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O mais novo da família, Min Taehyung, nunca imaginou que veria a cena à sua frente. Seu irmão mais velho, Min Yoongi, o mimado e exigente integrante da sua família, beijando avidamente o seu amigo sem futuro, rebelde e arruaceiro, na sala de sua casa.


Fanfiction Bandas/Cantores Para maiores de 18 apenas.

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A vida de cabeça para baixo é mais emocionante

Escrito por: @mygdxrk_angel / Fernanda1236


Notas iniciais: Oiiie, volteei e estou muito animada com essa história então espero que gostem^^

Betagem por: jamaisVubtriz

Capa por: vitoriasifrid77 e vitoriasifrid77



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Manter a aparência e classe era tudo dentro da alta sociedade, e Min Yoongi, desde cedo, sabia muito bem disso, então ele se mantinha na linha, sempre seguindo todas as esperadas regras de etiqueta, não se mantendo próximo às pessoas consideradas abaixo de si e, consequentemente, tendo opiniões semelhantes às pessoas do seu meio.

E nada mais importava para Yoongi, além de ser bem-visto socialmente.

Seus pais o criaram com todo o requinte e com os melhores professores, colocaram-no entre pessoas semelhantes a ele e impediram-no de se juntar aos "pés rapados" que moravam próximo daquela região.

A casa, no bairro nobre onde vivia, ficava na fronteira com outro que era bem carente, e a maioria dos que moravam na mesma região que Yoongi queixava-se da proximidade do bairro de ricos com a comunidade, mas não havia muito o que pudesse ser feito.

Apesar de tudo, a região era boa e tranquila, e a verdade era que, mesmo com o "incômodo", as pessoas da alta sociedade não queriam se mudar dali. Yoongi amava sua casa. Era grande, com um jardim lindo que amava e que foi cuidado com todo o seu amor, tinha uma sala grande e espaçosa, uma cozinha prática, um banheiro reconfortante, uma imensa biblioteca e quartos que poderiam abrigar toda a sua família tranquilamente, e ainda sobrava alguns para receber visitas. E, para finalizar, tinha uma imensa piscina.

Nada demais, pensou.

Dizer que seus pais eram famosos seria um eufemismo, eles eram celebridades aclamadas da música. Seu pai era mestre em piano, e sua mãe, uma talentosa cantora. Eles foram feitos para subir nos palcos e ficar juntos.

Min Taeyang e Min Yerin eram pais que, desde que Yoongi tinha os seus seis anos, o incentivaram a aprender a cantar e a tocar piano. Yoongi amava toda a atenção que seus pais davam a ele, contudo não mais do que amava a música.

Ele tinha uma paixão enorme pelo seu tão adorado piano, dedicando-se completamente a ele. Apesar de ter desistido poucos anos depois das aulas de canto, o que particularmente ele acreditava ter magoado sua mãe, que desejava que ele seguisse uma carreira como a dela, ele descobriu outros caminhos na música que nem sequer imaginou ser possível.

Desde cedo, Taeyang e Yerin sonhavam que seu primogênito seria um artista como eles. O casal gostava muito de crianças, contudo sabiam o tempo e cuidado que uma criança necessitava, assim sendo, acabaram decidindo mutuamente não ter mais filhos. Porém, poucos anos após terem tomado essa decisão, Min Taehyung veio ao mundo e tudo na vida deles mudou.

Yoongi tinha dois anos na época do nascimento do mais novo. O mais velho era uma criança saudável, que amava sentar no sofá da sala e ouvir seus pais tocarem, sempre mostrando as suas gengivas ao sorrir e ver o imenso piano sendo tocado com muita habilidade e destreza pelo pai e seguido pela doce voz de sua mãe.

Já Taehyung era lindo, com seus cabelos escuros e ondulados, seus olhos na cor de mel, sua pele clara e lábios róseos. Era um bebê bem chorão, mas que sempre fazia todos abrirem sorrisos bobos ao olharem seu rostinho inocente e doce.

Conforme os anos iam passando, as diferenças entre os dois irmãos foram ficando mais claras. Yoongi prezava a família e a imagem; Taehyung, a aventura e a amizade.

O mais velho queria seguir a carreira dos pais e se tornar músico, amava os clássicos, era aluno nota dez e sabia se portar como ninguém em eventos públicos. Já Taehyung não sabia ainda que carreira queria seguir, odiava música clássica, suas notas eram medianas e detestava aparecer em público.

Yoongi tinha a pele clara e imaculada, cabelos escuros e com um corte alinhado, olhos naturalmente marcados, nariz de botão, lábios avermelhados e bochechas levemente aparentes, seu corpo era magro e esguio. Não usava maquiagem, nem tinha brincos, piercings e muito menos tatuagem. Era naturalmente belo, sabia disso e usava da sua beleza para deixar a mídia aos seus pés. O típico garoto perfeito de classe alta.

Pensando assim, Taehyung era o garoto rebelde da família, já que pintara os cabelos de azul, havia colocado brincos e piercings nas orelhas e insistia em nunca sair com as roupas formais adequadas para os eventos. Não, Taehyung tinha um estilo próprio, ele não aceitava se moldar por ninguém, nem mesmo por sua família. Ele nunca deixaria de usar suas calças jeans com camisas largas, jaqueta de couro e tênis all star, nem seus brincos tão belos e que enfeitavam tão bem o seu rosto, e sua maquiagem tinha que ser forte, para destacar cada detalhe belo que ele possuía.

E graças a essas características fortes do caçula da família, os impasses entre os pais com Taehyung eram frequentes.

— Filho, por favor, apenas hoje será que você poderia me ouvir? — A voz da senhora Min soava cansada, não aguentava mais ter que lidar com as birras do filho mais novo. — Pelos céus, Taehyung! Você não tem mais quatro anos! Você tem dezesseis e…

— Calma, querida — disse carinhosamente o marido.

Todos da família estavam se preparando para ir a um evento onde estariam todas as celebridades do momento para festejar as vitórias. Claro que isso era apenas uma desculpa para todos poderem se gabar dos seus prêmios conquistados e, no fim, zombar dos concorrentes.

Yoongi surgiu no cômodo e fez um som com a garganta, interrompendo a discussão que ele previa acontecer.

— Mamãe, se me permite, poderia ter um minuto com o meu irmão? Acredito que, pela nossa idade ser próxima, possamos nos resolver melhor.

Taehyung ouviu o irmão mais velho e quase riu debochado, mas se conteve e se contentou a apenas revirar os olhos e cruzar os braços, esperando.

