baeptae ariel .

Na qual todas as pessoas nascem com a primeira coisa que sua alma gêmea lhe disse tatuada em seu antebraço — o que, na opinião de Jeongguk, é uma droga, porque ele nunca chegou a ler Harry Potter, mas já sabe que o tal do Dumbledore morre.


Fanfiction Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#spoilers #harry-potter #fluffy #romance #kpop #bts #kookv #vkook #taekook #yaoi #lgbt
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Capítulo Único: Como spoilers podem acabar com uma relação

Jeon Jeongguk sempre procedia com extrema cautela em dias quentes em Seul.

Em toda a sua vida, apenas coisas ruins haviam acontecido em dias cuja temperatura havia ultrapassado os incômodos trinta graus. Alguns pontos que serviam para corroborar com a teoria desenvolvida pelo Jeon incluíam: a) trinta e dois graus celsius, julho de 2015: sua mãe lhe expulsou, não apenas de casa, como também da cidade, forçando-lhe a dividir um pequeno apartamento com seu primo, Jung Hoseok; b) trinta e quatro graus celsius, setembro de 2016: ele colocou muitas decorações e luzes no aniversário do Namjoon e acabou, acidentalmente, causando um curto circuito e colocando fogo no apartamento; e c) trinta e cinco graus celsius, agosto de 2017: sua primeira tentativa de surfar resultou em um Jeongguk quase morto na beira da praia de Naksan Beach.

Agora, olhando para o termômetro pendurado perto da porta da cafeteria onde trabalhava, Jeongguk soltou um suspiro estarrecido. Naquela tarde em particular, faziam trinta e oito graus lá fora — o que, em outras palavras, só poderia indicar uma coisa: alguma confusão gigantesca estava se aproximando.

O moreno correu seus olhos pelo estabelecimento, vendo se havia algum problema em potencial que ele pudesse evitar. Na mesa 3, Namjoon parecia prestes a assassinar um cliente que pedia um dos drinks mais difíceis do Café com Letras. Um pouco mais afastado, na mesa 6, Yoongi, o gerente, tentava explicar para um casal de idosos que aquela era uma loja de café, e não, não vendíamos lasanha.

Felizmente, Jeongguk havia ficado responsável apenas por reabastecer o copo de café de Taehyung naquela manhã, o que não era uma tarefa tão árdua assim. Taehyung (ele ainda precisava descobrir o sobrenome do garoto) era um cliente assíduo do Café com Letras, sempre frequentando a loja das oito às nove da manhã religiosamente. Ele geralmente aparecia com um óculos de armação preta um tanto arredondada, cabelos loiros arrepiados e roupas que claramente indicavam que havia acabado de sair da cama (moletons longos, calças quadriculadas e chinelos felpudos que faziam com que Jeongguk abrisse um sorriso involuntário). O garçom ainda não entendia muito bem como o loiro aguentava o calor escaldante em certos dias do ano com todas aquelas camadas grossas de roupa, mas, para ser honesto, não era como se já tivesse trocado alguma palavra com ele em todo o seu tempo frequentando o local para saber de algo.

Taehyung não era muito de falar (na maioria das vezes, o Jeon desconfiava que uma espécie de força maior o guiava semiconsciente até a cafeteria, apenas para beber um copo de café e retornar para sabe-se Deus onde), e Jeongguk era mais do tipo que encarava. Muito. Até demais. Talvez o final desse ano viesse, inclusive, acompanhado por uma ordem de restrição do loiro, mas ele não se importava. Ele era bonito e, como todas as coisas bonitas, Jeongguk sentia-se absurdamente inclinado em apreciá-lo.

Assim sendo, era de se esperar que os dois não fossem exatamente amigos, contudo, o moreno gostava de acreditar que já haviam, pelo menos, evoluído da fase do “cara estranho que serve café e me encara até demais” para a do “cara legal — e apenas um pouquinho estranho — que nunca erra nos meu ovos mexidos e faz um ótimo cappuccino”.

(Sim, Jeongguk tinha muito orgulho de seus dotes culinários, mesmo que Yoongi sempre o mandasse calar a boca e afirmasse que aquilo ali não era nenhum Master Chef para ele se gabar tanto).

(Ainda assim, seus ovos mexidos eram os melhores da província, ele tinha certeza absoluta).

