E ali venceriam a guerra.
Na entrada do extenso Vale de Parnos, depois do passo, montado num corcel branco, Erxes apertou o punho de sua espada, a Pyheo la Parns*, e perscrutou o terreno como fizera tantas vezes nas últimas luas até parar na extensão as suas costas. De ambos lados, erguia-se uma montanha e, entre as duas, a ligação se elevava e descendia, como uma lombada, formando o Passo Zandiyah. Um local perigoso coberto de vegetação rasteira e pedras soltas onde a vantagem daria lugar a desvantagem no mínimo deslize dos combatentes.
Um dia seco se figurava naquela manhã e nenhuma nuvem ofertava a coloração soturna das intempéries no horizonte, e além dele, e na pesarosa avaliação do Cavaleiro Negro, o sol cairia em amargura contra os corpos dilacerados de seus companheiros. Falharia em aquecer sua armadura de obsidiana ornada de flores azuis no peitoral, nas braçadeiras, e ainda assim a negativa de uma subida lamacenta continuava lamentável à decisiva batalha que se avizinhava.
O silêncio consumia o interior do vale desde o nascer daquele sombrio dia ensolarado.
Erxes o acompanhava-o e suprimia a respiração. O olhar na curva da elevação, nas pequenas flores azuis balançadas no vento matutino, esperava um servo ou refugiado qualquer surgir, sorrir, acenar uma notícia. Uma boa notícia. No entanto, a demora que corroía o Cavaleiro Negro obrigou-o a puxar as rédeas do corcel e galopar de volta aos refugiados.
Depois da subida pedregosa, um caminho terrível que impediria uma carga de cavaleiros no futuro embate, o emaranhado de montanhas e colinas verdes pinceladas de flores iguais às do passo, as yrfs, estendia-se quilômetros adentro.
A entrada do vale alargava a poucos metros da decida, num amplo plano de igualdade para, e se, dois exércitos desiguais colidirem, dar uma vitória esmagadora a quem desfrutar da superioridade numérica. Os invasores não podiam alcançar aquele ponto. Erxes avistou o primeiro grupo de sentinelas sentado em meio as flores, lanças e espadas e escudos foram erguidas com sua chegada. Os quatorze homens olharam-no apreensivos, um dentre os mais baixos, tomou a frente.
— Inimigos, senhor?
— Não. — Erxes o acalmou. — Há notícias da Capital?
— Notícias? Não, senhor. Não esperamos nenhuma notícia.
— Para mim, homem. Notícias para mim.
O homem calvo e atarracado na armadura de couro azul, incólume pelas batalhas nunca travadas, enrubesceu, tossiu e desenvolveu interesse repentino em observar as patas do corcel.
— Não, senhor — disse —, mas desejo sorte. Correrá tudo como de costume e o senhor terá duas alegrias hoje. Prometo-lhe, senhor. E uma vitória fácil!
Erxes encarou os assentimentos dos treze combatentes. Rostos enfadonhos, corpos ociosos. Reprimiu o impulso de carregar contra eles e ensinar os desígnios de um combate injusto, a mortalidade, a tensão desesperadora de sobreviver os primeiros minutos, a covardia dos mais corajosos e, no entanto, acenou. Foi um gesto breve, acolhedor, encorajando-os a resistir à tentação da fuga quando se iniciasse a batalha porque os tempos atuais exigiam até o auxílio dos mais fracos.
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