gustavo-penatieri1654618857 Gustavo Penatieri

Creio que o meu melhor relato seja quando aqui cheguei, pois foi a primeira vez que encontrei uma entidade. Eu me recordo que quando comentei em uma das primeiras reuniões do grupo de estudos, quando comecei a caracterizá-lo, os professores acreditavam se tratar de uma entidade ainda não classificada, pois eles nunca ouviram falar dela. Bem, naquela ocasião, eu obviamente cheguei aqui no que costumam chamar de level 0 (alguns chamam de nível inicial), e como já havia dito eu só me lembrava do meu nome e, acredito, que como todos que aqui chegaram eu caminhei por muito tempo por aquelas salas ligadas por corredores, como se fossem a parte dos fundos de um prédio de escritórios, com seu tom amarelado nas paredes e naquele carpete úmido e com aquelas lâmpadas fluorescentes que piscavam de modo intermitente...


Pós-apocalíptico Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Tenaya, a companheira

Olá, meu nome é Siobhan. Eu estou há algum tempo por aqui e bem, como todos que chegam eu também não me recordo quando isso ocorreu e eu não sei há quanto tempo estou por aqui. No momento eu habito um level habitável, é aqui que passo a maior parte do tempo e felizmente encontrei um grupo de estudos nesse nível ou haveria muito ócio para mim. Felizmente, também, o grupo atua na exploração (sendo, então, também um grupo de exploração) e por vezes alguns de nós vão em busca de informações sobre esse ambiente tão dinâmico.

Creio que o meu melhor relato seja quando aqui cheguei, pois foi a primeira vez que encontrei uma entidade. Eu me recordo que quando comentei em uma das primeiras reuniões do grupo de estudos, quando comecei a caracterizá-lo, os professores acreditavam se tratar de uma entidade ainda não classificada, pois eles nunca ouviram falar dela. Bem, naquela ocasião, eu obviamente cheguei aqui no que costumam chamar de level 0 (alguns chamam de nível inicial), e como já havia dito eu só me lembrava do meu nome e, acredito, que como todos que aqui chegaram eu caminhei por muito tempo por aquelas salas ligadas por corredores, como se fossem a parte dos fundos de um prédio de escritórios, com seu tom amarelado nas paredes e naquele carpete úmido e com aquelas lâmpadas fluorescentes que piscavam de modo intermitente, o que posso dizer? Caminhei por muito tempo até encontrar algo diferente daquela paisagem enfadonha. Eu encontrei uma mochila na qual havia um nome: Tenaya.

Antes que me perguntem, eu não sei quem ela é (ou pelo menos não sabia até aquele momento, na verdade eu não tenho muita certeza de quem ela é até esse momento), em sua mochila havia algumas coisas: um caderno com anotações (informações que foram bem úteis para mim naquele momento), 3 latas de água de amêndoas (eu não tinha a mínima ideia das suas fantásticas propriedades naquele momento), uma machadinha (aquilo me assustou), um kit de primeiros socorros (dessa vez me senti aliviada!), um estojo com material escolar (lápis, borracha, caneta… essas coisas), duas folhas de exercícios em uma pasta azul (com um conteúdo incompreensível para mim naquele momento e tinha uns materiais que eu também não compreendia o seu uso.

Eu analisei aqueles materiais e mais uma vez eu olhei ao redor e não encontrei ninguém, pelo menos eu encontrei aquela mochila e sabia que que haveria mais alguém por ali. Se por um lado isso me deixava aliviada ou preocupada, afinal Tenaya seria alguém amigável ou não?

Sem opções eu poderia ficar ali e esperar pela dona da mochila ou sair em busca dela, não foi uma decisão muito fácil, mais uma vez eu pensava que por um lado Tenaya poderia precisar muito daquela mochila e por outro, aparentemente, ela havia abandonado aquela mochila por ali. Decidi esperar algum tempo por ela, mas é claro, ela não apareceu. Por fim eu decidi levar a mochila, torcendo para não estar prejudicando sua proprietária, eu esperava encontrar Tenaya em algum momento.

