O inverno havia chegado mais uma vez, intenso e sem piedade. As ruas de Londres estavam coloridas de branco, e a cidade parecia estar prestes a se afundar na neve.
Todos os moradores estavam dentro de suas casas, escondidos em seus milhares de cobertores, e eu parecia ser a única maluca a ponto de ir trabalhar em um dia com um clima como este.
Mas não tenho muita escolha, as vacas estão sempre magras quando se é uma artista plástica pouco conhecida, em uma cidade tão cheia de divindades da arte.
É impossível não choramingar enquanto caminho a pé pelo asfalto congelado, tendo meu corpo castigado pela neve incessante, meu cachecol escarlate já estava quase roxo pela neve derretida, e para piorar. a sola da minha - guerreira - botinha resolveu se abrir de vez, permitindo que a neve encharque minhas meias.
Uma carona agora seria como um presente dos céus, mas infelizmente nenhum carro passava no momento e nem passaria, afinal todas as rodovias foram bloqueadas devido a tempestade de algumas horas atrás, haviam árvores caídas a cada 30 metros.
-Devia ter ouvido a mamãe e me formado em Direito - resmunguei ao vento, apreensiva por minha botinha.
Poxa, tinha que me deixar na mão logo agora?
Estava prestes sucumbir ao meu destino de virar um boneco de neve, quando avistei um bar aberto em um dos desvios que a rua que eu estava apresentava. Entrei correndo e chamei atenção das poucas pessoas sentadas no local, que logo se viraram para seus afazeres.
O lugar era simples e quase todo em madeira antiga, e como todo bar tinha um cheiro forte de álcool e suor. Ponderei por um instante se não era mais seguro enfrentar o frio la fora.
Limpei a neve das minhas roupas e caminhei receosa até o balcão, me sentando ao lado de um homem de cabelos longos que não me prendeu a atenção em um primeiro momento.
O atendente era um homem de meia-idade com diversas cicatrizes espalhadas pelo rosto, e um olho coberto por bandagens, observei em seu crachá mal feito que se chamava Danzou.
-Olá, gostaria de um chocolate quente, por favor - Minha voz saiu pouca coisa mais alta que um sussurro.
Assim que me pronunciei todos os brutamontes do bar se viraram para mim como se só então tivessem se dado conta da minha presença, a não ser o homem ao meu lado que continuava com a cara enfiada em um livro que pouco me importei em olhar o título na capa, estava mais preocupada em relembrar as técnicas de luta que meu pai me ensinou desde os cinco anos, isso normalmente me acalma, mas parecia inútil no momento.
- Está falando sério garota? - A voz rouca do balconista fez minha epiderme se arrepiar - Ao menos tem idade para estar em um bar? - ele zombou.
Oras, mas que pergunta era aquela? Esta certo que ao lado dos homens gigantes que ocupavam o bar eu parecia pequena, mas não ao ponto de ser comparada a uma criança!
Deixei de lado o fato de estar cercada por milhares de homens, e correr o risco de ser expulsa aos tapas daquele abrigo quentinho e jogada na neve, e estava prestes a dizer umas boas verdades para aquele velho mal-humorado, mas o homem ao meu lado foi mais rápido.
-Eu quero um chocolate quente para a moça em cinco minutos - disse ainda sem se desviar do livro "O mochileiro das galáxias"
Oh, sim, agora está explicado porque tamanha concentração na leitura.
O balconista o olhou incrédulo por alguns instantes, mas logo se pôs a fazer meu chocolate quente como um cão obediente, e aquilo me intrigou muito.
Afinal quem era aquele homem? E porque um pedido seu teve tanto efeito em um homem tão hostil como aquele balconista?
Logo uma xícara de chocolate quente foi colocada no balcão a minha frente, e ao levar a bebida aos lábios quase soltei um gemido de prazer, sentindo todo meu corpo se aquecer com a bebida fumegante.
