agmars A. G. Mars

A responsabilidade de ser Hokage o obrigou a fazer uma escolha. O arrependimento, porém, não o fez mudar de opinião. Ainda que o amasse, um Uchiha sempre seria um maldito Uchiha.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 21 anos apenas (adultos).

#naruto #tobirama-senju #Kagami-Uchiha #yaoi #romance
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Capítulo 01 - Até seus olhos me lembram ele


Notas da História:

História é minha, mas os personagens são todos de Naruto.

Essa é a segunda da pira de Hokages que me deu de escrever. Basicamente to fazendo ones/shorts com os Hokages que eu tenho ship de headcanon. 

Conteúdo viado, não gosta, não leia. Ship Tobirama/Kagami e insinuações de HashiMada.

Contém spoiler (?) do passado de Konoha. A fic se passa no anime, mas não segue exatamente os fatos dele, acontecendo em algum momento depois da morte do Madara.

Mesmo esquema da primeira, eu escrevi em one, mas pra não pesar na leitura, irei separar em capítulos.

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O pecado do Hokage

Capítulo 01 - Até seus olhos me lembram ele

Ele sempre esteve sério. Sempre frio. Desde pequenos. Parecia querer se manter nos sapatos do pai. Sempre acreditando que o melhor era afogar os sentimentos no fundo do peito. A vida se resumindo naquela sobrevivência insana! Assim ele perdeu a infância e juventude, ainda que tivesse vendido a alma para tê-lo, minimamente, inteiro. Mesmo quando a vila nasceu, ele ainda estava trancado dentro de si mesmo. Tão preso, que não soube se reconhecer no espelho até estar tão desesperado que caiu.

Nunca pensou que estaria vivo para vê-lo cair. E preferiu estar. Ainda que se culpasse, pois se tivesse estado mais presente, sido um irmão melhor, se não perdesse tanto tempo sofrendo por Madara... talvez, mas apenas talvez, pudesse tê-lo salvo. E jurou que o protegeria sobre o corpo de Itama. Falhara. Assim como falhara com cada irmão que perdeu pelas guerras. Como falhara com Madara. E já não sabia mais o que fazer.

Como se salva alguém que já não se encontra mais dentro de si mesmo?

Deveria ter apreendido com Madara! Ele estava insano! Ele estava implorando, por trás de todo seu poder, por ajuda. E negou-o! Deixou-o ir embora como se fosse indesejado, menos amado! Lutou com ele como se fosse mais uma guerra estúpida! Depois de todo o esforço para construir um lar para viverem, simplesmente deixou que a vila fosse mais importante que seu sonho. Naquela luta, escolheu Tobirama sobre o amado e para quê? Estava perdendo o caçula também. Não aprendia nunca!

Já não tinha mais forças – ou idade – para lutar.

Talvez estivesse pagando o próprio pecado: sentir o calor do sangue de Madara nos dedos. E merecia sofrer. Talvez fosse a única forma de se perdoar em alguma outra vida.

— Vovô! — A pequena choramingou puxando-lhe a roupa. Engoliu aquele sentimento pesado e abaixou o olhar para a neta, erguendo-a no colo ao ver as lágrimas nos claros olhos.

— O que aconteceu? — Era gentil, beijando as lágrimas exageradas da menina. Lembrava-se muito de si mesmo quando criança. Madara simplesmente odiava vê-lo chorar sempre, assim como Tobirama.

— Vovô Tobirama não me quer mais! — escandalizou magoada, apertando com força as vestes do avô, nas quais limpou o nariz escorrendo.

— Claro que quer! — Aninhou-a com carinho. Uma mão acariciou os fios loiros bagunçados. — Ele só está cansado, Tsunade! — Foi doce, sabendo que mentia. Ela ainda era pequena para entender sobre o quanto as pessoas se perdem dentro de si mesmas.

— De mim? — choramingou ainda mais dramática. Uma bolha de muco estourando no nariz.

