Dulce
Ambrósio, 11 anos antes.
- Alô!
- Dulce Magalhães?
- Sim, é ela mesma. Quem é que tá falando?
- Aqui é a Gerusa. Sou a vizinha da sua irmã Betina.
- O que foi que aquela desmiolada aprontou?
- Então, senhora Dulce, é que ela e o marido sofreram um acidente e,...
- Ela morreu? Eu já vou logo avisando, eu não tenho dinheiro para ir ao enterro.
- Eu compreendo, senhora. – senti que a mulher do outro lado da linha parecia estar com medo e escolhendo as palavras para me falar. Eu já estava na defensiva. - Mas a sua sobrinha sobreviveu...
Eu a interrompi mais uma vez.
- Sobrinha? Aquela irresponsável ainda teve coragem de por um filho no mundo?
- Sim, senhora...
- Então mande-a para família do pai. Oras!
- A única parente próxima da menina é a senhora...
Eu já estava aos berros, interrompendo-a a todo momento.
- Eu não vou me responsabilizar por filho de ninguém. Eu não tenho condições de sustentar mais uma boca. – vociferei. - Então deixe essa maldita menina em um maldito orfanato.
Bati o telefone no gancho. Eu tinha me esquecido que quando a minha irmã fugira de casa, ela estava grávida. Joguei-me no sofá irritada.
Quem me conhece sabe que sou uma pessoa de pavio o curto. Não sei ser dócil, tampouco meiguinha. Eu tenho que me segurar para não voar no pescoço de alguém.
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