zephirat Andre Tornado

Está calor em West City e Bulma decide que precisa de umas férias. Vegeta acompanha-a relutante...


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas. © Dragon Ball não me pertence. História escrita de fã para fã.

#Dragon-Ball #Bulma #VegBul #vegeta #Trunks
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Capítulo Único


Mais um dia quente que dava razão aos meteorologistas que afirmavam categoricamente, no espaço que os serviços noticiosos lhes dedicavam, a seguir ao desporto e antes das reportagens sobre factos engraçados da vida, que a região estava sob o efeito de uma vaga de calor, causada pelos ventos secos que sopravam do deserto situado a muitas milhas de distância. Mas ainda assim, suficientemente perto para provocar variações no clima.


Nada que o afetava diretamente ou que lhe provocasse algum resquício de preocupação. Primeiro porque a câmara de gravidade era climatizada e adaptava-se automaticamente à temperatura considerada ideal para uma sessão de treinos. Segundo porque ele não via notícias, que nunca o tinham informado de nada que valesse a pena. Por último porque ele pouco se importava com os problemas menores de uma raça insignificante como eram aqueles terrestres.


No entanto, ele vivia agora na Terra e não podia escapar-se dessas minudências que eram tão importantes e fundamentais para aquelas criaturas inferiores. Não podia também, ainda que lhe apetecesse muito, descartar-se de convívios mais estreitos com os hábitos e tradições humanas porque ele tinha abraçada a convivência com uma família daquele planeta – coisa que ainda estava por explicar, não bastando a constatação simples de que se devia ao cheiro e ao sabor especial daquela mulher de cabelos azuis que o conquistava sempre que se cruzavam, mesmo que se tivessem visto uma centena de vezes – e Vegeta não teve outro remédio senão acompanhar Bulma e Trunks, o filho de ambos de seis anos, numas mini férias numa estância balnear.


No dia anterior, a caminho da câmara de gravidade onde se treinava diariamente, a mulher fizera-lhe o anúncio, retendo-o contra a sua vontade. Ele levantara uma sobrancelha, não percebendo o que ela lhe estava a dizer. E ela assentara as mãos na cintura esbelta, passando o peso de uma perna para a outra e explicara irritada, pois notara uma qualquer reticência naquele gesto dele de lhe levantar uma sobrancelha:


- Vamos de férias e está decidido!


Vegeta voltara a cara para a parede do corredor, incomodado por não saber o que significava aquela declaração. Ele nunca tinha precisado de férias, nunca as tivera, sempre trabalhara ininterruptamente, não sabia o que isso era e cheirava-lhe a esquema infeliz e costume idiota daquele planeta. E, por isso, resmungara. O que a fizera irritar ainda mais.


- O que foi?! Não me vais dizer que precisas de treinar e que não estás a pensar em acompanhar-me a mim e ao Trunks nestas férias. Nem penses, Vegeta! A cidade está insuportável com este calor e quero passar uns dias junto ao mar.


Tornara a resmungar, apesar de ter afirmado entre dentes que não tinha dito nada daquilo, mas não estava com paciência para ser mais assertivo e Bulma rosnara-lhe de volta.


Ele perdera a discussão e nem lhe apetecia ganhar nada. Concordara, mesmo que forçado, mesmo que não se importasse verdadeiramente. Por isso, Vegeta agora estava mal-humorado, de braços cruzados, no lugar do pendura do aerocarro que Bulma conduzia despreocupada, com um sorriso bonito na boca pintada, cabelos ao vento pois a capota do conversível aéreo estava recolhida. Trunks brincava no banco de trás, inventando jogos, lançando os braços ao alto.


Após uma viagem calma de três horas, na companhia da música do autorrádio – Vegeta não queria aumentar o mau humor e Bulma, pelos vistos, não desejava desfazer o sorriso e perturbar a brincadeira de Trunks – cruzaram um imenso portão dourado, após uma longa reta que exibia palmeiras altas de cada lado da estrada. No muro alvo junto ao portão lia-se o nome do lugar, The Palmtree Beach Club, O Clube de Praia da Palmeira, e o príncipe dos saiyajin revirou os olhos por adivinhar alguns dias de puro tédio.


