Estava escuro. Ouço barulho de água pingando, como se tivesse alguma torneira mal fechada. Estou deitada em um sofá velho, que estava úmido e fedia a mofo. O lugar inteiro fede...
Estou coberta por um lençol fino, que não protege contra o frio, e como está frio! Me levanto, olho ao redor. Em um primeiro minuto não consigo ver, por conta do cômodo estar escuro, mas pouco a pouco, minha visão vai se adaptando ao nível de escuridão. Agora podia enxergar, pouco, mas já era alguma coisa.
No cômodo em que me encontrava, havia algumas mesas com algo encima, e todas estavam cobertas com um lençol branco. E em um canto havia um amontoado, não faço ideia do que seja, também estava coberto pelo mesmo tipo de lençol.
Comecei a me preocupar, não saiba que lugar era aquele, e nem como eu havia chegado ali. Minha mente estava em branco, não conseguia me lembrar o que havia acontecido, antes de chegar naquele lugar.
Aquele não era meu quarto, o qual rotineiramente me encontrava ao acordar, muito menos qualquer outro cômodo de minha casa. Onde eu estava? Como fui para ali? Por que meu corpo doía tanto? E por que sentia tanto frio?
De repente, vejo uma silhueta escura perto do que parecia ser uma porta. Primeiramente tive medo, quem era? Mas ao ouvir um suspiro que terminou em um gemido baixo, o qual aquela figura escura emitiu, pude perceber que aquele ali parado era meu amado Carlos.
-Carlos, ainda bem! Você sabe que lugar é este, amor?
Eu chamei, mas por algum motivo ele não me respondeu, então chamei novamente:
- Carlos, amor!
Nada, nenhuma palavra emitida por ele. Caminhei até ele enquanto continuava falando, para tentar chamar sua atenção.
- O que está acontecendo, Carlos? Por que não me responde?! Carlos, está me assustando ainda mais!
Nesse momento toco em seu ombro, fazendo com que ele vire-se de frente para mim. Escuto vozes conversando por trás da tal porta:
-Parece que a experiência deu certo, acenda as luzes de dentro! vamos ver quais acordaram!
Não entendi o que isto quis disser, mas no momento estava preocupada era o porque do Carlos não me responder.
Então duas fileiras de luzes se acenderam no teto. A luz vez com que meus olhos ardessem, então os fechei um pouco. Mas logo em seguida, os abri novamente, pois queria ver o que estava acontecendo e também queria ver Carlos.
Oh meu Deus! O que esta acontecendo! Não, não, isso é um pesadelo, só pode ser um pesadelo!
O que vi quando abri os olhos não se parecia com o Carlos, na minha frente estava um corpo deformado. Faltava o olho direito, sua mandíbula havia sumido, e parte da carne que recobria seu pescoço também. A língua e traqueia estavam dependurada. Havia pontas de ossos saindo por todo seu corpo. e parte de seu estômago estava a mostra.
Levo a mão sobre a boca para abafar um grito que estava em minha garganta. Sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos. A cena era tão chocante que comecei a caminhar para trás.
Ele pareceu me reconhecer, pois estende sua mão sangrenta e esquelética para mim. Isto só pode ser um pesadelo! O que aconteceu, por que eu não me lembro?
Viro meu rosto de lado para não ter que olhar mais para ele. Foi então que vi, refletido em um espelho de parede o reflexo de meu corpo ou o que sobrou dele.
Eu estava chorando, mas não eram lágrimas que corriam pelo meu rosto ferido, era sangue. Meu corpo não estava muito diferente do de Carlos.
Um de meus seios havia sumido, os ossos dos meus braços estavam a mostra. Meu pescoço estava com cortes verticais profundos. Uma de minhas penas estava sem pele, a outra dava para ver os ossos.
Quando vi o estado de meu corpo, não contive o grito. Foi somente nesse momento que as memórias borbulharam em minha mente. Lembrei-me do acidente.
Comecei a entender, em parte, o que estava acontecendo. Mas o que estávamos fazendo ali, e quem eram as pessoas que conversavam por detrás da porta de ferro era um mistério.
Um mistério que logo iriamos descobrir...
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