*País do Fogo,1453*
Já se faziam mais de dez anos que Toneri Otsutsuki causava medo e pavor na pequena aldeia de Konoha. Outrora um grande nobre, de valor e riquezas inestimáveis, Toneri governou a aldeia com mão de ferro, mas sucumbiu diante de uma única coisa: apaixonou-se pela líder de um dos três maiores clãs da vila, Himari Hyuuga. Para seu azar, ela nunca correspondeu ao seu amor, pois ela se apaixonara por Nagomo Uzumaki, o líder do primeiro maior clã de Konoha.
Uma imensa fúria tomou conta de seu ser a ponto de usar sua influência para causar intrigas entre os Hyuuga e os Uzumaki contra os Uchiha, o terceiro maior clã e seus amigos. Parecia que uma guerra de clãs iria começar, mas o líder do clã Uchiha, Satoru, conseguiu impedir a guerra antes que começasse, pois descobriu as intenções de Toneri.
Então, ao invés de lutarem entre si, os três clãs se uniram contra o próprio Toneri, enfrentando ele e os seus soldados. O nobre, por sua vez, não se intimidava, pois possuía uma arma secreta que todos, até seus mais próximos, desconheciam.
Tomomi Otsutsuki, sua irmã gêmea, era uma pura e inocente garota sem nenhum desejo subversivo ou ganâncias de poder. No entanto, escondia um segredo: era o recipiente vivo de um terrível monstro: Kurama, a Raposa das Nove Caudas, uma das feras seladas pelo Sábio dos Seis Caminhos, ou Edo-Sennin. O espírito selado em seu corpo não lhe causava dano algum; porém, caso o selo fosse rompido, libertaria a fera e esta causaria grande destruição.
Certa noite o irmão foi procurá-la na sala de estar de seu palácio e lhe contara seu plano. Tomomi assustou-se e tentou chamá-lo à voz da razão:
— Não meu irmão! Para quê me usar em um propósito tão bárbaro? Sabe muito bem que o poder da Kyuubi é destrutivo, nem eu mesma posso controlar! O nosso pai selou a criatura em mim justamente por saber que jamais seria usada para o mal!
— O nosso pai era um tolo! - vociferou - Você é a Jinchuuriki do mais poderoso ser da terra, e não usá-la seria desperdício! Não entende que esse poder irá subjugar esses malditos clãs a meu favor?
Tomomi então pegou a espada de uma armadura próxima à lareira e apontou-a para o irmão, dizendo:
— Não vou permitir que me use para causar tanto sofrimento!
— Quer mesmo me desafiar irmãzinha? - desdenhou,com um sorriso feio nos lábios - Teria coragem de me matar?
— Se for necessário para acabar com essa guerra não vou hesitar! - disse com altivez mantendo a espada tesa em sua direção.
— Pois que seja - falou, pegando outra espada de outra armadura e a brandindo contra a irmã. Apesar de nunca ter manejado uma espada antes, Tomomi soube se defender muito bem das investidas do irmão, que parecia um endemoniado, tentando golpeá-la. De repente, Tomomi escorregou e Toneri enfiou-lhe a espada na barriga, bem aonde se localizava o selo que prendia a Kurama.
Ferida, e quase sem ar, Tomomi caiu de joelhos tentando estancar o sangue que corria como um rio para o chão de pedra. Toneri retirou a espada sem demonstrar emoção alguma, como se esperasse algo acontecer. A moça de cabelos cinzentos tombou para o lado, agonizando, mas conseguiu reunir forças para pedir ao irmão que a ajudasse. Este, porém, respondeu:
— Sinto muito Tomomi-chan. Mas se não for assim, a Kyuubi nunca será minha.
No mesmo momento, o sangue que escorria formou um círculo ao redor de Tomomi, que morria lentamente enquanto sentia o espírito da fera se soltar do selo. Uma luz plasmática, de cor laranja, subiu de seu corpo e, antes que Toneri se desse conta, seu castelo se destruíra assim que a Kurama libertou-se completamente e criou forma. No lugar onde estivera o corpo de Tomomi, encontravam-se crisântemos brancos, que a Kyuubi pisoteou.
Toneri deu um longo sorriso de triunfo apesar de ter sido jogado longe após a destruição de seu castelo e ter quebrado alguns ossos na queda. Contudo, não comemorou por muito tempo, pois seu pulmão fora atravessado por uma katana.
— O quê...?
Caiu no chão agonizando rapidamente, tossindo sangue. Mas, antes de fechar totalmente seus olhos, pôde ver quem o matara. Era um homem de cabelos loiros e olhos azuis, que usava um kimono laranja onde se encontrava o símbolo de seu clã, um redemoinho vermelho.
— Uzumaki... seu... maldito...
O líder do clã Uzumaki mirou a fera enlouquecida destruindo tudo o que via pelo caminho enquanto vários soldados fiéis à Toneri e membros do clã tentavam detê-la com suas katanas, arcos e flechas e kunais sem sucesso. Correu para ajudar quando foi impedido por Himari, que chegara naquele instante com o seu clã e vira a situação.
— Não vá Nagomo-kun, esse monstro irá matá-lo!
— Me solta Himari-chan, eu preciso ajudar meu clã! - gritou, se desgarrando da morena de olhos perolados. A líder do clã Hyuuga o seguiu, puxando a sua katana e ativando o poder secreto do seu clã, o byakugan.