Bulma estacionou o aerocarro junto à receção, desceram todos. Ela encapsulou o veículo e foi tratar do registo de entrada no clube, para receber a chave do bungalow onde iriam passar as famosas férias. Vegeta enfiava as mãos nos bolsos dos calções – aliás, diga-se que vestia uma roupa ridícula, mas não quis azedar a situação ao criticar aquela camisa florida e os calções caqui pejados de bolsos e bolsinhos que Bulma tinha escolhido para ele e imaginava que outras roupas como aquelas o esperavam nos tempos mais próximos – e Trunks corria de um lado ao outro, descobrindo os pontos de interesse, nunca se afastando demasiado.


Viam-se mulheres com grandes chapéus e vestidos curtos, viam-se homens sorridentes com aspeto desportivo, passavam os carros elétricos do campo de golfe, escutava-se o marulhar das ondas do mar e cheirava-se o odor peculiar da maresia, havia gargalhadas e o calor era tão insuportável como na cidade. Ao menos a sua câmara de gravidade era climatizada, pensou, avaliando que naquele negócio estava a perder, pois para ele era mais incómodo estar ali do que a treinar.


Bulma saiu da receção. Mostrou a chave a Vegeta com o número doze, a identificação do bungalow, como se isso fosse algum detalhe importante a reter, disse-lhe algo que ele não se dignou a escutar, deu a mão a Trunks e encaminharam-se para a morada provisória daquelas férias. Quando aí chegaram, as malas que Bulma tinha despachado desde a Capsule Corporation já tinham chegado. Refrescaram-se cada um com uma bebida gelada que estava disponível no enorme frigorífico que equipava uma cozinha pequena, mas muito funcional. Depois ela anunciou que estava na hora de irem experimentar a praia.


Ele obedeceu com um suspiro. Não lhe seria muito difícil passar aquela provação – bastava ligar o modo letárgico e conseguiria sobreviver ao desafio daquela coisa que se chamava férias. Vestiu um calção de banho azul florido que encontrou na mala que ela lhe tinha preparado, teve vontade de berrar que raio de calção de banho era aquele, mas de certo modo conteve-se pois o rol de roupas ridículas estava apenas a começar, lembrou-se. Calçando umas havaianas, com uma toalha ao ombro, do mesmo azul do calção de banho mas sem as flores (era só que lhe faltava, vestir-se a imitar um jardim!) esperou por ela e pelo filho, com os olhos fixos na porta do quarto.


Trunks saiu primeiro e ele escancarou a boca.


- ‘Tousan! Estamos vestidos de igual!


E era mesmo – o fedelho usava o mesmo calção de banho azul florido, só que de um tamanho adequado aos seus seis anos de idade. Vegeta limitou-se a responder indiferente, após fechar a boca:


- Humpf!


Bulma saiu a seguir e ele arregalou os olhos.


Ela percebeu o efeito que provocou nele, levantou os óculos escuros, sorriu-lhe, piscou-lhe o olho. Usava um vestido vaporoso de um azul que combinava com o calção dele e de Trunks, que deixava ver um biquíni reduzido tão negro quanto os cabelos dele. Carregava uma mala enorme entretecida em palha, as alças sobre o ombro direito, que fazia par com o chapéu, também de palha, de abas extensas, tão redondo e imenso como a nave de Freeza.


Seguiram para a praia que ficava a escassos metros do bungalow e estacionaram debaixo de um dos toldos de lona às riscas verdes e brancas, que se encontravam à disposição dos hóspedes do clube. Por cada toldo havia um par de duas espreguiçadeiras, forradas com pequenos colchões do mesmo padrão, ou seja, riscas verdes e brancas. Trunks correu até à beira-mar com um balde e uma pá de plástico que transportara no curto trajeto da pequena casota de madeira ao areal. Junto às ondas começou a cavar.


