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Uma morte inesperada de um humano recém-flechado na virada do século XIX abala a existência de um cupido, que se vê em uma posição em que deve cuidar dele enquanto a morte não pode ceifá-lo. Min Yoongi é carrancudo e melancólico e faz do cupido um depósito de desabafos ao decorrer do século XX. Por essa razão, o cupido nunca cogitou a ideia de que poderia se apaixonar pelo humano, mas aconteceu, justamente quando a morte veio buscá-lo.


Fanfiction Bandas/Cantores Para maiores de 18 apenas.

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Um Amor Por Outro

Escrito por: @scarisvancci / @scarisvancci

Notas Iniciais: Oi, pessoal! Essa história é muito importante pra mim porque foi aqui que eu, de verdade, escrevi cem por cento da forma que eu quis, tudo decidido por mim e da forma como eu acreditei que fazia mais sentido, então entendo completamente se muitos de vocês não gostarem muito, porque não vai ser fácil de digerir, mas se você leu minhas outras histórias e tem disposição para me dar mais uma chance, eu vou ficar muito feliz.


@ItzeHable fez as capas, que, na minha opinião, estão bem lindas. E a Lu YinLua/YinLua betou tudo, então muito obrigado por isso!


Como sempre, a qualquer um que ler eu dedico um grande agradecimento, pois saber que as minhas palavras chegam às outras pessoas nunca vai importar menos.


É isso, boa leitura!


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O que é amar?

Faço essa pergunta como o cupido que sempre fui. Compreendo que meu dever era levar amor aos humanos. No entanto, eles o receberiam mesmo se não o reconhecessem?

Os poetas responderiam que amor é fogo que arde sem se ver, mas estariam errados, porquanto não existe uma só chama ardente que aos olhos se seja impossível observar. Fogo que arde sem se ver é a mentira, não o amar.

Os outros escritores responderiam que é a grande reviravolta da trama, mas também estariam equivocados. Aos olhos atentos amar é óbvio. O amor nunca chega de última hora, encontra-se sempre presente, portanto não é uma surpresa, sequer uma mera novidade.

Então o que é amar?

Os artistas afirmariam que é o gozar do peito ao criar algo totalmente novo, ao encontrar-se em estrofes, telas ou qualquer pouca muita coisa. Também estariam errados. Essa é a paixão.

Em uma última tentativa, os cientistas diriam que é um fenômeno cerebral complicado envolvendo hormônios, neurotransmissores e… A eles não daríamos razão ou sequer atenção, uma vez que eles mesmos são um bando de tolos e insensíveis que nunca puseram à prova o amor e levianamente tentam desrespeitosamente quantificá-lo e qualificá-lo quando não têm o direito ou erudição suficientes.

Quase desistindo, tento eu mesmo definir o que é amar, e me sinto nu perante aos seus olhos, pois a óbvia resposta que tanto busco é que amar é simplesmente uma ação, correspondente ao amor como um sentimento inerente. Compreendo, por fim, que só sabe o que é amar quem por vez já amou profundamente, tanto que se perdeu a noção ou capacidade de defini-lo com juízo ou sentido, buscando por entre as metáforas aquela mais sã dentro de sua própria insanidade, a dizer que só morre quem tem tanto amor para dar.

Minha resposta final é que só quem já amou sabe o que é amar.

Você entendeu?

Há uns bons cem anos, conheci um rapaz bem jovem magoado pelo amor, tão muito triste, que morreu por ele.

O acaso é que eu, um cupido que já criou muitos amores, lembro-me muito bem de flechá-lo com uma boa moça de vestidos bonitos, quem o acolheu e amou o jovem com tanta graça que teriam servido de inspiração àqueles escritores de quem o falei mais cedo.

Nem sempre os humanos têm sorte de serem agraciados com felicidade plena. Tão logo aquele mesmo amor juvenil que eu dei corda esticou-se até romper-se, levando ao chão o jovem protagonista das minhas palavras.

Era um sujeito bem amargo e carrancudo, com quem tive que lidar por uns bons sessenta e nove anos.

Depois que morreu, não se libertou facilmente das amarras mundanas, assombrando sua velha amada e a impedindo de amar mais amantes.

Como a morte ainda não poderia levá-lo, ficou para mim a responsabilidade de fazer o jovem perdoar seu amor para que enfim descansasse.

Seu nome era Min Yoongi.

Lembro-me bem de quando ele me conheceu — veja bem, eu já tinha noção de sua existência, mas humanos só sabem dessas coisas depois que se despedem da vida.

Estava ele sentado em uma ponte, na época, há pouco construída — um século antes, para mais ou para menos — e olhava para o rio à sua frente, com uma expressão reflexiva, característica dos finados.

Admito haver rido da ironia diante de mim, contudo logo me aproximei, com uma fala branda e decorosa, e em sequência cordialmente eu me apresentei:

— Não se pode matar um morto, velho amigo, nada há de sentir nestas águas além do desperdício do seu tempo.

