arcanacthewriter Arcan A.C.

"O SEGREDO DE UM IMPÉRIO SERÁ RESPONSÁVEL POR SUA RUÍNA. Fruto das sombras de um ato selvagem e sem alma, o Jovem Esquecido emerge de uma tumba na floresta. Sem qualquer memória além do próprio nome, Elegiac desperta perdido em si e no continente, sendo o seu idioma a única pista de sua origem— o reino de Aurízia. Fraco e escondendo uma maldição, ele não vê outra opção a não ser buscar pelo que ele representa, na tentativa de encontrar o lugar onde pertence. A jornada até o reino imperialista será árdua. Ele enfrentará a realeza, exércitos, revoluções e a acidez de uma nova descoberta. Mas ele fará de tudo para recuperar o que perdeu." - Autoras: Arcane A.C. e Nathália N.S.A. - Edição: 2022 - Gêneros: Romance LGBTQIA+, fantasia, ficção, ação, aventura, mistério, romance, novel, narrativa poética; - Status: Completo, mas em revisão (aproximadamente 40 capítulos, equivalendo a quase 600 páginas em folhas de livro físico - formatação padrão) © Todos os direitos reservados


#31 em Fantasia #19 em Épico Impróprio para crianças menores de 13 anos. © Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998 / Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica.

#romance #medieval #aventura #bl #épico #lgbt+ #trilogia #ação #poético
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Prólogo

Eu não consigo me lembrar de muito, mas eu sei que aconteceu de repente e em silêncio.

Tão silenciosamente…

(música da história: https://www.youtube.com/watch?v=vMLY6Q2rZaA)

Prólogo


Amargo.

Um gosto amargo, cítrico e seco.

O gosto de algo podre.

Algo morto.

O cheiro não podia ser diferente, inclusive intensificava o gosto estragado.

Era difícil respirar. Era como se o ar tivesse se tornado uma lixa. Apenas uma fina brisa morna passava por suas narinas, que sabia estarem obstruídas por algum material úmido.

Terra, conseguiu notar.

Seu corpo estava mais pesado na região inferior, o que significava que as pernas estavam soterradas. Era estranho, doloroso e insuportável tentar mover um mísero músculo. Era como se os ossos não passassem de uma massa de ferro enferrujada.

Contudo, esforçou-se. Começou pelos dedos, e sentiu a terra arenosa e úmida que cobria as mãos. Aos poucos, tentava movimentar suas articulações de modo mais natural, não mecânico, e foi assim que sentiu finos fios em si, prendendo-o à terra.

A consciência ainda não se fazia totalmente presente. Lentamente buscava compreender onde estava, em que situação estava ou qualquer outra questão que seria de normal indagação. Era como se estivesse nascendo, tentando entender como tudo funcionava.

Além disso, não conseguia escutar muita coisa, apenas o farfalhar das folhas nas árvores, galhos rangendo e estalos. Esses eram os únicos ruídos que impediam que tudo fosse quieto.

As pálpebras pesavam e ardiam, tal como seria se houvesse sal debaixo delas.

Percebendo agora…

Todo o corpo ardia, e a sensação vinha de dentro.

Os sentidos foram finalmente interpretados.

Por que mal conseguia se mover? Por que estava difícil de respirar? Onde ele estava?

Os pensamentos se desfizeram quando focou em apenas uma coisa, quase como um instinto de sobrevivência: sair dali.

Fechou suas mãos em punho e envolveu a terra. A dor o invadiu e estalos soaram, mas ele não pôde gritar, não conseguia.

Estava fraco, fraco e em sofrimento, mas, mesmo assim, ele devia se esforçar. Ele não tinha escolha, ou saía daquela terra estranha, ou iria morrer. Tinha certeza disso.

Forçou-se a abrir os olhos. A poeira e a terra caíram sobre as orbes de íris douradas. A visão estava embaçada, talvez por conta das lágrimas, que caíam queimando como ácido.

Aos poucos, a visão ficou mais clara. Sua cabeça estava apoiada na raiz exposta de uma árvore, o corpo não estava completamente enterrado, portanto, tentou se erguer e ouviu estalos em resposta. Aqueles “fios”, os quais sentiu estarem presos em suas mãos, eram, na verdade, raízes, e elas, aparentemente, cobriam seu corpo e…

Estavam por dentro.

Estavam dentro de sua boca, ouvidos e nariz, o que explicava a obstrução e dificuldade ao respirar. Quanto tempo ele estava ali para que uma árvore estivesse o usando como alimento? Por que ele estava ali?

