way_borges229 Way Borges

Gaara nunca foi uma pessoa fácil, era encrenqueiro e sempre fechado em seu próprio mundo, mas conhece Lee fez bem ao ruivo, o deixou mais leve, menos agressivo e até mais falante, sua mudança foi percebida por todos. Foi totalmente natural quando a amizade se tornou algo mais forte. Gaara finalmente tinha encontrado um significado para a sua vida, aprendeu a amar e como ser amado, ele podia dizer que estava feliz. Isso até aquela manhã de segunda-feira... GaaLee/LeeGaa (+18) (UA) (Capítulo Único)


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas. © Naruto e seus derivados pertencem ao Kishimoto, porém a história é inteirinha minha. Capa editada por mim - créditos da imagem ao(s) autor(es).

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Capítulo Único - Ausência


Silêncio.

Era isso que reinava sobre a família Sabaku naquele almoço em família, nem o som dos talheres batendo contra a porcelana dos pratos era ouvido, os três mais velhos olhavam para o mais novo que, de tão perdido em pensamentos, não notará que era alvo de tamanha admiração.

Rasa, o mais velho e o progenitor dos outros três sentados à mesa, sabia que era um pai ausente, principalmente na vida do seu caçula e vê-lo tão mergulhado na tristeza e não poder fazer nada para dissipar toda a amargura dos olhos do filho, o feria tanto que chegava a doer fisicamente. Queria tanto que Karura estivesse ali, ela saberia o que fazer para aliviar a dor de Gaara, ele nunca teve jeito para consolar uma pessoa triste e tudo se tornava mais complicado quando esse alguém era o mais novo dos Sabaku.

Não tinham um bom relacionamento, o mais velho sabia que isso era sua culpa e da rejeição que teve pelo filho caçula, se sentia a pessoa mais horrível da face da terra por ter passado anos culpando o mais novo pela morte de sua amada esposa e mesmo que as coisas entre eles tenham melhorado consideravelmente, sabia que filho ainda não confiava em si o suficiente para se abrir e falar sobre seus sentimentos, ter plena certeza disso era como se alguém desse um soco na boca do seu estômago.

Sabia de tudo que o filho tinha passado, sabia que Gaara estava sofrendo – mesmo ele se esforçando para manter isso somente para si e escondendo seus sentimentos sobre uma máscara de indiferença – era visível toda a dor que tinha em seu coração, mas seu filho não dividia consigo a sua tristeza e não pedia ajuda.

Olhou para seus filhos mais velhos, Temari e Kankuro, e conseguiu enxergar que eles sentiam a mesma impotência que o assolava. Os três estavam sofrendo, e como doía assistir a isso e não saber o que fazer, esperava que a mudança para Konoha os ajudasse a deixar as tristezas para trás.

– Gaara?

O ruivo foi tirado dos seus pensamentos pelo chamado hesitante do pai, só aí se deu conta que nenhum dos quatro tinham tocado na comida servida. Tivera um pesadelo com tudo o que aconteceu, lembrava-se nitidamente dos gritos, Lee, os tiros, sangue, morte; aquelas lembranças nunca o abandonariam, não se sentia disposto para fingir que estava tudo bem, tudo o que desejava era ficar em seu quarto e chorar, mas não queria fazer isso com todos em casa, não queria que eles vissem o seu desalento.

– Vou visitar a Torre do Fogo, você quer vir comigo? – Rasa perguntou e tentou sorrir ternamente.

– Não – respondeu simples.

Gaara notou que os olhares dos demais integrantes da família estavam direcionados a ele, o mais novo dos Sabaku estava incomodado com toda essa atenção que recebia, não sabia lidar com ela, não era acostumado com isso.

– Vou me retirar.

Não esperou resposta, simplesmente rumou para seu quarto, não queria mais vê os olhares piedosos de seus irmãos, todos estavam lhe tratando como se fosse quebrar a qualquer momento. Talvez fosse verdade, mas será que eles não viam que isso o irritava?

Chegando ao seu quarto, deitou-se na cama e passou a olhar para o teto, uma enxurrada de lembranças veio a sua mente, lembranças dolorosas e trágicas. Já tinha se passado um ano e dois meses desde aquele fatídico dia, entretanto, a dor não diminuiu, seu coração estava em pedaços e não sabia se um dia voltaria a ficar inteiro novamente.