Bulma tirou o vestido e Vegeta censurou-a:


- Vais ficar assim?


Ela olhou-o desconcertada.


- Nani? Assim… em biquíni, queres dizer?


Ele apertou os lábios. Ela sorriu-lhe.


- Ora, Vegeta. Estamos na praia! Não querias que eu me tapasse toda com um camisolão de gola alta e umas calças até aos tornozelos, pois não?


- Era uma ideia – resmoneou ele, cruzando os braços.


- Ah, Vegeta… Quando utilizo a piscina da Capsule Corporation também ando desta maneira. – Abriu os braços, espetando o busto para a frente, o traseiro para trás, fletindo um dos joelhos, tão sensual que ele corou. E ela explicou alheia à reação que causava: – Não é a primeira vez que me vês de biquíni. Qual é o problema?


- Não percebo… Se tens uma piscina em casa, por que tinhas de vir para aqui?


Ela fez um trejeito mimado, marcando-o com aquele olhar azul hipnotizante.


- Estar em casa não é a mesma coisa e em casa não se parece nada com férias. E queria sair de West City, já te tinha explicado.


Ele olhou em volta incomodado.


- Aqui está muita gente. Estão… a ver-te!


- Oh!, estás com ciúmes? – riu-se ela.


- Não! – protestou ele indignado, mas voltou a corar.


Bulma passou uma mão pelo peito de Vegeta, suavemente, delineando-lhe os músculos, cativando-o com um segundo olhar azul, ainda mais hipnotizante.


- Vá, querido… Estamos aqui para nos divertirmos. Não penses nessas asneiras, ninguém está a olhar para mim.


Ele respirou fundo, fazendo um daqueles sorrisos típicos atravessados.


- Se eu apanhar algum miserável a olhar para ti, parto-lhe os ossos todos do corpo e enfio-lhe os olhos para dentro do crânio.


Ela retirou a mão zangada.


- Ah, Vegeta! Não vais fazer nada disso! Nem te atrevas a estragar as minhas férias e as férias de Trunks.


A afirmação dela fora engraçada – ele não estava de férias, o que queria dizer que estava apenas a acompanhá-la, mais o filho dela. Ainda bem que as coisas tinham sido esclarecidas. Franziu as sobrancelhas sobre um olhar escuro.


Bulma voltou-lhe as costas e pediu-lhe irritada:


- Anda, passa-me creme protetor nas costas. Quero apanhar um pouco de sol e não quero ficar tostada como um camarão.


O saiyajin resolveu acalmar-se. Afinal, não deveria estragar as férias da senhora cientista e do filho da senhora cientista. Suspirou e fez o que ela lhe estava a pedir. Sem saber muito bem como atuar, mas achando que deveria ser delicado como costumava ser quando a acariciava nos seus momentos mais íntimos, voltou a bisnaga de creme sobre as costas alvas dela, viu sair uma fina serpente de um líquido espesso branco e espalhou-o com a ponta dos dedos, massajando a pele. O seu ouvido apurado escutou um pequeno gemido e inchou-se de orgulho. Poderia gritar-lhe, aborrecê-lo, desdenhá-lo, mas ela adorava o toque dele e essa seria sempre uma vantagem sua.


Depois, como não se encontrava satisfeita com a tarefa desempenhada por ele como espalhador de creme, porque ela era uma mulher difícil de contentar, encomendou-lhe uma bebida fresca, pois estava muito calor. Vegeta não protestou, nunca iria ganhar uma discussão com aquela mulher e, no fim de contas, estava ali como acompanhante da senhora cientista e do filho da senhora cientista, não tinha qualquer opinião. Enfiou as mãos nos bolsos do calção de banho e dirigiu-se à fileira de barracas de madeira que orlavam o começo do areal, resmungando essa constatação.


Pelo curto caminho, fez um reconhecimento breve mas necessário do local, algo que lhe era inato pelo instinto guerreiro, saber sempre que terreno pisava, mesmo que fosse aparentemente inofensivo. O mesmo seria dizer, analisar aquela praia.