Dei uma observada no homem ao meu lado, intrigada. O cabelo longo cobria seu rosto graças a cabeça abaixada para ler o livro, mas suas roupas eram formais, e carregava uma pasta. Não me parecia alguém que frequentava aquele tipo de estabelecimento, mas a julgar pelo modo em que foi atendido pelo funcionário, ele tinha bastante crédito ali.
-Com licença senhor, quanto eu te devo? - perguntei tentando soar despretensiosa e finalmente pude vislumbrar seu rosto.
E que rosto!
Okay, intelectual, bom gosto, gentil e bonito. Será que devo sequestrar este homem?
Seus olhos eram de um branco pérola com sutis traços de lilás, sem vestígios de pupilas. E esses olhos harmonizavam completamente com seu rosto, boca carnuda e pálida, e o nariz fino e exato.
Percebi que ele também me analisava, mas não desviei o olhar. Nunca me intimidei com encaradas, nem mesmo quando são de olhos tão penetrantes.
Aqueles olhos me pareciam tão familiares...
-Não deve se preocupar com isso, senhorita...?
-Tenten... Mitsashi Tenten - Me apresentei, ansiosa por saber seu nome também.
Ele voltou a me encarar dessa vez mais ousado, percorreu os olhos por todo o meu rosto e corpo, e sorriu de canto.
Uma parte de mim se arrependeu de ter aceitado a bebida, e me implorava para dar o fora dali somente com aquele sorriso pretensioso. Oras, ele não tinha vergonha de ficar olhando assim para uma desconhecida?
- Bom te ver de novo Pucca.
Senti meu coração gelar, aquele apelido me trazia tantas memórias... Ninguém me chamava dessa forma desde que me mudei do Japão para a Inglaterra, há 5 anos. Quando ainda era uma colegial.
Ele ainda não havia me dito seu nome, mas agora, o analisando melhor, era fácil ter uma ideia de quem se tratava. Aqueles olhos, o cabelo longo, e principalmente a cara de pau. Afinal, ele nunca teve receio de jogar charme para quem quer que fosse, mesmo com aquela cara de santinho. No caso dos Hyuuga, a aparência enganava, e muito!
-Não me diga que você é o irmão da Hinata? Eu sabia que conhecia esses olhos de algum lugar! - Perguntei, fingindo me concentrar na xícara de chocolate em minhas mãos.
-Sou primo dela, Hyuuga Neji... Mas pode me chamar de Garu - piscadela
Oh, sim, aquele com certeza era Hyuuga Neji, ele era o único na terra que conseguia fazer uma piada com o semblante totalmente sério.
Não sorri, não achei engraçado. Era humilhante.
Tudo que eu queria era ser um avestruz e poder enfiar minha cabeça no chão agora. Céus, como ele pode se lembrar disso?
-hm, a Hi-hinata está a-aqui também? Quer dizer n-a na Inglaterra... - Gaguejei, percebendo ele acenar positivamente com a cabeça.
Por que Kami? Essa pergunta martelava na minha cabeça enquanto eu tentava não me preocupar com o ardor nas minhas bochechas, enquanto as piores lembranças daquela época invadiam minha mente. Minha adolescencia podia ser resumida em uma única palavra: Vergonhas.
Olhei para a entrada do bar como se isso fosse me trazer ar fresco, e percebi que a neve havia parado. Praguejei baixinho e comecei a recolher minhas coisas rapidamente, a neve só para de cair antes de uma tempestade, e eu não estou afim de ficar presa nesse lugar. Um bar lotado de homens, e minha paixonite adolescente para somar.
Neji também pareceu se preocupar, pagou a conta e em pouco tempo estava ao meu lado na rua.
- Você mora por aqui? - Ele perguntou com a voz um pouco abafada pelo cachecol
Choraminguei, ainda estava bem longe de casa e pelo visto nenhum transporte público estava ativo. Devia ter passado a noite no ateliê.
-Não, e você?
-Eu também não, mas tenho um apartamento em duas quadras, vem comigo.