Mais uma vez uma longa caminhada e um longo tempo solitária (e coloque longo tempo nisso), eu já estava quase desistindo, se é que isso é possível, de encontrá-la, quando ao olhar para um dos corredores observei algo diferente do que observava até então. Apesar de não conseguir identificar o que era, creio que instintivamente comecei a gritar pelo nome de Tenaya (olá? Tem alguém aí? Tenaya?). Porém ninguém respondeu, decidi me aproximar e o fiz com muito receio. Ao chegar perto o suficiente, percebi que se tratava de uma garota com uma altura próxima a minha, eu disse o nome Tenaya duas vezes, mas ela nem se mexeu. De fato era uma menina com uma altura próxima a minha, na verdade era um pouco mais baixa, tinha cabelos pretos e ondulados que se estendiam um pouco abaixo de seus ombros, ela tinha olhos da cor lilás (eu juro!) e pareciam “esfumaçados”, era de uma compleição física de alguém na adolescência (eu diria entre 15 e 17 anos), era magra e sua pele era morena clara, estava vestida com uma calça jeans daquele estilo rasgada, uma camisa azul escura com listras brancas nas duas mangas e o número 25 em branco no centro, usava também uma dessas jaquetas universitárias que tem as mangas claras e são bem felpudas com a letra “C” na altura do peito, no lado direito. Ela usava duas pulseirinhas de borracha, uma preta e uma branca com as palavras “orgulho” na preta e “paz” na branca. Além disso, utilizava meias soquete brancas com tênis all-star rosa da mesma cor que a jaqueta, um par de brincos de estrelas e um cordão com uma lua minguante.

Eu disse “oi” uma última vez e finalmente ela piscou os olhos e pareceu acordar. Virou-se para mim e disse: “Você encontrou”, eu respondi: "Encontrei?", ela falou: “Sim, minha mochila!”, disse ela apontando para a mesma. Foi então que percebi que estava falando com Tenaya mesmo:

  • Então você é Tenaya, a dona dessa mochila e dos pertences que estão nela. Desculpa, eu tive que abrir e ver o que havia nela…
  • Tudo bem, não se preocupe. eu já percebi que você está por aqui há pouquíssimo tempo, deve estar um tanto confusa, o início é sempre assim.
  • Sim, eu só me recordo do meu nome.
  • Bom, não é bom antecipar etapas, venha, vamos procurar por algo mais. Você precisa de algumas coisas.

Foi assim que conheci Tenaya e eu agradeço muito por isso. A sua ajuda naquele momento permitiu que eu estivesse aqui hoje para falar, digo escrever, sobre ela, sobre mim e sobre a minha história nas realidades até o momento. Nós caminhamos juntas, vocês sabem, caminhar é algo muito comum por aqui.

  • Nós precisamos encontrar uma mochila e coisas úteis para você.
  • Isso soou preocupante.
  • Não é necessariamente preocupante, mas necessário. Você já deve ter percebido que vamos passar algum tempo por aqui. Bem, de fato, eu já estou aqui há algum tempo, então eu já tenho alguma experiência neste lugar. Então é preciso…você sabe, se manter por aqui durante esse período. As realidades são… bem, são misteriosas, você muitas vezes, a maioria das vezes precisará explorá-las e descobrir muita coisa por si própria, é claro que você terá ajuda, mas nunca será algo apenas por gratidão. Desconfie de todos.
  • Até mesmo de você?
  • Como eu disse, de todos.

Bem, como eu posso dizer, após essa conversa a minha impressão sobre Tenaya era de desconfiança. Após continuarmos a caminhada, após mais um longo tempo encontramos um baú, eu já ia correr até ele quando Tenaya segurou meu braço e disse: “Você esqueceu rápido das precauções das quais eu lhe falei”, eu olhei para ela por poucos segundos antes de ouvirmos um barulho de algo ou alguém se aproximando.