— Não... não... de ser Hokage!

— Então por que ele não deixa você ser? Você nunca cansa!

— Eu nunca canso é? Quer apostar? — Sorriu, colocando a menina no chão ao que ela parou de chorar, animando-se com a ideia de uma brincadeira. — Vá limpar o rosto e arrumar esse cabelo que eu te mostro como nunca canso! — Ela concordou com a cabeça, antes de sair correndo seguir suas ordens. Sorriu sozinho, ainda que sentisse o coração em pedaços por pensar no quão ferido Tobirama estava para desprezar a sobrinha-neta.

Respirando fundo, tomou coragem para caminhar até a sala do Hokage. Sabia que não estaria trancada, pois, ainda que irritado, Tobirama jamais seria desrespeitoso. Ainda tinha poder naquela vila, muito mais do que o irmão desejava, sabia. Mas não faria algo contra. Sempre manteria no coração a parte que por direito era de Madara – quem deveria ter governado desde o início. E, não importava quem assumisse Konoha a partir de então, sempre haveria o débito de reconhecimento do Madara, ao menos até um Uchiha assumir. Acreditava que este dia um dia iria chegar.

Entrou na sala sem bater. Tobirama sequer se deu o trabalho de erguer os olhos, fazendo-se de ocupado com papeis. Trancou-a antes de se aproximar do irmão, tentando não soar invasivo. Assim, sentou-se no canto da mesa, observando o que ele lia. Nunca tinha paciência para ler documentos. Eram entediantes e formais, falando muitas mentiras para que processasse. Preferia que o caçula lesse e os resumisse. No fundo, Tobirama era um bom Hokage, apenas estava perdido para si mesmo. Como Madara esteve.

— Por que foi rude com Tsunade? — Tentou parecer indiferente, como se conversassem sobre o tempo.

Era preciso cautela para entrar dentro do irmão. Já houve um tempo no qual acreditou que Madara era mais difícil de lidar do que o caçula, mas no fundo, nunca soube como agir perto do Uchiha – sempre estava nervoso por ter tantos sentimentos. O irmão, então, era complexo igual. Preso dentro do próprio ódio que incumbia aos outros.

— Não fui... — Não tirou os olhos do texto, ainda que há muito tempo já não o lesse mais.

— Ela veio chorando falando que você não amava mais ela!

— Ela é exagerada... igual certo alguém... — Rolou os olhos, impaciente.

— Ela estava magoada, Tobirama... — murmurou, deixando uma das mãos entrar nos cabelos claros do irmão e acariciá-los. Finalmente teve o olhar dele no próprio. Sorriu doce.

Tobirama não estava bem.

~~//~~//~~

— Tenho duas notícias: uma boa e uma ruim.

Estava absurdamente sério. Como sempre. A equipe deu-o toda atenção, aproximando-se em círculo para ouvirem melhor.

— A ruim é que o bijuu foi liberado pela jinchūriki. — Esperou que os olhares preocupados fossem trocados. Todos sabiam que não deveriam matar a menina, pois seria mais trabalhoso encontrar outro jinchūriki, além dos problemas com as outras vilas, já que selaram um acordo. — A boa, é que temos um Uchiha. — Todos os olhos, inclusive os próprios, fixaram-se no rapaz de escuros cabelos que ouvia a conversa. — Você vai precisar distrair ele para que eu me aproxime na surpresa. Os outros vão assegurar que não haja testemunhas. — O olhar dispersou para o resto do grupo, que concordou com a cabeça.

— Boa sorte... — Um rapaz murmurou baixo para o Uchiha, antes dele se afastar já com os Sharingan nos olhos.

— Ele não vai precisar de sorte, Danzō! — Tobirama não poupou a rudeza no tom de voz, vendo o homem concordar com a cabeça se silenciando.

