Pinga… pinga… pinga!
Esse é o som que vem da goteira ao meu lado. O teto já está molhado, mofado, desabando e eu vejo isso acontecer de camarote, encolhida em minha insignificância.
A sensação de impotência paira no ar, me desespero por não poder segurar o teto com minhas próprias mãos e de não conseguir pensar para onde iria quando tudo não passasse de escombros.
Me encolho mais, porém não há sequer uma lágrima querendo passear pelo meu rosto, há apenas um leve sorriso que aumenta com o tempo. Qual seria pior, chorar copiosamente ou manter um sorriso largo no rosto?
Chorar seria melhor, penso eu! Pelo menos conseguiria despejar todos os meus sentimentos no mundo, como um rio que deságua no mar. Ao contrário do sorriso que parece querer empilhar dentro de mim tudo que sinto, até o dia que não der mais e tudo vir ao chão.
Mesmo após chegar a essa conclusão, não consigo mudar a minha expressão, como se uma máscara tivesse sido colada ao meu rosto. Meu completo descontrole sobre os meus sentimentos e expressões parecem ter sido a gota d’água para a loucura entrar e uma gargalhada sair de mim.
O verdadeiro “rir para não chorar” estava acontecendo comigo.
Em instantes me vi de joelhos clamando para qualquer entidade que estivesse me escutando, pedindo algo que nunca imaginei que pediria, mas como era o dia das coisas impossíveis acontecerem, pedi.
Eu pedi para chorar!
Obrigado pela leitura!
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