Yerin suspirou cansada e foi consolada pelo marido, que a levou até outro cômodo, dando privacidade aos dois. Yoongi, que sorria levemente, logo desmanchou a expressão ao ouvir o fechar da porta e olhou severamente para o irmão.

— Sério, Taehyung, está querendo estragar a noite? Hoje iremos comemorar os prêmios dos nossos pais! Não pode mesmo fazer o mínimo, que é se vestir adequadamente? — Olhou o irmão de cima a baixo, claramente julgando a sua vestimenta.

Taehyung usava uma camisa preta, calça jeans com rasgos nos joelhos e um all star, ambos da mesma cor.

— Você melhor do que ninguém sabe que isso tudo não tem nada a ver com comemorar conquistas, e sim com exibicionismo gratuito e desnecessário. E, sendo honesto, você sabe muito bem que ninguém deseja a minha presença lá, nem mesmo os nossos pais, eles apenas não aceitam me deixar em casa por causa da preciosa e imaculada imagem deles — debochou o Min mais novo.

Yoongi suspirou, se sentou em uma poltrona e convidou o seu irmão com o olhar a se sentar sobre a outra, sendo atendido a contragosto.

— Olha, eu sei que muitas vezes não se sente parte da família…

— Muitas vezes? — Ergueu uma sobrancelha.

— Mas, como eu ia dizendo antes de ser interrompido, isso não passa de impressão. Todos nós te amamos, Taehyung, e queremos o seu melhor, mas parece que você não se importa com isso.

— Vocês querem o melhor para vocês! Ninguém aqui pensa no que é melhor para mim ou no que eu quero! — Levantou-se, encarando o irmão.

— O que eu preciso fazer para você entender que isso é tudo coisa da sua cabeça? Deve ser esse tal Park que está te influenciando a isso e…

— Sério, Yoongi? Você está falando igual à nossa mãe! Você nem conhece ele e já está assim! Qual é o seu problema, cara? — Taehyung elevou a voz.

— Escute aqui, não fale assim comigo! — Yoongi finalmente se levantou, indignado. — E sim, eu não o conheço e nem quero conhecer, até onde você me disse, ele mora no meio de um buraco.

— Se chama comunidade, seu ignorante! Lá ficam os menos privilegiados, e não as escórias.

— Eu não usei essa palavra!

— E nem precisou. — Dito isso, Taehyung passou pelo irmão mais velho e saiu do cômodo, deixando Yoongi sem saber o que fazer.

Porém, o Min mais novo, ao sair do cômodo em que conversava com o irmão, deu de cara com seus pais. Ao notar os seus olhares, ele soube que eles queriam que ele subisse e se vestisse, pois, se demorasse um pouco mais, eles se atrasariam, mas a verdade era que Taehyung preferia morrer a ter que usar aquela roupa ridícula e padrão. Seus pais o fuzilavam com o olhar, já prevendo a briga que acontecera, mas Taehyung não se comoveu, apenas saiu o mais rápido dali e foi direto para o seu quarto, ignorando todos.

Seu quarto era simples comparado aos demais, tendo uma cama de casal, uma penteadeira média, um closet e um banheiro. Nas paredes, possuía pôsteres de grupos de pop e rock que ele gostava e fotos suas com os amigos em viagens. Nas prateleiras, ao contrário de livros, tinham figuras de super-heróis com HQs ao lado.

Seu celular tocou e ele rapidamente atendeu.

— Jiminie?

— O papai Noel que não é, né? — debochou do amigo rindo.

— Idiota… — Taehyung revirou os olhos.

— E aí? Como está sendo o grande evento familiar? — Ele mudou a voz para se parecer com a do senhor Min, enfatizando as últimas palavras.

Jimin sabia como era o pai dele, ele o conheceu em um dia quando estava jogando com Taehyung. Eles pensaram que ninguém estaria em casa, por isso, surpreenderam-se ao ver que o senhor Min encarava os dois com uma clara insatisfação no rosto.

No mesmo momento, ele percebeu Taehyung se retesar levemente ao seu lado, ainda segurando o controle. Depois disso, o Min foi chamado pelo pai, que apenas cumprimentou Jimin secamente e saiu. Podia apostar que a casa de seu amigo jamais ficou tão silenciosa antes. O Park não soube o que foi dito, mas sabia que não tinha sido bom e, após o incidente, ele nunca mais voltou na casa.

— Por que você não vem comigo pra aquela festa? — sugeriu Jimin animado.

— Aquela do Hoseok? — Jimin fez um ruído, assentindo. — Mas como eu vou chegar até a festa?

— Dá um jeito de seus pais não te levarem, depois me avisa que eu te encontro nos fundos, próximo à macieira da janela do Yoon — planejou Jimin.

— Beleza então, vê se não esquece, viu? E fica de olho no celular. — Então ele desligou, já separando as roupas que iria usar e pensando na maquiagem.

Duas batidas foram ouvidas na porta.

— Min Taehyung, acho bom já estar vestido adequadamente a essa altura do campeonato! — ameaçou o seu pai, sem perder a compostura.

— Eu não vou, decidi estudar, pai. Preciso melhorar as minhas notas. — Ele esperava que o seu tom ameno e doce funcionasse.

Ele ouviu um alto e longo suspiro, claramente seu pai pedia a ajuda dos céus para ter a tão sonhada paciência. Por fim, o mais velho desistiu.

— Se quer nos envergonhar ainda mais, pelo menos faça isso estando em casa. Não ouse sair, Min Taehyung, e em nenhum momento pense que eu acredito nesse seu papinho furado.

E então Taehyung ouviu o barulho de uma chave virando, era o pai trancando a porta para mantê-lo ali. Taehyung suspirou aliviado, finalmente teria a tão sonhada paz. Pegando o seu celular, ele digitou para Jimin:

Eu: Liberdade, irmão!

Eu: Fala pro Hoseok deixar as bebidas gelarem que eu tô chegando ;P

Taehyung teria ao menos alguns minutos, minutos preciosos que ele usaria para se arrumar para sair. Como já tinha tomado banho, colocou a roupa selecionada, uma calça jeans rasgada e blusa branca larga, em conjunto com um all star vermelho. Sim, ele amava all stars. Após se maquiar e perfumar, ele abriu a janela e observou ao redor, tentando levar sua visão ao carro.

Poucos minutos se passaram e o som de um motor sendo ligado foi ouvido. Taehyung escutou o som juntamente às vozes de seus pais atentamente por um tempo, até que o barulho foi sumindo aos poucos.

Chegou a hora, pensou e sorriu arteiro.