O mar era de um azul-turquesa, com uma ondulação mansa. A areia era branca e fofa, como farinha, estava quente de uma forma que não incomodava, que fazia cócegas nos pés descalços. Havia uma vasta paisagem de areia, que possibilitava uma série de estruturas e de apoios para servirem de distração aos frequentadores da praia. Viu castelos insufláveis de cores berrantes onde pulavam crianças, redes e recintos delimitados com fitas onde se jogavam desportos com bola, pelo ar e pelo chão. Num espaço demarcado por bandeiras, colunas de som vomitavam música vibrante enquanto um instrutor motivava os alunos voluntários a imitá-lo nos exercícios de ginástica. Numa zona reservada plantavam-se os toldos para receber os frequentadores da praia, onde Bulma esperava pela sua bebida fresca. À beira-mar havia quem jogasse ténis com umas raquetas de madeira e uma bola pequena de borracha, ou lançasse um disco que subia muito alto. Trunks optara por brincadeiras na água depois de largar o balde e a pá de plástico, fazendo companhia a outros miúdos, os mais pequenos acompanhados dos progenitores, usando acessórios de borracha nos braços e em redor da cintura que os ajudaria a flutuar por, obviamente, não saberem nadar.


Finalmente, a fileira de barracas de madeira compunha a paisagem onde Vegeta parou defronte de um balcão, mãos enfiadas nos bolsos, a mirar o cardápio das bebidas oferecidas naquele botequim que tinha franjas coloridas penduradas no teto, juntamente com bandeiras triangulares e onde se escutava uma chinfrineira animada, destinada a atrair musicalmente os potenciais clientes. Um homem alto, moreno, envergando uma blusa de alças e uns calções, sorriu-lhe como um pateta.


- O que vai desejar, senhor?


Vegeta olhou-o de lado. Não ficara muito entusiasmado com os nomes das bebidas, “sol vermelho”, “tentação verde”, “suspiro molhado” e por aí afora, nem se dera o trabalho de tomar muita atenção à composição de cada uma, escrita em letras mais pequenas debaixo daqueles títulos descabidos. Para ele qualquer coisa serviria, era para Bulma, desde que estivesse fresca julgava que ela não iria ser esquisita nessa questão da bebida. Quando ia fazer o pedido, algo em redor modificou-se dramaticamente. Escutou perto dele:


- Um sorvete de morango, por favor.


Houve um odor doce que o perturbou e olhou descaradamente para o lado esquerdo. Piscou os olhos com aquela visão estranha, os contornos vermelhos de um cometa em brasa, uma estrela a implodir num aroma que lhe fez encher a boca de saliva.


A mulher não tinha uma estatura muito elevada, era roliça exibindo as curvas despudoradamente graças a um minúsculo biquíni vermelho. Calçava uns tamancos cravejados de lantejoulas, vermelhos também, tinha as unhas dos pés e das mãos pintadas da mesma cor. Usava um colar de variadas pedras de diversos tamanhos, que se enfiava entre os dois exemplares descomunais de seios, a ponta do colar saindo junto ao umbigo. Era realmente um par interessante de apêndices mamários, pensou levantando uma sobrancelha. A cara estava tapada em dois terços por uns óculos de sol que mais pareciam a viseira de um capacete de um piloto de uma nave de assalto e os cabelos eram um tufo encaracolado ruivo brilhante, que simulava um rubi incandescente lançando faíscas.


Mas não era a figura da mulher que o perturbava. Era aquele cheiro…


Como saiyajin tinha o sentido do olfato muito apurado e o perfume que ela emanava estava a deixá-lo confuso e inerte, tinha um calibre semelhante de sedução ao perfume de Bulma.


Então, lembrou-se de Bulma, da bebida fresca, de Trunks a chapinhar na água com um calção de banho igual ao seu, da chave com o número doze, do raio daquelas férias… Lembrou-se que deveria resistir ao apelo do olfato, que teria de sair dali, procurar outro balcão para pedir a bebida, senão iria arranjar sarilhos.


