nonna.ayanny Nonna Costa

"Uma brisa suave passou pelos dois, fazendo folhas caídas e pétalas de flores soltas dançarem ao redor de seus corpos paralisados naquele instante sublime. Com ela, tal qual uma antiga canção há muito esquecida, sussurrada pelas gotas dos orvalhos que caem pela manhã e pelos últimos raios do sol quando a noite chega, uma voz bruxuleante entoou em suas mentes. Separados pelo Corpo por um instante, unidos através da Alma pela eternidade. Um só terá paz se o Outro, ao seu lado, existir. Assim foi e assim será e nada pode quebrar o Vínculo." Essa história é baseada no Universo Tolkiano de Fantasia e no Anime Naruto, se não gosta, não leia. Os personagens e algumas características não me pertencem, tomei-os emprestado para a história, mas algumas coisas foram adaptadas para funcionar no enredo. A história é Yaoi, portanto, envolve o relacionamento entre dois personagens masculinos, se não gosta, não leia.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

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Capítulo 1


Ele parou de caminhar quando sentiu um vento mais forte sacudir a copa das árvores.

Havia um cheiro torpe no ar.

Apesar de estar acostumado com cheiros estranhos, já que viveu tantos anos debaixo da terra trabalhando em minas, como um “caçador dos rios de ouro”, aquele não lhe era familiar.

Segurou firme seu machado e olhou em volta, observando as árvores, meras penumbras naquela escuridão provocada pela noite sem lua. Era a primeira vez que sentia aquele cheiro ocre em toda a sua vida, por isso manteve-se atento. Podia significar perigo e para alguém como ele, sozinho há tanto tempo, um renegado, cheiros assim eram ruins.

Ficou quieto, esperando que o que quer que estivesse na mata, lhe espreitando para atacar. Respirou fundo e no ato, usou seu machado para desviar uma flecha que veio zunindo contra seu rosto. Engoliu em seco ao perceber que era uma flecha negra, mas não era de orc, o que deixou a situação ainda mais estranha do que deveria.

-Ora vamos! Pare de brincadeira! Apareça de uma… - sua fala foi interrompida por outra flecha, bem acima de seu ombro, ferindo-lhe a orelha e afundando até a metade no tronco atrás de si. Naruto arregalou os olhos e engoliu em seco. - Pelas barbas de Durin… - sussurrou e ao fitar os arbustos de onde veio as flechas, assustou-se com a ponta de outra.

Estava mirada a poucos centímetros do meio de seus olhos e cintilava sob a luz pálida da lua. Naruto sacudiu seu machado, afastando o ser que empunhava o arco e a flecha negra, e se preparou para atacar, mas ele havia desaparecido. Olhou em volta, preocupado com um ser tão veloz ter lhe atacado, e pensou em ir embora, mas ao se mover, sentiu o frio da ponta contra sua nuca, o que lhe fez parar. Seja lá quem fosse, era rápido e silencioso demais.

-Barbas… - a voz sibilante sussurrou e Naruto arregalou os olhos. - Sei que é do povo de Barbas Longas, mas não há fio algum em seu rosto. Limpo como o de uma criança. - Naruto apertou os lábios ao ouvir o tom claro de insulto.

-Sou do povo de Durin. - não hesitou em se virar e golpear de novo, mesmo que isso lhe custasse a sua vida, mas seu machado cortou o ar. Sabia que era um ser alto pela forma como fora atacado, mas simplesmente sumiu mais uma vez. - Eu sou Naruto, filho de Minato, Anão de Khazad-dum, vindo do Reino Anão do Norte.

-Um anão de Moria. Veio de baixo, muito baixo, das raízes da terra. - a voz ecoou mais uma vez e Naruto sentiu um golpe em sua cabeça, derrubando-o contra a grama do chão. - Que patético.

-Como ousas?! Se mostra, seu tolo! - berrou ao se virar e apontar seu machado. Era um elfo, o que explicava a velocidade, mas não era comum, pois estava rodeado por aquele cheiro ocre. - Ah…

Era um elfo, mas não era um qualquer. Até mesmo entre os anões, aquele elfo era famoso. Famoso demais para um elfo. O Último Portador do Sangue-Negro. O Caminhante do Escuro. O Elfo Manchado. O Ladrão da Noite. Seria impossível não reconhecê-lo: pele cinza, cabelos brancos longos, olhos negros com brilho amarelo e as marcas negras percorriam todo o seu corpo. Devia saber quando sentiu o cheiro ocre: era o odor da maldição.