Tenho que sair daqui…

Já não se importava com a dor que sentia nos ossos, ou com a agonia dentro e fora de sua pele. Tudo o que sua mente pensava era que tinham coisas em seu corpo, se alimentando de si, e talvez esse fosse o motivo de toda aquela acidez e gosto podre que sentia em seu âmago.

Mexeu os braços até desenterrar as mãos, magras e fracas.

Um ganido de horror.

As raízes pálidas penetravam as veias nas costas de suas mãos. Usou toda a força que conseguia para afastar a terra, mas sabia que iria demorar. Pelos deuses, até piscar doía. Aquilo era de matar, insuportável para qualquer humano. Aquilo era tortura.

Havia algo muito errado.

Conseguiu se ajoelhar, mas, assim que as raízes finas se esticaram, sentiu-se ser fisgado de volta para o solo. A garganta, as veias, os tímpanos… Era desesperador. Do que essa árvore estava se alimentando? De seu sangue?

Apoiou uma das mãos no solo e ergueu a outra em direção aos fios em seu nariz e boca. Com isso, ele arrancou-os, conseguindo, enfim, gritar.

O sangue escorreu e o gosto de ferro em sua boca se misturou ao amargo e ácido gosto já presente. A ânsia foi tão forte que vomitou na lama à sua frente. Ele sabia que não tinha nada em seu estômago, mas vomitou. Pôs para fora sangue, terra e algo que fez a terra borbulhar e fumegar. Era estranhamente azul, não havia o vermelho vibrante do sangue.

Caiu sentado, as pernas esticadas, a dor e a queimação na boca ainda presentes. As mãos foram em direção às raízes nos ouvidos, segurando-as e, então, as puxou. O líquido vital e fervente caiu e, a partir disso, não escutou mais do que um zumbido agudo. Não havia pensado que, ao fazer aquilo, poderia ficar surdo. Mas, afortunadamente, aquele não foi o caso.

Arrastou-se pela lama depois de arrancar todas as teias da árvore. Rastejou para qualquer lugar longe daquele buraco, principalmente para onde havia mais luz, então subiu um morro, usando a pouca força que tinha.

Talvez ele estivesse em um pântano. Talvez tenha caído do morro e desmaiado ali, ou, quem sabe, esteja ali por razão de alguém.

Mas…

Por que?

O Sol já conseguia passar por entre os galhos das árvores, a grama verde estava mais clara, e a inclinação lamacenta ficou para trás. O território ficou mais plano e menos mal cheiroso, apesar de o odor parecer estar impregnado.

Fechou os olhos enquanto se ajeitava no solo e recebeu o calor acolhedor do astro rei. A respiração estava desregulada, ele esperava que pudesse descansar um pouco.

Tanta sede...

O jovem voltou a abrir os olhos, por mais que eles ardessem, e avaliou o cenário, tentando se lembrar de algo que o dissesse que lugar realmente era aquele e porque ele estava ali, naquele estado.

Era o topo de um morro. Um pouco mais adiante, do lado contrário ao buraco onde esteve, era possível ver uma estrada de terra mal cuidada em meio àquela floresta. Voltando-se para o buraco, viu que havia árvores e um pequeno lago, no entanto, tinha algo errado.

Ele achou que estivesse em um pântano por conta do cheiro e da lama pela qual teve que passar para chegar até o topo da inclinação, entretanto, ele estava em uma floresta comum, e a lama negra apenas ocupava uma área circular e isolada em meio ao verde da floresta. Era como se algo pontual tivesse deteriorado aquilo tudo.

Visualmente, a origem daquilo foi clara, visto que era o local mais necrosado: partindo justamente da árvore, ou, mais precisamente, do solo, o ponto inicial era onde o jovem antes esteve soterrado.

A árvore, que antes parecia estar se alimentando dele, assim como as outras plantas, estava morta. Os galhos secos e retorcidos, sem folhas. Era como se a essência vital houvesse sido sugada.

Engoliu em seco e voltou o olhar para a estrada de terra um pouco afastada. A única alternativa que pensou foi segui-la, esperando poder encontrar alguém que pudesse o ajudar. Sentia seu corpo vazio, sentia tantas dores que era incapaz de localizar suas origens, e o mal estar era enorme; o cheiro, o gosto no paladar...

Ele se sentia morto.

Se virou em direção à árvore mais próxima e se arrastou até chegar em seu tronco, no qual segurou e se apoiou para que se mantivesse de pé. Cautelosamente, pôs suas pernas para se sustentarem no chão, e elas estalaram.

Crack.