A mulher topou-o quando ele arrastou um pé no estrado de madeira que, como num passadiço, unia todos os barracões. Baixou os óculos escuros gigantescos para a ponta do nariz, ele notou as longas unhas vermelhas do dedo polegar e indicador que seguravam na haste dos óculos, compridas e afiadas, que causariam arranhadelas perigosas, fixou a boca grossa escarlate a falar-lhe:


- Olá, lindo. Gostas de morango?


A pergunta da mulher chicoteou-lhe o cérebro. Vegeta pestanejou, como se esse simples movimento de abrir e fechar as pálpebras muito depressa pudesse afastar aquele cheiro que, recordou, já conhecia e que era, efetivamente, o cheiro de morangos maduros, um fruto vermelho que Bulma trincava de uma maneira muito sensual. Ah, sim!, e Vegeta sorriu ao lembrar-se de uma tarde soalheira de primavera, quando espreitava Bulma a comer morangos no salão da Capsule Corporation, de olhos fechados sempre que mordiscava um, a segurar o pé verde do fruto, sinal de que estavam uma delícia. E o cheiro… Bem, o seu olfato nunca o tinha enganado e era o mesmo cheiro que aquela mulher de vermelho exalava por todos os poros.


Entretanto, a mulher pedia:


- São, afinal, dois sorvetes de morango.


Voltou-se para ele, aproximando-se deslizando o cotovelo pelo balcão.


- Bungalow número sessenta e nove.


Vegeta não percebeu e não lhe disse nada. Ela não recuou. Pelo contrário, aproximou-se um pouco mais, deixando-o tonto com o perfume que lhe enchia a mente de um tom encarnado forte, como sangue. Fez um sorriso torto, a analogia era magistral. Morangos. Vermelho. Sangue. A mulher gostou do sorriso dele e piscou-lhe o olho. Entregou-lhe, e antes que ele pudesse reagir, um cone de bolacha com uma bola rosada sobre este com o cheiro requintado que o estava a transtornar. Um sorvete de morango


Ela insistiu, bafejando-lhe o rosto e parte da orelha esquerda:


- Bungalow número sessenta e nove… Estou livre esta tarde.


Vegeta não a ouvia. Fixava-se nervoso naquilo que a mulher lhe passara para a mão. Era comestível e tinha o perfume proibido, ele não conseguiria resistir mais. Passou a língua pelos lábios.


De repente, ela entregou-lhe um segundo sorvete, que ele agarrou com a mão esquerda.


Pelo kami-sama inútil da Terra, aquele maldito fedelho namekuseijin chamado Dende, ele iria sucumbir à tentação e vergar-se àquele pecado! O príncipe dos saiyajin estava prestes a render-se…


- Podes segurar aqui? Para que eu possa pagar os sorvetes…


Sentia o suor na testa, as pernas bambas, os joelhos a fraquejaram, quase a esmagar o frágil cone de bolacha, a suster a sua imensa força para não destruir aquela maravilha que empunhava, a combater o desejo, a tentar inutilmente vedar a irracionalidade.


Então, fechando os olhos, sentindo o corpo endurecer, bloqueando a consciência que lhe pedia que fosse mais forte do que os seus instintos básicos, soltou a língua e passou-a demoradamente pela bola rosada do primeiro sorvete. O creme delicioso, com sabor a morango, enchendo todas as papilas gustativas, fê-lo arrepiar-se até à derradeira célula.


- Guloso! – atirou a mulher com a voz rouca.


Mas nisto surgiu um berro que rasgou, por momentos, a cena pintada a vermelho morango.


- O que é que se está a passar aqui?!!


Bulma, de pernas abertas, braços cruzados, num azul gelado, interpelava furiosa a mulher. Vegeta tentava recuperar do arrepio inicial, mas o sabor de morango tinha-o anestesiado definitivamente.


A mulher fez o mesmo gesto de baixar os óculos até ao nariz para melhor contemplar quem a interpelava.


- Diz, querida?


- Não me trates por querida, sua sirigaita!


- Sirigaita? Mas de onde me conhece para me tratar assim?