Seus olhos me investigaram dos sapatos oxford pretos ao chapéu-palheta — sempre odiei anacronismos —, descendo então ao meu rosto. No momento, eu ostentava um sorriso.

Ele nada disse, portanto prossegui.

Nunca tive nome, mas prestei-me ao trabalho de encontrar uma identificação familiar ao humano funesto.

— Sou para você Park Jimin.

— É para mim absolutamente coisa nenhuma.

Como eu refleti, amargo e carrancudo.

Sentei ao seu lado.

— Se soubesse o que realmente sou, velho amigo, eu quem por esse rio abaixo rolaria.

— Não sou seu velho amigo, sequer lhe conheço. Está parecendo que é mais um capadócio.

Suspirei, seguindo seu olhar e descobrindo que não somente admirava o rio, mas também uma moça bonita lá embaixo, em um barco conduzido por um cavalheiro que a cortejava.

— Não fomos nem eu nem o destino amigáveis com você, é verdade, mas lhe conheço já há alguns anos.

A qualquer um que não eu pouco interessa essa primeira conversa, então brevemente contarei que Yoongi muito desconfiou de mim até que finalmente sentisse que eu era merecedor de sua cortesia, expondo de então em diante em modos de solilóquios o luto não pela vida, mas pelo amor perdido.

Acreditava ele que eu era mais um morto que nada melhor tinha para fazer com minha existência a não ser ouvi-lo.

Numa dessas ocasiões, depois de já algumas décadas de “papos furados”, tentei consolá-lo, mas nunca soube como proporcionar esse ato aos humanos.

— A maioria de vocês, amigo, conhece muitos amores. Me entristeço porque você não se deu essa chance. Teria sido feliz se tivesse ficado vivo. Mas serei egoísta agora, já que fico feliz por tê-lo para essas coisas de pouca importância.

Meu conhecido de tantas décadas soltou um riso fraco antes de dizer qualquer coisa. Ainda me lembro ao menos um pouco de como o vocabulário da época era antes de naturalmente evoluir, e é engraçado pensar na quantidade de vezes que nos renovamos ao conversarmos.

— Não se ofenda quando digo que dou valor à sua companhia, mas que me agradaria muito mais estar com meu grande e único amor. Ah, eu a amava demais. Não me conforta estar com você em vez de ao lado dela. Vê-la envelhecer ao lado de outros homens enquanto eu continuo com a mesma cara é um verdadeiro castigo. Seria muito melhor para mim se a morte buscasse um de nós dois de uma vez, ou a trouxesse para mim e a deixasse aqui no seu lugar.

Pela primeira vez eu senti algo que até então não me imaginava capaz, mas minhas sobrancelhas se uniram e o coração — o qual eu sequer sabia que funcionava dessa forma — se apertou ao passo que o sorriso já quase dormente sumia.

— Saiba, companheiro, que sua bela amada pouco o retribuía, e muito satisfeita goza de tantos amores que os cupidos a ofertam. Um desses cupidos pouco curiosamente se encontra em sua presença. — Levantei com aquela ira instantânea e pouco dei a mínima para seu espanto ao arregalar os olhos para as minhas asas no momento em que as revelei. Antes de voar para bem longe, despedi-me de tal modo que duvidei da possibilidade de que Min Yoongi o esquecesse: — E esse cupido espera que você encontre um raio que o parta, não antes de definhar, apodrecer ou qualquer coisa insignificante que faria o seu corpo moribundo. Não me interesso pelo que passará a você. Despeço-me já e para sempre. Adeus.

Aquela foi a última vez que ele me viu durante a década de 40.

Voltei a observá-lo de longe, frustrando suas tentativas de assombrar a pobre senhora já viúva cujos filhos também já haviam casado.

Não era meu trabalho tomar conta de uma alma penada mal-amada, contudo, compreendi que, se eu, assim como a morte, o ignorasse, a existência de Min Yoongi se tornaria deveras mais miserável do que já era, e ele viraria um fantasma andarilho e perdido, sem nome, sem memória ou noção de ser. Era um fim cruel demais para qualquer um.

Confesso que, em meus primeiros momentos experimentando aquela mágoa e ressentimento, eu desejei que minhas palavras se tornassem verdade, mas por fim aceitei minha fraqueza emocional ao ser incapaz de assistir algo dessa natureza passando àquele humano. Por dez anos mais, então, eu o observei.

Min Yoongi era um fantasma deprimido, visitava sua amada em alguns dias, mas sempre voltava àquela mesma ponte, onde um dia decidiu permanecer e não saiu mais.

Ao passar da década, ele, enfim, deu por falta da minha presença, pois chamou-me em um sussurro inseguro, solicitando que eu aparecesse para aturar seus murmúrios e infindáveis lamentos pesarosos.

Dia após dia e ano após ano, ele chamou por mim, ora em suspiros ora em brados retumbantes, mas sou uma criatura imortal, e tanto quanto é meu coração. Por vez, para meu rancor, dez anos nada significavam.

E assim dez anos se tornaram vinte.

