elli_mei Elli Mei

[...] Como a fria garrafa queimando as gemas de seus dedos. Era assim que Dirk se sentia nos últimos cinco anos, e conforme o tempo passava iria piorando, queimando, ardendo, machucando. O loiro não parava de se perguntar - "Até quando isto vai durar?" - Sabia que uma hora ele haveria de perder o controle e sua patética utopia iria ruir a baixo com todos os seus esforços de manter o que não existe [...]


Fanfiction Comics Para maiores de 18 apenas. © Andrew Hussie

#Romance #Ecchi #AU #Homestuck #DirkJake #Dirk Strider #Dirk #Jake English #Jake #Lyricstuck #Oneshot
Conto
0
7.8mil VISUALIZAÇÕES
Completa
tempo de leitura
AA Compartilhar

Hurts like hell

“Sonhos lutam com máquinas,

Dentro da minha cabeça como adversários.

Venha lutar lutar para me libertar,

Limpar a partir da guerra.

Seu coração se encaixa como uma chave,

na fechadura da parede.

Eu o entrego, eu entrego,

Mas eu não posso escapar.”


 O som da ponta do lápis batucando contra a mesa de madeira chama a atenção de Roxy. A garota curiosa se aproxima sorrateiramente para espiar por detrás do que seu amigo, que furiosamente escrevia como se sua vida dependesse disso.

 “Uma canção nova” — Pensou ao ver a letra que empunha tamanha emoção, fazendo menção a um certo alguém.

— Ei, garoto sensação! — Falou assustando o outro — Jake de novo?


[How can I say this without breaking?]

[How can I say this without taking over?]


 Dirk respira fundo e, sem poder esconder, assente positivamente enquanto a garota lhe afaga os cabelos loiros.

— Você tem que parar de se preocupar ou vai ficar calvo cedo, cedo.

Ele riu.

— Tem razão — Se levantou da cadeira — Então, vai uma fanta pra acalmar o climão e comemorar minha calvície eminente?

 Para a Lalonde, a frase soou com um duplo sentido do qual não pode conter o riso. Aos olhos da garota isso parecia um convite decentemente indecente se parasse para pensar na “Fanta” da qual se referia.

— Ainda bem que é Fanta — Falou rindo — Mas não. Obrigada, Mister Fanta.

 O rapaz captou sua mensagem e com um sutil e delicado — Dane-se — saiu da sala e foi pegar sua bebida gaseificada com altos índices de açúcar e saborizada a laranja.

 Entre Roxy e Dirk não haviam segredos, ambos se entendiam e até mesmo admiravam algo no outro. A amizade dos dois perdia apenas para a de Jake e Dirk, porém esta vinha com altos e baixos dos quais não valia nem a pena citar.


[How can I put it down into words?]

[When it's almost too much for my soul alone]


 Como a fria garrafa queimando as gemas dos dedos dele, era assim que Dirk se sentia nos últimos cinco anos e com o passar do tempo iria piorando. O loiro não parava de se perguntar — “Até quando isso iria durar?” — Sabia que haveria de perder o controle e sua utopia tão bem construída iria ruir ao chão.

 Porque todo esse drama quando o dia brilhava e o clima era agradável? Simplesmente por causa do convidado que viria apenas para causar um desastre no coração do rapaz que nunca mais soube o que era paz.

 Como a fuga não era algo considerável de sua parte, apenas iria lutar e enfrentar o problema de frente.

 Voltou para a sala e esperou, inquieto, ao lado de sua melhor amiga, às horas passarem numa lentidão infernal. Não havia silêncio no recinto, pois a Lalonde, sempre animada, lhe mostrava algo ou fofocava dos crushes infinito. Todavia Dirk não conseguia relaxar com todas as borboletas subindo pela boca de seu estômago.

 Vezes ou outra conseguia se entreter com alguns assuntos e assim, fingindo não notar, a hora de Roxy ir e Jake vir, chegou.

 O nervosismo socou o estômago do garoto, mas se encheu de coragem e se despediu de sua amiga.