Ele andou um pouco pelo telhado até a macieira próxima à janela do quarto de seu irmão, em seguida desceu lentamente a árvore e limpou as roupas com as mãos.

— Ufa, tudo cer… — Taehyung deu um pequeno pulo, arregalou os olhos e abriu levemente a boca.

Sim, seu pesadelo tinha se realizado. Min Yoongi estava na sua frente com os braços cruzados e o olhando com uma expressão séria.

— Você acha que eu não pensei que você fosse fugir? — O sorriso sarcástico de Yoongi só poderia ser descrito como irritante para Taehyung.

— Ah, fala sério! — O Min mais novo revirou os olhos e suspirou cansado, já sabendo o que o aguardava.

E se Taehyung pensou que tudo não poderia piorar, ele se enganou tremendamente ao ver o seu amigo parar ali próximo com o carro do pai dele, observando-os com uma expressão estranha no rosto.

Foi difícil para Yoongi convencer os pais que o melhor seria ficar ali ajudando Taehyung a "estudar", contudo era melhor para todos se ele ficasse ali, não apenas garantindo a segurança do irmão, como também seria mais convincente e faria mais sentido para todos se os pais contassem que ele estava com o mais novo. O mais velho já imaginava o que ele iria fazer e também sabia que faria com a ajuda do melhor amigo, então decidiu ficar e impedir que Taehyung fizesse uma burrada enorme.

— Entra logo na droga da casa, Min Taehyung! — reclamou Yoongi, percebendo que o outro olhava fixamente em uma direção antes de fechar a cara e seguir o rumo indicado. O mais velho se virou e acabou dando de cara com ele.

O olhar penetrante e que sempre o hipnotizava estava ali, naqueles olhos castanhos e brilhantes. Uma mistura completa dos mais variados sentimentos: raiva, dor, saudade, curiosidade, carinho… amor. Uma corrente que mais parecia um choque percorreu a sua coluna e ele sentiu todos os seus pelos se arrepiarem em conjunto aos seus batimentos cardíacos e sua respiração irregular.

Todas as emoções vieram com força e tudo voltou a ser como antes, era como voltar para casa depois de um dia chuvoso e triste, como embarcar em uma longa corrente de emoções e depois conseguir se amparar em uma pedra. O sabor da adrenalina e a liberdade impregnaram o seu paladar. O leve sorriso no canto da boca do Park não passou despercebido e, quando ele pensou em fazer algo, desistiu.

Foram os segundos mais longos de sua vida, que foram quebrados pelo resmungar de seu irmão mais novo. Yoongi se virou na direção do ruído.

— Você disse para eu entrar, mas está aí parado igual um bobo — disse Taehyung com o seu cenho franzido. Ele estava parado na porta observando-o, mas não parecia ter percebido a sua troca de olhares com o Park.

Yoongi estava claramente confuso, porém, ainda sim, assentiu e foi na direção da porta. Antes, ele novamente olhou naquela direção, mas Jimin já não estava mais lá, havia apenas um carro vazio.

O Min mais velho só conseguia pensar em como a sua mente parou por um minuto ao vê-lo ali e seu peito apertou, assim como sentiu uma bola se apossar da sua garganta. E então Yoongi entrou.

Em uma árvore mais afastada, a respiração de Jimin descompassou e ele foi tomado por um grande combo de sentimentos. Por um lado, estava feliz por ter visto o Min mais velho e percebido que ele aparentemente estava bem e, mesmo sendo azedinho, continuava lindo. Por outro, todo o ressentimento de um ano atrás voltou com força e tudo o que ele conseguia pensar era no fora que levou. Ele sabia que tudo fora planejado pelos pais do Min, mas a mágoa de vê-lo concordar com os dois mais velhos e de seguir à risca cada comando — inclusive o de se afastar de si — doeu como o inferno para ele.

Antigamente, eles saíam muito juntos, os dois se conheceram em uma batalha de rap que ficava na divisa do bairro de Yoongi com o bairro de Jimin. O Park adorava aquele lugar, às vezes até fazia alguns raps, mas não era tão bom; já o Min, incentivado pela curiosidade de conhecer os diferentes estilos, foi pela primeira vez ali e ficou fascinado com tudo o que via.

E quando Jimin o viu, com apenas um olhar, ele sentiu todos sumirem e perderem o foco, pois tudo o que importava era o belo garoto de cabelos escuros e sorriso gengival que carregava uma certa inocência e trazia uma paz no olhar.

Mesmo que uma primeira aproximação tivesse sido difícil, Jimin era muito perseverante e não desistiu facilmente, tinha uma determinação admirável e adorava fazer amizades. Sentiu-se de alguma forma ligado ao Min, e isso fez com que todas as suas estruturas baixassem e o deixasse exposto aos olhares daquele homem.

Jimin aprendeu que Yoongi não apreciava contato excessivo, diferentemente dele, e que, apesar de não falar tanto, Yoongi era inteligente e muito perspicaz.

Min Yoongi era um bom ouvinte, rico em conselhos valiosos. Porém, como ninguém nessa vida era perfeito, o maior defeito dele — e que Jimin não demorou muito para perceber — era que ele ultrapassava os limites no quesito de noção social, além de ser um pouco preconceituoso em algumas falas.

Nada que não pudesse ser consertado, foi o que pensou o Park.

Ele não fazia ideia de onde estava se metendo. As vindas do mais velho eram cada vez mais frequentes; por consequência, passaram a se ver cada vez mais. Até que Jimin finalmente convenceu o Min a passar o seu número de celular, no qual todos os dias Yoongi recebia uma mensagem de bom dia e, com um sorriso no rosto, iniciava o café da manhã.

O Park sempre viu o Min como um homem lindo e seu interesse era notório, contudo, tinha ciência de que não era visto da mesma maneira, então ele tinha que se esforçar para despertar o interesse dele por si.

Das batalhas para a vida, inocentemente pensavam.

As conversas diárias combinadas com o amor pela música e a excitante questão de ser algo "proibido" fizeram com que quanto mais eles saíssem, mais eles se viam envolvidos um pelo outro. Inicialmente estavam envoltos em um claro desejo, Jimin com a sua atração e Yoongi querendo fugir da rotina de senhor perfeito. Aos poucos, as coisas foram se entrelaçando e, quando menos perceberam, eles já estavam dentro do carro antigo de Jimin aos beijos.