Quando o Uchiha sumiu pela floresta, deixou um suspiro agoniado escapar dos lábios, voltando os olhos para os homens que esperavam suas ordens. A vontade contida de ir atrás dele, mandá-lo de volta para o grupo e distrair o Jinchūriki sozinho. Contudo, era muito arriscado colocar a própria vida em perigo – sendo necessário na vila, ele não. Sabia que não deveria se importar tanto, mas era tão inevitável aquele aperto no peito em saber que ele estava em risco. Não aguentaria manter a sanidade se o visse sangrando... no chão.

Ainda assim, deixava-o ser quem mais corria perigo. Não conseguia se controlar. Precisava desafiá-lo o tempo todo. Se ele não voltasse mais, poderia finalmente desgarrar e se sentir livre novamente, sentir-se a si mesmo. Contudo, sempre que ele voltava, era um motivo maior para o coração se aquecer e o corpo ansiá-lo, gritando por um sorriso doce daquele jeito calmo. Queria se livrar do Uchiha, e amá-lo um pouco mais a cada dia.

— Vamos!

Não aguentou esperar mais. Era muito angustiante manter-se longe dele por tanto tempo. A mente já imaginava situações nas quais não queria pensar. Ele lutando, gracioso, até ser acertado gravemente por algum jutsu. O Uchiha era forte, mas não imortal. Quantos golpes até ele estar desacordado no chão? Um alvo fácil! Ou para ter ossos demais quebrados, sangue demais escorrendo, chakra de menos? Não tinha certeza do quanto o Sharingan poderia ajudá-lo e temia que, em algum momento da luta, ele fosse tomado pelo próprio poder. Não tinha o amor que Hashirama carregava para saber lidar com o ódio por trás do Sharingan. Seria perde-lo para sempre. Uma perda pior que a morte. Iria o desprezar!

Entretanto, o Uchiha era sempre surpreendente! Enquanto os outros se distribuíam para acabar com as testemunhas, paralisou para admirá-lo. Como poderia pensar, por um segundo, que o perderia tão facilmente? Ele não era como os outros, fracos, entregues, desesperados. Ele não colocava os sentimentos acima da razão. Ele era forte. Corajoso. E estava conseguindo fazer uma jinchūriki tão jovem domar sua bijuu através das palavras. Ainda que estivesse machucado por alguma luta breve, conseguia conduzir bem a menina para a calma. Parecia Hashirama com seus discursos de paz, esperança, um futuro melhor. Parecia sincero.

E por segundos desejou ficar ali apenas o ouvindo, acreditando. A cada palavra dele, imaginava-se. Conseguia se vislumbrar acordando toda manhã com ele ao lado. Aquele sorriso sempre doce, sempre calmo, sempre amoroso. Manter-se observando o amor que ele mantinha dentro dos olhos negros, o próprio reflexo preso ali. Então poderiam ter duas crianças, uma de negros cabelos e outras de cabelos preto e branco – como Itama –, os olhos avermelhados e a pele pálida. Conseguiria até aceitar um deles com o Sharingan, sendo irritantemente um Uchiha completo. Seriam casados e fariam amor todas as noites e todas as manhãs. Hashirama iria fazer questão de casá-los! Teria um motivo maior para voltar vivo todos os dias, e uma razão para nunca mais deixar a vida dele correr risco. Talvez fosse ser mais cheio, mais completo, menos dolorido. Talvez entendesse a felicidade que Hashirama gostava de descrever ao lembrar-se de Madara.

Madara.

Lembrava-se muito bem do sangue que os Uchihas derramaram. Lembrava-se muito bem de como era enterrar cada irmão... cada pessoa que amou. Lembrava-se de como eram assustadores os pesadelos com os olhos vermelhos, principalmente que eles levavam Hashirama também. Como viveria sem ele? Lembrava-se de como foi ver Itama morto, depois de tudo o que fizeram para protegê-lo. Os pesadelos só pararam quando matou o primeiro Uchiha a facadas!

Como poderia ceder algo a um demônio fadado à destruição?

Uchihas nunca mudariam!