— Então… até — Perguntou um pouco triste por o abandonar assim, porém sabia que era necessária privacidade — Qualquer coisa, me liga ou manda mensagem!

— Certo… Obrigado, Roxy — Falou imparcial.

 Um último abraço selava a despedida que,, por coincidência, colidiu com a chegada mais que pontual da terceira pessoa.


[I loved, and I loved, and I lost you]


— Eh… Não queria atrapalhá-los, mas… — Uma voz grave surgiu — Olá? Ou talvez eu deveria voltar mais tarde?

 Os dois pularam pelo susto e se afastaram ao ver o amigo — Jake English — parado a centímetros com a cara ruborizada.

— Não… Seu bobo, eu já tô de saída — Roxy foi quem teve coragem de quebrar o silêncio.

— T-tem certeza?

— Sim! Certo, Dirk? — Deu uma cotovelada no loiro que parecia estático.

— Hurrum — Foi sua única resposta.

— Ok…


[And it hurts like hell]

[Yeah, it hurts like hell]


 Roxy suspirou por saber o joguinho que  Strider estava fazendo. Se negava a fazer parte desse plano apenas para causar um mal-entendido, afinal, sabia quem seria o machucado dessa situação… e obviamente não seria o ingênuo Jake.


[I don't want them to know the secrets]

[I don't want them to know the way I loved you]


 Antes que piorasse mais ainda as coisas, ela bagunça os cabelos de Jake enquanto se despedia do mesmo:

— Fine. Até, "JakAss" — Brincou e, depois de lhe dar um tapa na atraente bunda enfatizada pelo micro-short, seguiu seu caminho.

— Uou! A senhorita é atrevida! — Riu fazendo uma pose orgulhosa para não a deixar numa situação incômoda, pois era uma preciosa amiga. Aproveitou e, enquanto ainda a tinha a vista, se despediu com um breve — Até outro dia, Roxy.

— Já terminou de flertar? — Perguntou o rapaz de óculos escuro que até então estivera apenas a observar.

— Com todo o respeito, Dirk! Eu nunca daria em cima da sua nam-

— Entra — O interrompe antes que falasse alguma asneira. Andou até a entrada do apartamento — E fecha a porta.


[I don't think they'd understand it, no]

[I don't think they would accept me, no]


 O rapaz de olhos verdes estranhou a pouca educação de seu melhor amigo, porém fez o que lhe foi mandado e o seguiu até a sala. Jake tagarelava tanto que até esqueceu o ocorrido por estar tão agitado. Ele tinha boas notícias e queria compartilhá-lo com seu comparsa e longa data enquanto viam um filme maravilhoso — Avatata — .

— Senta aí, mano. Vou preparar a pipoca pra comermos! — Falou sem dar tempo do loiro o questionar.

 “O que poderia dar de errado? Ele conhece o local tão bem quanto eu” — Pensou Dirk ao relaxar.

 Por um breve instante fechou os olhos e conseguiu imaginar, sentado no sofá sintético e estiloso, como seria bom o ter todos os dias em sua casa. Toda hora, todos os meses, o ano inteiro. E um sonho pretensioso passou como um flash: Dirk via com clareza um Jake bobo sorrindo ao acordar do seu lado, sorrindo ao dizer “ohayo, senpai” e repetindo palavras carinhosas que o loiro dizia em outra língua…

— Aishiteru — Pensou alto.

— Aishiteru?

 O loiro estremeceu, ficou com a face rubra e abriu os olhos, que graças aos óculos foda, conseguiu esconder o quão surpreso estivera por ouvir um “eu te amo”. O coração dele não parou, pelo contrário, deu um salto tão grande que Dirk jurou quase ter visto o mesmo sair pelo peito de tão forte que bateu.

— Dirk, o que é “Aishiteru”?

 O sorriso carinhoso repousou nos lábios carnudos do garoto que esperava uma resposta enquanto arrumava a pipoca e os copos de refrigerante sob a mesa de centro.

