Amor, um sentimento complexo e cheio de mistérios. Quando fala que alguém está amando logo se pensa naquela paixão, companheirismo, confiança. Casais andando lado a lado, trocando palavras carinhosas, compartilhando lembranças. Amor de mãe, amor de pai, amor de irmão, amor de amigos, amor...
Qualquer um pode amar. Qualquer coisa pode conhecer o amor e muitas vezes eles nos descontrolam, nos deixam loucos.
Caminhava na floresta aberta uma figura encapuzada, cheia de trevas. Naquele lugar... O que ele via, não era nada de anormal, seu cotidiano era repleto de beleza. Animais, plantas, árvores e água, muita água. As deslumbrantes paisagens faziam parte de seu caminho. Seu trabalho? Tocar, tocar e ceifar tudo o que respirava.
Sim... Essa era a Morte. A mais poderosa entidade, aquela que decidia o que ia partir desta para melhor. Era empolgante, era prazeroso sentir que aquela coisa de dentro dos que respiravam nutria seu ser. A Morte pulava e dançava, enquanto sugava a Vida dos que ali ainda estavam respirando e tudo o que tinha Vida, agora era morto.
Só mais um dia de trabalho bem feito...
Um dia...
A Morte conheceu a Vida e por ela se apaixonou...
A Vida lhe mostrava como trazia as criaturas de volta aquele mundo, mostrou a sua parte no trabalho, enquanto a Morte se alimentava dela. Esse era o seu trabalho e juntos trabalharam lado a lado.
Um dia a Morte propôs a Vida o casamento, e a Vida aceitou.
Eles se casaram e continuaram a trabalhar lado a lado, um casal que se amava, que se completava.
Um dia, a Vida disse a Morte que algo lhe faltava, algo que poderia completar sua união. A Morte sem entender questionou se ele não era o suficiente para ela, estavam bem e felizes. A Vida disse que feliz ela estava, mas algo faltava não somente em sua união, mas em seu trabalho.
A Morte repensou no modo como convivia com a Vida e disse: Eu não entendo.
Então a Vida lhe explicou: Nosso trabalho é sempre feito. Eu ponho a Vida e segundos depois você a retira, mas só isso não basta. As criaturas não caminham e já estão mortas.
Então a Morte ainda sem entender diz: Então o que faremos?
A Vida sorri com delicadeza e responde: Tenha comigo filhos.
Tempos depois a Vida deu à luz a seus filhos, Tempo e Destino e juntos em família deram as criaturas que respiravam um tempo para caminhar com a Vida, e um destino para se fazer sentido à Vida, por fim a Morte levar. E assim estavam felizes, mas o Tempo fez pouco e o Destino não previu.
A Morte enlouqueceu com o passar dos dias, não suportava mais ter que esperar o Tempo de os seres terminar e o Destino determinar sua hora, para que a Morte enfim pudesse recolher.
Com a loucura que o consumia, a Morte perdeu o controle e ceifou todos os seres da terra.
A Vida chorou, o Tempo parou perplexo e o Destino se desviou, mas aquilo não poderia continuar. Tudo o que a Vida construía a Morte destruía sem que o Tempo e o Destino pudessem atuar.
Os deuses entraram em conflito e logo pediram para que a pequena família tomasse uma atitude. Mas a Vida tomada pelo amor não queria feri-lo e deixou que a loucura o consumisse ainda mais.
Certo dia, não mais aguentando as atrocidades da Morte, o Tempo e o Destino atraíram-na para o mais longe possível e travaram uma batalha sangrenta contra Morte, ambos ficaram gravemente feridos, mas a recompensa veio.
A Morte não mais enxergava a sua volta, seus olhos foram roubados e destruídos. A Vida piedosa deu uma segunda chance a seu amor, e lhe concedeu continuar o seu trabalho, mas só seria capaz de enxergar suas vítimas quando o Destino estivesse traçado e o Tempo terminado.
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