- Eu trato-te como eu quiser!


- Olha, este é meu… Se quiseres arranjar um gato igual a este, boa sorte, querida. Lamento muito, mas este belo exemplar já foi caçado. E por mim.


- Esse gato, para tua informação… é meu!


- Oh! Não vejo nenhuma etiqueta, querida.


- Para de me tratar por querida, ou vou-te às fuças.


- Ai, que escandaleira! Modere o tom, querida… A praia inteira já está a olhar para si.


- E eu quero lá saber da escandaleira!


A discussão das duas mulheres não lhe dizia respeito e Vegeta, após engolir a saliva adocicada, deu uma segunda lambidela na bola do sorvete. E outra e outra. Continuou a devorar lentamente aquela especialidade gastronómica, provando, saboreando e deglutindo com os olhos semicerrados, soltando pequenos gemidos de puro prazer. O seu olfato nunca o enganara.


- ‘Tousan, por que é que a ‘kaasan está a discutir com aquela senhora?


Vegeta descobriu Trunks ao lado dele. Encolheu os ombros. Tinha terminado com o primeiro sorvete e atirava com o cone de bolacha para trás. O filho sorriu ao reparar no que ele segurava na mão esquerda.


- Um sorvete? Uau, que bom! Arigato gozaimasu, ‘tousan!


Arrancou-lhe o sorvete das mãos e deu uma enorme mordidela na bola rosada. Vegeta arregalou os olhos escandalizado com a forma ímpia com que o fedelho tratava aquela obra de arte.


- Não!...


Sentiu um puxão, Bulma arrastava-o pelo braço para longe da barraca e da mulher de vermelho com cheiro a morango, bufando, chinelando pela areia afora. Trunks seguiu-os a comer o gelado às dentadas. Ela parou debaixo do toldo das riscas verdes e brancas, espetou-lhe um dedo junto ao nariz.


- O que julgas que estavas tu a fazer, a dar confiança àquela sirigaita?


Mas ele tinha o palato envolvido por uma doçura imaculada a morango. Olhou para Bulma, agarrou-a pelos braços e pespegou-lhe um beijo na boca. Soltou-a com a mesma brusquidão.


- Não sejas idiota, mulher.


Atirou-se sobre a espreguiçadeira, assentou a cabeça nos braços, descerrou as pálpebras, deixou-se embalar pelo calor, pela praia, pelo recente sabor a morango que o fazia estremecer e, de uma forma desconcertante, sorrir.


Depois daquele episódio, as férias foram perfeitas. Vegeta descobriu as maravilhas de uns longos mergulhos no mar, de brincar com Trunks com uma raqueta de madeira e uma bola de borracha, de dançar com Bulma ao pôr-do-sol nas festas do fim do dia, de passeios noturnos a dois à beira-mar sob um manto de estrelas.


Afinal, o The Palmtree Beach Club, O Clube de Praia da Palmeira, revelou-se uma excelente opção para dias demasiado quentes e o bungalow com a chave número doze um refúgio ideal para o príncipe dos saiyajin.


Quando regressaram a West City, assim que entraram na Capsule Corporation, Vegeta puxou Bulma para junto de si e sussurrou-lhe ao ouvido:


- Apetece-me sabor a morango.

28 de Março de 2018 às 13:21 3 Denunciar Insira Seguir história
5
Fim

Conheça o autor

Andre Tornado Gosto de escrever, gosto de ler e com uma boa história viajo por mil mundos.

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Diana  Borges Diana Borges
ola querido amigo, nem acredito que tu postou essa fic que eu amo demais, beijos lindo
March 29, 2018, 00:09

  • Andre Tornado Andre Tornado
    Oi Vica! Estou a publicar tudo neste novo site. Vais aos poucos, mais vai. Obrigado pelo comentário! Beijo! March 29, 2018, 13:13
  • Diana  Borges Diana Borges
    tenho um carinho tão grande por essa fic que fiquei muito feliz ao ver ela aqui. beijos March 29, 2018, 17:31
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