Kagami não deveria ser diferente.

Avançou para ajudá-lo a levar a jinchūriki em segurança para Konoha. O trabalho estava concluído. Todos os corpos foram cremados, assim não haveria uma prova do que aconteceu ali. Seguiu na frente com a menina nos braços, sem trocar um olhar sequer com o Uchiha. Ele caminhava apoiado num Danzō preocupado que cismava que deveria leva-lo no colo. Sentiu náusea da cena.

Se Kagami não fosse estragar tudo por ter aquele sangue ruim no corpo, provavelmente ele iria acabar se entregando para outro alguém. Sempre seria um traíra. Sempre inconfiável. Precisava aprender a aceitar isso. Um Uchiha é sempre um Uchiha.

~~//~~//~~

— Veio apenas por isso?

Suspirou frustrado. Tobirama estava distante até mesmo de seu jeito frio. Parecia tão perdido. Cansado. Talvez ser um Hokage o consumisse demais. Talvez fossem saudades do tal Uchiha que não viu mais saindo às escondidas da casa dele no meio da noite. Talvez fosse o jeito dele se proteger de si mesmo, escondendo-se até onde não poderia se encontrar. Mas, esconder-se por quê?

— Vim ver como meu irmãozinho está! — Desceu da mesa num pulo, para poder abraçar Tobirama com força, aninhando-o no peito carinhosamente.

Ele até tentou se afastar, esvair-se, mas sempre tivera mais força que o mais novo. Aliás, também tinha seu respeito, então ele não hesitou por muito tempo, relaxando o corpo em segundos. Cedendo. Acariciou os curtos cabelos, sentindo a maciez dos fios bagunçados, o cheiro adocicado de banho. Era estranho lembrar-se de Madara? Os cabelos do Uchiha tinham cheiro de mel, de lavanda, as vezes até de hortelã. A pele era de pêssego, frutas cítricas e às vezes menta. O cheiro de Tobirama certamente passava longe, mas ainda era uma lembrança automática. Conseguia associar o cheiro de cerejeira com laranja ao de mel e pêssego.

— Sabe que pode falar comigo, né? Sobre qualquer coisa... — murmurou gentil, à medida que o sentia mais calmo e entregue nos próprios braços.

— Mas não tenho nada a falar... — A frieza da voz era praticamente inexistente, restando apenas aquele vazio.

— E se eu tiver? — Afastou-se apenas o suficiente para encarar aqueles olhos. O vermelho se diferenciava tanto do Sharingan, mas ainda conseguia ver os tomoes dos olhos de Madara.

— O que aconteceu?

Sorriu. Finalmente o tom de Tobirama destoava daquele vazio existencial. Talvez a preocupação com o irmão mais velho o trouxesse de volta do tal esconderijo. Sentiu-se lisonjeado. Importante. Era sempre bom ser relembrado que ainda tinha um motivo para viver – dois, se contasse aquela pestinha!

Afastou-se dele para se sentar na mesa novamente. Já havia perdido o contato com os olhos do irmão. Era simplesmente cansativo ver Madara em tudo, o tempo todo, sempre. Até mesmo em Mito reconhecia as maneiras dele. Não no jeito sorridente, ou na forma de fazerem amor, mas com certeza na forma séria de discutir assuntos importantes, ou no jeito em que ela se intrometia na educação de Tsunade – certamente que Madara seria assim com os netos. E então se via a observando dormir e se perguntando como seria ter negros cabelos ao lado, com um peito extremamente pálido ressonando ao dormir. A calma que era tão difícil de encontrar nele, refletida num sono profundo que nunca teve a honra de observar. Não que merecesse, de qualquer maneira.

— Até seus olhos me lembram ele, Tobirama... — murmurou baixo, encarando as mãos calejadas no colo. Sempre as achou rude demais para a delicada pele de Madara.

14 de Dezembro de 2018 às 16:46 0 Denunciar Insira Seguir história
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