Mordendo o lábio inferior, Jeongguk lançou um olhar rápido na direção de Taehyung. O garoto, desarrumado como sempre, lia de maneira quase febril um livro grosso — Harry Potter, ele observou com um rolar de olhos — em sua frente, bebericando ocasionalmente o café. Sua xícara ainda estava cheia a ponto do Jeon, apesar de toda a distância que os separava, conseguir ver claramente o líquido preto dentro dela.

Não que aquilo tivesse lhe impedido de ir até o loiro mais uma vez e fingir reabastecer a xícara.

— Jeongguk, pare de importunar nossos clientes! — Ele conseguiu ouvir a voz do gerente soar de maneira límpida em seu ouvido… Assim como Taehyung, cujos olhos se desviaram rapidamente para os dois rapazes, mas logo tornaram sua atenção ao livro. Claramente um homem com suas prioridades bem definidas. — A xícara do Taehyung sequer chegou na metade e você já veio aqui encher de novo! Meu amigo não precisa de você azarando ele o dia inteiro.

Ele queria ter tido pelo menos a decência de parecer envergonhado, mas apenas rolou seus olhos. Yoongi e Taehyung eram colegas de faculdade e, antes disso, foram colegas de escola, de primário e até mesmo de berço. Se não fosse pelo fato de que Jeongguk tinha conhecido o gerente justamente pelo fato de que era alma gêmea do seu primo, teria ficado totalmente enciumado com tanta proteção por parte do Min.

— Eu não estava importunando ninguém! Além do mais, ele está tentando ler Harry Potter enquanto parece ter acabado de passar os últimos sete dias acordado maratonando Supernatural — Jeongguk revirou os olhos. — É óbvio que vai precisar de um pouquinho de café para se manter acordado e não dormir em cima do livro.

— Harry Potter? — Yoongi franziu as sobrancelhas, um vinco formando-se no espaço entre elas. — Esse nome me é familiar…

— É aquele livro em que o Dumbledore morre — explicou sem rodeios.

Aquela, no entanto, pareceu ter sido uma péssima forma de fazer com que o Min recordasse da história em questão. Levantando seus olhos das páginas amareladas do seu livro com uma expressão aterrorizada em seu rosto, Taehyung deixou que a boca pendesse em um perfeito “O”.

Uh-oh — sussurrou Yoongi para o Jeon, afastando-se lentamente. — Sem spoilers, Ggukie.

Como assim você está me dizendo que Dumbledore morre? — O loiro gritou, exasperado, fazendo com que todos os olhos da cafeteria virassem em sua direção. — Que tipo de ser humano horrível e desalmado você é, a ponto de me dar um spoiler desses?

O Jeon cerrou seus olhos, mas não porque finalmente havia escutado a voz de Taehyung — grossa, de barítono, e rouca o suficiente para fazer com que sua pele se eriçasse pelo simples fato de poder ouvi-lo — ou porque tinha sido chamado de “ser humano horrível e desalmado” — tinha que admitir, aquilo realmente machucou. O motivo pelo qual ficou assim tão desconcertado e confuso era porque ele conhecia aquela frase. Conhecia tão bem que poderia recitá-la de trás para frente enquanto era perseguido por um Papai Noel furioso que falava alemão e o ameaçava com um pé-de-cabra.

Era a mesma frase que estava tatuada em seu antebraço desde o dia em que nasceu e estragou por completo toda sua experiência de ler Harry Potter — e tudo isso simplesmente porque a porcaria da sua alma gêmea não havia conseguido controlar sua língua gigantesca, dando spoiler de uma das partes mais cruciais de todo o livro.

(Embora, se ele pudesse parar apenas um pouco para pensar, veria que a culpa de ambos terem tomado um spoiler assim tão grande era dele, não de Taehyung).

— Puta merda — arfou, em choque. —, você é minha alma gêmea.

E talvez aquelas fossem suas primeiras e últimas para o loiro, porque, depois daquilo, Taehyung não pensou duas vezes antes de pular a pequena mesa em que se encontrava e tentar matá-lo.

♡ ♡ ♡

— É oficial: somos o pior casal que o Destino já uniu.

