xhasashi Hasashi Rafaela

Liu Kang e Kitana sempre foram diferentes, mas seus sentimentos ultrapassariam até a morte. [LiuTana]


Fanfiction Jogos Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#mortal-kombat #LiuTana #liu-kang #kitana
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Capítulo único

Andava de um lado para o outro à espera de uma resposta ou de algo que lhe fosse simplesmente satisfatório para sanar a sua maldita curiosidade de compreender o que fazia ali. Tinha pequenos lapsos de memória, como se em um dia tivesse dormido e no outro acordasse de um pesadelo terrível; sua cabeça estava pesada, seu corpo doía como se houvesse voltado de uma de suas lutas mais intensas.

Mas de tudo, estava vazio. De sentimentos, vontades ou lembranças boas; como se cada detalhe de sua vida tivesse sido apagado sem perguntarem a sua opinião sobre isso.

Olhava para fora de sua janela e observava o templo da White Lotus, os monges shaolins treinando e fazendo suas orações aos deuses ancestrais. Era seu lar, sua casa e o local que foi criado desde criança, porém, não se sentia confortável...tudo estava diferente. Quanto tempo havia se passado, afinal?

- Vinte anos. – A voz que afastou seus pensamentos e o fez virar-se para trás. – Você foi controlado por vinte anos, Liu Kang.

- E por que você está aqui? Quem te deu permissão para entrar na minha cabeça? – Reclamou, claro que havia sido válido seu murmúrio para Kenshi.

- Vim te ajudar a compreender tudo que aconteceu nesse tempo. Colocar sua mente no lugar. – Se aproximou, sentando-se na cama. Você se lembra de algo?

O Shaolin suspirou algumas vezes.

- De praticamente tudo, mas às vezes parece um pesadelo do qual parecia que eu nunca acordaria. – Olhou novamente pela janela, buscando conforto em algo ou alguém para continuar seu relato. – Lembro das pessoas que matei, do ódio dentro de mim que queimava minha alma. Não preciso de ninguém me fazendo recordar disso tudo novamente, Kenshi.

- A questão é que talvez tudo esteja um pouco confuso, tem certeza que não precisa de ajuda? – O espadachim tentou argumentar, mesmo sabendo qual seria a sua resposta.

- Tenho. – E então o campeão do plano terreno se virou finalmente para o homem à sua frente para encará-lo. – Ela está bem? – Um murmúrio baixo, e aquele sim carregava uma grande culpa. Por não ter vivido o que queria, por ter demorado tanto naquela batalha e não conseguir ajudá-la.

Viveu ao lado dela por tantos anos e ainda sim sentia como se não houvesse aproveitado nada. Não era eles, o ódio que consumia sua alma jamais deixaria que o amor que tanto cultivavam em segredo fosse mais forte. Entretanto, ele existia dentro dos dois.

- Liu Kang, tenho certeza de que eu...- O espadachim ia continuar, mas recebeu um olhar repressor.

- Kenshi, não tenho interesse. Obrigado. -  Respondeu de maneira ríspida. – Por favor, me deixe sozinho.

 

x


Liu Kang se encontrava sentado observando os novos shaolins treinando com Kung Jin, olhou para o rapaz que mesmo tão jovem, já demonstrava um exímio talento para artes marciais e principalmente por seu dom da argumentação; compreendeu muito bem as razões de Raiden de tê-lo colocado como diplomata e representante do plano terreno.

Se recordou de quando começou a lutar, todas as motivações que havia recebido de sua família adotiva e dos monges que lhe acolheram tão bem desde criança. Apesar de ter crescido com a responsabilidade de tornar-se o campeão e salvador do seu reino, sentia-se feliz pela escolha deles e sabia que, mesmo que morresse em batalha, estaria feliz por ter cumprido o seu papel.

E então, percebeu algo diferente.

Aquela presença que ele conhecia bem. O pesar dos olhos castanhos lhe encarando era quase como uma câmera fotográfica pronta para registrar qualquer detalhe; e ela sempre seria assim: Intensa, como todas as atitudes que tinha. Para alguns ela era enigma, principalmente pelo pedaço de pano azul que cobria maior parte de seu rosto e exibia apenas os olhos expressivos; mas não para Liu Kang, um mero shaolin que quis conhecer intimamente uma assassina que de início era sua inimiga. Entretanto, não conseguia vê-la dessa maneira, sabia ler por suas entrelinhas todo o sofrimento que guardava dentro de si, a incerteza de viver algo que não lhe pertencia. Uma realidade que foi alterada por alguém que sempre chamou de pai.  

