elli_mei Elli Mei

Uma expressão alegre escondia os reais sentimentos do homem maduro, alto e barbudo. “Você pensa que pode esconder sua dor de mim?” Sei que era errado o que sentia por ele. Até então, não queria me aprofundar neste momento. Entretanto, quando você cai de cabeça do sétimo andar, ou cair no amor, ou morre. “Pare de sorrir. Pare de fugir de mim.” Eu não morri, só me restou cair direto aos braços do amor. — Vamos? — Frisk… eu não acho que isso seja uma boa ideia… Meus olhos cintilam num deboche constante por ouvir essas coisas depois de chegar tão longe. — Não importam as regras aqui. Apenas eu e você — Sussurro próximo as suas orelhas que queimavam pela vergonha e excitação. “Eu quero ser aquela que vai te amar como a outra nunca pode.”


Fanfiction Jogos Para maiores de 21 anos apenas (adultos). © Toby Fox

#Undertale #Humantale #PWP #Hentai #Romance #Songfic #Shoujo
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Sentimentos frios

Cantarolei ao caminho da escola recordando-me da nostalgia, algo que passou e nunca mais volta.

Já não era mais uma estudante daquele instituto faz-se anos, mas como me formei para ser professora, não pude desprender-me das raízes que me seguravam.

Com o cabelo maleável pelo vento forte que batia, tão frio que queimava a ponta do meu nariz, seguia caminho até a entrada da escola.


"O tempo está horrível… O que me fez vir até a instituição num ferrado feriado? Oh! Certo! O gosto de agir que nem uma puta e se jogar naquele jardineiro sexy da porra!"


Ri com o pensamento sujo que tive.

As incontáveis ideias de seduzi-lo me vinham à mente e era divertido, imaginava o rubor nas bochechas levemente rosadas do homem maduro, que mais parecia um bebê inocente. Esse se tornou o motivo e o pecado pelo qual não consigo me libertar desta prisão que se chama “Underground”.

But you can set sail to the west if you want to, and past the horizon till i can't even see you ~

Fiquei séria, parada a distância, apenas apreciando a música que ouvira do jardim. A mesma música que cantei ao vir até aqui.

E minha mente se dispersou, cantando a continuação que ele parou:


“Far from here where the beaches are wide,
Just leave me your wake to remember you by”


Suspirei fundo, voltando a andar e seguindo o som de tesouras cortando folhas. 

Os fios loiros logo se tornaram nítidos e derretem meu coração.

Sorrateiramente me aproximei do homem alto que estava de costas, fazendo lindas obras de arte com arbustos. Puxei o fôlego e cantei de onde minha mente parou.

If you be my star, i'll be your sky…

Um riso veio do homem à minha frente, nada surpreso por minha repentina aparição. Logo seguiu o meu jogo.

You can hide underneath me and come out at night, when i turn jet black and you show off your light.

I live to let you shine — Minha expressão neutra desmanchou-se em ternura, com um sorriso mínimo — I live to let you shine…

Aproximei-me mais, o suficiente para tocar sua larga e musculosa costa. E o calor que senti ali era real, mesmo estando coberto pela roupa grossa. Não dava para negar que tudo ali era real.

But you can skyrocket away from me, and never come back if you find another galaxy…

E a música se aproximava do fim. Não podia ver sua expressão agora, mas sabia que a letra lembrava muito nossa situação…


“Se você for meu bote, eu serei seu mar… Eu vivo para fazer você livre”


Far from here with more room to fly…

Just leave me your stardust to remember you by…— Sua voz saiu um pouco rouca nessa parte, talvez lembrando-se de algo passado.

Stardust to remember you by — Finalizei passando meus braços ao redor de sua cintura, o que por sinal foi bem difícil, pois o grandão é o dobro de mim.

As folhas cantam num farfalhar, era a música da solidão, mas estávamos juntos, não tinham porque murmurar assim. Claro que, no fundo eu sei quem atraia esse som.

Asgore era o que trazia consigo o som da solidão.

Com um toque sutil sobre minha mão, fez-me soltá-lo. O homem grandote se virou para encarar-me nos olhos e sorriu falando com a voz doce e grave:

— Obrigado pelo belo dueto, minha doce menina.

Suspirei.

Se alguma vez eu havia sorrido, esqueça. Minha cara se tornou dura de novo, sem expressão. Ele havia quebrado mais uma vez minhas emoções e obrigou-me a pôr a máscara de onde nunca deveria ter saído.

— Senhor Dreemurr, pra que tanta educação com sua amante e futura esposa? — Debochei.

Com os olhos arregalados e as face rubra, fez parecer que estivera horrorizado por ouvir tais palavras saírem de minha boca. O que já não era novidade. Então falou:

— Minha criança! Pare de dizer coisas vulgares! — Repreendeu-me — Nunca vai conseguir um bom moço desse jeito.