— Significa, “estou feliz pra cacete” em Polonês — Sorriu de canto pela própria estupidez dita.

— Oh… Sério?

— Super sério.

— Hum… Então… — Pensou — Aishiteru, Dirk!

 Que euforia estava o coração de Dirk! Nem em seus mais tentadores sonhos imaginou que isso poderia acontecer um dia!

A boca entreaberta o traía, queria ele poder segurar a vontade, todavia era mais forte que o mesmo… Então disse, se sentindo patético:

— Ashiterumo, Jake — Sussurrou docemente.


[I loved, and I loved, and I lost you]

[I loved, and I loved, and I lost you]


— E isso, o que significa?

— Isso? Significa, “Eu também tô feliz pra cacete”.

O garoto moreno sorriu alegre e então lhe passou o celular.

— Aqui, sabe a senha. Vai ficar mais feliz ainda quando souber o que rolou.

— …

 English deu de costas para o Strider e foi procurar o CD na estante ostentosa que empunhava troféus ridículos de doujin-alguma coisa e robótica maluca.

 Com mais privacidade para organizar os sentimentos, Strider abre o celular com a senha vergonhosa de fácil do amigo — Data de aniversário —.

 Despreocupado com o que iria ver, o maior nem se preocupou muito com suas redes sociais e pv’s, pois Jake não tinha nada, literalmente, a esconder. Graças a ajuda de uma das melhores hackers o loiro sabia do que rolava na vida virtual do garoto, mas se sentia um pouco mal com isso, admitia, pois o moreno nunca lhe chegou a mentir gravemente, a não ser que fossem surpresas para o próprio.

 Um pouco amuado, sem saber o que poderia ter de novidade alí, entrou no atalho escrito “Dirk, leia isto, mas não fuce nada!”. Sem mais enrolar acessou um app que dava para um chat no Pesterchum.

 A conversa parecia ser de uma semana atrás, mas foi o bastante para causar um grande impacto no que lia.


[I loved, and I loved, and I lost you]

[And it hurts like hell]

[Yeah, it hurts like hell]

 

 Um garoto se encontrava perplexo perante o convite descarado da vadia Serket para o que considerava melhor amigo, futuro namorado em sonhos, e inseparável companheiro. Continuou a ler, vendo que o relacionamento havia se estabelecido há apenas dois dias.

 Não queria admitir, mas algo dentro do adolescente maneiro e de postura firme acabava de se romper em pedaços que não poderiam ser facilmente reparados.

 Agora tudo era catastrófico, a beira de um colapso do qual as lágrimas queriam ser as convidadas de honra. Todavia segurava firme os sentimentos e os destruía com sua racionalidade ao pensar que — “Esse seria o melhor” — para o garoto dos olhos verdes como uma densa floresta… floresta da qual ele jamais poderia adentrar.


[Dreams fight with machines]

[Inside my head like adversaries]


— Dirk? Você tá me ouvindo, mano? Carambolas!

 O moreno o despertou de seu conflito interno.

 A presença que antes causava borboletas no estômago do Strider, agora o enchia de dúvidas e melancolia sob sua real intenção.

— Jake… Porque ainda está aqui? — Falou firme, sem esperar uma resposta de fato.

— Do que você está falando? O filme já vai começar!

 Como se não soubesse — E Jake realmente não sabia — a situação que criara, continuou assistindo o filme enquanto destruía, com uma simples conversa no pv, os sonhos quiméricos do garoto que também tinha sentimentos.

 Para Jake, hoje o dia era perfeito, finalizando com chave de ouro numa boa conversa com seu “brother”.

 Já para Dirk, o dia era horrível.

 E assim o silêncio predominou, pois o filme ridículo havia começado.

 Mais uma vez às horas passaram, porém agora vagavam mortas para quem teve o coração partido em pedaços, e o rapaz dos olhos âmbar divagava em pensamentos. Vezes ou outra as mãos dos dois se encontrava dentro do balde de pipoca, o que causava uma dor interna em Dirk, pois este apenas queria agarrá-lás e dizer “Não me deixe”, então nunca mais o soltar.