Suspirou fundo quando as lembranças eram fortes demais e doíam, uma dor latente em seu coração, pulsava como se estivesse abrindo um buraco e o deixando oco. Se fechasse os olhos conseguia recordar perfeitamente daquele dia.

Gaara nunca foi uma pessoa fácil, era encrenqueiro e sempre fechado em seu próprio mundo. Tinha sido expulso de três escolas em dois anos, aquela era a sua última chance, se fosse expulso novamente, iria ser mandado para escola militar – uma maneira que seu pai encontrou de dizer que lhe mandaria para um reformatório, era isso que o ruivo pensava –, então iria ficar na dele e suportaria aquela escola esnobe e aquele bando de riquinhos mimados.

Conseguiu ficar quieto e não chamar a atenção de ninguém, isso durou até um trio de playboyzinhos começou a implicar consigo. O ruivo não tinha muita paciência e estava gastando a pouca que tinha com aquele bando de idiotas arrogantes, estava a ponto de explodir.

Chegou ao ápice de sua paciência que o trio o cercou no banheiro, eles estavam muito enganados pensando que o ruivo não sabia se defender e que era uma presa fácil, mas isso acabaria naquele momento. Gaara já tinha se conformado que iria para a escola militar, então sorriu diabolicamente, os outros três garotos no banheiro sentiram um frio percorrer pela espinha ao ver sede de sangue nos olhos claros do Sabaku.

O ruivo só pensava em como aquilo ia ser divertido, iria estraçalhar aqueles mimadinhos de merda. Já estava pronto para dá início à carnificina, quando entrou no banheiro um garoto estranho, com um corte de cabelo estranho, um enorme par de sobrancelhas e vestido com uma malha verde.

Até que fim eu encontrei vocês, meu pai está feito louco atrás de seus jogadores, é melhor irem.

O que o Gai-sensei quer dessa vez? – o que parecia ser o líder dos três perguntou com rispidez.

Não sei, mas ele está muito irritado, então é melhor vocês irem.

Enquanto o trio de playboyzinhos saia do banheiro, Gaara olhava irritado para o estranho garoto cabeça de tigela.

Eu não preciso de sua ajuda – o ruivo rosnou entredentes para o outro.

Ora, eu sei que não e eu não estava ajudando você, estava ajudando eles. O fogo da sua juventude é forte, eles não teriam nenhuma chance, com certeza.

Gaara observava incrédulo o garoto a sua frente dizer tantas palavras sem sentido com apenas um fôlego, o entusiasmo do outro deixava o ruivo totalmente confuso. O que diabos esse moleque estava falando?

Não iria ficar para descobrir o que ele queria dizer, saiu do banheiro esbarrando no ombro do garoto, que para a sua surpresa, o seguiu.

Depois do incidente no banheiro, o dois garotos – por insistência de Lee, que achava o ruivo mal humorado fascinante – tornaram-se melhores amigos.

Conhece Lee fez bem ao ruivo, o deixou mais leve, menos agressivo e até mais comunicativo, sua mudança foi percebida por todos. Gaara achava o moreno à pessoa mais irritante que já conheceu, falante demais, barulhenta demais, sempre tão alegre e distribuindo sorrisos para todos, isso o enlouquecia o Sabaku de tantas formas, mas não negava que apreciava da companhia do outro, Rock Lee era diferente de todas as pessoas que conheceu. Lee adorava o jeito emburrado de Gaara, não tinha nada mais divertido do que tirar o ruivo do sério e vê alguma expressão em seu rosto estóico.

Foi totalmente natural quando a amizade se tornou algo mais forte, depois de se descobrirem amando um ao outro veio o primeiro beijo, a primeira noite de amor, à primeira briga por ciúmes, a primeira viagem juntos, primeiro eu te amo foi dito enquanto seus corpos se união. Eles eram perfeitos juntos, mesmo nas diferenças.

Gaara finalmente tinha encontrado um significado para a sua vida, aprendeu a amar e como ser amado, mesmo com toda a indiferença que recebia da família, ele podia dizer que estava feliz.

Isso até aquela manhã ensolarada de segunda-feira, era para ser mais um dia comum de aula, em um instante estava conversando uma besteira qualquer com Lee enquanto pegava os livros no seu armário na escola, no outro ouviu gritos, tiros e Lee caindo em seus braços.