Bagunçou meu cabelo. Deixou as madeixas lisas, das quais tanto me esforcei em arrumar, um total desastre. E isto era tão rotineiro que fastidiava, sempre me tratando como a boba garotinha que conheceu a anos atrás. Irritava ao ponto de querer fazer um desastre da imagem que tinha de minha pessoa.

Tanto tempo se passou… Tão amável e paterno… doía ter que ser a pessoa que recebia esses olhares.

Logo a mão que estava acariciando minha cabeça havia ido para longe com o tapa que dei.

O som ecoou pelo jardim e quebrou o silêncio trazendo tensão ao local. Talvez o tenha machucado e me sentia mal por isso, mas não iria pedir desculpas.

— Não sou sua filha. E eu tenho nome — Falei fria.

— M-me perdoe…— Magoou-se um pouco, seu olhar o dizia — Eu não sei o que fiz, Frisk. Mas por favor, se você também me tratar assim eu…

Encarei no fundo dos seus olhos azuis, lindos como o céu puro, limpo. Via a tristeza refletida no fundo, o que tecnicamente deveria matar a beleza destes e trazer as trevas, entretanto, para mim, os tornava ainda mais encantadores e inocentes.

Estava com raiva, porém, apenas de encarar seus olhos, os sentimentos negativos se esfumaçam por completo deixando-me perdida numa doce neblina. Estaria desorientada um pouco mais no êxtase dessas conflitantes emoções se não houvesse tido meus pensamentos interrompidos por desculpas.

— Apenas me dê uma chance de entender onde errei? Eu prometo que vou mudar — Sua mão moveu em minha direção, mas parou ao lembrar da atitude que tive anteriormente e se conteve, as colocando dentro do bolso do macacão.

Ignorei-o brevemente.

Olhei as esculturas que o jardineiro fez. Não foi sempre assim, organizado e lindo. Antes eram um monte de chão cheio de grama e, no demais, concreto selando a vida que hoje brotava.

Asgore era um homem bom, muito bom e não se podia negar. Cedeu sua coroa para a ex, deixou seu lugar ao lado da rainha para um plebeu qualquer e aceitou a vida como um bobo da corte. Sempre se humilhava, dia a dia, nunca tendo seu real valor reconhecido. E o que mais lhe trazia conforto nisso tudo? Apenas cuidar do jardim onde brotavam suas flores, estas carregadas de promessas quebradas que traziam lembranças do quanto falhou até chegar aqui.

Porque eu me importava com isso? Nem eu sabia. Mas o queria proteger e mudar, não seu passado, pois este não se altera, porém o seu presente. Queria com todas minhas forças o tornar livre das correntes que o prendiam e mostrar que um futuro diferente era possível sim!

Bem, estes são apenas os pensamentos de uma jovem de 26 anos, cuja a mente ainda está repleta de sonhos, então não sei dizer ao certo se isso poderia funcionar… Entretanto podia garantir que a minha ilusão era mil vezes melhor do que a depreciação do maior.

Mais uma vez suspirei, cansada de tanto pensar, e sem desviar o olhar, perguntei:

— Você sabe o que eu quero… iria adiantar de algo se eu pedisse? — O amargor se fez notável no final da frase.

Silêncio foi o que tomou o local ao invés de uma rápida resposta.

— … Você iria se arrepender, minha criança. Nem tudo é como um jogo na vida, onde se pode recomeçar do zero quando quiser, e não digo isso para acabar com suas esperanças…

Desta vez me vi obrigada a olhar na cara do bom moço, que mentia ao dizer apenas o que queria, sem levar em consideração o que eu sentia.

— Você diz isso por que não sabe de nada.

— Não. Apenas te dou uma advertência, pois já passei por isso, minha jovem..

O sorriso solitário tentou confortar meu coração, este que foi açoitado pela realidade e maturidade das palavras de um homem que já havia vivido momentos dos quais eu nunca iria entender.

O frio mais uma vez chicoteou contra a pele descoberta de minha face, fez meu corpo tremer e lembrar o motivo de estar aqui, que obviamente não era flertar nem brigar com o jardineiro.

— Você é irremediável, Asgore... Apenas deixe preparado aquele delicioso chá. Irei passar na sala dos funcionários quando tiver terminado — Mudei o tema.

— Oh! Tudo bem. Hoje tem biscoitos também, daquele com gotas de chocolate que você tanto gosta — Seu semblante pareceu radiar animação, todo bobo por algo simples — E proteja-se mais, pois parece que o clima vai piorar.

Bufei em resposta e, escondendo meu rosto entre as mangas do suéter, me despeço antes de deixá-lo só com seus arbustos. Malditos arbustos que ganhavam mais atenção que eu.

Corri às pressas pelo jardim, onde se localizava o atalho mais rápido para chegar a sala de funcionários. O local não era muito conhecido, pois, sendo sincera, apenas Asgore o usava como sua “casa”. Um cômodo de fácil acesso ao corredor onde a sala dos professores ficava e apenas eu podia entrar para cortar caminho.