A primeira coisa que fiz no Dia dos Namorados de 68 foi verificar o paradeiro do fantasma, encontrando-o, como sempre, na ponte.

Deixei-o lá e pus-me a trabalhar, flechando casais, inspirando cantores e desabrochando amores.

Porém algo durante aquele dia me incomodou por horas a fio. Não conseguia me concentrar totalmente porque aquela sensação me impedia de pensar com clareza, quase como uma pedra em meu sapato. O tipo de situação chata que traz questionamentos do tipo "estou esquecendo algo óbvio", algo que, independentemente da minha força de vontade, eu não conseguia me lembrar.

Fiquei por muito insatisfeito, mal prestando atenção nas atividades festivas e românticas dos humanos durante aquele dia apaixonante, relativamente feliz em meio ao caos que acontecia naqueles tempos tão antidemocráticos.

Foi só depois de gastar todas as minhas flechas que pude, enfim, ouvir com clareza o choro soante quase como uma oração. O chamado pedinte e desesperado soou com uma clareza de sentido que anteriormente não passou de zumbidos nos meus ouvidos.

Quando por fim entendi o que acontecia, bati minhas asas e voei o mais rápido que consegui, numa pressa angustiada que só quem teme perder algo é capaz de compreender.

Sentia as asas cortarem o ar com urgência, meus olhos vagando pela cidade e meu coração batendo acelerado.

Depois de tantas décadas, enfim retornei àquela ponte e meu corpo petrificou quando meus pés tocaram a superfície concreta.

Foi como se meu coração tivesse parado por um instante, sem saber o que deveria fazer.

— Me perdoe — meu humano foi o primeiro a romper o silêncio, e pus-me em estado de alerta quando se ajoelhou à minha frente. Por reflexo e surpresa, copiei sua atitude. — Eu imploro, me perdoe por ter sido tão insolente.

— Do que está falando?

— Consigo perdoá-lo por punir-me com vinte anos da sua ausência, mas não perdoo a mim mesmo por ter-me causado esse doloroso exílio. Nunca antes minha alma sofreu tanto quanto pelas consequências das minhas ofensas.

— Chamou-me mais uma vez para lamentar a respeito do quanto sofre? Tua morte não é responsabilidade de ninguém além de si próprio. Era tua corda, afinal.

— Não o chamo por isso.

— Então por quê?

— Chamo-lhe, pois de muito da vida já me puni. Já senti o amargo do sangue em minha boca e o atrito da corda rasgar minha garganta. Já sofri por haver pensado ter sido traído, e já sofri todas as vezes que amei em vão. Nenhuma dessas torturas, no entanto, chegam aos pés do teu silêncio. Da tua falta ao meu lado todos os dias. Puna meu corpo, faça de tudo que há de mais atroz a mim, mas não volte a sumir. A violência eu suporto, tua ausência não.

Tudo dura. Tua dureza, tudo, tudo, tudo… Era o que meu coração tentava me dizer, que tudo, tudo, tudo… Tudo.

— Mas — interrompi a fala que vinha de dentro de mim — como pode lamentar tanto assim pela minha ausência? Se nunca fui nada para você, além de um transtorno? Como pode considerar um tormento não ter por perto o que lhe afastava da sua amada?

Suas mãos envoltas em punho afundavam-se em seu peito, ao passo que levei as minhas ao seu rosto, descobrindo pela primeira vez a sensação de tocar sua pele frágil e fria.

— Para o inferno a minha amada — declarou rispidamente e com evidente impaciência. — Onde quer que esteja, para o inferno tudo que eu um dia jurei sentir por aquela mulher, cuja beleza enfatiza-se tanto quanto sua indiferença, essa por vez mútua para mim. Amei-a, confesso, enlouquecidamente, mas agora me encontro são, pelo menos nesse território. Já não lembro mais de como é o seu rosto, sequer me recordo da última vez que procurei saber como ela estava. Não sei mais o caminho para encontrá-la. Mas você, Jimin, teu rosto eu nunca esqueci. Tua voz eu nunca parei de ouvir em meus pensamentos, implorando dia após dia para que me repreendesse outra vez. Não consigo esquecer da primeira vez que me chamou de "velho amigo". Detestei quando me chamou assim. Detesto, agora, como me chamou, mas porque "amigo" já não me satisfaz por completo. Não é um amigo para mim. Não apenas isso. Amizade não faz jus ao que meu coração tenta confessar ao teu.

— Yoongi…

— Perdi o juízo, eu sei. Não busco fazer sentido, busco apenas pelo seu perdão.

Seu rosto estava mais angustiado e mais pálido do que eu me lembrava, sua voz mais cansada e quase distante. A fraqueza era notável, e, se não já estivesse morto, eu afirmaria que era esse o destino que o aguardava.

Desci as minhas mãos para as suas e mal senti o toque, quase não pude alcançá-lo.

— Não consigo mais existir assim, sem que você esteja ao meu lado, e não sinto vergonha de dizer isso.

Respirei fundo e analisei bem seu rosto, tomando para mim um pouco daquela tristeza aparente.