Yoongi tinha ido ali no propósito de criar letras junto a Jimin, e eles ficaram nisso arduamente durante algumas horas, mas o brilho estampado no olhar do Park, juntamente ao sorriso sacana, deixando muito claro o desejo estampado em seu olhar, expôs que em sua mente poderiam estar se passando diversos pensamentos, que sem dúvidas não eram nada castos.

Mesmo tentando ignorar o calor em sua nuca, nunca poderia ignorar aquela mão demoníaca apertando e segurando firmemente a sua coxa, menos ainda a chama de desejo que surgiu ao senti-lo subindo e descendo, fingindo uma inocência inexistente para o momento. Mas tudo mudou quando a mão dele alcançou o pênis do Min e acariciou-o levemente.

O Min prendeu a respiração, o coração disparou e o desejo estava presente e nublando seus pensamentos coerentes. Ele usava uma bermuda jeans, e o Park, uma calça rasgada, mas nada impediria os dois de se acariciarem por toda parte. O olhar lascivo, a boca dele seguindo pelo seu pescoço e distribuindo beijos e mordidas leves, tudo estava caminhando para a perdição.

Entretanto, nada superaria aquilo: o unir das bocas, o contraste entre os lábios carnudos do Park e os finos do Min. Isso não diminuiu em nada a crescente de emoções que percorria ambos os corpos, fazendo com que eles percebessem que às vezes as pessoas perdem por pensar demais. Mas isso não iria acontecer com eles, então, por muito tempo, deixaram rolar.

Yoongi sempre sentia que tudo com Jimin era muito emocionante, cheio de altos e baixos. No mesmo momento que se sentia no céu, sabia que, se não se cuidasse, em segundos poderia cair direto no inferno. Contudo, para seu espanto, ele percebeu que gostava de se afogar nas chamas da sua loucura e viajar com ele até onde ele quisesse levá-lo.

Quando se deu conta dos seus sentimentos, a sua mente ficou vazia; não sabia o que pensar, nem se deveria estar pensando sobre, já que o correto seria ir se afastando e seguir em frente, sem olhar para trás. O problema? Yoongi não queria isso e, depois de dias agindo de maneira estranha na presença do mais novo, Jimin pulou a sua janela e entrou de fininho no seu quarto, assustando-o.

A conversa entre eles foi tensa, Jimin sentiu a dor no olhar de Yoongi, o quão difícil estava sendo para ele se abrir. Era tão complexo abrir o seu coração para outra pessoa, expor as suas fraquezas e medos, dando poder aos demais.

Ainda assim, ele o entendeu, o apoiou e correspondeu. E mesmo com tudo o que passaram juntos, Yoongi ainda sim, terminou com ele. Yoongi poderia não saber, mas Jimin sabia o quão difícil era ser correspondido por alguém o qual você também amava, então o Park valorizava as relações que tinha. Juntos eles conseguiriam manter um relacionamento e atingir todos os seus objetivos. Afinal, não era necessário escolher entre uma coisa ou outra, ainda mais se eles podiam ter as duas coisas: sucesso e amor.

Ser bem-sucedido era algo importante para Yoongi, mas ele sempre soube que nada na vida era fácil. O Min poderia conseguir tudo se apenas se esforçasse um pouco, já que qualquer um que realmente quisesse poderia atingir o seu objetivo e crescer na vida, financeiramente falando. Ele sempre ouviu isso e acreditava fielmente naquelas palavras. Sabia que, se ainda existiam pessoas sem estudo, era apenas por falta de querer, afinal, quem não teria internet no século XXI?, pensava.

Jimin respeitava e apoiava as decisões do rapaz, mas sabia que a vida não era bem assim, afinal, alguém como ele, pobre e sem relações, não teria a menor chance de competir com alguém como Yoongi, que era rico e com uma imensa lista de contatos para chamar.

A frase "O mundo é dos ricos" infelizmente era completamente real. O Min mais velho apenas não via isso, pois constantemente estava dentro da sua bolha, e ele nunca saiu ou se importou em olhar ao redor para saber como as coisas realmente funcionavam na prática.

Analisando a situação atual, os irmãos chegaram à sala, e Yoongi percebeu logo de cara que Taehyung estava furioso, mas ele não podia se importar menos.

— Droga, Yoongi! Será que não pode ao menos me deixar em paz por um minuto! Inclusive, por que você está aqui? Não era para você ter ido com os nossos adorados pais?

— Menos deboche, garoto, e olha como você fala comigo. Eu não caio no seu papinho, achou que enganaria quem falando que iria ficar para estudar?

Taehyung fingiu pensar por um minuto antes de responder.

— Bom, seja como for, funcionou, não foi? — disse Taehyung sarcasticamente.

— Não, não funcionou, já que eu estou aqui, certo? — Yoongi ergueu a cabeça e empinou o nariz.

— Tudo bem, já que você decidiu estragar a minha noite, pode pelo menos me dizer o porquê.

— Do que está falando?

Taehyung estava vermelho de raiva e sentindo que Yoongi estava zombando de si ao perguntar aquilo, então o mais novo se virou e subiu as escadas até o seu quarto, ignorando todos os chamados do irmão e batendo a porta com força.

Yoongi estava realmente muito cansado de tudo aquilo, então se jogou na poltrona e fechou os seus olhos, suspirando, frustrado. Quase reclamou ao perceber que nem mesmo fazer uma massagem nas suas têmporas ajudaria a passar o seu estresse.

— Hyung? — Yoongi abriu os olhos no exato momento em que a voz falou. Foi então que se lembrou da porta que acabou deixando aberta graças à confusão e rapidamente se levantou.

Aquela voz… a mesma voz aveludada e gentil que ele ouvia todas as manhãs e que animavam o seu dia. Ele ergueu o olhar e viu Park Jimin em carne e osso ali na sua frente, analisando cada traço do seu rosto como se observasse o mais profundo canto da sua alma.

O Park tinha ouvido tudo, e isso foi confirmado quando ele sorriu. Aquele mesmo sorriso reconfortante de quando Yoongi contava alguma merda que tinha acontecido consigo e Jimin tentava consolá-lo com olhos compreensíveis e um carinho na palma, enquanto ouvia atentamente tudo o que lhe era dito.

— J-Jiminie? O quê… Como… Por que você… — Os olhos arregalados de Yoongi e o fato de ter travado poderiam ser engraçados se a situação fosse em outros tempos.

Eu esperava qualquer coisa, menos ele aparecer aqui em casa, pensou Yoongi.

— Como vai, Yoonie? Se é que eu ainda posso te chamar assim. — Jimin colocou as mãos dentro do bolso do seu moletom, ainda analisando as reações do mais velho.