As palavras saíram da boca de Taehyung que, frustrado com o fato de que não tivera êxito em matar sua alma gêmea, havia se contentado em sentar-se novamente e tomar outra xícara de café. Jeongguk, por outro lado, agradecia a quem quer que pudesse existir lá em cima — ou embaixo — ao decidir mantê-lo vivo, fosse por pena ou por divertimento.

— Bom, o Destino também uniu Yoongi e Hoseok, então não é como se fôssemos o pior casal de todos — o Jeon disse nervoso, mas, quando viu o olhar irritado que Taehyung lançou em sua direção, engoliu em seco. — Ok, eu vou ficar caladinho na minha.

Ele bufou.

— Eu ainda não acredito que você estragou Harry Potter para mim. Mais uns três capítulos e eu saberia que Dumbledore morreu.

— A culpa não é minha! — Jeongguk torceu seu nariz, irritado. — Você quem fez o favor de dizer aquelas porcarias de primeiras palavras para mim! Eu tinha que usar mangas longas o tempo inteiro quando era pequeno para não acabar revelando algo importante para ninguém!

— Bom, eu uso mangas longas até hoje porque minha alma gêmea fez questão de xingar na primeira vez que me viu — Taehyung rebateu. — Agora imagine só uma criança de sete anos tendo que brincar com moletons o dia todo, porque não queria ser uma “péssima influência” — Sim, ele estava tão irritado que fez aspas exageradas no ar. — para as as outras crianças.

Ok, sendo sincero, ele tinha um ótimo ponto.

— Eu sinto muito? — arriscou, mas, se a expressão no rosto de sua alma gêmea servia de algum indicativo, ele não estava fazendo um trabalho muito bom em ser perdoado. — Olha, se serve de algum consolo, você poderia ter acabado com alguma cantada ridícula no braço, tipo o Yoongi.

O Kim — ele havia se apresentado formalmente depois de quase tentar matar Jeongguk e amaldiçoar todos os seus ancestrais, porém estes eram apenas detalhes — lhe lançou um olhar curioso.

— O que a tatuagem do Yoongi diz? Somos amigos desde pequenos, mas ele nunca me mostrou.

O moreno abriu um sorriso maldoso. O tipo de sorriso que provavelmente faria uma pessoa de bem andar na direção contrária caso o visse assim na rua.

“Me chama de Seventeen e me Woozi”.

Ele pôde observar enquanto Taehyung tentava — inutilmente — não gargalhar. Seu esforço durou aproximadamente cinco segundos, quando não aguentou mais e acabou rindo tanto que o barulho de sua risada ecoou por todo o estabelecimento.

Oh, não se importem, Jeongguk pensou ironicamente, minha alma gêmea está apenas tendo um típico ataque psicótico. Eu sei, eu sei, você provavelmente está pensando “quem imaginaria que aquele rapaz sonolento poderia ser assim tão assustador?” Pois é, eu também.

— Meu Deus, que tipo de idiota fala isso? — Ele conseguiu encontrar as palavras após algum tempo.

— Meu primo — Jeongguk disse orgulhoso (embora aquilo definitivamente não devesse ser algo do qual se tinha orgulho).

(“Oh, o seu primo ganhou um Nobel? Pois bem, o meu primo fez uma cantada horrível. E fodeu a vida da sua alma gêmea com isso, então, é, acho que sabemos quem é que tem o melhor primo por aqui”).

Taehyung abriu um sorriso astuto.

— Oh, estou vendo que deve ser coisa de família então.

— Você fere meus sentimentos dessa maneira, Tae Tae.

Ele suspirou, bebericando de seu café um tanto cabisbaixo.

— Eu queria ter te ferido fisicamente também, mas infelizmente Namjoon fez um ótimo trabalho em me segurar.

— De fato — Jeongguk balançou a cabeça, lembrando-se vagamente de como sua alma gêmea parecia verdadeiramente capaz de matá-lo e fazer com que tudo parecesse um grande acidente. Teria que se lembrar de não provocar Taehyung nunca mais caso gostasse de onde sua cabeça estava: em cima de seu pescoço. — Sabe, para um aprendiz de Zumbi você até que consegue correr bastante. Nunca vi alguém pular uma mesa com tanta agilidade.

— Eu sou um fã muito fiel de Harry Potter — disse sério.

E foi aí que o Jeon gargalhou, todo seu corpo tremendo com a risada contagiante. Pelo canto de seu olho, ele conseguiu ver que o loiro lutava contra um sorriso involuntário.