Incapaz de expressar tudo que havia dentro de mim, incapaz de ser racional ou tão verbal quanto ele, declarei:

— Eu o perdoo.

E só pisquei a tempo de ver seu breve sorriso.

Levei minha mão ao seu rosto outra vez, mas era tarde demais. Então me afastei por reflexo, com olhos arregalados, batimentos acelerados, e arranquei a gritos o choro entalado em minha garganta, implorando pelo seu nome em um brado retumbante.

Yoongi não estava mais lá.

Não estava mais lá porque não amava mais a boa moça.

Não estava mais lá porque não havia nada mais na Terra que o prendesse ao plano dos vivos, quando há muito tempo deixara de ser um.

A morte, enfim, veio buscá-lo. Levou-o para sempre para longe da minha arrogância e maus tratos.

Tentei me convencer de que, se eu nunca tivesse partido, talvez jamais tivesse sentido tanta saudade. Se nunca tivesse gritado com ele, talvez nunca tivesse sentido a ansiedade sussurrar seu nome.

Se nunca o tivesse odiado, talvez jamais o teria amado.

Estúpido que sou, restei no peito todas essas coisas.

Estúpido que sou, tomava eu então o lugar que sempre pertenceu a ele naquela ponte.

Estúpido que sou, matei a mim mesmo por amar.

Ano após ano.

Aos poucos, passei a sentir a solidão que por vinte anos o fiz sentir.

Aos poucos, passava a ter certeza do quão sólido era o chão, do quão ardente era o sol às três da tarde, do quão doloroso era o aperto no peito de saudade.

Descobri como era sentir o ar faltar-se quando já não se respira, e logo aprendi a fazê-lo tal qual um ou dois humanos que observei.

Descobri a força magnética do instinto de sobrevivência inerente aos vivos, por olhar um pouco demais para o rio abaixo de mim e ficar curioso a respeito de sua profundidade, quando nunca soube nadar.

Todas as dores eu senti. Minhas penas uma a uma caíram, minhas asas sumiram de vez, arrancadas à força das minhas costas, restando uma enorme cicatriz que quase me matou. Mas não matou.

Não matou porque dor nenhuma, mundana ou sobrenatural, chegava a pesar uma centelha do luto que aprendi a sentir.

Dor nenhuma era análoga à deterioração do meu peito a cada ano que passava, implorando para que a morte tivesse piedade de mim e trouxesse o humano de volta.

Dor nenhuma doía tanto quanto sentir amor sem nunca poder amar.

Por fim, a cada dia vivia mais, tanto quanto por dentro morria.

Não sei quanto tempo levou para que eu tivesse certeza plena do quão humano eu me tornava. Talvez vinte anos de uma lenta gradação tivessem se passado diante dos meus olhos.

A língua mudou, as construções mudaram, a música mudou, as vestimentas, a política — mesmo que não tanto.

Ao notar tudo ao meu redor mudar, senti meu estômago roncar, e ao passar de uma ventania, minha pele arrepiar.

Foi quando compreendi que eu também mudei.

Como se acordasse de um sono profundo, percebendo as lágrimas já secas em meu rosto, olhei para mim mesmo, com vestes tão anacrônicas — aborreci-me, sempre odiei anacronismos —, e suspirei pesadamente.

Poderia passar vinte mil anos naquela ponte, mas ele nunca voltaria. Poderia morrer ali, e mesmo assim jamais tornaria a vê-lo.

Por essa razão, obedeci ao instinto de sobrevivência. Levantei, e minhas pernas a princípio falharam, fracas pela falta de uso, mas também de sustento, que, a partir daquele instante, meu corpo passou a necessitar.

Da minha antiga existência, restou somente o meu estojo ainda cheio de flechas, abandonadas por mim desde que deixei de acreditar em seu propósito. Meu arco se foi junto às minhas asas, mas as flechas permaneceram, por serem forjadas em metal existente na Terra.

Pus o estojo no ombro e passei a caminhar. Para onde? Por favor, não tenha essa dúvida, pois eu mesmo não fazia ideia.

Só reconhecemos o caminho quando sabemos para onde ir. Mas caminho nenhum no mundo me levaria a você, então andei pelas calçadas quebradas com pedras fora do caminho, ignorando completamente a quentura do dia queimando os meus pés, por mais que meu corpo implorasse para que eu corresse. Não fazia diferença.

Por que me importaria com os meus pés quando era meu coração minha maior vítima e, portanto, prioridade? Ignorei-os como ignorei a ti.

Continuei caminhando.

Minha cabeça se manteve baixa durante todo o não-trajeto, evitando a gigante estrela cuja luz cegava quem se atrevesse a encará-la.

Continuei caminhando.

Engoli em seco vez ou outra, respirei fundo e fechei os olhos a mesma quantidade de vezes, e também devo ter tropeçado e errado um passo ou dois quando a pouca energia se despedia.

Continuei caminhando.

Meu estômago estava embrulhado, e não me arriscaria a forçar palavras através da garganta, por saber que som nenhum escaparia.