Apesar da dor, ficou de pé e soltou o ar que não sabia que havia prendido.

Ele tinha que sobreviver. Algo o dizia que devia sair dali, não sabia o que, mas dizia.

Envolveu-se com os braços, tentando manter-se resistente. Deu o primeiro passo e achou que iria cair. Quase caiu ao sentir a perna fraquejar, mas respirou fundo e fortaleceu seus ossos, dando um outro passo anormal e desengonçado. Pelo menos, se movia.

Nuvens cobriram o Sol e o ambiente tornou-se mais escuro. A visão começou a oscilar, era a consciência ameaçando desligar-se.

Ainda assim, como se por interferência celestial, uma gota de estímulo foi suficiente para deixá-lo um pouco mais alerta.

Escutou sons. Cascos de cavalo. Vozes. O movimento de algo passando pela estrada de barro.

Uma carroça. Tinha que ser.

Ele confirmou sua teoria quando viu duas mulheres de roupas coloridas guiarem o veículo puxado por duas mulas.

Desesperou-se. Estavam longe, e seu corpo parecia estar prestes a desistir naquele momento. Sentia que iria morrer.

As moças conversavam e riam alto, em uma língua que o jovem não compreendia. Tudo o que ele queria era pedir ajuda e, apesar de elas não estarem indo tão rápido, ele estava quase parado. Tentou gritar, emitir algum ruído para chamar a atenção delas, mas nada saía da boca.

Suas pernas fraquejaram e ele caiu, fazendo um barulho, amassando folhas secas e galhos finos.

As mulheres pararam a carroça. Elas tinham escutado o barulho, então, olharam ao redor, procurando sua fonte.

O jovem estava sujo, quase se camuflando no cenário. Elas não o notariam. As forças dele estavam já em seu fim. Ele precisava de algo para chamar ainda mais a atenção delas.

Respirou com dificuldade, tentando se arrastar em direção à elas, mas seu corpo não respondia. As mulheres desistiram do som e fizeram as mulas trotarem mais rápido, como se para evitar o perigo da floresta.

O desespero cresceu. Ele passou os olhos pelo terreno, procurando alguma coisa que pudesse ajudá-lo, até que encontrou uma garrafa de vidro jogada no chão.

Seria sorte?

Esticou-se na direção do recipiente, usando suas últimas forças, e o puxou para perto. Logo a carroça passaria por onde o jovem estava. Se o Sol surgisse das nuvens…

A visão dele já estava se perdendo. Ele sentia seu corpo ir apagando aos poucos, tanto que apenas conseguiu levantar um pouco a garrafa. A partir desse ato, ele viu o cenário clarear e a garrafa se iluminou pelos raios do Sol.

Foi após escutar o chiar da carroça, que o jovem apagou.



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Notas finais


Maya N.S.A. : Essa coisa das raízes me dá agonia...


Arcane A.C. : Eu sei. Essa era a intenção quando eu escrevi essa parte. :)


Maya N.S.A.: Vai se ferrar!


Arcane A.C. : ... Então... Olá, leitor (a). Seja bem-vind@ à nossa Trilogia Elegia de Sangue! É um prazer recebê-l@ por aqui. Você vai perceber que, nos finais dos capítulos, eu e Maya estaremos comentando algumas passagens da história por aqui, a fim de que vocês conheçam um pouco dos bastidores da produção dessa história. Ah, e para que tenha acesso às ilustrações e a outros conteúdos sobre o universo e os personagens da Trilogia (além das atualizações dos capítulos e do contato direto com as autoras), peço para que nos acompanhe nas nossas redes sociais, como Instagram, discord e outras mais.


Maya N.S.A.: No Instagram, especificamente, somos @arcane_a.c e @maya_n.s.a. Quero destacar que, nos nossos perfis, há um site com os links para cada rede dessa, então vai lá e apoiem o nosso trabalho (podem até fazer doações).


Arcane A.C.: ... Seu retorno nos motiva a continuar e a trazer conteúdo pensando em vocês (podem mandar perguntas e interagir conosco, falar sobre os personagens e tal. Eles são preciosos para nós, então pense neles com consideração 😊).


Maya N.S.A. : Espero que a sua experiência conosco seja inesquecível. Até a próxima!

5 de Fevereiro de 2022 às 21:09 2 Denunciar Insira Seguir história
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Leia o próximo capítulo 01 - O Elemento Perdido

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Wesley Martins Wesley Martins
Muito bom.
February 02, 2023, 16:47
Acura Pome Acura Pome
Isso foi intenso
February 05, 2022, 21:33
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