Um sentimento regozijante palpita em meu peito.


“Talvez eu não fosse alguém menos importante na vida do barbudo”


Que feliz sentia-me ao pensar assim.


{...}


Pilhas de papéis, provas que tinham de ser corrigidas para não atrapalhar com meu tempo

A minha mesa era um total desastre! Não importa o quanto eu tentasse terminar com isto, mais folhas brotavam como ervas daninhas.

Com o olhar preocupado, avistei rapidamente o relógio acima da porta de entrada. O tempo não parecia estar ao meu favor, correndo tão rápido quanto eu realmente queria. E a imagem de Asgore me esperando pacientemente, só, sem se queixar, naquele solitário cômodo fez apertar o meu peito.

Arredia a ideia de ter que cancelar estava, porém parecia ser minha única opção. Eu poderia muito bem esperar até segunda…

Tudo culpa “DELE”. Aquele salafrário, sem vergonha, vagabundo!

Estas tarefas nem são minha responsabilidades, mas o preguiçoso as deixou sob minha costa como se não importasse de minha especialidade ser história. E por que aceitei? A diretora compactua com esse demônio, ambos me pondo trabalho apenas para se safar e continuar seu lindo romance — nada discreto — às escondidas.

Deitei-me sobre a mesa, murmurando pragas para o maldito professor de Física. Aquele nanico troncudo iria pagar por isso, não perdia por esperar.

— Sabe que não precisa fazer horas extras, não sabe? — A voz amigável e calorosa surgiu da porta.

— Papyrus! — Sorri deixando meus afazeres e pulando em seus braços.

— Howdye! Menina! Quanto tempo!

Papyrus era o irmão do demônio, mas não se compara em nada com ele. Chegava a ser um anjo.

O rapaz — diferente do irmão mais velho — nunca acumulava trabalho, um professor de educação física sempre diligente e prestativo, o que me faz questionar sua vinda ao local.

Com a curiosidade estampada na cara, fixei meu olhar sobre o mesmo. Prestes a perguntar, ele cortou o diálogo seguinte, respondendo instantaneamente.

— Meth me contou que viu meu mano relaxando de novo quanto ao trabalho… — Me lançou um olhar de desculpas — Perdão, Frisk. Você está livre agora. Pode deixar que eu cuido de bater nele com essa papelada.

— Obrigada, Papy — Afastei-me e entreguei a pilha, que pesava de tanta prova e tarefa que ele passou. Um absurdo. Cruel professor Sans é — E diga que mandei meus agradecimentos ao Mettaton … e um péssimo fim de semana para o seu irmão.

Segurou a pilha como se fosse apenas besteira, com uma mão, dando conta de tudo com seus músculos bem trabalhados. Se eu não o conhecesse, diria que estava me humilhando por achar que tais papéis pesavam mais de 7 quilos.

O mesmo riu como sempre, de forma peculiar, e enquanto saia da sala falou:

— Nyhehe! Boa sorte, menina! — Fez uma pose tirada de seus super heróis favoritos e com uma piscadinha terminou — Aproveite bem seu tempo, sei que o incrível Papyrus te ajudou. Agora vá. Arrume seu cabelo e passe um batonzinho.

Correu mais rápido que o vento da manhã no frio inverno deixando — eu — a garota confusa para trás.

Logo o silencio ficou e um rubor suave me invadiu a face.


“Como ele soube?”


Pensava, porém era óbvia a influência de Mettaton na vida dele, até mesmo na forma de falar. Não seria estranho se o moreno dos olhos rosados tivesse despertado a perceptividade do loiro.

— Obrigada, incrível Papyrus — Sussurrei.

Com um sorrisinho de canto segui as ordens dadas.

Peguei minha bolsa e procurei, no que parecia um buraco sem fundo que daria para um universo totalmente desconhecido, um batom e espelho. Com muito sufoco os achei.

E depois que me arrumei, com uma cor rubra discreta nos lábios, os cabelos penteados sutilmente com os dedos, a roupa alinhada. Só então fui ao encontro daquele que me esperava na sala dos funcionários.

Meu olhar revisou o relógio acima da porta mais uma vez, certificando-me que iria chegar na hora. Graças aos deuses, estes que ouviram minhas lamúrias, era dado quinze para as cinco. Se isso não fosse uma incrível coincidência, diria que havia sido planejado desde o início.

Uma suave conversa, aperitivos e alegria fugazes me esperavam, sempre muito bem acompanhados do palpitar doloroso de meu coração.

Encerraria aquela tarde com o segredo preso nos doces lábios pintados de um vermelho apagado.

24 de Março de 2018 às 05:11 0 Denunciar Insira Seguir história
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Conheça o autor

Elli Mei Futura artista, desenhista, escritora de fanfic´s que gosta muito de comer sem engordar. "Eis o meu segredo — disse a raposa —, é muito simples: apenas se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos". Antoine de Saint-Exupéry

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