Disposto a render-me, parei de caminhar, olhando para frente pela primeira vez.

Meu olhar atravessou a avenida, tomando para si o trabalho dos pés, e encontrou uma construção simples e bacana. Uma porta ao meio, algumas janelas, do lado de fora mesas e cadeiras, uma placa alertando sobre a disponibilidade de acesso ao local. "Aberto." Os meus pares de observadores subiram a vista e provocaram-me um arfar ao revelar o nome do lugar, transportando-me de imediato para um mar de lembranças que sequer me imaginava capaz de recapitular:

— Que farias da vida se ainda a tivesse? — Virei o rosto e vi que meu amigo humano encarava o horizonte com otimismo e humor nostálgico.

Ele não sabia que eu era um ser imortal, não sabia que o que jamais poderia chamar de vida eu dedicava completamente a servir os humanos, encontrando pessoas que pudessem amar enquanto eu mesmo não tinha um único dia diferente do outro o suficiente para ser capaz de diferenciar.

Ele não sabia que eu não vivia, sequer estava morto.

Refleti sobre sua pergunta.

O que eu faria? Se fosse humano?

— Não posso imaginar, velho amigo, perdoe minha inutilidade neste assunto. E tu? Que farias? Se não tivesse… É claro.

Ele abaixou o olhar e os cantos dos seus lábios se moveram minimamente — não poderia considerar aquilo um sorriso —, então voltou a perder-se no sol poente.

— Meu irmão e eu queríamos abrir uma cafeteria.

Analisei-o com curiosidade, era a primeira vez que me contava sobre aquilo.

— É mesmo? — Assentiu.

— Não tenho noção das décadas desde minha infeliz morte. No entanto, só percebo agora que jamais pensei em visitá-lo. Compreendes? Nunca tentei descobrir se meu velho irmão conseguiu trazer nosso sonho à tona.

— Posso visitá-lo, se desejar.

Ele negou com a cabeça e apenas murmurou "É melhor assim".

Lembro-me bem do solilóquio que se seguiu a esse diálogo.

Lembrava-se ele de todas as noites que passou ao lado do irmão, com as bochechas grudadas em uma janela enquanto, maravilhados, olhavam para os céus e se acalmavam com o pacífico barulho de chuva, melodia perfeita para quando a gentil mãe preparava uma bebida quente para confortá-los e ajudá-los a dormir.

Um de seus grandes arrependimentos foi ter dado um final infeliz a esse doce sonho dos dois. Soma amarga a dois elementos tão bons.

Arrependia-se de ter sido tão egoísta.

Barulho de chuva.

Era só o que conseguia pensar enquanto encarava a cafeteria do outro lado da rua. Parecia boa demais para receber alguém tão amargo. Não me sentia honrado, não tinha o direito de invadir os desejos e sonhos de quem tanto maltratei.

Contudo, meus pés me desobedeceram e, após meus olhos, cruzaram a avenida, guiando-me ao gatilho das minhas memórias.

Um sino anunciou minha entrada no lugar tranquilo. Olhei ao redor e tentei procurar qualquer indício de que Yoongi fazia parte daquilo. Procurei por ele.

As paredes brancas desbotadas, o piso quadriculado em preto e branco, mesas coloridas e bancos redondos com assentos vermelhos, cores supersaturadas. Jovens com penteados diversos, roupas tanto quanto, música de letra ousada e bebidas em copos grandes.

Yoongi não estava ali, talvez nunca tenha estado.

— Posso ajudar?

Virei meu rosto em direção ao som.

Uma moça estava atrás do balcão, tinha um sorriso meigo, olhos compreensivos e uma pose divertida.

Aproximei-me sem dizer nada.

— Me desculpa, mas cê se veste que nem um vovô. — Compreendi muito bem que não zombava de mim, era apenas uma reação natural ao meu erro histórico.

Não trocava minhas roupas há vinte anos ou mais, sequer tinha como naquele momento.

— Cê tá bem? — tornou a falar.

Franzi o nariz.

Há muito tempo não falava com um humano, não fazia ideia de como não a confundir com os meus modos.

— Conhece Min Yoongi? — Ignorei sua pergunta para fazer uma própria.

Ela apertou os olhos.

— Yoongi? Talvez. É a minha família. Meu nome é Min Yoonhee.

— Quem fundou este lugar?

— Fundou? Nossa. — Riu soprado. — Cê tá fazendo algum trabalho pra escola? — Esperou que eu respondesse, mas não tive reação. — Olha, se eu me lembro direito, foi o avô da minha vó. Ele tinha um irmão, que eu não lembro o nome. Vovó disse que meu tataravô queria ter uma cafeteria com o irmão, mas ele morreu antes disso. Mas, olha, o lugar não é assombrado, tá?! — Sorriu outra vez.

Então era aqui, concluí.

Um dos sonhos de Yoongi havia se realizado, mesmo que ele nunca vivesse para descobrir.

— Mas, e aí? Vai querer alguma coisa?

