xhasashi Hasashi Rafaela

''Olhou pro meu milkshake e furtou a minha cereja, não me importei, eu não gosto mesmo''. [Anos 50] [JotaKak] [Jotaro x Kakyoin]


Fanfiction Anime/Mangá Todo o público.

#jotakak #jojo's-bizarre-adventure #Jotaro-Kujo #Noriaki-Kakyoin #Anos-50
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1. Milkshake de chocolate com cereja

Não havia muitos pontos de encontro na pequena cidade de Morioh, a opção dos jovens era de se enfiar em uma das duas lanchonetes para dançar, comer e até mesmo encontrar uns brotinhos para dar o primeiro beijo a luz do luar. Era o clichê dos filmes românticos daquela época, a doce moça e o rapaz galanteador, o exímio rockabilly dançado nas cenas de aproximação e dos olhares trocados, da música que trocava a cada emoção diferente dos personagens.  

Noriaki criava um grande devaneio em sua cabeça enquanto aguardava a sua bebida, ria sozinho das idiotices que tudo aquilo soava para si, ainda que fosse bonitinho os jovens apaixonados indo ao  recém estreado cinema da cidade, achava aquilo tão...fora da realidade.

Não que fosse alguém completamente apático a sentimentos, só não tinha a esperança de estrear um romance digno dos filmes com ninguém. Claro que perto dos jovens de sua idade, ele nunca foi padrão de absolutamente nada, gostava de desenhar, estudar arte e qualquer outra coisa que fosse interessante aos seus olhos.

Conclusão: Relações amorosas sempre foram deixadas de lado. 

Morria de preguiça de paquerar, apesar de sempre tratar muito bem todas as moças que muito corajosas o chamavam para balançar o esqueleto e às vezes até aceitar os convites, esse tipo de relação era um tanto quanto estranho. Tudo bem, admita que em certos momentos era interessante dançar um pouco, sentir o ritmo da música que tanto lhe inspirava para fazer suas criações artísticas, mas...Como o bom artista que era, pensava que mesmo para mexer o corpo era necessária uma conexão com o parceiro, uma espécie de ligação de sentimentos.

Quem sabe não havia encontrado a pessoa certa para aquilo. 

Balançou a cabeça em negação, olhando agora em volta da lanchonete que tanto haviam lhe dito para visitar.

O chão era quadriculado, havia um espaço vazio que os casais dançavam no canto esquerdo próximo ao balcão de pedidos e a jukebox. Nos demais lugares, as mesas de cor escuras contrastavam muito bem com o vermelho das cadeiras; o chão era quadriculado de preto e branco e era possível observar as geladeiras com o logo de uma marca de refrigerante qualquer. 

Tudo era bem bonito, porém, só havia duas coisas que o atraíram para lá: O famoso milkshake de cereja e a jukebox. Quando viu a grande taça de vidro, sendo colocada em sua frente com várias cerejas no topo, lambeu os lábios discretamente e ficou ansioso para provar; seguindo o seu ritual particular, pegou uma das cerejas e brincou com ela em sua boca, até finalmente mastigar e engolir. Colocou o canudo dentro do líquido gelado e sorveu um pouco, suspirando com o gosto divino que estava em sua boca.

Tudo estava quase perfeito, faltava apenas a música certa.

Se encaminhou em direção a jukebox, colocando a ficha que tinha guardado a algum tempo. Olhou nome por nome, disco por disco e chegou a conclusão que deixaria a sorte escolher a melodia perfeita. Apertou alguns botões, fazendo tudo correr tão rápido que seus olhos mal conseguiam acompanhar; até finalmente parar em uma música.

"Sea of Love" - Phil Phillips and The Twilights''

"Perfeito". - Pensou, e se sentou novamente em frente ao grande copo com o mikshake que estava amando degustar. 

Segurou a taça em mão, girando o banco em direção a porta do estabelecimento e foi nesse momento, que sua vida se tornou um grande filme romântico clichê. O mesmo que jurava de pés juntos detestar.

A abertura da porta ocasionou o vento entrando ali, trazendo consigo o cheiro de tabaco e perfume do homem que adentrou ao estabelecimento como um furacão.

