dimple doctor Jin

Acreditava que não existia mentira maior que os romances da TV, mostravam um final feliz com pessoas fiéis e apaixonadas, mas o amor é um sentimento falso que apenas trazia mais dor ao coração quando percebesse que nada do que idealizou realmente aconteceu. Um relacionamento perfeito como os dos doramas não existe, não para ele, porque não existe amor para Jeon JungGuk.


Fanfiction Para maiores de 18 apenas.

#BTS #Jimin #Bangtan #Jungkook #Drama
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Capítulo único

 


 Trocava de canal incessantemente enquanto estava largado no sofá, não havia nada de bom, só as mesmas histórias românticas de sempre com personagens e/ou títulos diferentes. É hipocrisia dizer que ninguém copia algo, tudo o que o ser humano faz é desenvolver ideias um pouco mais elaboradas - ou não - que as anteriores, mudar um detalhe aqui e outro ali e apresentar o trabalho. Por que tantas histórias idealizando pessoas se conhecendo de forma tão inusitada e despertando um sentimento forte só de olharem nos olhos um do outro? Por que tantas juras de sentimentos e relacionamentos eternos? Por que pelo menos dois garotos se apaixonam pela personagem principal nos doramas?

 Ah...Sim...Os doramas. Se havia algo que odiava mais que qualquer tipo de conto amoroso, com certeza diria serem os doramas porque eram os mais idealizadores e mentirosos. A vida real não é tão colorida, não possui tantos mocinhos bonitos e educados te idolatrando, amores de infância são apenas ilusões da mente inocente desejando que apressadamente alguém acelere seu coraçãozinho ganancioso, um ensino médio agitado com pessoas lhe atirando olhares desejosos, talvez um chefe bonito e rico querendo seu namoro falso por alguns dias e no fim te amando loucamente ou conhecendo alguém incrível depois de mudar de cidade/escola. Tudo uma grande farsa, mentira, JungGuk odiava cada uma dessas histórias ilusórias que diziam possível que alguém lhe desejaria intensamente a ponto de arriscar tudo para estarem juntos.

 Conseguia até mesmo sentir o ódio circulando por suas veias ao ver cenas tão idealizadoras, a vontade de gritar para a TV enquanto arremessa o controle na tela é avassaladora.


“O amor é um sentimento para pessoas inocentes, fracas, burras”


 Repetia a frase na mente como um mantra, uma forma de tentar se purificar de qualquer desejo que tenta lhe atingir porque errará de mais no passado e não queria cair na mesma mentira. Ninguém se apaixona à primeira vista, apenas querem te foder até não o acharem mais interessante ou suficiente, o primeiro encontro será desastroso e vergonhoso, não terá várias pessoas desejando um relacionamento sério - se tiver uma já é muito - e quando começarem a namorar verão que não são compatíveis...Ninguém se doa de verdade num relacionamento, não existe um “somos o suficiente um para o outro”, Jeon sabia o quanto era descartável, pois sua vida começou por um descarte ao seu progenitor não conseguir expelir a tempo o sêmen fora da vagina da ‘mãe’ e então o efeito dominó surgir ao homem - que jurou amor naquele momento intenso e hormonal de colégio - largar a mulher que logo após foi rejeitada pelos pais e que anos depois largou o filho para tentar um novo romance com um caminhoneiro que havia abandonado a própria família para ficar com a amante. Por isso JungGuk sabia, não existe amor, não em sua vida, não o suficiente para si.

 Viver um romance é como ter um emprego, e o encontro é a entrevista. Jeon nunca foi bom em manter diálogos e falar sobre sua vida, não gostava de olhares penosos ou dizerem que apenas era um dramático, não era rico - na verdade, nem poderia se dizer classe média, era pobre e nada poderia contestar este fato -, seu emprego de empacotador em um supermercado não atraia os olhos de ninguém, suas “roupas de sair” compradas a anos atrás em uma liquidação não eram jeitosas o suficiente para agradar o parceiro e o encontro em um lugar barato com a conta sendo rachada - não porque insistiu em pagar - e a promessa de ligar no outro dia era uma farsa, tinha consciência que sua entrevista romântica não foi bem sucedida.


“Ligarei amanhã”


 Era fácil perceber o olhar monótono enquanto diziam uma frase já automática que o real significado já fora decorada depois de tantos encontros ruins. Ele não ligará amanhã, nem na próxima semana porque você não vale uma ligação, Jeon, você nunca valerá.

 As pessoas são rudes e seus comportamentos mais ainda, a gentileza sempre lhe foi direcionada com intenções ocultas - às vezes nem tão ocultas assim -, a carona para casa por já estar muito tarde é uma desculpa furada, se você tiver a sorte de ser realmente levado para casa, ele tentará algo mais e se nega-lo, irá insistir para entrar em sua casa. Não era novidade alguma pessoas querendo apenas um sexo fácil e barato, depois de tantos encontros, Jeon percebeu que valia um jantar - se tivesse a alegria de ser isento da conta - e uma carona para casa, se usasse uma calça colada poderiam parar em algum hotel barato. Mas JungGuk era humano, sentia desejos carnais e não se importava de ser a apenas a foda da noite porque agora ele sabe, nunca seria suficiente para ninguém. Não seria o melhor beijo, o melhor boquete e nem o melhor orgasmo, assim como não prezavam tanto o seu prazer, as suas vontades.