-É você, Sasuke, o Amaldiçoado. - resmungou ao ficar de pé e buscar seu machado. - Se eu soubesse que vagava por sua floresta, teria evitado entrar nela. - resmungou num muxoxo, o que causou um sorriso de escárnio no elfo. - Do que ri?

-Um anão sem barba evitando um elfo amaldiçoado? - falou com acidez ao guardar sua flecha e prender o arco em seu corpo. - Você não vale as flechas que atirei. - foi até elas para buscá-las.

-O que disse?! - Naruto apertou seu machado em mãos com força. - Maldito!

-O que te faz pensar que é superior a mim, anão? - disse a palavra com desprezo. - Se perdeu sua barba, significa que foi amaldiçoado com a desonra por um crime horrendo. Eu, ao contrário de você, não fiz por merecer a minha condição.

-Elfo nojento! Não sabe do que está falando! Não sabe o que tive que fazer que me fez perder tudo quanto eu tinha, toda a minha vida! - lançou seu machado, finalmente acertando as pernas longas do elfo para derrubá-lo. Aproveitou a queda para golpeá-lo com seu outro machado, que na verdade era a outra parte de um de guerra, mas Sasuke desviou. - O que sabe sobre honra, seu bastardo?! Vive se escondendo nas sombras, atacando viajantes pelas costas, como o maldito ladrão que é!

Os dois iniciaram uma furiosa briga corporal naquela clareira, brandindo suas armas no ar como verdadeiros gladiadores. Naruto mostrava que mesmo sem os fios longos de seu rosto, era um guerreiro excepcional, atacando de modo improvisado para superar a escorregadia forma como Sasuke se movia. Este, por sua vez, não se intimidou com os golpes fortes e nem com a força do anão, mostrando porque era tão temido por todos.

Em dado momento, depois que as armas findaram presas em pedras ou abandonadas em algum lugar perto das árvores, Sasuke e Naruto entraram em luta corporal. Infelizmente, o anão perdeu suas chances quando foi desarmado pelos golpes ligeiros de Sasuke, pois não era bom em trocar socos com seres mais altos do que si mesmo. O elfo o derrubou e deixou o punho em riste para lhe socar, mas teve seus cabelos puxados com muita força, o que o desequilibrou e o fez cair ao lado do anão. Naruto se arrastou de quatro para pegar um tronco e usar como porrete, mas parou ao ouvir a risada élfica.

-Mas que diabos, anão. - ele reclamou, mas pouco pareceu haja vista o sorriso em seu rosto, ainda que fosse em claro tom de deboche. - Meu cabelo? É sério? - indicou a madeixa. - Por algum acaso a sua cabeça só serve para separar as orelhas ou não pensou em nada mais inteligente para fazer além de puxar o meu cabelo? Isso não é uma briga de mulher!

-Ora, eu não sou bom em planejar. Improviso conforme a situação exige. - retrucou ao observar o pedaço de madeira em suas mãos. - Já é humilhante não ter barba, perder para um elfo então? Eu preferiria morrer a ter que passar por isso. - suspirou, ainda sentado, finalmente sentido os machucados latejarem.

-Patético. Nem que fosse outro elfo, conseguiria me derrotar. - levantou-se e limpou suas roupas negras. - Suma da minha frente e da minha floresta antes que eu decida arrancar sua cabeça achatada de seu pescoço sujo e torto. - avisou ao buscar suas armas.

-Não vou. - Naruto ficou de pé, só com o tronco como arma. - Não posso voltar. - Sasuke o encarou e girou sua adaga na mão. - Vai ter que me matar, porque não posso voltar e nem vou.

-Anão tolo, vai morrer por isso! - Naruto continuou o encarando com confiança, aceitando seu destino, quando Sasuke se aproximou para lhe degolar, mas ele parou quando estava bem perto.

Ao agarrá-lo pela gola de sua camisa, por baixo do colete protetor de couro, pôde olhar bem fundo nos olhos azuis do anão. Nada podia ser mais brilhante, nem mesmo as mais belas estrelas do céu, do que o azul daqueles olhos. E Naruto viu o brilho dourado mais belo que todo o ouro que já tinha presenciado em toda a sua vida ao encará-lo.