Voltei a observá-la.

Sua pele era clara como a dele. Seus cabelos escuros e cacheados estavam presos para cima, seu uniforme era bem colorido.

Eles não tinham nada de semelhante, e nem deveriam ter.

Se eu ainda fosse sobrenatural, e se ainda tivesse disposição suficiente, teria rapidamente me adequado à sua época. Mas não me importei, apenas a respondi da forma que estava acostumado.

— Não tenho… — Como chamavam? — Eu não tenho…

— Dinheiro? — supôs. Concordei, recebendo seu olhar de cima a baixo. — Cê não tá bem mesmo, né? — A pena evidente fez eu sentir vergonha de mim mesmo. — Está com fome? É por conta da casa.

Apesar de miserável, apreciei sua breve gentileza e aceitei sua ajuda, recebendo o prato de refeição que foi posto diante de mim pouco tempo depois.

Nunca na vida havia comido, nunca tive necessidade como tinha naquele momento.

— Nada melhor num fim de tardezinha que uma tapioca com um cafezinho — afirmou, e não tive como discordar.

Uma bebida quente em um calor desses?

Peguei, incerto, o alimento branco e o comi, esfriando-o por reflexo ao sentir o calor do seu recente preparo, então dei uma mordida.

Meu primeiro alimento.

Uma tapioca.

A textura era curiosa; esticava, ao mesmo tempo que tinha um aspecto solto, era salgada e muito me satisfez.

O café confesso que não aprovei tanto.

Estava bem quente e um pouco amargo, porém as duas coisas combinavam muito bem.

— Como você se chama? — Notei que Yoonhee estava de volta e me observava com curiosidade.

Por um momento eu esqueci que tinha nome, já que só o inventei por alguém que há muito tempo já não me chamava mais.

— Sou Park Jimin.

— Cê fala meio engraçado, já te disseram isso? — Voltei meus olhos para ela e ergui as sobrancelhas.

— Sua fala é cheia de coloquialismos, abreviações e despreocupação — rebati. Não que fosse um grande juiz do uso da língua. Afinal a língua a ninguém pertence, usa-a quem conhece, da forma que desejar, buscando pela compreensão, independentemente.

Minha observação era sua observação ser irônica.

— E você fala todo certinho. — Riu. — Ninguém fala assim. Só gente metida, claro.

— Não falo com ninguém há vinte anos — justifiquei-me. Odiava não ser capaz de me adaptar como antes.

— Vinte?! Oxe, e cê tem mais que isso?

Por um momento, esqueci-me de que já não era mais imortal e que, se para ela eu aparentava essa idade, é porque era a idade que eu tinha.

— Podemos mudar o tema da conversa? — pedi, sem querer levar aquilo adiante. Ela concordou sem insistir, mas ficamos em silêncio por um tempo.

Terminei minha refeição e passei a encarar o nada.

Não tinha ideia de quais seriam os meus próximos passos, não tinha para onde ir, o que fazer, não conhecia mais o mundo, não poderia sair voando por aí. Não tinha nada.

— Você é arqueiro? — Reparei que ela notou o estojo ao meu lado.

— Era.

— Por que não é mais?

— Porque já não via mais sentido.

Um cupido deve servir fielmente ao amor, deve fazer os humanos amarem uns aos outros.

De que poderia me valer se já não acreditava mais nisso? Perdi o que nunca tentei ou quis encontrar. Perdi meu próprio amar.

Como poderia prover um sentimento que eu mesmo já não usufruía?

Amor se tornou algo completamente sem sentido para mim. Um estranho de longa data e muitas conversas sem uso de uma palavra sequer. Um desconhecido em particular no meio de uma multidão.

— Vende elas, então.

Olhei-a com curiosidade.

— Cê tá sem grana, né? Vende as flechas.

Ah, sim, dinheiro. O verdadeiro combustível da vida humana. Moeda de troca entre a vida ou a morte, sem a qual não era possível sobreviver.

— Elas são de ouro? — Confirmei. — Não diga isso pra qualquer um, vão acabar te roubando. O país tá uma loucura esses dias, se eu fosse você, venderia logo. Nunca se sabe. Talvez amanhã ouro não tenha mais valor nenhum por aqui.

Foi quando decidi olhar bem ao redor.

O lugar não estava exatamente lotado, na verdade estava bem vazio. Apenas um trio de jovens que já partiam, ela e eu.

Analisei Yoonhee mais uma vez: seu sorriso não tão sincero, ao redor dos olhos olheiras fundas, e extremamente cansada.

Abaixei o olhar e encontrei próximo de mim, naquele balcão, o cardápio do estabelecimento. Não foi difícil chegar a uma conclusão.

— Você me deu seu almoço? — questionei ao retornar o olhar ao seu rosto.

Ela se surpreendeu com a minha observação precisa, parecendo constrangida.

— Por que fez isso?

— Bem… Cê parecia mais faminto que eu. Posso esperar até o jantar, mas cê ia desmaiar a qualquer momento.