  “Que situação de merda” — Pensa Dirk.


[Come wrestle me free]

[Clean from the war]


 O filme terminou e Jake se levantou empolgado para o momento mais gay da sua vida.

— Espera… Jake? — Chamou tarde, não conseguiu o deter — Droga.

 Com os óculos escurecendo a vista já levemente embaçada, se viu forçado a seguir o moreno hiperativo, então levantou e subiu as escadas lentamente, sem alguma vontade, até seu quarto.

 Mal abrira a porta e se deparou com a visão de um garoto debruçado em sua cama com uma cara de — “Vamos conversar” —.

 O Strider não entendia como ele podia ser tão inocente numa situação dessas, com seu pijama já posto a esperar sorridente. Isso o fez suspirar pesadamente e sorrir de canto ao falar:

— Ok, Bro. Vamos sair do closet e falar como duas bichinhas a noite inteira do jeitinho nos ”amamos”— Brincou, falando de forma irônica, e cruzando os braços.

— Yes! — Brilhou feito uma criança que acabara de ganhar o melhor presente do mundo — Obriga-

— Mas antes — O interrompeu ficando sério de novo — Vai tomar seu banho.

 O outro murchou um pouco.

— Mas eu tomei um antes de vir pra cá, poxa!

— Shiu! Direto pro banheiro ou nada de papo.

— Mas… eu....

— … Jake, banheiro, agora.

— … —

— Vaza —

 A aura predominante e estrita do maior fez com que Jake saísse da cama silenciosamente e entrasse no banheiro como um fantasma.

 English pensava que era boba toda a fixação dele por limpeza e não fazia ideia de quem iria se importar se ele tomasse ou não os benditos três banhos ao dia! Era um desperdício de água! Todavia respeitava a opinião do amigo, melhor, temia decepcionar ou chateá-lo por algo besta como um banho.

 Enquanto isso, fora da torrente de água fria que alguém levava, Dirk tirava as roupas e colocava no cesto. Era um ritual próprio, pois sabia que demoraria no banheiro, então deixava o que podia pronto o quanto antes.

 O Strider pegou suas coisas e foi para o banheiro do corredor. Ao entrar já se sentiu bem-vindo e acolhido pelo cheiro de limpeza e shampoo de maçã que o local exalava. E num piscar de olhos o garoto, pálido, já se deliciava do frescor que a água gelada deixava sob sua pele quente.

 “Como alguém podia não gostar dessa sensação” — Soltou um riso que foi abafado pelo som da água caindo.


[Your heart fits like a key,]

[Into the lock on the wall]


 Deixou sua alma, mente e coração serem lavados, ficando transparentes sob suas próprias emoções. Já não tinha mais “cor”. E depois de terminar, respirou fundo, já não era Dirk Strider que estava loucamente apaixonado pelo moreno que o esperava no quarto, agora era apenas o “melhor amigo” de Jake English.

 O loiro voltou pronto, desta vez se deitando ao lado do amigo que não calava a boca e falava como um inferno.

— Você demorou! Eu cansei de te esperar aqui! Tava quase ligando seu vídeo-game e fuçando seus saves pra passar o tempo! — Blá, blá, blá — Mas, me diga, o que tava fazendo!?

— Quer mesmo saber? — Ergueu uma das sobrancelhas e sorriu.

 Fez-se silêncio.

— Urgh! Strider! Você é um pervertido! Guarde essas informações para você — Corou ao falar e ainda tacou-lhe um travesseiro.

— Ha, ha… Não sabia que lavar o cabelo era algo errado.

 Jake sentiu uma imensa vontade de se enterrar, pois parecia ser o único com cara de otário, ele só não sabia que Dirk tentava parecer calmo quando também se sentia uma porra voadora por fazer esses tipos de brincadeiras.

— Certo! Vamos falar sobre algo mais importante que suas duchas lendárias… — Deu uma pausa para que o amigo perguntasse.

