cherry-bomb91 Cherry Bomb91

Analice não compreendia o que tanto aquela estrela azul lhe atraía, até que algo aconteceu e ela pode perceber que nunca esteve sozinha.


Conto Todo o público.

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Onshot

E S T R E L A   A Z U L

As estrelas são um ponto chave que desperta o interesse daqueles que o observa, e para Analice, uma menina esperta e extremamente curiosa, não era diferente. Ela queria saber o que tanto lhe atraía naquelas estrelas, especialmente uma.

Sentada no relevado gramado de frente para um rio, Analice observava o céu bonito e límpido. Seus olhos castanhos claros fitavam atentamente a sua estrela favorita que brilhava mais entre as outras. A extensão da luz azul fazia se destacar mais.

Analice se perguntava internamente do por que daquela estrela grande e brilhante atraía-lhe tanto. Do por que de ter a necessidade de passar horas e horas todas as noites a observando atentamente e curiosamente ao mistério que aguçava a sua curiosidade.

Mas, de repente, algo diferente aconteceu, e num ato totalmente impulsivo, Analice se pôs de pé, seus olhos ainda no céu límpido. A estrela azul que ela observava estava ficando cada vez mais perto, cada vez mais brilhante.

Seus olhos arregalaram e ela não pode evitar que seu coração batesse desenfreado. Com sua boca levemente aberta, deu um passo para trás, teve vontade de virar as costas e sair correndo. Seu pai deveria estar preocupado, mas ela não conseguiu se mover.

Seus olhos vidrados no céu, conseguiu captar os movimentos da estrela que se aproximava, especificamente em sua direção. A brisa gostosa daquela noite fez seus cabelos esvoaçarem, mas Analice não havia percebido esse pequeno detalhe.

A estrela se aproximou mais, era tão pequena que cabia na palma de sua mão, mas também era tão brilhante que iluminava tudo ao seu redor. De alguma forma inexplicável, Analice não temeu, ela apenas esticou as mãos e amparou aquela pequena estrela entre elas.

Observou maravilhada a estrelinha pousada em suas mãos, não acreditava que algo daquela magnitude pudesse acontecer. Aquilo era real! Uma estrela que estava no céu havia caído e pousado em suas mãos. Era quentinha e brilhante.

"Será se alguém acreditaria se eu contasse?" pensou, virando sua cabeça para o lado, apertando os olhos por causa da luz azul. "Acho que não." Concluiu sua pergunta interna. Ninguém acreditaria se contasse algo assim, iriam chamá-la de louca.

De repente, a pequena estrelinha tremeluziu, a luz ficou mais intensa e quente. Não aguentando, Analice soltou a estrelinha e deu vários passos para trás, com o braço tampando a visão por causa da claridade, não percebeu algo no chão e acabou caindo.

Sua bunda doeu por causa da queda, e suas mãos estavam agora espalmadas no chão gramado, mas os olhos estavam fechados. Ignorando o pequeno desconforto que sentia, Analice abriu um pouquinho os olhos e resolveu espiar o que acontecia, e levou um grande susto.

A estrelinha estava flutuando bem a sua frente e toda se moldava. O brilho ainda era cegante e não dava para enxergar direito o que acontecia. Mas uma coisa Analice sabia, a estrelinha estava ficando cada vez maior.

Com o coração batendo forte, e sentindo uma pontinha de medo, ela se manteve firme observando a estrelinha tomando forma, parecia uma pessoa. O brilho havia diminuído, mas o azul todo envolvia a pessoa que a estrelinha se tornava.

Era uma mulher alta, os cabelos eram longos e castanhos, a pele branca como porcelana e os olhos redondos e caramelados emolduravam seu rosto redondo. O vestido azul que vestia era longo e bonito, com detalhe das constelações que haviam no céu.

Analice não havia percebido que tinha prendido a respiração, até o momento em que seus pulmões clamaram por oxigênio. Soltou todo o ar de uma vez, seus olhos mais arregalados e o corpo petrificado quando reconheceu o rosto que lhe fitava com tanto amor.

