lemonworld Julie Ruin

Sua velha mãe, já falecida – que os deuses a tenham –, diria que havia naquele dia um sol para cada baiano vivo. Chegando à temperatura dos trinta graus na sombra, o sol incessável castigava a nuca de Augusto desde o momento em que este desceu do ônibus e começou a subir a ladeira em direção àquela antiga casinha que parecia ser sua última esperança. Naquela semana, o desaparecimento do jovem Raimundo dos Anjos, 19 anos, na escuridão da Lagoa do Abaeté, tinha dado o que falar. Se conseguisse escrever uma matéria primorosa sobre o ocorrido, Augusto poderia vender a uma boa quantia para algum jornal de Salvador. Poderia, até mesmo, ser contratado. Esta busca por qualquer coisa que o fizesse se destacar tinha o trazido até aqui, nas redondezas do Abaeté.


Conto Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Capítulo único

Sua velha mãe, já falecida – que os deuses a tenham –, diria que havia naquele dia um sol para cada baiano vivo. Chegando à temperatura dos trinta graus na sombra, o sol incessável castigava a nuca de Augusto desde o momento em que este desceu do ônibus e começou a subir a ladeira em direção àquela velha casinha que parecia ser sua última esperança.

Casados há oito meses, Augusto e sua mulher agora esperavam um filho. A notícia da gravidez havia sido recebida com alegria e, por parte de Augusto, também com muita preocupação. Isto porque ele ainda não tinha emprego fixo e lutava para terminar a faculdade de jornalismo. Trabalhava durante o dia e estudava à noite, e já havia precisado trancar o curso por duas vezes, por não ter condições de pagar. Maria, sua esposa, trabalhava como caixa de supermercado e dizia a ele que continuasse firme nos estudos e não se preocupasse, porque os deuses não deixariam seu filho – ou filha – passar fome, desde que mantivessem sua fé.

Mas Maria e a criança que estava por vir eram a única coisa que Augusto tinha na vida. E ele queria poder dar a eles algo melhor do que a vida medíocre.

Estava cansado de fazer bicos por aí. Já havia escrito colunas sociais em jornais de bairro, resenhas do último jogo do Bahia contra o Vitória e panfletos sobre o circuito turístico de Salvador. Quando a necessidade apertava, deixava o orgulho de lado e aceitava bicos que nada tinham a ver com o jornalismo. Por isso, tinha experiência em atividades como lavar telhados e pintar muros de escolas. Mas sua grande paixão era o jornalismo investigativo. E, agora, mais do que nunca, Augusto precisava que sua paixão fosse também sua fonte de renda.

Naquela semana, o desaparecimento do jovem Raimundo dos Anjos, 19 anos, na escuridão da Lagoa do Abaeté, tinha dado o que falar. O corpo ainda não havia sido encontrado, mas era apenas uma questão de tempo. Não era a primeira vez que alguém se afogava naquelas águas traiçoeiras. Possivelmente, o corpo havia se enroscado em alguma coisa no fundo da Lagoa, e por isso não boiou. Se conseguisse escrever uma matéria primorosa sobre o ocorrido, Augusto poderia vender a uma boa quantia para algum jornal de Salvador. Poderia, até mesmo, ser contratado. Por este motivo, ele não queria apenas cobrir as buscas da polícia: Queria trazer novas informações, novas perspectivas.

Esta busca por qualquer coisa que o fizesse se destacar tinha o trazido até aqui, nas redondezas do Abaeté. Suando sob a camisa social, Augusto havia finalmente chegado à casa da senhora que, segundo fontes da vizinhança, havia sido a última a ver Raimundo com vida. A idosa não tinha telefone, então Augusto não sabia se ela estaria em casa. Podia apenas torcer para não ter perdido a viagem.

Nenhuma campainha à vista. Ele bateu palmas e esperou, atento. Logo, a cortina por trás de uma das janelas se mexeu, e ele viu uma cabecinha grisalha aparecer por entre o tecido amarelado pelo tempo. Mas, antes que Augusto pudesse dizer qualquer coisa, aquela cabecinha sumiu, tão rápido como apareceu.