— Queria ter descoberto isso antes. Ok, vamos fazer o seguinte: a fim de lhe recompensar pela péssima tatuagem e terrível spoiler, que tal eu lhe levar ao cinema? — ele sugeriu, passando a língua de maneira dolorosamente lenta pelo lábio inferior. Taehyung pareceu considerar a proposta por um momento, até que Jeongguk arqueou uma sobrancelha e acrescentou: — Eu pago.

— Tudo bem. — Sorriu, o que fez com que se perguntasse se aquele não teria sido o plano de Taehyung desde o começo — Mas com uma condição.

— Qual?

Os cantos de seu lábio se repuxaram no que Jeongguk poderia apenas descrever como um sorriso maroto.

— Sem spoilers.

♡ ♡ ♡

Jeon Jeongguk ainda não acreditava que era tão azarado a ponto de sua vida durar apenas uma breve introdução, um encontro meia boca que sequer havia sido descrito e metade de um balde de pipocas — ainda assim, ali estava ele, encarando sua alma gêmea (leia-se assassino) com olhos arregalados e se perguntando porque caralhos sua boca parecia ter consciência própria e discordava de qualquer coisa que o seu cérebro mandava ela fazer.

— Eu não acredito que você me deu spoiler de novo! — Taehyung irrompeu para fora da sala de cinema, praticamente fumaçando.

Naquela noite em particular, o loiro não estava desarrumado como sempre. Usava um jeans apertado, uma camisa de mangas longas com os dizeres “I’m cute as hell — which is also where I came from” e brincos. Seus fios loiros estavam em um típico penteado “desarrumado” e os óculos estavam longe de serem vistos. Se Jeongguk já achava o rapaz incrivelmente charmoso quando parecia um Zumbi, imagina só agora que assemelhava-se mais ao próprio Apolo!

Talvez a beleza de sua alma gêmea tivesse lhe deixado tão desconcertado que acabou falando mais do que deveria e estragado tudo. Mas apenas talvez.

— Foi sem querer! Tae, fala sério, volta aqui! — implorou.

O loiro girou em seus calcanhares e lhe encarou diretamente. Seu rosto estava vermelho e a respiração descompassada. Se Jeongguk fosse inteligente — ou, no mínimo, um pouco esperto — teria se afastado enquanto ainda tinha tempo; infelizmente, esse não era o caso, e quanto mais Taehyung parecia prestes a explodir, mais ele queria envolvê-lo em um abraço.

Sem querer?! Você me falou que o Luke morre! — esbravejou, fazendo com que diversas pessoas que estavam na fila de Star Wars lhe lançassem um olhar enfurecido. — É, ele morre, eu acabei de descobrir também. Vivam com isso!

— Ok, Tae, acho melhor conversarmos em outro lugar — Jeongguk entrelaçou seus dedos nos dele, mas o Kim fez questão de livrar-se de seu toque em um piscar de olhos. — Taehyung?

— Eu não acredito que você simplesmente não consegue controlar essa língua! Será que é muito difícil não estragar algo minutos antes disso acabar?

Ele mordeu seu lábio inferior, sentindo-se culpado. O pior era que sequer tinha percebido quando spoiler rolou por sua língua. Era a oitava vez que via Star Wars: O Último Jedi e, quando Taehyung lhe perguntou como Luke estava segurando um sabre de luz que tinha acabado de ser partido em dois, ele simplesmente deu de ombros e disse: “Isso é apenas uma ilusão. Ele usa tanto a Força para poder fazer isso que acaba morrendo”.

Foi mais uma constatação de fatos do que um spoiler (ou pelo menos era isso que ele estava se dizendo, a fim de se sentir um tiquinho de nada melhor).

— Eu sinto muito, Tae! Olha, eu vou te recompensar de alguma forma e–

— De que forma? Me dando spoiler de outra coisa? — retorquiu irônico. — Nada disso! Eu vou embora e, se Deus quiser, nunca mais precisarei olhar na sua cara de novo!

Jeongguk franziu as sobrancelhas.

— Mas somos almas gêmeas! O Destino nos uniu! Não é como se você pudesse correr Dele.

Os olhos de Taehyung faiscaram.

— Bem, isso é o que nós vamos ver.