A palavra lhe veio a boca, mas ela não conseguia falar, estava se sentindo alienada. A mulher continuava lhe observando, um sorriso estava em sua boca quando deu um passo para perto de si.

Analice sentiu seus olhos começarem a lacrimejar, havia anos que não via aquele rosto, anos que não sentia o aconchego de seus braços lhe acalentando, lhe mimando. Havia anos que sentia falta do amor de sua mãe.

- Estou muito feliz em vê-la de novo, minha bonequinha. Você cresceu muito, está muito bonita. - a voz de sua mãe era a mesma, o mesmo tom calmo e doce que ainda se lembrava.

Correu para os braços da mulher.

Mãe!

Sentiu a decepção quando atravessou aquele corpo e freou a tempo de levar outra queda e parar no rio. Ergueu a cabeça para cima e virou o corpo para trás, vendo a mulher agora com uma expressão melancolia.

- Porque eu não posso te abraçar? - perguntou.

A mulher suspirou, observando a dor que sua filha sentia, dor que lhe tinha causado quando seu tempo em vida havia acabado. E tudo o que pode fazer era olhá-la crescer de onde estava, entre as estrelas.

- Me desculpe, querida, mas tem coisas que não podemos ultrapassar. - explicou a mulher, observando sua filha lhe fitando angustiada. - A única coisa que posso fazer é lhe pedir perdão por ter partido e deixado você, mas eu não pude evitar.

Analice fungou, secando algumas lágrimas que escorriam e fazia sua visão ficar embaçada.

- Eu sinto tanto a sua falta... - se interrompeu, e pôs uma mão no peito. - Doi tanto aqui.

Podia sentir o desespero tomar conta de si.

- Eu sei, meu bem, eu vejo isso.

A mulher via o sofrimento de sua menina, sabia o quanto ela estava sofrendo, ela mesma sofria com isso.

Continuou:

- Acredite, nunca quis te deixar. Mas aonde estou agora, eu posso te ver e cuidar de você.

- Mas não é a mesma coisa. - Analice deu um passo para frente, a voz soando alta e desesperada. - Eu preciso de você, mãe! Eu me sinto sempre sozinha, o vazio no meu peito está sempre ali, ele não se preenche, e isso me deixa mal.

- As coisas não são como a gente quer, Analice. - concluiu a mulher. - Tem coisas que tem que acontecer na vida da gente para que possamos evoluir como ser humano. Você é uma garota boa, tenho orgulho de você, vai conseguir pular essa barreira e ser muito feliz.

- Mas isso é tão difícil. - murmurou chorosa.

- As coisas não são fáceis, querida. A vida não é fácil. - disse a mulher. - Você é forte, está conseguindo lidar com isso aos poucos.

Analice balançou a cabeça para os lados.

- Não, não vou conseguir.

A mulher suspirou, e se aproximou dela.

Analice observou o rosto de sua mãe que fitava o seu, parecia que tentava gravar cada detalhe e cada gesto que fazia.

A mulher sorriu.

- Eu vou sempre está olhando e cuidando de você. - a mão encostou-se no peito da garota que pode sentir a quenturinha gostosa aquecer e acalmar seu coração. - Pois eu sou a estrela mais brilhante que existe no céu.

Analice sentiu uma onda de paz lhe invadido, e mesmo sentindo a saudade e a falta que sentia, pode compreender melhor o que sua mãe lhe dizia. E assim, como num passe de mágica, a mulher, sua mãe, voltou a forma de estrela e voltou ao céu, se posicionando em seu lugar jundo das outras estrelas.

Agora Analice sabia que nunca esteve sozinha, pois aquela estrela azul e brilhante que sempre lhe atraía, era que cuidava e olhava por si. E será assim até o final de sua vida.

2 de Novembro de 2018 às 17:53 0 Denunciar Insira Seguir história
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Cherry Bomb91 quando eu morrer não perca um minuto chorando por mim. posso ir embora mas vou deixar para trás todas as minhas mil & uma vidas. - uma garota louca por livros nunca morre.

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