O corpo de Yoongi enrijeceu, ele fechou a cara e olhou friamente para o Park.

— Eu sei o que você está fazendo e isso não vai funcionar. Eu não vou te deixar influenciar o meu irmão e levar ele ao mal caminho como você fez comigo.

O leve brilho que surgiu no olhar de Jimin disse tudo. Ele havia ficado magoado.

— Acha mesmo que essas são as minhas intenções? — Conforme ia falando, Jimin se aproximava cada vez mais do primogênito Min.

— Sim, eu acho. Na verdade, tenho absoluta certeza. — A voz de Yoongi demonstrava a sua incerteza.

— Eu nunca levei você ao mal caminho, nem você e nem ninguém. A culpa não é minha se você gosta de batalhas de rap e…

— Não são as batalhas, Jimin, eu deixei para trás toda uma rotina séria que poderia alavancar a minha carreira na música! Se eu quiser sucesso, eu preciso de foco total, nada vai cair do céu no meu colo e, se eu deixo de ir a algum evento ou até mesmo uma aula, isso tudo pode mudar — explicou Yoongi.

— Mas você nunca faltou a nenhuma aula, e eu nunca te pedi isso! E, pelos céus, algumas horas de descanso não foram desperdício, isso aumentava a sua determinação para ir ainda mais longe, você mesmo dizia isso! — justificou com claro desespero em convencê-lo.

— Eu não acho que devemos discutir isso mais, Jimin. Não temos mais o que dizer um para o outro — desviou-se do assunto, olhando para baixo.

— Eu discordo. — A voz rouca e com resquícios de determinação não passou despercebido pelo Min.

O Park deu um passo para frente, e Yoongi deu outro para trás, engolindo em seco. Jimin estava tão próximo que o Min podia sentir a sua respiração batendo na sua bochecha. — Yoon… Eu te levei para o mal caminho? É isso que você pensa? A nossa relação é isso para você?

— Nós não temos relação nenhuma, Park! Eu encerrei qualquer vínculo com você há um ano — disse como pôde, contendo a raiva, nem percebendo que prendeu a respiração e que seu corpo estava nos braços de Jimin.

Quando foi que ele envolveu as mãos pela minha cintura?, pensou.

— Então você não sente mais nada por mim? — Jimin começou beijando a sua bochecha e descendo para o pescoço lentamente. Yoongi fechou os olhos e deixou que ele continuasse.

— Isso importa?

— Mas é claro, bebê — sussurrou, e Yoongi concluiu que nem mesmo um anjo falaria de uma maneira tão doce como Park Jimin. — Você sabe que eu ainda te amo

Bebê, por que ele precisava me chamar desse jeito? Eu sempre me senti tão… especial ao ouvir ele me chamar assim… A mente de Yoongi viajava.

Seu coração e respiração acelerou. Um sentimento gostoso e macio iniciou, inundando-o… Era como estar sobre as nuvens em um dia de chuva, sendo acariciado pela brisa de inverno.

— Pois saiba que eu não amo você — tentou soar ríspido. Ele não cederia.

— Então, se eu te beijar agora, você vai me empurrar?

— Quem disse que eu vou te deixar me beijar?

— Uma vez você me disse que era difícil negar algo para mim quando eu te beijava…

Malditos hormônios! Por que ele tinha que ser tão linguarudo na hora do sexo?

— Isso era antes — resmungou Yoongi. Nem mesmo toda a base da face da terra apagaria o vermelho das suas bochechas.

— Pois então me prove, bebê. — E finalmente o Park juntou a sua boca a de Yoongi e tudo mudou.

Yoongi suspirou e se sentiu queimando por dentro, como se estivesse sendo consumido pelas chamas do desejo há muito tempo guardado e que no momento podia finalmente estar liberando aquele sentimento. Ele moveu ansiosamente os seus lábios junto aos de Jimin, segurando o seu rosto junto ao seu e acariciando suas bochechas.

Jimin puxou o mais velho para ainda mais próximo do seu corpo, enquanto ia introduzindo a sua língua e passando a explorar o corpo do outro com as mãos em uma carícia que arrepiou o Min. Jimin ouviu a si mesmo suspirar, satisfeito por finalmente voltar a sentir aqueles lábios maravilhosos unidos aos seus novamente e sendo recebido tão entusiasmadamente.

O Park colou as costas de Yoongi na parede mais próxima e beijou-o cada vez mais rápido. Aquele sentimento bom tinha voltado e o conforto e a segurança de estarem próximos um do outro aqueciam seus corações apaixonados. Envolvido pelas sensações, Jimin levou as mãos para tirar a camisa do mais velho, mas parou o movimento ao ouvir um barulho.

— Puta merda! — Taehyung falou mais alto que o habitual, com a boca entreaberta e os olhos arregalados. Ele estava no início da escada. — O que caralhos está acontecendo? Tipo, uau! Como assim?! O que aconteceu aqui, Jimin? Yoongi-hyung?

Yoongi, ao ouvir a voz chocada de seu irmão, pareceu finalmente perceber o que estava fazendo e então, envergonhado, finalmente empurrou Jimin para longe do seu corpo, este que esbanjava um enorme sorriso no rosto. Mesmo que ele estivesse lindo com aquelas roupas, Yoongi sabia que nada seria mais belo que a visão de Jimin com o olhar nublado de desejo e os cabelos bagunçados, juntamente à visão da boca inchada pelo beijo afoito.

— Quer mesmo que eu responda? — O sorriso lascivo no rosto do Park apenas aumentou o rubor do mais velho.

— Não é o que você está pensando… — Yoongi tentou explicar.

As bochechas de Yoongi estavam em brasas e sua expressão era surpresa. Já Jimin estava satisfeito, mas irritado com a aparição repentina do amigo em um momento inoportuno.

— E o que você acha que eu estou pensando, Yoongi-hyung? — o Min mais novo se direcionou a ele.

Yoongi abriu e fechou a boca, sem saber o que falar ou fazer.

— Olha, eu…

Como ele explicaria isso?

— Todo esse tempo você tentou me afastar do Jimin e agora… — A expressão confusa mudou para raivosa. — Você é um idiota, Min Yoongi! — gritou e então voltou ao seu quarto ruidosamente.

O mais velho se virou rapidamente na direção do homem à sua frente, confrontando-o com o olhar.

— Por que você fez isso? — O rosto de Yoongi estava vermelho.

— Isso o quê? Te beijar na sua casa com o seu irmão no andar de cima ou não falar nada quando ele nos flagrou em uma cena bem picante?