Não entendia o que tinha acabado de acontecer, tudo foi tão rápido, o sangue de Lee começou a forma uma poça no chão do colégio. Sua voz não saia da garganta, assistiu em silêncio a vida se esvaziar dos olhos escuros, nesse momento Gaara se deu conta do que aconteceu e o desespero tomou conta de seu coração. Tentou inutilmente fazê-lo volta a respirar, gritou a plenos pulmões pedindo ajuda e viu o mundo ao seu redor escurecer.

O ruivo não percebeu, mas a bala que acertou Lee atravessou o seu corpo e atingiu o seu peito, perfurando o pulmão esquerdo. Foi levado em estado crítico para o hospital, o mais jovem dos Sabaku’s estava se afogando no próprio sangue.

Rasa sentiu seu coração pesar quando viu o seu filho caçula lutando pela vida ligado a tantos fios e tubos. Uma vida que ele desprezava, sim, admitia isso, mas nunca imaginou que ela seria arrancada com tanta brutalidade. Onde, em nome de Deus, era aceitável que um filho morresse antes de seus pais?

Céus! Era seu filho ali no leito de um hospital, tão fragilizado e indefeso, respirando com a ajuda de aparelhos, o seu caçula estava morrendo. O que Karura iria pensar? Ele desprezava o filho e não protegeu o pequeno bebê que sua mulher se esforçou tanto para trazer ao mundo. Ele não era um bom homem, não era um bom pai e não foi um bom marido.

Depois de um mês internado, Gaara recebeu alta do hospital, mas sentia seu coração rasgando de dentro para fora, faltava algo, um pedaço de sua existência.

Soube depois que o atirador era um aluno que sofria bullying por ser bolsista, tinha uma família destruída e que se matou depois de tirar a vida de seis jovens estudantes e ferir outros dez, mas isso não importava para Gaara, o que importava era que ele tinha tirado a vida de Lee.

O Sabaku mais novo passou a viver sem perspectiva, se afundava cada vez mais em um mar de tristeza e solidão, seu pai e seus irmãos tentavam se aproximar, mas ele se recusava a aceitar a ajuda de quem tanto o desprezou e tentava parece bem para fugir dos olhares de pena. Estava sobrevivendo um dia de cada vez, vivendo no automático, tentando suportar a idéia de que nunca mais veria Lee e seus enormes sorrisos.

Seu pai veio com a estúpida idéia de que mudar de cidade e de país poderia fazer bem a ele, mas o ruivo sabia que isso não funcionaria, onde fosse à dor de ter perdido o seu amor o acompanharia.

Andava se perguntando quanta dor – física ou emocional – um ser humano pode suportar, não saberia responder pelos outros, mas sabia dizer que ele estava entrando em colapso.

Foi despertado de suas lembranças pelos finos dedos de seu pai acariciando de leve a sua bochecha, estava tão perdido em suas memórias que não viu o mais velho entrar em seu quarto. Ter seu progenitor demonstrando afeto ainda era estranho, Rasa sempre foi tão frio e não demonstrava interesse em sua vida, viveu distante de todos – mesmo morando na mesma casa – seus irmãos não o destrava, porém, não se aproximavam. Mas as coisas mudaram desde o ataque na escola, seus irmãos e Rasa passaram a lhe tratar sem a costumeira indiferença.

– Levanta, quero te levar em um lugar – Rasa ordenou, mas sua voz era terna e gentil.

Mesmo sem entender o que o pai queria e sem animo para fazer qualquer questionamento sobre onde seria levado, obedeceu o mais velho e como o clima estava frio, Gaara vestiu um moletom cinza e seguiu o mais velho até o carro. Da janela do automóvel assistia o final de mais um dia, mais um dia que tinha que viver em um mundo onde Lee não existia.

A viagem durou vinte cinco minutos e então Gaara pôde apreciar a vista noturna de Konoha que o monte Hokage oferece, a vila conseguia ficar ainda mais linda vista do alto, se seu estado de espírito fosse outro, o ruivo sorriria encantado com as cores vibrantes das luzes contrastando com o céu sem estrelas. Lee com certeza o enlouqueceria para irem ali mais vezes, por que tinha que aproveitar “o fogo da juventude”.

Tão irritante.

O Sabaku mais novo chegou mais perto da beirada do abismo e sentiu-se tentado a se jogar, seria uma queda e tanto, com certeza morreria pulasse, mas não conseguia fazer isso. Não sabia se era um fraco por não ter coragem o suficiente para dar um fim a sua dor, ou se era corajoso para continuar vivendo com o seu sofrimento.