♡ ♡ ♡

Jeongguk havia passado os últimos três dias, sete horas e vinte e oito minutos — e contando — trancado em seu apartamento compartilhado com Hoseok, pensando em como poderia conquistar Taehyung novamente. Ele já havia perguntado o que deveria fazer aos seus dois melhores amigos, Park Jimin e o Google, mas até agora o ruivo não havia sido de muita ajuda — mandar Jeongguk correr até onde o Kim morava e reencenar um trecho de Uma Linda Mulher não era sequer uma opção — e nenhum dos sites oferecidos pelo Google tinham qualquer tipo de solução para aquele dilema.

O Jeon não sabia exatamente o porquê de estar se sentindo tão aflito com tudo aquilo, entretanto, algo lhe dizia que não tinha a ver exclusivamente com o fato de que eram almas gêmeas. Havia gostado de Taehyung desde a primeira vez que o vira, com seu pijama surrado, os cabelos desgrenhados e os óculos fundos.

Tinha tido uma chance de corrigir tudo e estragara. Agora, duvidava se conseguiria o perdão de Taehyung.

E foi aí, afundando em um poço de autopiedade e tristeza, que se lembrou do Halloween passado, quando seu primo havia decidido usar a fantasia mais clichê do mundo. Espera, aquilo poderia ajudar. Aquilo definitivamente poderia ajudar! Abrindo um sorriso digno do Gato de Cheshire, Jeongguk se levantou do sofá e correu até o quarto de Hoseok.

— Ei, Hobi, será que você ainda teria aquela fantasia do Halloween passado para me emprestar?

♡ ♡ ♡

Duas semanas se passaram até que Taehyung decidisse frequentar o Café com Letras novamente. O Jeon sempre soube que aquilo iria, inevitavelmente, acontecer, uma vez que o loiro era obcecado por uma boa dose de cafeína — além de ser completamente inútil pelas manhãs, diga-se de passagem.

Observando as vitrines da cafeteria de modo nem um pouco suspeito, Jeongguk assustou-se ao sentir o celular em seu bolso tocar. O nome que apareceu no visor — “AgustDesnecessário” — apenas serviu para que arrancasse uma série de risinhos seus.

Jeongguk, o Taehyung voltou — Yoongi disse e, pelo que ele observava pela vitrine, seu gerente alternava o peso de uma perna para a outra, nervoso.

— Eu sei. Consegui ver ele entrando.

Yoongi franziu as sobrancelhas. Ou talvez estivesse com dificuldade em enxergar algo. Jeongguk estava realmente longe para afirmar qualquer coisa com certeza, mas era melhor se ater a “franziu as sobrancelhas” pelo dado momento.

Você por acaso está espionando meu café como um maldito stalker?

— Talvez.

Se seu plano der errado, eu vou junto com o Taehyung arrumar uma ordem de restrição contra você — ralhou.

O Jeon deu de ombros.

— Nada mais justo. Tudo bem, vou entrar.

E, com a voz de Yoongi ainda ecoando pelo aparelho, apenas fez pouco caso e desligou. Saiu de onde estava relativamente escondido, ajeitou os cabelos espetados na frente da vitrine da cafeteria e tomou uma boa dose de coragem (até porque duvidava que pudesse entrar casualmente e pedir uma de café).

Abrindo a porta, Jeongguk passou os olhos de maneira corriqueira pelo local e encontrou o Kim sentado no mesmo lugar em que se encontrava todos os dias. Aquela seria mais uma manhã normal se Jeongguk não estivesse fantasiado, e se Taehyung não estivesse, pela primeira vez, com cara de quem de fato houvesse tomado um banho e trocado de roupa antes de se arrastar até ali.

Ele caminhou até o rapaz casualmente, sentindo o olhar de todos os clientes do estabelecimento queimarem em suas costas enquanto andava. Estava plenamente confiante até o momento em que um olhar em particular recaiu sobre si, desconcertando-o por completo.

Com os lábios carnudos levemente partidos, Taehyung demorou alguns segundos para conseguir elaborar uma frase. Ele alternava olhares entre as roupas de Jeongguk e o rosto um pouquinho rosado do moreno.

— Você está–

— Fantasiado, eu sei.

O Kim ergueu uma única sobrancelha.

De Harry Potter.