E eu obedeci, aceitaria qualquer abrigo por agora, até mesmo o de um fantasma do passado que viu muitos dos meus piores micos, o céu estava medonho demais para eu me preocupar com isso, tinha muito tempo para me envergonhar por coisas do passado quando estivesse sob um teto.
O segui até um prédio com uma estátua de chama na frente, que além disso era igual aos outros da rua. Assim que colocamos os pés no hall de entrada, o céu começou a desmoronar la fora, as pedrinhas de gelo pareciam ainda maiores do que as da última tempestade e eu estava realmente agradecida por estar sob um teto.
Neji cumprimentou um senhor que estava sentado em um dos sofás do saguão, e o mesmo caminhou até uma bancada próxima entregando ao perolado um molho de chaves. Caminhei junto dele até o elevador, e subimos alguns andares em silêncio, estava com frio demais para falar.
Saímos do elevador já de frente para uma única porta gigantesca de madeira, Neji falhou com algumas chaves, mas logo conseguiu abri-la. Entrei no apartamento sem observar muito a decoração, estava na sala, meus dentes batiam audíveis e meu corpo todo estava tremendo. Andar pelas ruas inglesas nessa época, mesmo com grossas roupas era quase masoquismo.
Neji ligou algumas luzes e destrancou algumas portas, voltando a sala com uma manta grossa e cinza.
-Tire esse casaco, pode me esperar no sofá, vou preparar um banho quente para você.
E saiu de novo, sem me dar chance para uma resposta.
Retirei o casaco ensopado assim como o resto das minhas roupas e o deixei em um dos cabides próximos a porta, retirei também minhas botinhas e as longas meias. Tentando não pensar muito na situação em que me encontrava.
Apesar de ter saído do Japão, o Japão não saiu de mim, ainda mantinha costumes como não entrar com os calçados em casa, diferente de Neji que já havia andado para todos os lados da casa sem tirar os tênis.
A quanto tempo ele estava fora do Japão, afinal?
Entrei pouco depois na água quente e só então pude voltar a pensar com clareza, precisava pagar um café para Neji como agradecimento qualquer dia. Sai do banheiro enrolada em uma toalha e agradeci por não encontrar Neji pelo caminho. Minhas roupas estavam ensopadas e geladas, colocar qualquer peça depois de um banho quente era como pedir por um resfriado.
Entrei em um quarto e abri os armários a procura de alguma roupa seca para me vestir, acho que ele não se importaria, pelo menos até minhas roupas secarem...
Encontrei roupas masculinas e algumas femininas, poderiam ser de Hinata ou da namorada de Neji, e resolvi não arriscar.
Me vesti com uma das camisas sociais brancas de Neji, graças a diferença de tamanho a camisa cobriu até a metade das minhas pernas, ficando até maior que a saia que eu usava anteriormente.
Com a quantidade de micos que Neji já me viu pagar, roupas masculinas nem pareciam tão vergonhosas assim. Prendi meus cabelos já secos nos tradicionais coques e sai do quarto. Voltei a sala como se não estivesse vestindo apenas uma blusa social branca e calcinha, e encontrei Neji enxugando o cabelo com uma toalha branca, enquanto mexia na lareira já acesa.
-Ah, me desculpe, esqueci de separar algumas roupas de Hinata para você...
Ignorei o tom irônico de sua voz e dei de ombros, me acomodando no sofá e apanhando de volta a manta
Neji sumiu apartamento adentro e voltou com uma garrafa de Saquê e dois copos nas mãos
-Não tenho chocolate quente, mas isso aqui pode nos aquecer.
-Eu não bebo Garu - Sorri e ele me encarou com uma sobrancelha levantada, e só então notei que havia o chamado pelo apelido de infância - Que-quer dizer Ne-Neji
- Sabe Tenten, eu nunca assisti Pucca na minha vida. Então não entendia o motivo de me chamarem de Garu na escola, e a Hinata só me contou o motivo depois que você se mudou.