Momentos depois, a porta de ferro e vidro da entrada da casa se abriu com um rangido, e dela, saiu uma senhora baixinha e encolhida, de pele tão escura quanto uma noite sem lua e fartos cabelos brancos, presos em um coque apertado. Usando roupas amarelas, ela parecia frágil, como se fosse desmontar a qualquer momento, mas vinha andando rápido em sua direção.

- Dona Januária? – arriscou Augusto, incerto.

- Entre, entre – respondeu ela, buscando em um grande molho de chaves qual era a correta para abrir o cadeado do portão.

- Dona Januária, com licença, eu sou jornalista, se a senhora não estiver ocupada, eu gostaria de conversar sobre o Raimundo, o menino que desapareceu na lagoa...

Ela parecia não se importar. Talvez nem mesmo estivesse ouvindo-o.

- Entre, entre – disse ela mais uma vez, guiando o rapaz até a pequena sala de sua casa. Naquele espaço apertado havia uma estante, de madeira velha e pesada, onde uma televisão de tubo sintonizava muito fracamente um canal religioso. Porta-retratos com fotos em preto e branco da extensa família e toalhinhas de crochê completavam a decoração. Um sofá de três lugares com almofadas floridas se espremia em uma parede – a da janela –, e, na outra, um velho de pele tão escura e cabelos tão brancos quanto Dona Januária repousava de olhos fechados em uma cadeira de balanço de estofado vermelho.

O lugar todo cheirava a arruda.

- Veja, Serafim, temos visita! – disse ela, dando tapinhas no ombro do velho.

Seu Serafim acordou de seu descanso e olhou ao redor, passando por Augusto, e balançou a cabeça afirmativamente, mas não disse nada.

- Sente-se, querido – disse ela agora a Augusto, empurrando-o para o sofá. – Quer café?

Augusto aceitou, e Dona Januária desapareceu pelo corredor. Seu Serafim parecia ter voltado a dormir, então Augusto resistiu ao impulso de puxar conversa e esperou pacientemente, em silêncio e sem conseguir ficar à vontade. Logo, o cheiro de café inundou a sala, sobrepujando o cheiro de coisa velha e mofada vindo do sofá e o cheiro de arruda vindo de não se sabe onde.

Dona Januária voltou trazendo duas xícaras de café. Uma para ela e outra para Augusto. Ele provou: Era café puro, forte, feito no coador de pano e sem açúcar ou adoçante. Um pouco forte demais para seu gosto, mas Augusto não quis ser mal-educado.

- O que faz aqui, querido? – perguntou ela, sentando-se na ponta oposta do sofá e bebericando do café.

- Dona Januária, estou investigando o caso do Raimundo dos Anjos. Alguns vizinhos me disseram que a senhora foi a última pessoa a vê-lo com vida, passeando perto da Lagoa. Eu gostaria de falar sobre isso. A senhora se lembra de ter visto algo fora do normal naquele dia?

- Ah sim, aquele menino... Bem, se fui a última a vê-lo com vida, não sei dizer.

- Como assim? Havia mais alguém no Abaeté?

- Se havia mais alguém, não sei lhe dizer. Eu fui embora quando terminei de lavar os lençóis, e o menino continuou por lá, molhando os pés na água. Eu lhe disse para ir para casa, mas ele não me deu ouvidos. Se Serafim ainda pudesse andar, eu teria o chamado para enfiar juízo naquela cabeça oca.

Augusto sentiu uma grande tristeza ao imaginar Dona Januária, que já devia ter seus oitenta anos, lavando suas roupas na Lagoa, à moda antiga.

- E ele estava nadando muito fundo? Talvez estivesse bêbado?