Por mais que tentassem se aproximar ou atacar, os Uzumaki, os Hyuuga e os soldados de Toneri não conseguiam fazer o menor dano à Kurama, que continuava a destruir a aldeia. Os Uchiha, que vieram ajudar, ainda conseguiram ferir uma das nove caudas do demônio, mas era um ferimento tão superficial, que se regenerou no mesmo instante. Subitamente, a Kyuubi abriu a bocarra cheia de dentes afiados e lançou um poderoso ataque contra os clãs, matando uma boa parte deles e destruindo também boa parte da aldeia.
Com muita sorte, os líderes dos clãs e poucos membros sobreviveram à bola gigantesca de poder lançada contra eles. Estavam todos horrívelmente feridos; porém, ninguém havia sofrido um dano tão grande quanto Satoru, que perdeu um braço.
— Satoru-san! - Himari, mesmo coxeando, foi ajudá-lo - O seu braço!
— Não se preocupe Himari-san - disse ele ofegante - Não é a falta de um braço que vai me impedir de lutar.
— Nagomo-sama, o que faremos?! - indagou um dos Uzumaki - Nossas investidas não fazem o menor efeito nesse monstro!
Nagomo não conseguia pensar em algo que pudesse deter a Kurama. Armas comuns e outros ataques não funcionavam, isso era fato; contudo, lembrou-se de um antigo selo mágico criado por seu falecido pai, o Selo Ceifeiro da Morte, cujo uso era proibido e quando usado, retirava a alma do inimigo e em consequência a de seu usuário. Não queria usá-lo, mas não via outra opção.
— Nagomo-sama?
O líder do clã Uzumaki deu atenção ao seu parente.
— Raito, quero que faça um favor para mim.
— O que quiser Nagomo-sama - disse prontamente o rapaz ruivo.
Nagomo chamou a atenção de todos os sobreviventes e falou:
— A sobrevivência da nossa aldeia, de todo o nosso país, depende de nós agora! Esse monstro, cuja origem desconhecemos, deve ser detido a qualquer custo! - apertou o punho da katana - O que farei em seguida custará a minha alma, mas o sacrifício é necessário para o bem de toda a minha aldeia e do meu clã!
— O que pretende Nagomo? - perguntou Satoru já desconfiando da resposta.
— Pretendo usar o Selo Ceifeiro da Morte criado por meu pai nesse monstro, desencarnando-o e o selando dentro de Raito - respondeu e fitou o rapaz assustado ao ouvir aquilo - Como eu disse, custará a minha alma, mas Raito irá sobreviver e será o líder do clã em meu lugar.
Himari não aguentou ter de ouvir um plano tão cruel e coxeou até Nagomo, abraçando-o com lágrimas nos olhos.
— Onegai Nagomo-kun, não faça isso! Deve... deve haver outra maneira de... destruir esse monstro sem precisar ter que sacrificar sua alma! Não faça isso!
Nagomo acariciou seu rosto e manteve-se firme.
— Gomenasai Himari-chan. Mas não há outra maneira.
Disse isso e se afastou. Himari caiu de joelhos, despedaçada com aquela resposta. Sem olhar para trás, o loiro puxou novamente sua katana e, acompanhado de Raito, foram na direção da Raposa das Nove Caudas. O resto do clã, os Hyuuga e os Uchiha foram ajudar dando cobertura, exceto Himari, que ficou para cuidar de Satoru.
Enquanto os Hyuuga cercavam a Kyuubi por cima, os Uchiha a cercavam por baixo, dando tempo para os Uzumaki se prepararem. Nagomo e Raito subiram nas costas da enorme criatura e fazendo complicados selos com as mãos, o loiro invocou o ceifeiro. Não se assustou ao ver o horripilante espírito atrás de si.
"Bem como disse meu otou-san uma vez. O ceifeiro é invisível para todos, menos para quem o invoca."
A criatura prendeu uma faca entre os dentes de navalha e atravessou a mão no corpo do loiro, que grunhiu. Essa mesma mão penetrou o corpo da criatura, e antes que a Kurama pudesse reagir, o ceifeiro retirou sua alma, cortando com a faca. Assim feito, Nagomo selou a alma da Kyuubi em Raito, que perdeu os sentidos durante o processo. O loiro sentiu sua visão escurecer e caiu para o lado, morrendo rapidamente.
* - x - *
Himari ficou desesperada quando viu o amor de sua vida morto. Raito, que já havia acordado, também chorava, assim como todo o clã Uzumaki. Enterraram o loiro quando o dia já começava a raiar; todos os habitantes da vila foram presenciar o enterro do herói.
Após o funeral, os três líderes se reuniram na mansão Uchiha para discutir o que seria feito dali em diante por Konoha e seus arredores.
— Com Toneri morto, é necessário que haja outro governante – disse Himari sem emoção.
— Poderia ser o senhor, Satoru-sama – sugeriu Raito.
— Não, não, eu não levo jeito algum para governar Konoha inteira – falou, dispensando a proposta – Mal consigo chefiar o meu clã.
— Eu também dispenso este fardo – disse Himari – O clã Hyuuga necessita de mim. E se fosse você Raito-kun, pensaria também no clã Uzumaki, agora que você é o novo líder.
— Hai, Himari-sama. Nagomo-sama com certeza diria o mesmo.
Não chegavam a um acordo. Nenhum dos três queria governar a vila, já que sentiam falta de Nagomo. Decidiram então por um dos clãs que consideravam serem mais sábios que os outros, o clã Senju. O chefe deles, Kaijou, aceitou a proposta que lhe fizeram com o intuito de ajudar a reconstruir Konoha. Com o seu governo, viveram uma boa época de paz e tranquilidade.
Por enquanto...
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