  • Eu imaginei que poderíamos encontrar alguma entidade .
  • Entidade?
  • Existem várias aqui nessa realidade, nem todas são hostis, mas definitivamente, existem entidades hostis. Vamos esperar ele se afastar, ele não está com fome… É um sem-rosto!
  • Um o quê?
  • Os sem-rostos são entidades humanoides que se parecem com seres humanos comuns com manchas de pele lisas e sem características onde seu rosto estaria, porém não se engane, esse é um sem-rosto de verdade, mas ele poderia ser o que chamam de sem-face, mas acreditam que surgiram a partir de uma espécie de cruzamento entre um rouba-peles e um sem-rosto.
  • Eu entendi bem pouco do que você falou.
  • O que é bem comum nesse estágio. Vamos, ele já foi.

Tenaya aproximou-se do baú e antes de abri-lo disse: “Se ao abrir esse baú ele desaparecer , comece a correr imediatamente”, ela o abriu e felizmente o baú não desapareceu, ela disse, mais uma vez: “Que bom, não desapareceu. Na verdade, demos muita sorte”. O baú continha uma mochila, duas latas de água de amêndoas de 350 ml´s, uma espécie de faca de 40 centímetros, uma corda, uma barraca de camping, umas 15 unidades de uma embalagem escrito “ração humana” (seja lá o que isso fosse), duas espécies de latas com um lacre escrito “Luz e Som”, botas, outra machadinha, um isqueiro, uma lanterna, uma taser, um spray de pimenta e uma caixa pequena de ferramentas. Tenaya disse que tudo aquilo seria muito útil, ela só lamentava não ter encontrado outro kit de primeiros socorros, mas de fato havíamos tido sorte com o loot, a caixa de ferramentas era praticamente uma bancada de trabalho itinerante e encontrando os materiais certos isso faria toda diferença, ela disse: “Precisamos continuar. Por um lado, encontrar uma entidade como um sem-rosto foi bom, por outro, esta entidade está na base da cadeia alimentar dessa realidade, ou seja, os predadores estão próximos também”. As palavras de Tenaya cada vez mais me preocupavam, no entanto, eu achava bom o seu jeito direto de dizer as coisas, ela afirmou que em pouco tempo era capaz de encontramos entidades hostis.

Até o momento as coisas não tinham ficado tão tensas, até porque eu não havia enfrentado nenhuma entidade na verdade. Caminhamos, mais uma vez, Tenaya estava bem menos falante, parecia bem concentrada e mantinha sua machadinha em mãos . Nas poucas vezes que nos falamos ela enfatizou que eu deveria manter a lâmina em mãos e que estivesse preparada para um combate, o que não demorou muito para acontecer.

Tenaya não conhecia aquela entidade, posteriormente ela me falaria sobre sua teoria dos cruzamentos que poderia estar produzindo entidades híbridas ou combinadas, ela mostrava-se muito preocupada com isso, pois as atitudes dessas entidades as tornaram mais dinâmicas e perigosas. Esse encontro nos permitiu captar alguns dados e informações (não necessariamente confirmadas), Tenaya decidiu chamá-la de parasitic entity (entidade parasita) ou apenas parasite (parasita).

O encontro ocorreu logo após ela dizer:

  • Eu sei que você não está nem com fome e nem com sede, mas eu vou te dar uma dica de ouro para sobreviver nessas realidades.
  • Toda ajuda é bem vinda.
  • Quando você estiver por aqui você vai começar a sentir esses momentos, bem pelo menos quando o encontro for iminente.
  • Você quer dizer que estamos prestes a ter um desses encontros?
  • E não quero alarmá-la, mas bem..toda vez que tiver essa sensação tome um gole de água de amêndoas para ajudá-la a manter o foco. Eu devo alertá-la, por vezes, a água de amêndoas tem efeitos inesperados, mas a maioria benéficos.
  • O que você quer dizer!?
  • Tome, beba um gole! - disse ela me oferecendo uma lata de água de amêndoas.
  • Ok - tomei a lata em minhas mãos e executei um longo gole.