Ah, qual é, ele vai mesmo querer conversar sobre a escola? Minhas bochechas estavam ardendo, a sensação é horrivel!
Neji ignorou o que eu disse que serviu dois copos, pelo visto continua o mesmo de antes. Mandão!
Pouco me importei na hora, peguei o copo e dei um gole generoso sentindo realmente meu corpo se esquentar, não tinha gosto de acetona como aquela vodca que todos tomavam, era até agradável.
- Bom, então como vingança, preciso dizer que foi a Hinata que inventou e espalhou esse apelido, assim como o meu.
Ele acenou e terminou a bebida de seu copo, servindo mais para nós dois. Comparando com aquela época, seu cabelo estava muito maior, o maxilar mais evidente e o corpo infinitamente mais másculo. Não sei se era o alcool, que eu sinceramente não estou nada acostumada a ingerir, mas não conseguia olhar para ele e ter aquela sensação de " Como foi que eu apaixonei por isso", que a gente sempre tem quando olha para os amores antigos. Ele continuava tão interessante para mim como na época da escola, talvez até mais.
-Hm, então... O que você faz? - perguntei
-Sou cientista forense, trabalho na Polícia, e você?
- Sou artista, meu ateliê é aqui perto...
Ele acenou novamente e pareceu se lembrar de algo, terminou o copo num único gole e se levantou do sofá, rumando para algum cômodo que não faço ideia do que seja.
Passei os olhos pela sala e encontrei algumas outras garrafas organizadas numa cristaleira perto da TV. Me levantei e comecei a ler os nomes, haviam vários tipos de bebidas, mas uma em especial me chamou a atenção " Licor de prestígio".
Peguei a garrafa e servi daquela bebida no mesmo copo, bebericando ansiosa. Minhas expectativas foram superadas, era delicioso e eu com certeza poderia tomar aquela garrafa inteira sozinha, mas minha mente já começava a ficar nublada.
Neji voltou com uma pasta vermelha, e eu já sabia do que se tratava. Eram meus primeiros retratos, a maioria de Neji, Hinata e eu, e alguns de Rock Lee também, meu primo... O alcool ajudou a inibir um pouco da vergonha que eu sentia por aqueles desenhos terem caído nas mãos da ultima pessoa que eu gostaria.
Hinata e Lee eram meus melhores amigos, e Neji apesar de quase não falar comigo era minha paixão de infância, as lembranças daquela época tinham gosto de algodão doce azul, que eu comia todos os dias junto deles depois da escola.
-Ah, ela guardou... Mal posso esperar para reencontrar a Hina... - Comentei, sorrindo bobamente enquanto folheava os desenhos
- Ela vai adorar te ver, posso ligar para ela quando amanhecer...
E assim que ele terminou de falar a energia acabou, as luzes apagaram e a TV desligou. Já era de se esperar, com uma tempestade como aquela, até demorou, mas isso acabou com meus planos de ver um filme para não precisar conversar com Neji.
- Que tal um jogo? Para matar o tempo? - sugeri, contente comigo mesma.
-Claro, pode ser o que sempre jogávamos quando vocês faziam festa de pijama no quarto da Hinata, como era mesmo o nome?
Verdade ou consequência! Nem pensar!
- Eu não me lembro - Menti
-Doces ou travessuras?
Caramba! Dá para notar como Neji sempre participava de atividades em grupo e brincava com as outras crianças...
-Verdade ou consequência!
Ah, que se dane
Tudo aconteceu a muito tempo, e era apenas uma paixonite boba de infância, e apesar de meus sonhos com ele terem parado a menos de um ano e a vontade de voltar pro Japão ainda continue em mim, não tem nenhuma necessidade de eu ficar tão tímida na presença dele, afinal, Neji é apenas um velho amigo.
Um velho amigo que ficou um gato, diga-se de passagem.
Certo Neji, você acabou de se tornar um forte participante da minha lista de desejos.
-Certo, eu começo. Verdade ou consequência? - perguntei animada
-Verdade.
-Você está solteiro?