— Você é um cretino. — Inflou as bochechas com raiva. — Nós terminamos, Jimin! Por favor, vá embora daqui.

Vendo as feições raivosas do outro, Jimin suspirou.

— Nossa, você mudou mesmo, Yoonie. Só não sei se foi para melhor ou para pior, mas eu espero de verdade que você esteja feliz… — A voz saiu fraca, incerta, quebrada.

— Você não sabe do que está falando. Eu… eu… pois saiba que eu estou muito feliz!

Jimin assentiu com a cabeça, claramente sem acreditar nas palavras ditas e, depois de um longo suspiro cansado, ele foi embora. O Min ficou ali, paralisado e sentindo o calor do olhar do mais novo sumindo, assim como o aconchego da sua presença.

A dor ao ver ele passar pela porta era indescritível e seu sentimento de impotência só aumentava. Yoongi sabia que não poderia fugir daquela conversa, afinal, tinha chegado a hora de ele abrir o jogo e falar a verdade para o Min mais novo. Por fim, apesar de não estarem sempre juntos ou concordarem com tudo, ainda existia um amor e consideração inegáveis. Talvez ele não tivesse coragem para falar tudo para Jimin.

Mas talvez falaria ao menos para o seu irmão, considerando que Yoongi foi o que mais o aconselhou a se afastar do Park.

As escadas nunca pareceram tão longas, e cada degrau que Yoongi subia era como se pesos fossem amarrados em suas pernas. Ele acabou parando para respirar fundo e pôr a mente no lugar.

Nunca se esqueceria de Jimin mesmo que tentasse, nada apagaria da sua mente aquele homem lindo e de personalidade forte — mas deixar tudo por ele não era uma opção. Tendo isso em mente, ele prosseguiu com seu caminho.

(...)

Duas batidas foram ouvidas.

Taehyung estava deitado na sua cama xingando o irmão de todos os nomes por ele ser tão cretino.

— Vai embora! — rosnou.

— Tae, precisamos conversar. Abre, por favor. — Taehyung não seria enganado por uma voz doce.

— Conversar sobre o quê? Sobre você ficar às escondidas com o meu melhor amigo, que você tentou afastar de mim todo esse tempo, ou sobre, por mais hipócrita que seja, ainda assim, me julgar mais ainda por seguir fazendo o que eu quero? Seja mais claro, hyung. — O honorífico saiu venenoso.

— Não é nada disso, abre e vamos conversar.

A contragosto, o mais novo se levantou e abriu a porta antes de voltar para a cama e se sentar. Yoongi se aproximou e se sentou de frente para ele com uma expressão séria.

— Estou ouvindo. — Yoongi soltou o ar preso aos pulmões.

— Olha, eu conheci o Jimin em uma batalha de rap há pouco mais de um ano mais ou menos, que foi o tempo que ficamos juntos. Contudo, por motivos pessoais, acabamos terminando e…

— Ele terminou com você e então você se sentiu no direito de vir aqui e despejar toda essa merda em cima de mim? Porque essa é a única explicação plausível que eu vejo aqui para você não querer que eu veja o Jimin. — Ergueu o queixo e cruzou os braços.

— Não foi nada disso, eu não quero te impedir de andar com ele por causa do nosso antigo relacionamento, isso definitivamente não tem relação.

— E então…? — Arqueou as sobrancelhas, aguardando uma resposta.

— Eu não quero que fique próximo dele, porque ele não é uma boa influência. Ele nunca foi, por isso que terminamos, ele me incentivava a ir cada vez mais em batalhas. Ele não tem um tostão no bolso, mas dizia que iria viajar o mundo. Mas, pelos céus! Como, sem dinheiro, profissão e…? Bem, o ponto é que eu deixei de pensar no importante e dei mais atenção a coisas supérfluas, e eu não vou deixar isso acontecer com você.

Taehyung estava boquiaberto, ele não podia acreditar, nem em seus mais loucos sonhos, que isso realmente poderia estar acontecendo.

— Só porque ele tem uma visão diferente da sua, isso não quer dizer que ele está errado. Meu pai, isso que você disse não faz sentido nenhum!

— Eu deixei os meus propósitos de lado, Tae…

— Quando? Porque, até onde eu sei, você é o senhor notas perfeitas, o senhor filho e exemplo do ano, um grande modelo a ser seguido. Oh, o tão glorioso diamante da família Min! — Engrossou a voz, imitando uma frase comum nos meios em que viviam. — Isso nunca mudou, nem mesmo no período em que você esteve com Jimin, e eu estou me baseando no óbvio. Você mesmo já disse isso, ou mentiu sobre?

— Eu nunca menti e, realmente, eu nunca tirei notas abaixo de nove, mas eu estava me encaminhando para isso. Infelizmente, eu apenas notei isso quando já estava muito mais envolvido do que deveria.

— Como você sabe que iria seguir por esse caminho?

— Eu… — Yoongi franziu o cenho, como se não imaginasse que um dia perguntariam sobre o assunto.

A verdade era que tinha assumido tudo o que sentia para sua mãe e ela o mostrou a razão. Claro que ele não diria isso ao irmão, o mais novo já pensava de maneira ruim o suficiente dos pais e insistiria que ela o influenciou.

— Eu comecei a passar mais tempo com ele, sendo que o foco principal deveria ser a música como sempre foi, mas… de repente eu comecei a sentir que… ela não era mais o essencial? Que eu não tinha que priorizar tanto isso ao ponto de não fazer outras coisas e… só se chega ao topo os que trabalham duro por isso. Como diz o nosso pai: trabalhe enquanto eles dormem e então será recompensado, tendo o tão almejado sucesso.

— Você vai acabar se matando, isso sim! Se esqueceu que o nosso pai é doente?! E que ele está desse jeito por causa dessa teimosia? Ou apenas eu levo a sério a Síndrome de Burnout nessa casa?

— Não diga bobagens! É lógico que eu me importo, todos nós nos importamos. A questão não é essa!

— Então qual é a questão?

— Para ter sucesso e atingir os nossos objetivos, temos que abrir mão de algumas coisas…

— Então você acha que uma faculdade e horas incessantes de trabalho sem descanso vão te trazer isso? — Yoongi não entendeu o tom suspeito de Taehyung ao fazer a pergunta, mas assentiu com a cabeça com o cenho franzido.

— Olha, porque não falamos sobre ou…

— Você vive a vida pensando no sucesso profissional, botando todos os seus sonhos, desejos e expectativas nisso, mas a verdade é que não podemos focar de forma completa e única em uma coisa. Por que não sair com amigos de vez em quando? Ou ler um livro sem pretensões e culpa? Isso não é um privilégio, e sim uma necessidade!