Em uma fração de segundos minha visão foi tomada por uma luz branca e eu recordei pequenos pedaços de quem eu era. Lembrei-me de uma garota chamada Vicky e de uma casa, um vislumbre de uma rua com casas e uma em especial chamava à atenção, era de um vermelho vibrante. Acordei e Tenaya olhava fixamente em meus olhos.

  • Que bom que você acordou! Ele está se aproximando!

Assustei-me com o que ouvi, mas ela me pediu calma.

  • Não se preocupe, pelo menos não ainda. Nós nem sabemos qual entidade está por vir.
  • Tudo bem, então eu devo enlouquecer só depois de descobrir?
  • Exatamente.

Foi quando o avistamos a uma certa distância, ele tinha forma humana (Tenaya me disse que acreditava que aquela não seria a forma verdadeira daquela entidade, possivelmente havia tomado aquela forma de algum explorador. Essa era uma habilidade bem comum entre as entidades daquela realidade), pele úmida (possivelmente o mesmo material que causava a umidade no chão daquela realidade), a cor era muito pálida e os olhos totalmente negros (Tenaya nunca havia vito aquele tipo de entidade e isso me preocupava), aquela entidade utilizava roupas semelhantes as de alunos do grupo de estudos e exploração (casaco universitário, calça jeans, tênis all -star, o casaco era vermelho com a letra “V” e a camisa preta com o número 3, Tenaya acreditava que a entidade havia tomado o corpo, e quem sabe a alma, de Kirk).

A entidade nos avistou e caminhou em nossa direção, eu congelei e quando olhei para o lado não avistei Tenaya, pensei: “para onde diabos ela foi!?”

  • Que bom encontrar alguém amigável por aqui!
  • Desculpe… eu …. eu…
  • Não se assuste, eu sei que essa realidade pode ser bastante hostil, mas posso garantir que não é o caso aqui. Você está sozinha por aqui?
  • Estou aqui há pouco tempo. Não conheço ninguém.
  • Ah sim, sei como é. Eu passei por essa fase, Talvez fosse bom juntarmos esforços para sobrevivermos por aqui.
  • Bem, talvez seja uma boa ideia - no momento foi o que eu achei o melhor a se fazer, até porque se Tenaya havia sumido deveria haver uma boa razão para isso - Hã…meu nome é Siobhan, qual é o seu?
  • Ah sim, meu nome é Kirk.
  • Muito bem Kirk, vamos então.

Eu estava com muito medo naquela situação. Eu realmente estava a pouquíssimo tempo naquela realidade e já estava correndo um severo perigo, estava em um encontro com uma entidade certamente hostil e aparentemente estava sozinha nessa. Mas enquanto caminhava com o misterioso Kirk pensei que a melhor atitude que eu poderia ter era contribuir com quem até então havia sido cooperativa e bondosa comigo, essa pessoa era Tenaya. Preferi acreditar que ela tinha algo planejado e iria agir no momento certo.

Kirk e eu caminhamos por algum tempo. Diferentemente de Tenaya, ele não era muito falante e parecia desconfiado de mim. Finalmente depois de algum tempo decidi perguntar:

  • Kirk, você está aqui há muito tempo?
  • Você deve saber que tempo é algo indefinido por aqui.
  • Ah sim, eu percebi.
  • Eu estou aqui tempo suficiente para ter tido alguns encontros com entidades.
  • Entidades? - obviamente me fiz de desentendida.
  • Entidades são os habitantes originais dessa realidade, possivelmente encontraremos alguma em determinado momento.
  • Eu devo me preocupar? - perguntei.
  • Apenas se forem hostis - disse ele parando de caminhar.
  • O que houve? - perguntei mais uma vez.
  • Estamos sendo seguidos.
  • O quê? Como assim?
  • Provavelmente desde que te encontrei.
  • Eu estava sozinha, eu juro!
  • Muitas vezes é nisso que as entidades querem que acreditemos.
  • Desculpe, eu não queria causar problemas!
  • Você não criou problema algum, as entidades agem dessa forma nessa realidade.
  • O que faremos?
  • Primeiro temos que descobrir qual entidade é, se temos alguma informação e se a mesma é hostil.
  • Parece muita coisa para pouco tempo.
  • É mais simples do que parece.

Naquele momento eu preferia enfrentar um novo encontro com uma entidade do que Kirk descobrir que Tenaya poderia estar por perto.

  • Ele está se aproximando, fique preparada.
  • Preparada? O que você quer dizer com isso?
  • Esteja preparada para correr ou lutar.
  • Oh nossa! ok, ok - eu realmente estava tensa com a situação, por um lado eu não queria enfrentar uma entidade se não fosse ao lado de Tenaya, por outro o que eu faria se a entidade fosse ela?

A entidade aproximou-se, era um sem rosto, como aquele que eu e Tenaya vimos anteriormente. Semelhante a uma criança, ele parecia inofensivo e aproximou-se eufórico querendo brincar.

  • Puxa! que susto você nos deu garotão!
  • Ele é inofensivo? - perguntei.
  • De certa forma. Ainda bem que ele chegou.
  • Ah é, por que?
  • Porque eu já estava começando a ficar com fome!

Ao terminar essas palavras uma enorme boca com muitos dentes surgiu na barriga de Kirk e abocanhou o pequeno sem rosto, o que me fez gritar e começar a correr, correr muito… muito rápido! Corri e dei uma olhada para trás, o pobre sem rosto foi devorado pela metade e havia muito sangue na bocarra que o engoliu. Eu gritei:

  • Desgraçado! Maldito…Tenaya, cadê você?
  • Ah eu sabia que você não estava sozinha! - disse o parasita com voz gutural.

“Droga! Mas que droga! O que está acontecendo?”, eu dizia mentalmente a mim mesma, me perguntando também onde estava Tenaya naquele momento tão crítico. A entidade me perseguia bem próxima ao meu corpo, eu sentia que logo seria o meu fim.

Eu olhei mais uma vez para trás a tempo de ver a entidade dar um grande salto para me abocanhar, pensei: “Ok, é o meu fim!”

Eu me joguei de costas, projetando-me na direção a qual corria, o que me permitiu ver um coquetel molotov explodindo naquela grande boca grotesca, isto abriu um curto espaço de tempo para minha fuga. Mais uma vez eu pensei: “Tenaya! Por que demorou tanto?!”, logo depois houve uma explosão na minha frente! Uma luz branca tão intensa que me cegou. Senti uma mão me puxando pelo braço, era Tenaya, ela disse: “silêncio! Precisamos criar uma vantagem em relação a ele!"

Minha visão ainda não havia voltado completamente e Tenaya me puxava velozmente pelo corredor, eu não estava preparada para aquela situação, No entanto, Tenaya me trazia confiança, quando finalmente demos uma parada e ela falou rapidamente:

  • Tome toda essa lata de água de amêndoas!!

Sem pestanejar obedeci, logo eu descobriria uma das propriedades mais impressionantes daquela bebida. Aparentemente uma onda elétrica atravessou meu corpo dos pés à cabeça, minha visão ampliou-se de tal maneira que pude ter noção de onde o parasita estava, onde eu estava e onde Tenaya estava, como se eu pudesse visualizar um radar na minha mente. Tive a noção da área onde estávamos, soube (sabe-se lá como) que aquela realidade tinha aproximadamente seis milhões de metros quadrados de salas vazias aleatoriamente fragmentadas e nós estávamos presas nela.