Aí estava: um ato altruísta de alguém que precisava de atos altruístas. Um olhar esperançoso diante do meu morto.

Nada era por acaso. Eu me convenci naquele momento de que havia encontrado aquele lugar por uma razão.

Nunca pude salvá-lo, mas talvez fosse capaz de preservar o seu sonho.

— Onde as posso vender?

Esperei a garota que conheci naquela tarde encerrar seu horário de trabalho após ter se oferecido para me acompanhar em minha jornada. Guiou-me pela cidade, levando-me a uma casa de penhores, como chamou, onde ficou sem ar ao ver a quantidade de cédulas que recebi em troca das minhas flechas de ouro.

A primeira coisa que fiz foi comprar-lhe uma refeição digna. Logo depois, expus minha intenção de ajudá-la a manter a cafeteria enquanto eu vivesse, garantia incerta, mas que foi aceita de prontidão.

Yoonhee foi a segunda humana com quem fiz amizade.

Ela me ensinou muitas coisas do "ser humano", assim como você me ensinou.

Falou sobre o cenário político, os grandes cantores da época, os melhores passeios, como deveria me vestir, e aprendi com ela uma gíria ou duas.

Dispus-me dia após dia a trabalhar naquele lugar.

Conforme vivia, sentia minhas energias voltando, mesmo que pouco, então usei isso ao nosso favor, prometendo aos clientes conselhos amorosos, que tornaram o lugar um famoso ponto de encontros românticos.

Passei um ano vivendo assim, até perceber que era o dia dos namorados de 89.

Exatamente um ano desde que eu o vi sumir diante dos meus olhos.

Foi como se toda a força que eu recuperei durante aquele curto espaço de tempo se esvaísse completamente.

Ainda sentia a sua falta, e nada jamais seria capaz de preencher esse vazio, menos ainda me curar.

— O que cê tem? — Yoonhee perguntou quando me sentei naquele mesmo banco de um ano atrás, após ajudá-la a limpar o local. — Está pra baixo o dia todo.

— Você já perdeu alguém?

Seu sorriso se desfez conforme a pergunta chegava até ela, e a resposta veio apenas com um aceno de cabeça.

— Você tem saudade de alguém? — perguntou.

— Todos os dias. Pensei que um novo propósito, uma nova missão, me faria voltar a ser quem era, mas ainda sou a mesma pessoa que era ontem.

A mesma pessoa que era há vinte anos, apenas com mais saudade.

— Acho que estou começando a esquecer de como era seu rosto. — Uma lágrima solitária molhou minha bochecha, e o velho conhecido, o aperto no peito, chegou sem avisar.

Meu maior receio naquele momento era esquecê-lo. Eu estava envelhecendo, tanto quanto meu corpo e minha mente. A memória dos humanos era fraca. E se eu não lembrasse mais quem você era? E se você deixasse de significar todo o meu mundo? O que faria eu? Que vida teria se não vivesse mais por não ter você?

Morreria das piores formas a deixar de te amar.

Abraçaria a maldita morte antes de abraçar um travesseiro com a tranquilidade de não saber mais quem você foi para mim.

Antes eu um estranho de mim mesmo do que você um mero desconhecido.

Como os humanos faziam para conservarem suas lembranças? Como faziam para não esquecerem? Fotografias? Eram apenas um registro recente, assim como as gravações. Eu não tinha isso de você. Cartas? Tampouco.

Como poderia não esquecer quando pensar na tua ausência todos os dias não me parecia o suficiente?

Como você não me esqueceu?

— Daria a minha alma, se isso significasse revê-lo — falei por fim.

— Você já pensou em ser escritor? — Ela sorriu tristemente. — Acho que encontraria algum conforto nas próprias palavras. E eu gostaria de ler algo seu.

— Escritor? — Ri soprado. — Não consigo imaginar o amor o suficiente para imaginar finais felizes.

— Não escreva finais felizes — disse com obviedade. — Não satisfaça a alienação espontânea de ninguém. Escreva sobre sentimentos reais.

— Talvez você devesse ser escritora — rebati. Ela deu de ombros, sem discordar.

A esse diálogo, seguiu-se um breve silêncio conformado, urgentemente rompido.

— Por que não vamos visitá-lo? — sugeriu com os olhos brilhando.

Arqueei as sobrancelhas.

— Não acho que orquestrarmos um suicídio coletivo seja a melhor forma de aproveitarmos nossa tarde nesse Dia dos Namorados.

Em resposta, ouvi sua gargalhada alta.

— Não tô sugerindo isso! Que ideia! Tava pensando apenas em te acompanhar até o cemitério.

Franzi o cenho.

— Cemitério? — repeti no automático.

— É. Aquele lugarzinho onde as pessoas que vão dessa para melhor são enterradas.

Eu sabia o que um cemitério era, mas nunca havia cogitado visitar tal lugar.

— Você sabe onde ele foi enterrado?

Eu sabia. Claro que sabia. Foi lá que o vi pela primeira vez.

— Você se lembra?

Eu lembrava?