— Você não entende. Quando você decidir finalmente o que quer fazer, aí entenderá essa dedicação.

— E quem disse que eu já não sei? — disse sem esboçar emoções.

A expressão chocada de Yoongi não passou despercebida por Taehyung.

— Eu quero ser pintor, mas claro que você não sabia. Nossos pais nunca te diriam que me jogaram um enorme e sonoro não. — Yoongi nunca tinha percebido que o irmão poderia falar de maneira tão fria, isso até aquele momento.

— Quando? — O coração do Min mais velho deu um salto.

— Há duas semanas. — A expressão chocada do mais velho teria sido engraçada em outra situação, contudo, Taehyung não conseguia ver graça naquele momento.

— Olha, Tae, eu sinto muito. Se você quiser, eu posso falar com… — Foi interrompido.

— Sabe, Yoon, teve uma época em que éramos como estranhos. Nem ao menos parecíamos irmãos, sabe? Eu me sentia um intruso por aqui.

Taehyung divagava com um olhar perdido.

— Nunca tivemos nada em comum. Bom, foi o que eu pensei até que um dia você apareceu… diferente. Antes você parecia um robô focado unicamente em completar um objetivo, e isso era até um pouco assustador para mim, mas então você surgiu pela porta com um sorriso no rosto, suas gengivas estavam à mostra e seu olhar parecia iluminado pelo sol.

“Naquele dia, eu soube que algo havia mudado em você, você parecia mais… humano, talvez? Eu sentia que o seu amor pela música era a coisa mais linda, mas ao mesmo tempo a mais preocupante, pois fazia eu me questionar até onde você estava disposto a ir para conseguir chegar lá. Enfim, depois daquela manhã você parecia mais livre. Como se um peso tivesse saído das suas costas.”

Yoongi paralisou. Ele se lembrava desse dia como se tivesse acontecido ontem. Foi no dia em que foi na batalha de rap pela primeira vez, o dia em que conheceu Jimin.

— Nossa, isso fez eu me questionar por que você era tão incrível e agora você 'tá desse jeito. Por que você fez isso consigo mesmo?

Um soco no estômago doeria menos, talvez até um tiro doeria menos. Yoongi engoliu em seco.

E agora? Como responderia para o seu irmão algo que nem ao menos ele sabia dizer?

Então Yoongi percebeu que tinha chegado a hora de ele se decidir e se questionar por que ele mudou. Pensando assim, ele se desligou do mundo ao seu redor e pensou.

Pensou nele e no que sentia. Subitamente, ele sorriu, se levantou e respondeu a esperada pergunta do irmão.

(...)

Tudo fazia sentido agora.

Taehyung nunca se sentiu tão estranho, era como se ele estivesse cheio de emoções vibrantes e doidas, e ele sentia que elas fossem transbordar a qualquer momento ao menor sinal.

Jimin e Taehyung se conheceram havia, aproximadamente, uns nove meses, o que foi tempo o suficiente para que eles se tornassem melhores amigos inseparáveis. Os dois tinham muito em comum, o amor por jogos para começar, o estilo, a música e, é claro, o sentimento mais doce e puro de nunca ser como os outros. Era como um pacto entre eles.

Eles não queriam se manter sob as rígidas normas sociais, então se vestiam e falavam como queriam, não se escondiam e deixavam bem claro quem eram.

Isso era muito malvisto, pois Taehyung era rico e as pessoas esperavam coisas dele. Sempre pensou que a falsidade de todos era algo universal e que ele não encontraria alguém que seria verdadeiramente seu amigo, até Jimin aparecer. Eles se deram bem desde o primeiro momento, desde o momento em que o mais velho disse a ele um simples "Oi, e aí?", mesmo sem o conhecer e saber sobre a sua família.

Min Taehyung nunca duvidou de Jimin, afinal os dois sempre foram extremamente claros um com o outro sobre tudo e não tinha por que ter dúvidas de nada.

Até esse dia.

O seu celular tocou e sem nem mesmo conferir o visor, Taehyung atendeu.

— Alô?

Alô, Tae, tudo bem com você? — Jimin disse baixo e de maneira insegura.

Taehyung suspirou.

— Tudo, Jimin, e você deve estar muito bem, já que teve tempo suficiente para enfiar a língua na garganta do meu irmão. — Revirou os olhos e ouviu um resmungo do outro lado da linha.

Não sei por que você está tão irritado com isso, tipo, qual é! Não é o fim do mundo eu ter ficado com o seu irmão. Eu sinto muito não ter citado o fato de que namoramos, mas o Yoon ainda está se aceitando, e eu entendo isso, não queria que ele se sentisse pressionado a nada. Eu não podia fazer isso com ele.

— Eu sei…, mas sei lá, pensando bem parece como se… não sei, você estivesse sendo falso comigo, sabe? Como se tudo o que passamos, toda a nossa amizade fosse algo para facilitar a sua aproximação com ele.

Isso não é verdade! Eu nunca faria isso! E eu nunca menti sobre a nossa amizade, você realmente é muito importante para mim, Tae. Temos uma ligação muito forte e eu não quero que isso acabe por causa da minha relação complicada com o seu irmão. Eu não te contei, porque não cabia a mim expor ele, mas, tirando isso, eu nunca menti para você. Você é o meu melhor amigo, Tae.

Taehyung sentiu o seu peito se apertar, um alívio imenso saiu por seus poros e ele se permitiu sorrir.

— Eu fico imensamente feliz em ouvir isso, seu bobão — brincou, tentando amenizar o clima.

Que bom, bobão, e antes que eu me esqueça, eu não enfiei a língua na garganta do seu irmão…

Quando Taehyung estava prestes a falar algo, ele se calou ao ouvir Jimin continuar a falar.

Eu sou mais carinhoso que isso, prefiro beijar de forma lenta, mas intensamente, até eu ouvir os gemidinhos dele na minha boca e…

— Tudo bem, Jiminie, detalhes demais — interrompeu o amigo antes que ele o traumatizasse.

Os dois riram, relembraram momentos e compartilharam novos; eles até esqueceram a situação atual deles por algum tempo. Os dois eram a prova viva de que não existia nada melhor do que ser verdadeiro e ter uma boa e saudável conversa com o seu melhor amigo.

Só um minuto, Tae, eu preciso atender a porta. Depois eu te ligo.

E após se despedir do amigo, Jimin desligou o celular e o colocou no bolso antes de ir em direção à porta, abrindo-a.