Pois é, basta uma dose de algo alcoólico para mandar pro inferno o pouco de vergonha na cara que eu tenho.
Ele sorriu de canto e me olhou divertido.
-Estou. Verdade ou consequência? - Não por muito tempo querido.
-Consequência
Ele pegou um cubo de gelo e me entregou
-Derreta, e engula, sem tirar da boca.
Eu fiz o que me foi mandado, coloquei o gelo na boca e tentei derrete-lo o mais rápido possível, minha boca já estava dormente e dolorida, senti lágrimas nos meus olhos, mas não tirei o gelo da boca, mordi o cubo deixando um pouco da água escorrer pelos cantos da minha boca e molhar minha blusa e finalmente consegui engolir. Tentando erotizar o mínimo possivel a cena, sem saber se tive êxito ou não.
Neji observou tudo em silêncio com a expressão séria de sempre, mas se atentando aos pequenos detalhes, era possivel perceber que ele estava se divertindo com a brincadeira.
-Verdade ou consequência? - Disse após limpar minha boca.
- Consequência
Ponderei sobre alguns desafios, mas a tontura que eu sentia não me ajudava muito.
-Beba um copo disso - E apontei para o meu copo, indicando a bebida doce e deliciosa que eu estava tomando.
Ele se levantou do sofá onde estava e se sentou ao meu lado, se aproximou me olhando nos olhos e eu realmente acreditei que ele me beijaria, sem mais nem menos.
Afinal, desde quando a lembrava, Neji nunca pedia nada, ele simplesmente tomava o que queria.
Meu coração estava batendo a mil por minuto e Neji não parava de se aproximar, e quando ele tomou o copo de minhas mãos bebendo todo o líquido dali, eu não sabia se me sentia aliviada ou insatisfeita.
-Verdade ou consequência?
- Consequência
-Feche os olhos - Fechei, e logo após algo molhado se encostou em meus lábios, tive vontade de abrir os olhos, mas não o fiz. Não enxergaria muita coisa naquele escuro, de qualquer forma.
- Morda.
Era uma cereja, abri os olhos mastiguei, engoli e lambi os lábios limpando a calda doce.
-Verdade ou consequência?
-Verdade - Ele se aproximou ainda mais, enroscou os dedos nos meus cabelos, enterrou o rosto na curvatura do meu pescoço e inspirou - A verdade é que eu sempre adorei o seu cheiro.
Meu coração acelerou e um sorriso bobo apareceu em meus lábios. Idiota. Por que consegue as coisas assim tão fácil?
-Ah, não valeu, eu não fiz a pergunta - reclamei
-Tudo bem, você tem uma verdade livre também.
Ele passou a deslizar a ponta do nariz pelo meu pescoço enquanto uma de suas mãos faziam um carinho em minhas costas. Contrariando a tempestade que caia lá fora, eu me sentia quente, febril.
-A verdade é que você pode me beijar se quiser.
Que se dane que acabamos de nos reencontrar, a verdade é que Neji nunca foi somente uma paixão adolescente, e mesmo depois de tanto tempo, o sentimento por ele continuava aceso em mim. Eu já havia esperado demais por aquele beijo, e como a mulher que me tornei, não podia mais perder oportunidades por inseguranças adolescentes.
Ele sorriu satisfeito antes de guiar seus lábios até os meus, afoitos. Deixando mais que claro que compartilhava da mesma necessidade que a minha. Com Neji assim tão perto, tudo que eu sentia era seu cheiro, e sorri em meio ao beijo ao notar que era exatamente o mesmo cheiro de antes. Quando sua língua tocou a minha, não pude segurar o som de extrema satisfação que saiu de meus lábios, ao finalmente descobrir seu gosto.
-Verdade ou consequência? -Ele insistiu, com a respiração acelerada
-Verdade.
-Onde estava aos dezoito anos?
O fitei confusa, sério mesmo que ele iria acabar com o clima desse jeito, voltando para o jogo?
-No México, fiz intercâmbio durante 2 anos lá... Mas por que?