 O coração congelou, sabia bem o que viria, porém não queria ouvir.


[I turn it over, I turn it over]

[But I can't escape]


— E existe algo mais importante que minhas atividades radicais no banheiro?

— Por incrível que pareça? Sim!

— Uau… Sério?

— Super, Sério.

— Legal, Bro.

— Sim!

— Hum…

 Jake pulou na cama e se sentou irritado pela paspalhadice de seu amigo. Então gritou:

— Pelas barbas dos profetas! Dirk Strider! Perguntar o que seria essa tão importante informação não irá te matar!

Ele suspirou.


[I turn it over, I turn it over]


— Meu caralho alado, Jake. Tá! O que foi que rolou de tão irado que superou a minha fodida ducha lendária? — Fez careta.

 Com um sorriso encantador de volta ao rosto, o dos olhos verdes abraçou um travesseiro… ou melhor dizendo, um dakimakura aleatório do Naruto.

— Cara, Aranea Serket me pediu em namoro! — Se jogou como uma mocinha na cama e suspirou — Dá pra acreditar?

— Que você é um viadão e esperou a mina te pedir em namoro? — Ele debochou — É, dá sim.

— Dirk, como ousa duvidar da minha sexualidade?

— Não foi isso que eu falei… mas se serviu… então é, bakayarou.

— Falou o pegador — Ironizou enquanto se preparava para atacar.

— Respeita o mestre, pupilo. Eu tenho um harém 2D que você nem sonha em ter. Sabe que só não pego ninguém porque…

— Por quê? — O moreno perguntou curioso, mas ainda na posição de ataque.

Por que é de você quem eu gosto, seu baka” — Pensou com pesar.

— Foda-se. Se eu quisesse, pegava fácil até tuas vadias azuis inexistentes — Lançou um sorriso debochado.

— Oras, seu! — Pulo em direção do loiro e lhe deu uma travesseirada — Agora é guerra! Irei te destruir, Strider!


[I loved, and I loved, and I lost you]


 “Mas você já me destruiu, apenas não sabe ainda” — Dirk recuou e pegou um travesseiro para se defender dos combos macios, porém agressivos, de tecidos recheados com algodão.

— Pode vir, vou chutar essa sua bunda pra fora da minha cama.

 E assim começou a guerra de travesseiros mais másculas que o mundo jamais veria. Jake havia começado bem, dava golpes que o outro apenas podia defender, mas num pequeno deslize acabou tropeçando num husband de travesseiro e dando espaço para Dirk chutar-lo para fora.

 Foi épico, mereceu uma selfie rápida por parte do vencedor, que assim o fez rapidamente. Mas quem disse que acabou por aí?

 O que perdeu não se conteve com o sabor amargo da derrota. Puxou o loiro para o chão, junto de si, onde um segundo round continuou com intensidade. Dois idiotas rolavam pelo piso frio do quarto enquanto trocavam golpes sem muita força, apenas buscando saber quem iria dominar quem ali.

 Com a respiração exaltada Dirk resolveu por fim na guerra enquanto ficava por cima e segurou os pulsos do outro.


[I loved, and I loved, and I lost you]


— 2 x 0. Não cansa de apanhar pra mim?

 Jake, com dificuldades, respondeu desafiador:

— Eu… ah… Cansar? Um aventureiro nunca se cansa, meu caro amigo!

— Eu deveria quebrar essa sua cara por ousar me desafiar desse jeito… mas vou te soltar, porque to com preguiça de aumentar o recorde para 7x0.

— Ei! Foi 7x1! E eu não sou tão patético assim!— Falou o moreno que agora se sentia indignado.

— E eu não tomo Fanta laranja todo o puto dia — Ironizou — Vamos dormir, por hoje já chega.

 O maior se levantou e foi sentar-se à beirada da cama, pegou o celular que salvará por pouco de levar a maior queda da vida e abriu a galeria. Visualizou ali diversas fotos com os amigos, porém principalmente, com Jake.

