha, onde seus pais o aguardavam. Ambos estavam sentados junto a mesa enquanto bebiam expresso em pequenas xícaras brancas. O cheiro do café cobria o ar, deixando Julian deliciado. Ele foi até a bancada, pegou um copo térmico para a viagem e o encheu até a metade com o café da máquina de expresso.

Feito isso, ele escorou-se na pia e fitou por alguns segundos enquanto mordiscava o lábio inferior. Este era um costume de Julian quando ele estava nervoso ou inquieto. E seus pais sabiam disso.

— Nós já vamos sair, Julian — falou o pai de Julian, Henry, com um sorriso divertido no rosto.

Surpreso, Julian ajeitou-se e parou de morder o lábio, olhando para o lado um tanto disfarçado.

— Eu sei — explicou o rapaz, forçando um sorriso —, eu estou de boas.

A mãe de Julian, Eileen, virou o rosto tentando esconder o um sorriso que se alargava em seu rosto. Apesar de saber que seu filho não gostava da ideia de mudar-se para um colégio interno, era difícil esconder seu bom humor ao ver o filho extremamente nervoso. Assim como também uma pontada de pena.

— Vai ficar tudo bem, ok? — disse Eileen, encorajando o garoto.

Julian acenou com a cabeça, não tendo tanta certeza daquilo. Ter de sair de sua zona de conforto, mudar e conhecer novas pessoas parecia tão difícil. No entanto, necessário. Então vamos, pensou Julian ao lembrar de todas as “merdas” que isso envolvia.

— É — concluiu Julian, um tanto frustrado —, claro que vai.

Os pensamentos de Julian estavam a mil. Todas aquelas mudanças que estavam prestes a acontecer o faziam sentir um enorme desconforto no estomago. Era como se ele fosse deixar tudo o que ele tinha para trás, e esta ideia não o agradava. Mesmo que tudo ele tivesse fosse extremamente pouco.

Fazer novos amigos parecia uma ideia tão forçada na cabeça do rapaz. Era difícil pensar em novas amizades quando praticamente todas as pessoas próximas a ele eram seus amigos desde a infância. Então, de certa forma, ele já não sabia mais como "fazer amigos".

Está frase é tão merda, pensou Julian, sentindo-se como um homem de meia idade.

Por outro lado, a mudança poderia ser boa de alguma forma, um recomeço. Novas amizades, novos costumes, novas ideias e planos para o futuro. Afinal, tudo o que ele podia fazer era pensar naquilo da melhor forma possível. Mesmo que parecesse um tanto difícil.

A viagem até a nova cidade foi na medida do possível, agradável. A pequena e pacata cidade ficava longe da grande capital onde Julian havia crescido. Era um cidadezinha no Colorado chamada Eden Hill. O típico lugar onde nada acontece. O lugar onde situava-se a escola para onde os membros da alta sociedade mandavam seus filhos. A Academia Wolfwell.

A escola era um lugar espetacular. Um enorme local feito para tutelar somente os melhores e mais capacitados alunos do país.

O campus possuía: dois prédios que formavam os dormitórios, um para os garotos e outro para as garotas; um ginásio com piscina; e o prédio principal. Todos muito bem cuidados com reparos semanais.

Ao chegar, Julian foi acompanhado por seus pais até próximo do edifício principal, onde foi recebido por um homem de meia idade trajado com um terno aparentemente caro.

— Bom tarde, senhor e senhora Graham — cumprimentou o homem, estendendo a mão para Henry e depois para Eileen.

Julian estava um pouco atrás dos dois, que o tinham guiado pelo campus até então. Os dois conheciam muito bem aquele lugar, mesmo depois de muitos anos, eles ainda lembravam.

Agora, os pais de Julian tinham uma conversa amigável com o homem que havia identificado-se como William Addington, um velho amigo do casal, e atual diretor da Academia Wolfwell. Ele falava com um sotaque inglês forçado, como se quisesse parecer esnobe.

Julian aproveitou para dar uma olhada pelo campus e percebeu que ele estava praticamente vazio. Alguns poucos alunos andavam pelo campus, cobertos por capas de chuva pretas. Tal padrão fez o rapaz deduzir que aquilo era um tipo de norma. No entanto, as roupas dos alunos eram casuais.