O moço era alto, talvez alguns centímetros a mais que ele. Os cabelos eram cuidadosamente colocados para trás com gel, usava uma blusa listrada de preto e branco, a calça preta combinava muito bem com a jaqueta de couro bem ajustada ao corpo grande. Era o típico badboy encrenqueiro dos filmes que assistia com a sua mãe.

Agora, a jukebox tocava uma música lenta e típica dos momentos que a mocinha encontrava o mocinho, revirou os olhos com a maldita inconveniência e desconforto da situação, principalmente por não conseguir parar de encará-lo como a própria donzela dos filmes quando via o esteriótipo de "herói" do cinema. O pior de toda aquela situação embaraçosa, era perceber que estava sendo correspondido. 

"You, you, you, you send me..."

Olhou para o lado, percebendo que haviam trocado a sua música para algo tão...inconveniente como aquilo. Tudo bem, inconscientemente negou o quão de fato combinou com a situação, porém, preferiu deixar quieto.  Rodou o banco novamente, encarando a porta da cozinha da lanchonete; pegou o livro no balcão, abrindo e tentando ler alguma coisa para distrair daquela situação constrangedora. 

Percebeu suspiro das meninas quando ele passou, já que o burburinho ficou insuportável ao seu lado, onde duas discutiam:

- Ele é um pão.. - Uma disse, se abanando sem disfarçar.

Já a outra, cutucou a amiga e respirou fundo, soltando o ar alto demais. Ficou alguns minutos em silêncio, até começar a falar:

- Ele é um badboy da escola que estudo, mas ele é tão….- Abaixou o óculos que usava, encarando descaradamente o tal. - Nome dele é Jotaro Kujo.

Kujo. 

Para Noriaki aquilo não deveria fazer diferença, na verdade, nos poucos minutos que ouviu a conversa desnecessária - e desesperada - das duas meninas ao seu lado, sentiu-se meramente curioso sobre qual a origem do rapaz por causa do seu nome. Seria oriental? Não sabia ao certo, quem sabe também tinha parentes no Japão como seus pais e sua família? Estava intrigado por alguém, e aquilo era péssimo.

Deu um jeito de se voltar ao que estava fazendo e realmente quase conseguiu prestar atenção sobre o que lia, até ouvir uma voz ao seu lado. 

- Não pedi cerejas. - Que horas que ele havia sentado ali? Oh, droga.

- Me desculpe, mas não posso trocar e...- A atendente ia falar alguma coisa mas Noriaki fez algo que provavelmente se arrependeria segundos depois.

Pegou a cereja de dentro do milkshake de baunilha e colocou na boca, tanto a garçonete como Jotaro olharam quase indignados para ele; apesar de estar errado, com seu corpo queimando em vergonha pela besteira que fez, já não podia mais voltar atrás. Segurou o orgulho que tanto gostava de ter, fez seu melhor semblante de indiferença e encarou os dois.

- O que? - Perguntou, dando de ombros. - Vocês iam ficar nessa discussão interminável por minutos, e eu estou lendo. - Levantou o livro. - Ele não gosta de cerejas, eu adoro. Pego a cereja do milkshake dele, os dois ficam felizes. Ou melhor, os três.

- Olha, você não pode fazer isso e…- A mulher começou, mas o tal Jotaro fez um gesto com a mão, pedindo que ela parasse de falar.

- Não tem problema. - Foi a vez de Noriaki olhar espantado, já que esperava no mínimo uma briga e ser expulso do estabelecimento. - Eu não gosto de cerejas mesmo.

A garçonete suspirou, menos um problema para ela. Se voltou para dentro da cozinha, enquanto Kakyoin abaixou os olhos novamente para o encadernado, tentando ao menos disfarçar que lia e que as palavras faziam sentido, porém, foi meio difícil manter a compostura quando notou que era observado tão de perto.

O rapaz o cutucou levemente, o obrigando a levantar a cabeça e ver o rosto que era ainda mais bonito de perto.

A verdade é que o tal Jotaro não era o primeiro e não seria o último homem pelo qual se sentia atraído; tentava constantemente enganar os sentimentos e suas vontades de um adolescente na puberdade, mas perto de um pitel retirado diretamente dos filmes, era meio difícil.

Chegou a conclusão que provavelmente era por isso que não se identificava pelos clichês românticos dos filmes, nunca encontrou a moça para resgatar e não sentia a menor vontade de ser o galanteador que a salvava de todos os males.