- O Abaeté não é só uma lagoa escura arrodeada de areia branca, filho... – disparou a velha. – Eu sempre vou embora quando começam os sussurros. Não é bom passar muito tempo naquela Lagoa, principalmente homens casados. Ela te seduz e te puxa para baixo.

Augusto havia sido avisado de que talvez Dona Januária não fosse uma fonte muito confiável. Os vizinhos tinham dito, dando risada, que ela era muito supersticiosa e que isso havia afetado seus miolos. Era por isso que a polícia não a havia incluído nas investigações. Mas Augusto, em seu desespero, havia escolhido dar a ela uma chance mesmo assim. Era um tiro na escuridão, e agora, como um homem da ciência, ele tentava enxergar uma explicação lógica nas crenças de Dona Januária.

- Há correnteza na Lagoa? É isso que a senhora está dizendo?

- Correnteza? Não, querido! É uma lagoa, não há correnteza. Lavo minhas roupas no Abaeté há quase cento e cinquenta anos, e nunca ouve correnteza – Dona Januária fez uma pausa, terminando seu café, para então continuar. – Ela é não faz mal nenhum para nós, mulheres. Nós fazemos oferendas e ela nos deixa lavar as roupas. Mas ela não gosta dos homens, principalmente os casados. Já vi escravos e senhores de engenho serem engolidos por ela.

Dona Januária era a fonte menos confiável de toda a Bahia. Falava coisas que não faziam sentido algum, e certamente, tinha um grau avançado de esquizofrenia. Augusto sentia-se frustrado por não ter conseguido nada para sua matéria sobre o desaparecimento de Raimundo, mas, ao mesmo tempo, sentia-se compelido pela curiosidade. Queria ver até onde aquela loucura iria levá-los.

- “Ela”? – perguntou. A velha falava do Abaeté como se fosse uma pessoa.

- Uiara é seu nome. Alguns dizem que ela é filha de Oxum, outros dizem que é filha de Iemanjá – respondeu ela, simplesmente.

- Pois eu digo que ela é filha do próprio Encardido – disse uma voz rouca, e Augusto quase deu um pulo de susto. Era Seu Serafim que falava. Havia acabado de acordar, e, ainda em sua cadeira de balanço, acendia um cachimbo. – Sempre tentava me seduzir quando eu ia buscar as crianças brincando na areia. Sussurrava coisas em meus ouvidos. Mas eu me mantive forte com a ajuda dos orixás.

Seu Serafim segurava com força algum amuleto em seu pescoço, e Dona Januária, com o olhar perdido, balançava a cabeça em afirmação. Augusto percebeu a perda de tempo que era ficar ali. Aqueles dois não lhe poderiam dar nenhuma informação útil, e, mesmo que pudessem, ninguém confiaria na palavra de dois velhos esquizofrênicos e supersticiosos. Ele terminou seu café e pediu licença para ir embora, tentando ser o mais educado possível.

- Muito obrigado, Dona Januária e Seu Serafim. Conversar com vocês me ajudou muito em minha pesquisa. O café estava excelente. Mas tenho que ir agora, ou vou perder meu ônibus.

- Eu vejo em seus olhos, filho – disse Seu Serafim, fazendo menção de se levantar da cadeira, mas sem conseguir de fato. – Você é fraco. Precisa de proteção, ou ela vai te pegar também.

Augusto não entendeu o que ele queria dizer. Frustrado como estava, queria apenas ir embora. Mas Dona Januária fez com que ele esperasse de pé, parado à frente de Seu Serafim, enquanto ela ia até o quintal. Voltou alguns minutos depois com diversas ervas na mão. Pelo cheiro, Augusto deduziu que eram alguns ramos de arruda, alecrim, talvez louro também.

Seu Serafim pegou os ramos e os chacoalhou na frente de Augusto, passando as folhas por todo o corpo do jovem aspirante a jornalista, enquanto murmurava palavras ininteligíveis que formavam algum tipo de prece.