Ele desceu uma trilha de beijos da minha mandíbula ao meu busto, e fez o caminho inverso antes de me responder, parou com a boca próximo ao meu ouvido, me causando arrepios com seu hálito quente
- Porque eu saí do Japão para te procurar
-Verdade ou consequência? - eu disse num sôfrego, precisava saber mais sobre aquilo. Como assim ele tinha saído do Japão para me procurar, e por que?
-Consequência
-Me explique direito está história...
Ele suspirou, colocou as duas mãos na lateral da minha cintura e me puxou para o seu colo, o abracei de volta e enterrei minhas mãos no seu cabelo, sentindo meu corpo se arrepiar por inteiro quando seus dedos desceram até minhas pernas, alisando a parte externa das coxas e arrastando o tecido da camiseta para lá e para cá. Neji era intenso, e exalava controle.
-Sabe Pucca. Desde que te vi pela primeira vez, no Jardim da minha casa brincando com Hinata, eu previ que teria problemas. Foi dito e feito. Eu me apaixonei... Juro que tentei evitar. Mas você estava sempre tão presente, crescemos juntos e eu vi o quanto você se tornava linda a cada ano, com esse seu jeitinho de tornar o tempo ao seu lado delicioso... Ah, e se fosse só isso... Mas você ainda ficava jogando charme para mim de um jeito que você achava ser disfarçado... Droga, tem ideia do quanto você é sensual? - Ele sorriu - Não consegui resistir...
Meus olhos estavam molhados, e eu mal cabia em mim de tanta felicidade. De repente tudo que eu havia reprimido durante todos esses anos veio a tona, e eu me senti novamente como a garotinha apaixonada pelo irmão mais velho da melhor amiga. Mas agora eu sabia que era correspondida.
- Graças a Kami seus amigos não repararam, mas eu não parava de te olhar, cada detalhe seu- ele acariciou minha bochecha e me beijou de novo - Seus olhos ficam pequenos quando você sorri, você sempre fica brigando com seus coques quando eles ficam frouxos, e apenas de dizer que não gosta dessas coisas de menininha, sei que você sabe dançar ballet. Você anda na pontinha dos pés - Ele sorriu, e eu abri a boca completamente pasma. Nem eu mesma reparava tanto assim em mim, como foi que eu nunca percebi seus olhares? - Quando você foi embora, eu me arrependi infinitas vezes por ter sido tão covarde e te deixado partir sem me declarar. E quando completei dezoito anos, decidi sair do Japão para te procurar, precisava ao menos saber como você estava... Mas não te encontrei, eu procurei você por Londres inteira, e depois pela Inglaterra. Mas você não estava aqui... E então eu me convenci que o seu destino não era eu, e que a linha vermelha havia te levado para outro lugar, longe de mim... - Ele suspirou e eu me agarrei ainda mais a ele, não queria solta-lo nunca mais - Eu dei a volta ao mundo tentando te esquecer, mas acabei voltando para o ponto de partida, me estabeleci aqui tentando não me convencer que minha vontade era encontrar você pelas ruas... E quando eu finalmente me conformei, você veio até mim. Da para acreditar?
Eu o beijei, nunca conseguiria colocar todos os sentimentos que me consumiam em palavras, nem mesmo se inventasse outra língua, com outra gramática.
O beijei como se quisesse compensar todos os beijos que poderia ter dado no tempo que perdemos, e em seus braços eu me perdi.
Quando dei por mim já estávamos em seu quarto, sua cama. Minhas roupas se misturavam as dele, todas no chão.
As respirações ofegantes e entrecortadas, meus gemidos e seus beijos quentes. Nos juntamos e eu já não fazia ideia de onde era meu começo e meu fim, tampouco o de Neji. Não havia como descrever, apenas sentir e amar
Minha única certeza era que nunca mais me afastaria desse homem, e fico feliz por saber que este foi apenas o começo, um lindo começo. E ainda temos a vida inteira pela frente...
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