nolongerstella 96hime

Só acho que as manhãs combinam com o Asahi. Talvez porque não sejam nem muito quentes nem muito frias, ou porque são gentis, não muito diferentes do jeito que ele sorri mesmo quando está prestes a chorar... não sei.


Fanfiction Todo o público.

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Swallowing the morning

Chega a ser meio engraçado as manhãs me lembrarem do Asahi, porque mesmo que elas estejam até no nome dele, ele não parece gostar muito. Acho que ele prefere mais as tardes, sabe, aquelas em que quando se olha pro céu, parece que o azul não vai ter fim e só isso já conforta um pouco. É como se o sol brilhasse só pra gente e seria um desperdício não sorrir.

Ele sempre ficava meio envergonhado quando eu o flagrava sentado embaixo de alguma árvore depois do treino, no fim de tarde. Não sei por que ele parecia tão nervoso quando me via, aí eu só sorria pra ele: sentávamos juntos e ficávamos conversando sobre qualquer coisa até que pudéssemos ver o laranja do céu refletido um no outro. Acho que esse era meu momento preferido: ficávamos quietos um pouco e só olhávamos o sol indo embora. O Asahi parecia triste, mas quando eu falava algo, ele sorria tão brilhante que eu achava que era coisa da minha cabeça. Depois, o Suga e o Daichi sempre apareciam e nos chamavam para sairmos os quatro juntos. Nem faz muito tempo isso, mas parece até coisa de outra vida.

Não esquecendo das manhãs, eu só acho que elas combinam com ele. Talvez porque não sejam nem muito quentes nem muito frias, ou porque são gentis, não muito diferentes do jeito que ele sorri mesmo quando está prestes a chorar... não sei. Não raramente ele parecia prestes a chorar, para falar a verdade, e eu me preocupava um pouco; pensava que ele estava exigindo demais de si e, sinceramente, eu tinha vontade de o bater pra ver se ele tinha tipo uma epifania e se ligava em o quão importante era pra mim e pro time; mas, quando ele chorou de verdade, não pude evitar chorar com ele.

Foi numa manhã. Já tinha me despedido do Daichi e do Suga. Eles pareciam fortes como sempre, e mesmo com os antigos calouros (agora segundo-anistas) os abraçando em lágrimas, os dois não choraram. Provável que, quando viraram as costas, choraram mais do que o time inteiro junto, mas isso eu só imagino mesmo, porque eles nunca deixariam ninguém ver. Chorar só torna despedidas mais difíceis e o que eles menos queriam era que fosse difícil.

Asahi se despediu de mim por último. Sorri e disse que ele não precisava chorar, que se formar não era motivo para que não nos víssemos mais, que mesmo se ele fosse para outra cidade por causa da faculdade não teria problema... disse que ainda poderíamos conversar a madrugada inteira por telefone e o zoei por ele ser o tipo de pessoa que promete ficar acordado até tarde, mas antes da meia noite já está caindo na cama. Falei tudo isso orgulhoso, do jeitinho que eu tinha ensaiado nos últimos seis meses na frente do espelho; só que aí, quando terminei, acabou que eu estava chorando mais do que ele.

Nossa despedida não era para ser assim. Queria me desculpar por estar tornando as coisas piores, queria dizer que ele não precisava se preocupar com nada, porque eu e o Ryuu daríamos conta de manter o time unido e se o Enoshita um dia não confiasse em si mesmo como capitão, nós dois seguraríamos as pontas e daria tudo certo; mas isso não saiu da minha garganta, ficou preso por lá mesmo, enquanto as lágrimas é que saíam e eu me senti patético. Não queria que fosse assim.

Então como se fosse o melhor a se fazer ele me abraçou. Talvez fosse mesmo. Acho que foi nesse momento que me dei conta que ele se parecia com a manhã. Ele tinha cheiro de sol, e pensei que o tecido da roupa dele contra meu rosto era meio parecido com quando você acorda com o lençol todo enrolado na cara, sabe? Achei engraçado, mas não tive vontade de rir. Ele abraçava com força. De certo ele quebraria algum osso meu se continuasse, mas não queria pedir para que parasse: queria só que ele me puxasse mais para perto e que a gente pudesse ficar assim por um tempo, sem ter que pensar sobre encontros e despedidas, mas seria pedir demais, não seria?

Aí quando ele me soltou um pouco e eu pude vê-lo, ele já não chorava mais. Chegava a ser cômico que o Asahi não chorasse enquanto eu é que não conseguia nem enxerga-lo mais direito por causa das lágrimas.

Ele bagunçou meu cabelo e sorriu; disse que estava tudo bem e eu quase acreditei que fosse verdade – quis acreditar que fosse, porque era o que o Asahi queria acreditar também, apesar da cara triste que ele fazia.

Depois disso nós não nos vimos mais. Ele foi mesmo para outra cidade e nós cumprimos nossa promessa de ligar sempre: eu falo sobre os novos membros do time e como eu e o Ryuu somos inspirações para eles e o Asahi fala sobre as pessoas que tem conhecido na universidade e como os professores de lá o assustam. Mesmo que eventualmente ele durma na linha quando eu me empolgo demais, eu não me importo – gosto de ouvi-lo dormindo e fico imaginando como seria poder ouvi-lo enquanto o tenho nos braços até de manhã. Talvez um dia eu saiba

Talvez um dia, se a primeira coisa que eu ver quando acordar for os cabelos desgrenhados dele, eu possa dizer com certeza o porquê de eu acha-lo parecido com a manhã. Vou poder compará-los direitinho e encontrar argumentos concretos que reforcem as teorias meio malucas que invento enquanto eu espero o café passar.

Até lá eu me contento em levantar cedo mesmo, só pra abrir a janela e sentir o ar da manhã fresquinho no meu rosto. Não é muito, mas ajuda a matar a saudade dele.

26 de Fevereiro de 2018 às 06:06 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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96hime uma fujoshi sem salvação que propaga sofrimento através de personagens 2D

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