Enquanto olhava, ela deparou-se com uma garota que também olhava para ele. Ela tinha uma postura madura, mas parecia ser um pouco mais nova do que ele. A garota tinha olhos azuis e cabelos castanhos ondulados, um tanto bagunçados.

Ela pareceu-se assustar-se ao perceber o olhar de Julian, e começou a andar mais rápido com uma expressão envergonhada nos rosto.

Julian sorriu para si mesmo e voltou seu olhar para o diretor, que neste exato momento, ia dirigir a palavra a ele.

— E você dever ser Julian, correto? — disse William, estendendo a mão para o garoto. — É um prazer conhece-lo... pelo menos pessoalmente.

O garoto entendeu do que ele estava falando. Antes de entrarem para a academia, os alunos tinham de realizar alguns testes para que fosse avaliado suas capacidades logicas e emocionais. Julian havia recebido nota 3,7 de um total de 4, que era uma nota muito almejada pela maioria dos alunos ali. Para manter uma boa nota, o aluno teria de ter um ótimo desempenho durante todos os seus anos ali, e isto envolvia também um bom comportamento.

— O prazer é meu... — falou Julian, sempre de forma calma.

O diretor voltou o olhar para os pais de Julian e esfregou as duas mãos a frente do corpo, sorrindo amigavelmente.

— Acho que Julian já pode ir para seu dormitório desfazer as malas — falou o diretor, animado. — E vocês, aceitam tomar um chá comigo antes de voltarem para casa?

— Claro, claro — concordou Eileen, acompanhada do aceno simpático de Henry. — Só queremos nos despedir de Julian primeiro.

— Sem problemas — disse William, gesticulando com as mãos. — Encontrem-me em meu escritório quando tiverem acabado.

E com um aceno de cabeça, ele despediu-se e andou em direção ao edifício principal.

Eileen, logo tratou de dar um abraço em Julian antes de deixa-lo. O garoto ficou entre os braços da mãe por mais de um minuto, antes que ela decidisse solta-lo. Ao fazê-lo, ela deu-lhe um beijo na testa e passou a mão em seus cabelos negros. Ela olhou no fundos dos olhos azuis de Julian e se preencheu de alegria ao ver um sorriso dançar no lábios do garoto. Ela deu alguns passos para trás e deixou que Henry se despedisse.

Quando chegou a vez do pai de Julian, ele o abraçou por alguns segundos e deu alguns tapinhas nas costas do garoto. Henry fazia o tipo de pai que não tinha problemas em demonstrar carinho para com seu filho. E sabendo disso, Julian retribuiu com um forte abraço.

Após algumas lagrimas e palavras de encorajamento, eles finalmente deixaram Julian ir para seu dormitório. Eles explicaram brevemente o caminho e seguiram para o prédio principal enquanto Julian pegava o caminho oposto.

O garoto andou por alguns metros e logo pode avistar os dormitórios. Eles eram dois prédios grandes separados. O da esquerda era o dormitório feminino, e o outro, o masculino. Entre eles, haviam um grande espaço com gramados, bancos e uma fonte no centro. Haviam algumas pessoas ali, que olharam com curiosidade para o novo aluno.

Julian os cumprimentou com um sorriso forçado e seguiu andando para o edifício do garotos. Quando estava próximo da porta, ouviu o estrondo de um trovão e viu a chuva se intensificar. As pessoas que estavam nos bancos, agora despediam-se e corriam de volta para seus quartos.

Ao entrar no edifício, Julian percebeu que o lugar era grande e um tanto bagunçado. Os quadros de antigos diretores estavam tortos nas paredes, alguns até mesmo no chão. Os tapetes estavam amarrotas, e Julian pensou que seria muito fácil algum aluno desatento tropeçar. As portas dos quartos tinham pequenos quadros brancos, onde os alunos tinham permissão de escrever algo que os identificasse.

Julian percebeu que do seu lado direito haviam um grande quadro onde havia o número dos quartos e o nome do aluno a quem ele pertencia. Cada aluno tinha um quarto para si.

O garoto estava indo procurar seu quarto quando percebeu movimento em lugar que parecia ser o salão principal do edifício. Era um lugar com sofás e mesas, onde os alunos podiam socializar em frente a uma grande lareira. Lá, alguns garotos empurravam os sofás enquanto outros traziam barris com bebida e caixas de som.

Julian estava analisando o local quando ouviu uma voz atrás de si.