E ele sabia, de todas as marcas que faziam parte de sua alma e principalmente as que estavam espalhadas por seu corpo por causa das lutas que travavam arduamente para sobreviver naquele mundo caótico.

- Estamos vivos. – A voz que lhe estremecia até a alma, não teve coragem de olhá-la, mesmo que esse fosse o seu maior desejo. Não conseguiria encarar Kitana sabendo que praticamente por sua culpa ela havia morrido, claro que não foi o responsável propriamente dito, mas quem sabe, se estivesse lá quando Sindel a atacou. Talvez, por algum momento, o destino de ambos poderia ter sido diferente.

- Eu sei. – Continuou observando o ponto fixo em sua frente. – Você está bem?

- Não sei. – Respondeu, se mexendo e tentando compreender o que tanto ele olhava. – Você está bem?

- Eu também não sei. – Os dois acabaram rindo, era inevitável não achar que aquela situação era cômica e trágica.

- Senti sua falta. – Kitana disse, se atrevendo a segurar nas mãos do shaolin. – Mais do que pode imaginar.

- Como? – Teve que finalmente olhar para o rosto ao seu lado, e o coração disparou por saber que jamais acostumaria com a sua beleza, ainda que coberta pela máscara azul. – Nós vivíamos juntos, Kitana.

- Não havia amor, Liu Kang. Nós odiávamos tudo ao nosso redor, arrisco dizer que provavelmente nós nos odiávamos. – Seu tom era rude, porém sabia que ela não estava brava. Magoada, talvez.  – Agora quero entender qual é o seu problema por não conseguir me olhar.

E então o campeão do plano terreno riu, da própria ironia em não conseguir observar o rosto da mulher que amou por tantos anos, por sentir-se tão culpado a ponto de achar que não era digno de tal ato.  

- Se eu estivesse lá, naquele dia...- E foi calado pelos dedos dela em seus lábios.

- Aconteceu porque era para ser dessa forma. – A princesa suspirou, agora virando o rosto dele para si. – Só por favor, não queira fingir para mim depois de vinte anos que nós não temos outras situações mais importantes para resolver.

E mais uma vez engoliu seco por saber que Kitana tinha razão, havia assuntos...inacabados entre os dois, no caso, o que envolvia sentimentos. Por vinte anos desejou aquela mulher, por todo esse tempo nunca havia tido a oportunidade de beijá-la e tê-la para si, porque infelizmente a morte ceifou isso de ambos.

- Soube que você conseguiu Edenia de volta. – Não iria conseguir falar sobre eles sem iniciar uma conversa séria a respeito dos boatos que ouviu no dia anterior.

- Sim, irei me tornar rainha. Com Jade ao meu lado, poderei governar meu povo e fazer as coisas certas dessa vez. – Agora ela o encarou com dúvida. – O que isso tem a ver conosco?

- Como faremos isso? Você lá e eu aqui? – Suspirou. – Eu não sei se aguento ficar longe de você mais uma vez, compreende?

- Compreendo, mas infelizmente tenho deveres de rainha. – Apesar de Kitana amá-lo com a sua vida, não abriria mão de suas responsabilidades.

- Eu sei, e não quero que você fuja deles. Mas...- Segurou firme nas mãos dela. – Achei que as nossas...diferentes circunstâncias começaram agora.

- E o que te impede de vivê-las ao meu lado? Não estamos mais mortos, Liu Kang. Nós podemos dar um jeito nisso. – Ele a olhou, mas não conseguiu deixar de sorrir e abaixar a cabeça em seguida.

- Culpa. – Respondeu de uma vez.- Você morreu porque eu não estive ali quando precisou de mim, falhei enquanto protetor e principalmente...- Não teve coragem de terminar a frase, mas obviamente ela havia entendido.