Com minha afirmativa, ela me mandou levantar e segui-la após fechar o lugar.

Pegamos um ônibus, é um veículo curioso. Grande, com vários assentos, não é particular, então, quem quiser, pode pagar uma passagem para ser levado por ele a um lugar qualquer.

Sentamos; eu, próximo a janela, e Yoonhee, ao meu lado.

O tempo estava relativamente nublado, a ventania calma entrava pela fresta, e minha cabeça descansava no encosto do banco enquanto meus olhos observavam a paisagem em mudança constante.

Depois de uma meia hora, Yoonhee cutucou meu braço, e descemos do ônibus.

Os muros do cemitério eram brancos e não havia portão. Simplesmente entramos, passando pela centena de túmulos.

Ela me levou onde sua família era enterrada, e parou de frente para um túmulo em particular, respirando fundo, com vontade de chorar.

— Ela morreu faz pouco tempo. — Fez uma breve pausa, enxugando o próprio rosto. — Minha avó.

Assenti em silêncio.

Tentava evitar encarar um túmulo em particular para evitar que fizesse perguntas.

Mas eu já havia achado.

Era você, você estava bem ali, diante de mim.

Min Yoongi (1879-1899) filho, irmão e marido.

Mas não dizia nada sobre nós. Como poderia? Você nunca foi nenhuma dessas coisas para mim, sequer um velho amigo, como me diria.

Então o quê? O que, cravado em seu túmulo, poderia haver para provar que fui algo em sua morte?

— Yoonhee… — chamei covardemente. — Sei que pode parecer insensível, mas você pode me deixar sozinho?

Ela olhou para mim e sorriu.

— Vou te esperar lá onde entramos. Enquanto isso, encontre quem você procura.

Eu já o encontrei.

Quando já não podia mais ouvir os passos dela, caí diante de ti, sem me importar com o impacto dos meus joelhos no chão.

Rendi-me ao choro e toquei a pedra que guardava seu corpo.

Por um longo momento, não consegui dizer nada. Vivi décadas sem indícios da sua presença, tanto que, ao me encontrar diante de alguma coisa ligada a você, não soube o que dizer.

Depois de um tempo, com o cessar do meu choro, te fiz a única pergunta que se passava na minha mente naquele momento.

Sorri quase imperceptivelmente, antes de encher teu descanso de um longo interrogatório sem resposta concreta.

Respirei fundo e enfim te perguntei:

— O que é amar?

Depois de tudo isso, você seria capaz de me responder? Me diga, você me amou?

Sei que amei você; apesar de nunca ter dito ou demonstrado, eu amei você.

Mas você, apesar de nunca ter dito ou demonstrado, me amou?

Levei muito tempo para encontrar a resposta para isso, não pense que eu nunca a fiz para mim mesmo, porque fiz.

Mas eu sempre fui um ser confuso, arrogante, desleixado. Você sabe bem disso.

Amargo e carrancudo, certo?

Se eu pudesse estar diante de ti, se pudesse olhar em seus olhos agora enquanto me faz essa pergunta, responderia apenas com outra pergunta:

O que é amor?

Compreendo que só nos conhecemos pois me prendi a esse sentimento, mas não estou tão certo quanto a precisão dessa narrativa.

Foi, de fato, por amor, que encontrei você? Ou por arrogância encontrei amor?

O que é amor?

Amar é um verbo, verbo do amor... Amar e Amor podem, portanto, fazerem parte de uma só coisa? Ou não somente por amar que necessariamente sei o que é amor?

Nunca ouvi a opinião de poeta, escritor ou artista nenhum a esse respeito. Não sou capaz de refutá-los com confiante eloquência.

Sou um mero leigo nesse aspecto. Amei apenas uma vez, e nem sempre soube disso.

Amor é reconhecer paz na dor, sossego diante do horror, e caos na paz, desastre na saudade.

Amor é odiar a si mesmo por amar, é destruir a si mesmo se um amor conseguir chamar.

Sentir amor é querer viver, mesmo que um dia tenha que morrer. É querer te ter e ao mesmo tempo não estar disposto a te perder, mas aceitar quando isso acontecer.

Sumir diante dos teus olhos, logo depois de sorrir.

Sentir no peito a mesma tranquilidade ao ver o sol se pôr. É gritar e gritar, implorar pelo teu amor.

Por fim, já sabe o que é amor?

Nada tem a ver com beijo, toque, abraço ou desejo.

Calor, amargor, dor, horror, estupor.

Amor é docemente, facilmente, eternamente, somente amor.

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Notas Finais: Amaram, odiaram? Como minha professora de Linguística perguntaria: "Perguntas, dúvidas e traumas?". Eu sei que um final assim (aberto, confuso, triste...?) não é o que a maioria quer, mas foi o que eu decidi, então estou feliz com isso. No entanto, sempre valorizarei suas opiniões, então sintam-se à vontade para deixar um comentário, me deixando saber o que vocês acharam.


No mais, isso é tudo.


Até mais!


— Scar

1 de Outubro de 2022 às 03:12 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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