Mas Augusto não acreditava em nada disso, e quando finalmente conseguiu ir embora, deixando os dois velhos para trás, ficou aliviado. Por um momento, sentiu-se triste e abatido, mas lembrou de seu filho que estava a caminho. Precisava conseguir alguma coisa. Precisava disso pelo futuro de seu filho.

Tentando manter os ânimos, desceu pelas ruas até chegar às margens do Abaeté. A areia branca e quente das dunas entrava em seus sapatos, mas ele seguiu em frente. Havia, por ali, alguns quiosques com lanchonetes e casas de artesanato, embora estivessem todos fechados naquele dia. Mais à frente, um parquinho infantil. Superstição era coisa de gente velha e ultrapassada; hoje, todos sabiam que não havia assombração nenhuma no Abaeté.

O vento zunia por entre as folhas das árvores. Augusto concluiu que, depois de algumas horas de sol na cabeça e algumas doses de cachaça, não havia cabra-macho que não ouvisse sussurros no farfalhar das folhas. Ele mesmo parecia estar ouvindo coisas. Precisava de água fresca para se hidratar. O gosto amargo do café de Dona Januária ainda estava em sua boca. Subitamente, a água escura do Abaeté lhe pareceu muito atrativa.

Augusto se aproximou da margem da Lagoa e, juntando as mãos em formato de concha, levou um punhado de água à boca. Era refrescante. Quando terminou, ele percebeu uma garota morena, de longos cabelos negros e olhos verdes, banhando-se naquelas mesmas águas, submersa até a cintura. Ela o olhava com curiosidade e travessura, parada a apenas alguns metros de distância.

Ela era linda e jovem e despertava algo no interior de Augusto, mas ele tentou se forçar a não pensar nisso. Afinal, ele era casado com Maria, e logo seria pai. Precisava ser um homem ajuizado.

- Me desculpe, não tinha te visto aí – disse ele com vergonha, quebrando o silêncio.

- Nunca te vi aqui – disse ela, inclinando a cabeça para o lado com um sorriso.

- Não sou frequentador – confessou ele. – Estou de passagem.

- E o que te trouxe até aqui?

- Sou jornalista. Estou investigando a morte de um menino, aqui no Abaeté.

- Foi nesta semana, não foi? Ficou cheio de policiais, aqui.

Ocorreu a Augusto que talvez aquela garota tivesse algo a lhe dizer. Se ela tomava banho na Lagoa com frequência, talvez pudesse acrescentar algo à sua matéria.

- Você o conhecia? – perguntou ele. – O Raimundo, você o conhecia?

- Não muito... Só de vista. Ele vinha bastante aqui, antes, mas já fazia tempo que não vinha. Disseram que ele engravidou uma menina e teve que se casar com ela, por isso não podia mais vir brincar. Acho que é verdade. Da última vez que o vi, ele tinha uma aliança dourada no dedo. Muito bonita.

As palavras que saíam da boca vermelha daquela garota eram como uma melodia que encantava Augusto. Ele não pensava mais em Maria, nem em seu filho. Só pensava naquela garota na água. Ele a desejava.

Vendo que Augusto não lhe dava resposta, a garota riu. Como um anjo riria. Então, ela prosseguiu.

- Os bombeiros vasculharam a Lagoa toda e não acharam nada. Eu estava assistindo ao longe. Mas tem um canto que eles não vasculharam direito. Lá – disse ela, apontando para um ponto distante, próximo à margem oposta da qual estavam. – Tenho certeza. Se Raimundo se afogou nesta lagoa, só pode estar lá. Você sabe nadar? O que acha de irmos procurar? Tenho certeza que iriam nos dar uma grana de recompensa.

Sem pensar, Augusto tirou suas roupas e entrou na Lagoa. De início, a água era gelada, mas ele logo se acostumou. E ele não conseguia tirar os olhos daquela morena, que dançava e se divertia à sua frente. Ela mergulhou, e Augusto foi logo atrás, seguindo nado até onde ela havia apontado anteriormente.