— Você deve ser o aluno novo — falou um rapaz loiro bem vestido. — Julian, certo?

— Sou sim... — respondeu Julian, acenando com a cabeça.

O rapaz percebeu o desamino em Julian mas continuou falando.

— Meu nome é Liam. Liam Lauder. É um prazer — ele falou e quase imediatamente acrescentou um pedido brincalhão. — E por favor, sem piadas quanto ao meu nome.

— Aham... — disse Julian, ainda olhando para o movimento no salão. — O que eles estão fazendo?

Liam deu um sorriso travesso e puxou Julian para dentro do sala.

— NÓS, estamos preparando a Festa do Fim das Férias — explicou o garoto, orgulhoso. — Nada melhor que começar as aulas com uma puta de uma ressaca.

Julian concordou com a cabeça, dando uma olhada pelo lugar.

— Você vem, certo?

O garoto pensou no que responderia. Nunca havia ido a uma festa de verdade, e aquilo o deixava nervoso. No entanto, poderia ser bom para conhecer pessoas novas.

— Acho que sim — respondeu Julian, não parecendo tão convicto de sua resposta. — Preciso encontrar meu quarto primeiro.

— Pode crê. Eu te levo até lá — falou Liam, já indo em direção ao corredor. — Espera. Qual o número?

Julian sorriu para si mesmo ao ver a cena do seu... novo amigo? Liam parecia ser uma pessoa legal. Meio chapado, mas legal.

— Ele sorri — comentou Liam, fingindo surpresa.

— O número é 111.

— Do lado do meu, legal — disse o rapaz, sorrindo. — Vamos.

Liam guiou Julian pelo corredor que levava até seu quarto. No caminho, ele cumprimentava todos que via, e Julian deduziu que ele era uma pessoa muito popular ali. Os garotos conversavam e fumavam maconha pelos corredores, rindo e gritando como macacos.

Nos quadros que haviam nas portas do quartos, o garoto viu alguns desenhos e palavras obscenas, junto ao nome de seus donos.

— Você tem namorada? — perguntou Liam, como quem não quer nada. — Ou namorado? Nunca se sabe.

— Não... — murmurou Julian. — Nunca...

Liam parou e virou-se para Julian, olhando-o com um olhar espanto. Ele pôs as mãos nos ombros de Julian e o encarou nos olhos, fingindo extrema preocupação.

— Como assim “nunca”? Tipo, você só ficou? — ele perguntou, tentando entender.

— Não — falou Julian, negando com a cabeça. — Quer dizer, uma vez... um beijo.

O garoto deu um passo para trás e olhou para o chão.

— Que merda... — Liam disse finalmente. — Preciso arrumar uma buceta pra você, hoje à noite.

— Não! — protestou Julian, já ficando vermelho. — Espera. Vão ter meninas na festa? Elas podem entrar aqui?

Liam olhou para Julian, sorrindo com pena da inocência do garoto. Ele deu mais alguns passos e parou novamente.

— É aqui — ele falou, apontando para o quarto 111.

E sem falar mais nada, ele saiu andando de volta para o salão principal. Ele caminhou um pouco, parou e chamou Julian, que já estava entrando no quarto.

— Eu quero te ver naquele salão principal as 22h00. Ouviu?

Julian forçou um sorriso e concordou com a cabeça, de novo sem saber se cumpriria com o combinado. Estar cercado por garotos desconhecidos já seria algo desconfortável. Garotas então, só tornavam tudo aquilo mais difícil. No entanto, não era prioridade naquele momento. As prioridades eram: organizar suas coisas; tomar um banho; deitar-se; e fumar um cigarro.

Ele entrou no quarto e percebeu que havia uma chave na fechadura da porta. Ele a trancou e largou suas coisas no chão.

O lugar não era tão grande quanto seu antigo quarto, mas era mais do que suficiente para um garoto. De um lado, havia um sofá preto de couro. Do outro, uma cama grande de madeira. Junto as janelas, havia uma escrivaninha e uma cômoda. Embutido na parede, ao lado do sofá, havia um pequena armário onde poderia guardar suas roupas e calçados. Em um canto, ao lado da cama, estavam algumas caixas de papelão com os pertences, em sua maioria decoração, que haviam sido enviadas alguns dias antes.