Nada o prepararia para ver Min Yoongi em toda a sua glória e beleza bem na sua frente.

Ele não precisava falar nada.

Os olhos tristes e cheios de lágrimas não derramadas, junto às pupilas transparecendo saudade e os lábios avermelhados de tanto serem mordidos graças ao nervosismo… esses detalhes já diziam tudo. Contudo, ele não teve tempo de reparar em mais nada, pois os seus lábios se encontraram como ímãs e se movimentam lenta e delicadamente um sobre o outro.

O mundo todo pareceu parar para apreciar a cena dos dois jovens provando do mais doce e puro amor. As mãos de Jimin estavam percorrendo as costas de Yoongi, tentando ultrapassar os limites entre a sua blusa e a pele do mais velho, que se deixava ser beijado e retribuía com todo o seu ser.

Os dois estavam se sentindo aquecidos e finalmente em casa.

Alguns artistas geralmente dizem que somos como uma metade de uma laranja que está constantemente em busca da sua outra metade, mas a verdade é que somos seres humanos inteiros. Somos cheios de defeitos e repletos de qualidades, temos um humor próprio, aparência própria, caráter e todo um conjunto de coisas que fazem com que sejamos quem somos, e, mais do que isso, estamos em constante mudança.

Evoluímos, crescemos, florescemos. Como uma semente que, quando se planta e rega todos os dias, traz o fruto. Todos têm o seu tempo, uns são mais rápidos, outros mais lentos, mas o que realmente importa é que, no fim, colhemos tanto o bem, quanto o mal, que cultivamos.

E era isso o que Jimin tentava passar ao Min, que não importavam as suas diferenças, pois, mesmo eles sendo tortos e errados, ainda assim, isso não iria murchar aqueles sentimentos. Seja como for, eram as diferenças que os conectavam. Yoongi só tinha que perceber isso.

O Min podia sentir que a presença daquele homem tomava conta de toda a sala, preenchendo-a de uma forma que fez com que se estivesse perdendo o ar a cada movimento de suas mãos pelo seu corpo.

Os lindos e brilhantes olhos castanhos demonstravam todo o seu carinho e desejo, lábios cheios e rosados contrastavam com o gloss labial e eram tão desejáveis; cabelos com um corte nas laterais e fios longos jogados para trás, deixando-o ainda mais sexy, suas orelhas cheias de brincos destacando-o ainda mais... suas roupas eram clássicas dele: blusa clara, jaqueta, calça jeans e, para completar, um coturno preto.

A combinação perfeita que enlouquecia e destruía o psicológico de Min Yoongi.

O Min podia dizer o que fosse para explicar por que deveria se afastar do mais novo, mas tudo caía por terra ao tê-lo em seus braços.

— Por que você continua fazendo isso conosco, Yoon? — a sua pergunta saiu em um sussurro após finalizar o beijo.

Ele não sabia o que responder, afinal nem mesmo ele entendia por que isso estava acontecendo continuamente. Era como se sempre que tentasse se afastar, algo acontecia e ele era arrastado de novo para Jimin, e esse ciclo vicioso recomeçava.

Nem eu sei por que estamos nessa, pensou apático.

— Sabe que você pode findar todo esse sofrimento com apenas três palavras, não sabe? — Segurou o queixo de Yoongi com carinho entre o polegar e o indicador, deixando um selinho nos finos lábios e olhando-o esperançoso.

Yoongi paralisou diante da fala dele.

— Eu… eu não sei… Ai, meu deus, me desculpa, Jiminie. Eu só… — Yoongi fechou os olhos, não querendo presenciar a expressão decepcionada no seu rosto. — Eu realmente não sei o que fazer. Nós somos tão… juntos, e eu… — Jimin colocou a mão sobre o seu peito, na altura do coração.

— Me diz o que se passa aqui. É só isso que me importa.

E então Yoongi olhou dentro dos olhos de Jimin, admirando a expressão de expectativa.

— Eu… eu sinto que… eu… — o Park acariciou o seu rosto carinhosamente para incentivá-lo. Yoongi inspirou e soltou o ar que o sufocava antes de dizer algo. — Eu te amo. Você sabe disso não é, Jiminie? — Seus olhos marejaram. — Eu te amo pra caralho e foi muito difícil me manter distante até aqui. A cada ligação negada, a cada vez que você batia na minha janela e eu tinha que fingir não ouvir a sua voz me implorando para abrir e sair para que pudéssemos conversar e… Ai, meu deus! E-eu sinto muito! — Cobriu o rosto com as mãos em concha.

— Shiiiu… Eu sei, meu amor, eu sei. — Jimin sorriu amplamente enquanto o apertava ainda mais entre seus braços e beijava a sua cabeça, dizendo que estava tudo bem.

— Eu sei que eu fui um babaca, eu entendo agora que somos diferentes e que tudo bem, porque o que realmente importa é o que sentimos e devemos tentar acima de tudo, mas… meu Deus, o que eu faço agora? — Yoongi se questionou, com sua mente girando ao processar as informações rápido demais.

— Olha, eu não sou nenhum deus, mas eu te digo para namorar o asiático bonitão. Garanto que ele vai te fazer feliz. — Jimin sorriu, nervoso.

Yoongi não se aguentou e soltou uma risadinha.

E com isso, ele teve certeza de que não importavam as suas diferenças, mas sim, o que fariam em relação a elas. Um relacionamento era como uma rosa: bela, mas delicada. Se cuidada, floresce e enfeita; se maltratada, se despedaça e murcha. Pode te trazer conforto, mas, ao mesmo tempo, pode te alfinetar com seus espinhos. Com uma base, ela se fortalece; já se arrancada, apodrece. E tudo bem para ele descobrir isso junto a Jimin, ele estava finalmente pronto para enfrentar tudo isso.

Junto a ele.

Yoongi não sabia como eles fariam aquilo, mas só de ele ter finalmente reconhecido o seu erro e ter aceitado o seu sentimento, ele sabia que já era um grande passo. E, felizmente, Jimin também pensava o mesmo. Os julgamentos viriam, mas eles lidariam com isso, porque, no final, o que realmente importava eram os dois e seus sentimentos, e não o que os demais pensariam.

~~~~


Notas finais: Sim, os Yoonmin depois de dois anos juntos estão casados e com dois filhos, e o Taehyung se formou no que ele queria e é reconhecido por isso. É só isso que eu tenho a dizer.


Beijos, até a próxima! 💜



11 de Julho de 2022 às 22:57 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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