Ele não prestou atenção no caminho, nem em nada ao seu redor. Apenas nadou, como se estivesse funcionando no modo piloto automático. Em certo momento, vislumbrou escamas esverdeadas brilhando na água, provavelmente um cardume de peixes. Quando se deu conta, a garota estava em seu colo, seus lábios vermelhos muito próximos dos seus.

- É aqui – disse ela, arfando. – Chegamos.

Os pés de Augusto não tocavam o chão, e era difícil manter-se na superfície tendo a garota no colo, mas ele não ligava. Desejava a garota com todas as suas forças, e a teria ali mesmo. Ele se inclinou para um beijo fervoroso, mas ela virou o rosto, ainda sorrindo e sem sair de seu colo.

- Não – murmurou ela.

Augusto agora estava afundando. Ele queria voltar para a superfície, queria beijar aquela morena tão linda, mas parecia haver um peso em seus ombros. Ele batia os braços, em vão, mas conseguia manter a cabeça fora da água por apenas milésimos de segundos antes de afundar de novo.

Debaixo da água, ele abriu os olhos para tentar ver e entender o que é que o estava fazendo afundar. E tudo o que ele viu foi a garota, rindo. E tudo o que ele ouviu foi o lamento de todos os condenados que vieram antes dele. Olhando mais para baixo, para o fundo do lago, Augusto teve a impressão de ver uma pilha enorme de ossos humanos em meio às algas que se enrolavam em seus pés e o puxavam para baixo.

Ele respirou água e se engasgou. Mas, surpreendentemente, o cheiro de arruda da casa de Seu Serafim e Dona Januária veio para preencher todos os seus sentidos, e ele viu a cauda de sereia da garota e entendeu. Aquela era Uiara, que arrastava homens casados para o fundo do Abaeté e os matava. Ele, tolo, tinha sido ludibriado e enganado. Sem esperanças, percebeu que eixaria para trás Maria com um filho no ventre.

Não. Não poderia fazer isso com sua esposa. Augusto era filho de mãe solteira, e conhecia o sofrimento. Não queria que sua mulher e seu filho passassem pelo mesmo. E Maria era a única coisa que ele tinha. Era o motivo que ele tinha para acordar todos os dias e ir buscar um emprego. Para estudar. Para tentar ser alguém melhor. Não podia fazer isso com ela. Uiara agora o segurava pelo tornozelo e o puxava cada vez mais para baixo. Augusto se debatia, desesperado, lutando para sobreviver.

Com um esforço colossal, ele conseguiu chutar o rosto de Uiara, que o soltou por um momento. Era o suficiente. Augusto nadou com todas as suas forças, buscando a superfície. Seus pulmões queimavam, desesperados por ar. Quando finalmente viu a luz do sol novamente, aquele sol que tanto ardia e queimava, ele não teve tempo de ficar feliz ou aliviado. Apenas nadou o mais rápido que pôde, dando largas braçadas para alcançar a margem. Uiara seguia em seu encalço, seus dedos roçando as pernas de Augusto por várias vezes, sem conseguir agarrá-lo de fato.

Sem saber como, Augusto conseguiu alcançar a margem e arrastou-se pela areia fervente. Uiara não tinha pernas, era metade peixe. Não poderia pegá-lo na areia. Mesmo assim, ele queria ganhar a maior distância possível. Seus sentidos e seus pulmões cheios de água, no entanto, não o estavam ajudando. Sua visão ficava cada vez mais escura e embaçada, e ele tossia, caído de bruços e incapaz de se levantar.

- Volte para as profundezas, Uiara! Este aqui não te pertence! – ordenou uma voz de mulher, parecendo estar muito distante.

A última coisa que Augusto viu antes de desmaiar foi um vulto, tão negro quanto uma noite sem lua, de fartos cabelos brancos e vestindo amarelo, aproximar-se dele e colocar a mão em seu ombro.

- Venha, filho. O Velho Serafim vai cuidar de você. 

18 de Março de 2018 às 02:03 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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