- Não é pelo fato de eu ser uma princesa que consequentemente precise de proteção, e isso inclui de você ou qualquer outro homem. - De fato, o campeão sabia que ela estava certa. – Fui criada para ser uma assassina, matei tantas pessoas que a maioria delas sequer me lembro o nome e a razão. Fiz uma escolha em seguida, morrer em combate foi honrado e meu destino naquele momento. Por tanto, shaolin, não pense que você poderia ter mudado algo. – Respirou fundo, e o encarou em seguida; ainda que Liu Kang não a olhasse. – Se não ficou claro o suficiente, saiba que não preciso de você. Mas ainda sim, te amo desde que aprendi a admirar o homem honrado que é...porém, quero que se lembre novamente de minhas palavras: Eu não preciso de você, e menos ainda de proteção.

Aquilo doía como o leque afiado dela em seu peito em tempos passados, Kitana tinha razão sobre tudo que lhe dizia, porém, não sabia exatamente como colocar seus sentimentos em ordem e se quer conseguir parar de se culpar por tudo que aconteceu.

- Você...o perdoou? – Ela disse, afastando o silêncio que havia se formado.  

Um gosto amargo preenche sua boca, seus punhos involuntariamente começaram a adquirir tons de vermelho; nesse momento, teve certeza de que jamais conseguia se recordar daquele dia sem sentir ódio. Um maldito Deus, uma divindade da qual confiou por tantos anos, foi a causa da sua desgraça e quem tirou tudo dele, o irmão, a mulher que amava e a vida.

- Não. – Não pensou duas vezes em responder aquilo, mesmo sabendo que isso ia contra todos seus ensinamentos como shaolin. – E possivelmente, nunca irei perdoá-lo.

- O Raiden já tentou falar com você nos últimos dias?

- Várias vezes. – Suspirou, tentando conter a irritação que havia se formado. – E eu não quis ouvir, nenhuma de suas explicações. Não quero desculpas, Kitana, esse maldito demônio disfarçado de deus tirou tudo de mim, me privou de viver aquilo que eu queria para cumprir um destino que não era meu. Mas e você, o perdoou?

- Como posso perdoar alguém como ele, se não consigo perdoar minha própria mãe? – E então riu, enquanto pensava em sua própria desgraça. – Existem feridas maiores que podemos costurar ou esperar que elas cicatrizem, Liu Kang.

- Eu achei que...- Questionou, ainda espantado pelo que havia acabado de ouvir. – Quer dizer, ela voltou a vida e...

- Isso não muda o fato dela ter matado todos nós. E sim, compreendo todas as questões envolvidas, mas meus pensamentos não me deixam esquecer daquele dia e muito menos do olhar que minha mãe antes de me matar. – Kitana suspirou, tentando conter uma lágrima que queria cair por seu rosto. – Desde que voltei a vida, nós...tentamos...mudar as coisas, construir um relacionamento. Porém, ela é uma completa estranha para mim...- Se aproximou um pouco mais, encostando seu braço no dele e deitando a cabeça em seu ombro. – Desde criança eu tinha o sonho de conhecê-la, e depois, em meus últimos momentos, me amaldiçoei por ter tido um desejo como esse.

- E eu realmente achava quando criança que as feridas de batalha eram as mais doloridas. – Liu Kang sussurrou, com seu coração quase em pedaços por saber que nada poderia fazer para mudar aquela situação. – Me questiono se um dia poderemos superar tudo isso.

Ela se levantou, virando seu corpo em direção ao dele; passou a observar os olhos tão negros quanto o ébano e sorriu com sinceridade, pela primeira vez desde que havia retornado a vida. Não podia negar o quanto aquilo a machucava, queria encontrar maneiras de trazer aquele Liu Kang cheio de esperança e que via o lado bom de todas as situações de volta, desejava o sorriso que lhe acalmava nas piores tempestades na Exoterra.

- Talvez isso nunca deixará de doer. – Começou. – E ainda sim, não impede de nós dois seguirmos em frente de alguma forma.

- Eu...- Não pensou duas vezes em tocar a pele branca e levar seus dedos até os cabelos longos, e nesse momento, se recordou o quanto gostava de tocar em Kitana. – Eu senti sua falta.

- E eu senti a sua. – Fechou os olhos, agradecendo a deusa Delia por tê-lo em sua frente.

12 de Dezembro de 2018 às 02:07 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Hasashi Rafaela Faço estágio de Scorpion nas horas vagas, principalmente quando Plano Terreno precisa de salvação. Tenho sangue Uzumaki e dou aula de como lidar com Senju Cretino, interessados chamar no probleminha. Apaixonada por Mortal Kombat e a mama da igreja HashiMito.

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