— Nem pense em postar isso, ok, Bro? — Uma voz suplicante surgiu junto de um chacoalhar violento na cama. Jake havia se jogado.

— Relaxa, são minhas conquistas pessoais. Não vou sair espalhando o seu amor por mim — Sorriu fechando o celular e tirando os óculos. Logo deitou-se ao lado do amigo.

 E Dirk olhou fixamente o rosto embriagado de sono do parceiro, pensou que parecia idiota até que ele abriu-lhe um caloroso sorriso, aí pensou que era o idiota mais lindo que já havia visto na vida.

— Quer alguma coisa, companheiro? — Perguntou educado ao amigo que lhe encarava.

 Dirk divagou em pensamentos, e em como caralhos ele queria tanto tomar os lábios do dito “ melhor amigo” num longo beijo. Sabia que se pedisse algo mais, Jake lhe cederia com prazer, pois ele era assim, ingênuo e incrivelmente crédulo. Entretanto, por instantes perigosas ideias lhe atiçaram para dar um passo adiante e cruzar a linha, sabia que era errado, então não respondeu aos impuros pensamentos.

 Mas que infernos! Como ele queria tomar o corpo inteiro do garoto e sentir cada parte que não conhecia do mesmo! Ele ardia profundamente, caindo no lapso da quente paixão que sentia, se negando a aceitar que era mais que isso, pois assim seria fácil aceitar a dor. Ele tinha o que tanto queria, estava deitado sob sua cama, bem a sua frente e ao alcance de suas pálidas mãos… mas não podia o ter… não dá forma que sonhou.


[I loved, and I loved, and I lost you]


 Jake tinha as asas de liberdade que o Strider não tinha, poderia seguir sem nunca se abalar, sempre cheio de esperança e egoísmo. Não seria o garoto e seus profundos e tóxicos sentimentos que o arrancariam estas asas que lhe fizeram o amar.

— Não — Respondeu depois de um tempo.

— Certo… — Bocejou — Boa noite então, Sir. Strider.

 Dirk levou a mão livre até o rosto do amigo e com delicadeza lhe acariciou a face.

 Talvez… se tivesse que escolher realmente… essa seria a única coisa que ele iria querer. Sempre poder o tocar sem medo de o perder ou ser rejeitado, estaria feliz assim, até o fim. E não pediria mais nada, pois sabia que já estava sendo um fodido mesquinho por permanecer com estes sentimentos impuros e o amor de seu amigo.

— Boa noite, Jake — Sussurrou.

 Em meio a dor emocional, sentiu a mão que repousava no rosto do amado ser agarrada e entrelaçada, e só depois Jake dormiu em paz.

Boa noite, amigo… — Murmurou a palavra que tanto o feria.

 Com o coração sangrando pelos espinhos da rosa, Dirk escondeu o rosto entre o travesseiro, e mesmo sendo um cara difícil de abalar, chorou silenciosamente enquanto via a imagem em mente — Jake — seu primeiro amor se distanciar.

 Este seria o fim.

 Com o pensamento vagando num futuro não tão distante, mas cheio de expectativas que fossem melhores que o presente, o rapaz dos olhos âmbar, agora derretidos pelas lágrimas num lindo dourado, lembrou: A estava cada vez mais fria, as gemas de seus dedos já não podiam suportar o ardor, cediam, e esta seria a hora de soltar.

 E então adormeceu, caindo no mundo dos sonhos para reconstruir o pouco que sobrou de sua utopia destruída.


[And it hurts like hell]

12 de Março de 2018 às 02:26 0 Denunciar Insira Seguir história
0
Fim

Conheça o autor

Elli Mei Futura artista, desenhista, escritora de fanfic´s que gosta muito de comer sem engordar. "Eis o meu segredo — disse a raposa —, é muito simples: apenas se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos". Antoine de Saint-Exupéry

Comente algo

Publique!
Nenhum comentário ainda. Seja o primeiro a dizer alguma coisa!
~