E estava mesmo. Com os cabelos negros bagunçados, uma cicatriz torta feita por Hoseok com um hidrocor velho e as robes da Grifinória, Jeongguk estava igualzinho ao Menino Que Sobreviveu — isto é, se o Menino Que Sobreviveu fosse asiático e trabalhasse em um café.

— Eu pensei em várias maneiras de me desculpar, e acho que essa acabou sendo a melhor.

Taehyung desviou seus olhos para seus sapatos, o rosto subitamente ruborizado.

— Ggukie, quem tem que pedir desculpas sou eu — disse, tão baixo que ele não teria escutado se tivesse um passinho mais longe. — É verdade que eu odeio spoilers, assim como é verdade que você parece adorar distribuí-los, mas não foi motivo o suficiente para eu ficar irritado daquela maneira. — Jeongguk lhe lançou um olhar de “ah, claro”, fazendo com que ele logo acrescentasse: — Ok, talvez tenha sido, mas eu me apaixonei por você independentemente disso.

Os olhos do Jeon se arregalaram feito dois pratos, descrentes no que estava ouvindo.

— Você o quê?

— Ora, tenha santa paciência, Jeongguk! — O Kim revirou os olhos, nervoso como sempre. — Acha que eu venho aqui todas as manhãs por dois anos apenas porque seus ovos mexidos são gostosos?

— Meus ovos mexidos são esplêndidos.

— Eu estou apaixonado por você, Jeongguk. Mesmo quando não trocávamos uma palavra, e eu era apenas o protótipo de mendigo que sentava nessa mesma mesa todos os dias. E eu realmente não sei se isso é porque somos almas gêmeas ou não, mas o fato é que te amo tanto que poderia explodir em um milhão de pedacinhos se você não me desculpasse — falou tudo de uma vez, corado da ponta das orelhas até a ponta do nariz. Jeongguk achou que aquela era uma visão adorável, mas foi por ter grande apreço a sua integridade física que optou por permanecer calado. — Você me desculpa?

— Só se você me desculpar. — Ele abriu um sorriso torto, tomando as mãos do loiro nas suas. — Olha, sei que provavelmente não somos o melhor casal do mundo, mas eu prometo que tentarei mudar. Pode até colocar uma silver tape na minha boca toda vez que formos assistir a um filme!

— É uma ideia tentadora. — Taehyung riu baixinho. — Eu estou disposto a tentar se você estiver.

O Jeon precisou resistir à urgência de revirar os olhos e acabar com todo o romance daquele momento.

— Eu me vesti de Harry Potter para lhe pedir desculpa, Tae. Isso já deveria servir como resposta o suficiente.

E então, tomou os lábios do rapaz nos seus. Sentia-se como em um filme de romance bastante açucarado, onde os personagens principais ficavam juntos depois de um monte de dificuldades. Exceto que, dessa vez, as únicas dificuldades enfrentadas pelo casal envolviam acalmar um Taehyung bastante enfurecido e achar uma fantasia de Harry Potter. Beijaram-se até Yoongi separar os dois e dizer que aquilo era uma cafeteria, não um puteiro e, se queriam tanto estragar a imagem que alguns tinham do filme infantil, podiam muito bem se retirar.

E quanto a promessa de não contar spoilers? Bom, aqueles dois ainda demorariam a entender que promessa nenhuma sobre o assunto seria capaz de segurar a língua de Jeongguk — assim como não seria capaz de fazer com que Taehyung não se estressasse e calasse a boca do namorado.

Às vezes com beijos. Às vezes com uma silver tape.

De qualquer que fosse o modo, ainda assim se amavam muito para deixar que algo tão banal os separasse.

E o que aconteceu com eles depois? Bom… o resto é história. E, dessa vez: sem spoilers!

26 de Junho de 2018 às 00:29 4 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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mariita mariita
AMAS EU TO MUITO APAIXONADA E OLHA QUE NEM TAEKOOKA EU SOU
July 19, 2018, 04:45
jungdae jungdae
chosrei eu te amo
July 12, 2018, 17:57
C. H. C. H.
AFF MAS SE ISSO N É UMA OBRA PRIMA DE DEUS EU N SEI O QUE É
June 26, 2018, 20:37

  • ariel . ariel .
    EU SEI OQ É UMA OBRA PRIMA ACHO Q É VC HEIN ANNIE RSRSRS June 26, 2018, 20:49
~

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