Livro dos Destinos Seguir história

As tendas decoradas com detalhes dourados são vistas de longe, em meio ao céu escuro que se esmaece em diferentes tonalidades, como uma aquarela. O solo de terra monocromático desanima os visitantes de seguirem em frente, porém as risadas enigmáticas que sobrevivem nas tendas chamam a atenção, e a vontade de seguir em frente percorre todo o corpo, impulsionando seu primeiro passo.

O céu muda de cor assim que o caminho até as tendas se encurta. Manchas de azul se misturam ao roxo e pontinhos dourados espocam por toda a vastidão acima, até se tornarem pontos prateados brilhantes. As risadas se intensificam e silhuetas em sombra surgem das tendas. Com cuidado você afasta o tecido maltratado e grosso de uma das tendas e é convidado a entrar, não um convite formal. Um convite à espreita na penumbra, enquanto a trupe revela seus mais indecorosos devaneios.

Labaredas percorrem o local, em tons de laranja, vermelho, azul e roxo. Uma jovem se contorce em posições incrivelmente impossíveis e um poeta desponta da massa de corpos, para conclamar palavras sem nexo de forma dramática e teatral. Tudo acontece ao mesmo tempo, as coisas se atropelam em confusões, mas isso parece não incomodar a trupe, que segue com sua performance.

A música ecoa de instrumentos inusitados, e você se vê afastando ainda mais o tecido para mergulhar naquela atmosfera hipnótica. Em um canto obscuro, uma cartomante, envolta em um véu fino e transparente que lhe cobre parte da cabeça e se arrasta até se perder de vista. O olhar dela é denso e compenetrado, seus dedos se movem agilmente e de maneira delicada como patas de uma aranha. Suavemente as cartas sobrepostas na mesa começam a flutuar, rodopiam ao redor de sua mestra e logo se juntam à dança da trupe.

A Trupe chega sem aviso.

Você é convidado a entrar.