  • Precisamos agir e pensar rápido
  • Ok, sabemos que a luz afeta a visão dele e pelo jeito o fogo também.
  • Exato, eu preciso tomar nota disso, continue. - disse Tenaya virando rapidamente uma lata de água de amêndoas goela abaixo.

Após beber o último gole, os olhos cor lilás de Tenaya brilharam intensamente e ela pareceu voltar ao transe no qual a encontrei logo quando cheguei aqui.

  • Tenaya! Tenaya! Agora não é hora disso! Acorde! - não dava para acreditar no que estava acontecendo, eu não sabia se acordava Tenaya ou se fugia… ou se continuava ali e esperava o parasita para enfrentá-lo. De repente, tive uma espécie de revelação, uma visão ou algo assim.

Rapidamente pude ver o parasita se aproximar de Tenaya, quando ele estava prestes a atacá-la, eu o atacava por trás de surpresa com o facão de 40 centímetros.

Quando voltei a mim, Tenaya já havia acordado e disse:

  • Eu creio que você já compreendeu o que temos que fazer, eu espero que dê certo! Vamos, ele já está bem próximo!

Começamos a correr um pouco mais, apenas para organizar a armadilha, em determinado momento Tenaya parou e apontou para esquerda, assim soube que deveria me esconder. Tenaya ficou de costas para a direção na qual o parasita viria, ele se aproximou rápido e eu fiquei impressionada como ela não teve medo daquela entidade hostil. Tenaya esperou até o último momento, confiando que eu agiria na hora certa e felizmente eu não a decepcionei.

Em uma aproximação rápida eu golpeei a lateral abaixo do braço esquerdo do parasita, o que o fez soltar um grito de dor e afastar-se dela, que aproveitou para investir contra ele com a machadinha e fazê-lo cair. Tenay e eu atacamos em conjunto aproveitando o momento de vulnerabilidade do parasita. Ela o atacou com tanta violência que quase arrancou o braço esquerdo da criatura deixando-o pendurado ainda junto ao corpo.

  • Desgraçadas! Eu vou matar vocês duas! - ele disse com uma voz cheia de ira que eu nunca vi antes em um ser humano, os olhos esbugalhados, as veias saltando, o sangue jorrando pelo braço inutilizado… eu nunca havia passado por uma situação de violência na minha vida e aquilo era insano!
  • O que você fez com ele? - perguntou Tenaya em um tom de voz tão calmo que eu fiquei pasma, eu tremia de nervoso e só agora eu reparava que ela não parecia ter ficado nervosa em momento algum.
  • Diga o que houve com Kirk. Eu o reconheci assim que o vi.
  • Kirk? Era esse o nome dele, não é? Vocês são apenas caça, presas fúteis que merecem ser predadas!
  • Você sabe que não tem chances. Diga-nos o que você é. - arguiu Tenaya.
  • Descubra por si mesma! - e avançou contra nós, que conseguimos nos esquivar com facilidade, eu imaginava que ele voltaria a nos atacar, mas a entidade correu para longe de nós. Eu fiz menção de correr atrás dele, mas Tenaya segurou meu braço e disse: “não vá!”, eu retruquei: “mas ele tentou nos matar!”, ela olhou nos meus olhos e disse: ”Não é culpa dele. É tanto da natureza dele, quanto da natureza de Kirk”. Eu olhei para os olhos de Tenaya e ela parecia triste:
  • Vamos. Sinta-se grata pelo seu bom destino.
  • Tenaya?
  • Sim?
  • Obrigada. Muito obrigada!

Ela apenas sorriu e ali eu sabia que teria uma parceira de luta. Alguém fiel, que embora dissesse para eu não confiar em ninguém havia ganho a minha confiança.

5 de Junho de 2023 às 23:12 2 Denunciar Insira Seguir história
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Continua…

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