Uma brisa suave passou pelos dois, fazendo folhas caídas e pétalas de flores soltas dançarem ao redor de seus corpos paralisados naquele instante sublime. Com ela, tal qual uma antiga canção há muito esquecida, sussurrada pelas gotas dos orvalhos que caem pela manhã e pelos últimos raios do sol quando a noite chega, uma voz bruxuleante entoou em suas mentes. Separados pelo Corpo por um instante, unidos através da Alma pela eternidade. Um só terá paz se o Outro, ao seu lado, existir. Assim foi e assim será e nada pode quebrar o Vínculo.

Devagar, Sasuke colocou o anão no chão ao soltá-lo, enquanto tentava se recompor. Naruto não entendia bem o que se passava, mas as palavras se repetiam várias vezes em sua mente, em tom de profecia, martelando a sua cabeça. Os dois tornaram a se fitar e naquele momento, perceberam o que acabara de se passar, pois algo queimava dentro de seus corpos. Parecia querer sair, atravessar a pele e sentir o beijo da lua contra sua face.

Naruto abriu o mais rápido que pôde seu camisão, arrancando de si o seu colete protetor, e se deparou com uma cicatriz surgindo em seu peito, do lado do coração. Era o começo de um símbolo, uma runa muito antiga e poderosa. Não podia ser. Fitou Sasuke e percebeu que este também abrira suas roupas ao ponto de expor o mesmo local, com uma marca semelhante, que Naruto soube ser o “resto” da runa. Não podia ser, não com ele.

Sasuke franziu o cenho ao tocar a marca em seu peito e depois fitar o corpo do anão à sua frente. Então era isso. Arrumou suas vestes num suspiro muito longo e muito cansado, questionando-se por que aquilo se passara consigo. De todas as criaturas do mundo, fora acontecer logo com um anão sem barba.

-Venha. - disse ao pegar seu arco. - Essa floresta não é segura quando a lua se vela. - percebeu que nuvens começavam a se agrupar na frente do enorme astro brilhante. - Existem criaturas nessas terras que nem mesmo os elfos conseguiriam enfrentar. - comentou num tom baixo.

-Aonde vai me levar? - questionou ao seguir pela trilha indicada pelo elfo. Não sentia mais vontade de matá-lo, na verdade era como se fosse atraído por ele e isso o irritava demais. Um anão vivendo aquele tipo de situação e envolvendo um elfo? Realmente os deuses lhe odiavam e provaram que havia algo mais humilhante que perder uma batalha para um elfo.

-Minha casa. - ele sibilou. - É o único lugar seguro nesse lugar e, por sorte, não está longe daqui. Seja para onde quer que fosse, Mestre Anão, desviou para muito longe das trilhas que o levam para além dessas árvores. Está mais para dentro do que para fora. - olhou-o por cima do ombro.

-Nunca fui bom com direções diferentes de cima e de baixo. - murmurou em sua defesa. - E por que de repente resolveu me ajudar? Pensei que me achava um tolo e que não valia o esforço. - era uma pergunta válida, já que não havia menos que quinze minutos que estava lutando um contra o outro.

-Não mudei meu pensamento ao seu respeito, é só que… - ele parou a marcha para olhá-lo. - Você já deva saber o motivo para que eu mude um pouco de atitude. - indicou a marca coberta, em seu próprio peito. - De todos os anões de Arda, você é o único que não poderei, jamais, negar ajuda ou algo assim.

Naruto precisou dos dez minutos seguintes de silêncio para refletir com calma cada uma das palavras proferidas pelo elfo. Estava muito claro para si agora. A mesma condição de Sasuke lhe pertencia porque os dois “padeciam do mesmo mal”: eram almas gêmeas. Todos os estudiosos da alma eram unânimes sobre um aspecto daquela condição: sempre que dois seres na instância de almas gêmeas se encontravam, aqueles versos eram proferidos pelo próprio universo.

O Elfo Manchado era parte de sua alma agora e não podia haver piada mais infame de que esta: um anão sem barba formava um par com um elfo sem a benção. E pela forma como Sasuke lhe olhara e lhe falava agora, Naruto entendeu que o elfo também estava ciente daquele vínculo inquebrável. Estava no fundo do poço, mas os deuses lhe obrigavam ao ir mais fundo do que antes para esbarrar em sua alma.

7 de Janeiro de 2019 às 13:54 0 Denunciar Insira Seguir história
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