Rapidamente, ele se pôs a organizar suas coisas. Guardou algumas de suas roupas no armário e outras na pequena cômoda. Pôs as caixas de calçado ao lado do sofá e começou a esvaziar as caixas de papelão. Pôs os livros e videogames em uma prateleira ao lado da escrivaninha e sua guitarra ao lado do sofá. Ele olhou para a parede onde estava o sofá e viu que havia uma grande TV. “É menor que a do meu quarto” pensou ele.

Demorou pouco mais de uma hora para ele organizar tudo, e quando acabou, sentou-se no chão, agradecido. Depois de muita ansiedade e nervosismo. De uma longa viagem e diversos sorrisos falsos, ele pode finalmente sentar-se e relaxar.

— Eu preciso de um banho — o rapaz falou e cheirou sua blusa. — Eu preciso MUITO de um banho.

Dito isso, Julian pegou suas coisas em uma pequena sacola e foi para o banheiro.

No caminho, novamente as pessoas olhavam para ele com curiosidade. E, desta vez, ele percebeu que haviam duas garotas circulando tranquilamente pelo dormitório masculino. Ele ignorou seus olhares e dobrou a esquerda, finalmente encontrando uma porta com uma placa que indicava que aquele era o seu destino.

O banheiro era muito mais grande do que Julian imaginava. Ele era bem limpo, se fosse ignorar o fato de que haviam frases e desenhos pichados nas paredes. Alguns até muito profundos e artísticos.

Ele escolheu umas das duchas que estavam vazias e entrou. Elas não tinham porta, no entanto, haviam cortinas pretas que davam um pouco de privacidade aos alunos. Nas paredes, havia pequenos cabides onde podia-se pôr as roupas.

Julian fechou a cortina e despiu-se. Ligou o chuveiro lentamente de deixou que a agua quente batesse em seu corpo. A sensação foi extremamente relaxante. Depois de horas de viagem e de organizar todo o seu quarto, era tudo o que ele queria.

Ali, ele refletiu sobre todo o seu dia. Pensou em como as coisas seriam diferentes a partir de agora. Lembrou de todos os sorrisos forçados enquanto escondia seu medo e insegurança. Pensou sobre como seria ficar tão longe de seus pais e de sua casa. E, se estes pensamentos não bastassem, ainda pensava na garota que havia visto no pátio horas antes. Tudo isso já estava começando a dar-lhe uma bela dor de cabeça, e ele achou por bem apenas deixar tudo isto de lado, mesmo que por apenas alguns instantes.

Ele olhou para seu celular que ele estrategicamente havia deixado ali para que pudesse ouvir músicas enquanto tomava banho, e percebeu que já fazia um bom tempo desde de que entrara no banho.

O rapaz desligou o chuveiro e secou-se rapidamente, deixando seu cabelo ainda um tanto molhado. Ele vestiu somente com um bermuda e voltou para o quarto, levando sua toalha envolta ao pescoço. No quarto, ele despiu-se e deitou-se em sua cama. Ele sentia-se um tanto cansado, e logo acabou caindo no sono.

Foi só mais tarde, próximo das 23h00, que Julian acordou. O motivo, foi a música que tocava em um volume absurdo no salão principal. Julian levantou-se apôs virar-se várias vezes em sua cama. E só então, ele lembrou-se da festa. Ele vestiu rapidamente o primeiro jeans que encontrou e uma blusa branca com mangas pretas. Calçou seus tênis brancos e vestiu sua jaqueta marrom com franjas. E então olhou mais uma vez para ver como estava.

Apesar dos olhos inchados e da cara amassada, Julian estava belo como sempre. Seus olhos azuis eram grandes e brilhantes. Seu lábios eram rosados e bem desenhados. Seus cabelos negros eram lisos um pouco bagunçados, o que lhe dava um ar de bad boy. De fato, ela era muito desejado pelas garotas de suas outra escola, mesmo que tivera ficado somente com uma durante sua vida.

Ele foi até a porta e antes de girar a maçaneta, murmurou para si mesmo que ficasse calmo.

— Vamos lá, Julian — ele falou para si mesmo. — É só uma festa com um monte de desconhecidos.

E com isso, ele saiu do quarto, pronto para a festa que seria lembrada por muito tempo naquela cidade. Não por sua magnitude. Mas pela cicatriz que deixaria naquela escola. Uma cicatriz formada por música alta, cerveja e muita cocaína.

22 de Janeiro de 2019 às 03:40 0 Denunciar Insira Seguir história
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