 Jeon odeia doramas, pois está cansado das falsas esperanças que lhe davam, cansado de invejar o destino bondoso daquelas personagem inocentes que tinham corações apaixonados o suficiente para por na estante. Porque sabia que não poderia oferecer muito, não tinha família, não tinha uma casa - seu “apertamento” é de um cômodo pequeno com móveis básicos comprados de segunda mão localizado num bairro de periferia -, não tinha um emprego dos sonhos e nem histórias maravilhosas para contar, não terminara os estudos e nem possuía algum dom ou talento especial. Jeon JungGuk era apenas o seu nome, que a mãe havia copiado uma parte do recém-nascido da gestante que ficou ao seu lado. Uma cópia descarada e que a mulher não sente vergonha de contar, nisso ela não fora hipócrita.

 Era um miserável que levava uma vida miserável e com uma história de vida e histórico amoroso mais miserável ainda. Mas não queria de forma alguma os olhares penosos em sua direção, porque tinha total consciência na falsa simpatia e logo não pensariam duas vezes antes de lhe tratarem mal ou desistirem de alguém “sem eira nem beira”,. Não era digno de receber algum sentimento verdadeiro, nem mesmo a pena tão indesejada era real.

 As suas poucas metas de vida eram: que as promoções de quarta-feira mais o desconto de funcionário - uma das poucas coisas que podia se orgulhar de possuir- fossem o suficiente para fazer as compras do mês e pagar as contas mensais sem precisar passar mais de uma semana comendo lamén, que não aparecesse nenhum animal de rua tentando fazê-lo sentir pena e ceder um pouco de comida, que sua mãe parasse de lhe mandar cartões dizendo o quanto sua vida era boa ao lado de algum novo namorado - porque ao contrário de si, a mulher amava doramas e pensava que um dia viveria um amor tão grande quanto os da TV -, que o vizinho de cima e os do lado parassem de brigar tanto ou tocarem música alto. Suas metas sendo tão ridículas quanto sua existência, quanto seus resquícios de esperança pós histórias romances e seus lapsos de inocência ao aceitar um novo encontro oferecido por algum cliente tão miserável quanto si mesmo, mas soberbo de mais para manter encontros com uma pessoa sem futuro.

 Jeon JungGuk não era apenas pobre financeiramente, mas também pobre de espírito, de autoestima, de estudo. Lhe faltavam bens materiais e sobravam decepções, histórias sem finais felizes ou arco-íris e pôneis saltitantes, colecionava rejeições e cacos do próprio coração. Por isso JungGuk odiava doramas, pois sabia que não valia a pena sentir tanto por seu colega de trabalho, eles nunca teriam um final como os dos personagens, não seria eterno, não seria verdadeiro - logo ele também perceberia que não era tão interessante, não tinha tanto a oferecer -, já era muita coisa Jimin ainda o querer como amigo. Sentia medo de ir trabalhar e olhar para o outro porque tinha certeza que em algum momento o Park não iria desejar mais sua companhia, não era bonito como ele, nem tão esperto e sociável, doia criar esperanças e tudo o que menos deseja agora é sentir mais dores apertarem o coração e sufocar a garganta até se desmanchar em lágrimas.


“Ele é tão vivido, otimista e talentoso”


 Park Jimin é tanto que chega a transbordar, Jeon JungGuk é tão pouco que mesmo cavando é difícil de encontrar, é como uma roupa velha, desbotada, remendada e ainda assim com muitos furos e rasgos que é apenas usada quando não tem outra opção. Na entrevista romântica o Park certamente seria disputado e contratado com êxito, enquanto si teria sorte se entrasse ao menos na lista de espera.

 E Jeon sabia que não aguentaria beber nem um pouco de Jimin para ser descartado depois, não do dono de madeixas laranjas, sentiria falta de cada gota de atenção, sentiria tanta sede. A dor que surgirá quando o Park não achar sua amizade o suficiente já o doerá tanto, já dói tanto...É tão difícil passar cada noite imaginando e se perguntando se amanhã será o dia que Jimin acordará da ilusão de amizade ou perceberá como o olha e então o afastar, o abandonar como todos os outros fizeram. Tudo que menos quer é que o Park se torne mais uma de suas decepções, mais um a lhe rejeitar...Mas é inevitável, ninguém o suporta por tanto tempo. Não queria, mas seu destino era esse.

 Doramas são cruéis, mentem, enganam de mais seu coração e mostram o que nunca poderá ter e o machucam. Doramas despertam seu ódio, sua dor e suas lágrimas, trazem de volta seu passado e suas decepções, por isso os odeia tanto.


Não existe amor para Jeon JungGuk.

Nunca existirá.



26 de Fevereiro de 2018 às 02:34 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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doctor Jin Fantasmando enquanto posto minhas histórias.

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