Não entendia o porquê de seu pai lhe trazer naquele lugar que já conhecia, voltou-se em sua direção pronto para questionar a atitude do seu progenitor, mas foi surpreendido por um abraço do mais velho.

Os olhos do Sabaku mais novo quase saltaram de sua órbita, ficou atônito e sem saber o que fazer, nunca tinha recebido um abraço de Rasa, nem quando era pequeno o seu progenitor o abraçava.

– Eu sei que não fui um pai presente… Na verdade, eu nunca fui um pai para você, mas eu vou corrigir esse erro. Você não está mais sozinho, Gaara, eu estou aqui para você. Irei de segurar e nunca mais soltar, serei o pai que você precisa meu filho.

O ruivo queria se afastar e gritar que já era tarde demais para isso, que não precisava mais de um pai, que ele já estava quebrado demais e não teria mais conserto, mas o abraço de seu pai era tão quente e confortável, sentiu-se seguro, só se sentia assim quando estava nos braços de Lee.

Sentindo o coração esmurrar seu peito, Gaara agarrou-se a seu pai como se fosse uma tábua de salvação, murmurou a palavra pai de uma maneira tão quebrada que fez Rasa sentir uma pontada de dor. Lágrimas grossas rolaram dos olhos de ambos, pai e filho choraram juntos, um choro silencioso, mas nem por isso menos sofrido.

Rasa chorava sentindo-se feliz por finalmente ter alcançado Gaara, e triste por ver que seu menino estava mais quebrado do que aparentava.

Gaara não sabia o “por que” que estava chorando, seus sentimentos estavam confusos e misturados, mas algo dentro de si dizia que, de alguma maneira, as coisas iriam ficar bem.

7 de Março de 2018 às 04:48 4 Denunciar Insira Seguir história
4
Fim

Conheça o autor

Way Borges Nome: Waynne Borges Idade: depende da ocasião Sou um universo em constante expansão, sempre aprendendo coisas novas e aberta a novas experiências. Tímida no primeiro contato, mas depois o difícil vai ser me fazer parar de falar. Sou gentil, atenciosa e educada com todos e espero a mesma cortesia, entretanto, isso não significa que eu não saiba ser grossa quando necessário. Adoro chocolate, séries, filmes e desenhos. Cachorros e gatos sãos meu ponto fraco, fico toda derretida.

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Políbio Manieri Políbio Manieri
AI MEU DEEEEEEUS UM DIA EU CHEGO AQUI WAYNE EU N PAGO INTERNET PRA VOCE FERIR E DEPOIS RECONSTRUIR MEU CORAÇÃÃO Caralho eu nem imaginava que voce usaria de base a questao dos atiradores na escola. Logo no começo falaram que o Lee estava morto (AAA), mas eu n imaginava que a causa tinha sido essa, que bad. Desculpa a demora, eu tava realmente a um longo tempo longe das fics e não poderia estar mais arrependida, jesus como essas coisas ben escritas me fazem bem - ainda que tristes. E PODEMOS FALAR DOIS MINUTOS SOBRE O RASA ESSE MARAVILHOSO??? Ai eu nao aguento as redençoes desse paizão mds. Quase que apaga o sofrimento do meu peito esse final SIGO FIRME SIGO FORTE
April 19, 2018, 01:29

  • Way Borges Way Borges
    kkkkkkk.... Seu coração é forte, aguenta as fic angst da vida. Escolhido matar o Lee com um atirador na escola, pq tem muitas historias que fazem isso com acidentes de carro e eu não estava afim de que fosse em um assalto. Como na época que escrevi era um assunto comentado na tv, resolvi aderir, fico feliz por saber que esse detalhe chamou sua atenção. Historias tristes assim servem para fortalece o miocárdio <3 April 19, 2018, 03:25
Inial Lekim Inial Lekim
Fiquei triste. Muito, mas muito triste. O que deu nesse povo pra ultimamente estar fazendo o coitado do Gaara sofrer tanto nas fics, meu deus! Mas também gostei de como você mostrou o Rasa, e da forma com a qual ele lidou com o Gaara nesse momento.
March 07, 2018, 14:14

  • Way Borges Way Borges
    Todos estão na bad e o pobre do Gaara que tá pagando o pato... Que bom que você gostou :-* March 07, 2018, 15:04
~