Nunca havia conhecido ninguém que passasse por isso e também nunca perguntou ou questionou, sabia que nem todas as pessoas saberiam ouvi-lo sem achar que seus sentimentos e vontades era uma grande aberração. 

- Hey, você tá me ouvindo? - Voltou a realidade quando sentiu o peso dos olhos verde-água em seu rosto. 

- Estou, me desculpe. - Fechou o livro, colocando em cima do balcão.

Jotaro não falou nada, apenas empurrou a taça de milkshake para perto de Kakyoin.

- Como eu disse, não gosto de cerejas. Pode ficar com elas. - Noriaki exitou algumas vezes, até finalmente pegar uma de dentro do copo, levando até a boca. Brincou um pouco com ela antes de engolir, como sempre fazia.

Continuaram em silêncio até que a última fruta avermelhada fosse retirada de dentro do copo; o homem ao lado puxou novamente a taça, tirou o canudo e bebeu o milkshake. O ruivo o encarou com cenho franzido, não é possível que o rapaz era do tipo que sentia que sua masculinidade seria colocada à prova se bebesse alguma coisa em um simples canudinho.

- O que? - Perguntou, vendo que era encarado. Limpou o excesso de líquido dos lábios com a língua e colocou o copo na mesa.

- O canudo ia te ajudar a beber melhor, sabe? Não tem problema usá-lo. - Disse, agora encarando o livro.

- Claro que tem problema. - Começou. - Você sabe o quanto esse material pode ser evasivo para o oceano e para os animais marinhos?

Noriaki encarou as palavras que pareciam se embaralhar no livro e assim o fechou, segurando firmemente em suas mãos; foi difícil conter o sorrisinho de canto que misturava surpresa e indignação com si mesmo. 

Não, não podia se apaixonar tão rápido por alguém por apenas uma frase. Claro que Jotaro era um homem muito bonito, mas beleza por beleza, sabia que encontraria isso em qualquer pessoa. Entretanto, ficou um tanto surpreso, ao ver aquele gigante ser preocupado com a natureza. Ou melhor, um badboy preocupado com o meio ambiente. 

Aquilo beirava o ridículo e parecia mais um dos seus sonhos de jovem. 

- Ok, desde quando você imita o Aquaman? - Perguntou, o fazendo sorrir. Apesar de ter se questionado por alguns segundos se o outro saberia do que ele estava falando. 

- E desde quando você conhece o Aquaman? - Retrucou, bebendo mais um pouco do milkshake. - Ele é meu herói preferido.

- Agora eu fiquei realmente chocado. - Revirou os olhos, o que ocasionou em uma risadinha. - Você não me parece alguém que goste dele. Ou melhor, alguém que leia histórias em quadrinhos. 

- Por que me pareço com um badboy? - Jotaro ergueu uma sobrancelha e sorriu, abaixando a cabeça. - Nem tudo que parece é. Talvez eu seja tão nerd como você. 

- Tudo bem, você está certo. - Noriaki virou o banco para ele. - Mas eu ouvi por aqui que você também é um badboy. 

- Talvez eu seja um pouco briguento às vezes. - Deu de ombros, virando o banco na direção do outro. - Me chamo Jotaro. Jotaro Kujo. - Eu sei. O ruivo pensou. 

- Noriaki Kakyoin. - Estendeu as mãos, o cumprimentando. - Olha, já está meio tarde...preciso ir. - Olhou para o relógio na parede, se levantando, colocando o dinheiro em cima do balcão.

- Tudo bem. - Jotaro manteve a mesma pose, virando para frente. - Até logo.

Kakyoin paralisou, de costas para ele e segurando o livro em mãos, o apertando. Queria perguntar se aquilo era uma chance de se falarem novamente, mas achou que estava ficando cada vez mais louco. Internamente, teve vontade de perguntar a Jotaro se gostaria se encontrar com ele parar conversar de quadrinhos, biologia ou qualquer outra coisa. 

Porém, conteve sua ansiedade e resumiu tudo em apenas duas palavras: 

- Até, Aquaman. - Foi tudo que conseguiu dizer, caminhando em direção a porta da lanchonete.

Ainda que não tivesse olhado para trás, teve um palpite que Jotaro também sorria, assim como ele. 

16 de Janeiro de 2019 às 02:45 0 Denunciar Insira Seguir história
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