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Apoiado na cômoda Kiyoshi pressiona os lábios numa linha tensa e inspira pelo nariz, tenta manter a aparência tranquila, mas seu dedos denunciam a inquietação que sente, se flexionando em volta da garrafa de água nas suas mãos. O som de plástico amassado é alto e irritante, mas ele acha que ainda é mais agradável do que o silêncio que se segue enquanto assiste Makoto com um pesar no peito.

Seus olhos vagam pelo corpo magro e muito nu sentado na beirada da sua cama; uma parte do seu cérebro quer se desviar para qualquer outra coisa, a parede branca ou mesmo a estante carente de objetos no canto do quarto, mas os movimentos preguiçosos prendem a sua atenção. Engolindo seco tenta não se sentir muito orgulhoso das marcas que deixou mais cedo, um viés possessivo que não conhecia até então, elas se destacam na pele muito clara e isso o enche de algo que não sabe explicar.

— Se quiser posso te emprestar algumas roupas, Hanamiya. – sugere, soltando um pequeno suspiro. Agora seus dedos seguram a garrafa num aperto firme e a sua expressão séria não condiz com o momento.

— Não precisa. – Ele responde, sem muito interesse, lhe lança um rápido olhar antes de descartar a toalha no chão ao seu lado e passar os dedos pelos cabelos ainda úmidos do banho, os ajeitando.

As implicações nessa resposta fazem Kiyoshi cerrar a mandíbula, decepção e algo mais agitam seu estômago. Não consegue evitar se sentir assim. Makoto e ele estão nesserelacionamentohá alguns meses agora, o que começou lento e gradual, com encontros não planejados e conversas despretensiosas, se tornou algomaisbem rápido. E está tudo bem, mesmo sendo algonovopara ambos. Mas ele ainda se sente incomodado toda vez que vê Makoto ir embora durante a noite, é como se existisse uma distância velada entre eles e Kiyoshi não sabe como diminí-la.

Seu cérebro trabalha rápido em encontrar as palavras certas para convencer o moreno a passar a noite dessa vez, abre a boca pronto para dizer algo, mas volta a fechá-la quando percebe que não sabe o que dizer. Franzindo as sobrancelhas numa carranca se dá conta de que não faz ideia de como ser persuasivo, pelo menos não com Makoto, que é sempre tão pragmático com tudo.

Ainda sentado na cama e vestido com a camisa social branca, Makoto se concentra em abotoar o punho com calma, não tem porquê se apressar se já perdeu o horário do último trem. E não é como se se importasse com isso. Piscando ele faz uma pausa ao sentir o olhar de Kiyoshi, tão intenso e real quanto as mãos grandes sobre o seu corpo momentos atrás. É enervante e ainda assim agradável.

Deliberadamente se levanta, gostando da atenção que tem, caminha até Teppei e tira a garrafa daquelas mãos grandes; seus olhos nunca desviam dos dele enquanto sorve um gole generoso da água. É satisfatório assisti-lo se contorcer, desconcertado, ansioso e cheio de excitação, por causa dessas pequenas ações suas.

— Você sabe que pode ficar, se quiser. – Kiyoshi diz, passando a língua pelos lábios nervosamente.

— Eu sei. – diz sorrindo e, deixando a garrafa de lado, se inclina mais perto apoiando as mãos na cômoda, o cercando com eficiência. – Então, Teppei, você ronca? – questiona, divertido.

Pego desprevenido Kiyoshi pisca confuso até o significado dessa pergunta afundar no seu cérebro e uma risada escapar sob a respiração. Com um sorriso correspondente deixa suas mãos alcançarem os quadris estreitos e seus dedos apertam a carne clara, o segurando perto o suficiente para sentir o cheiro de sabonete e shampoo.

— Não, Makoto. – responde, com um sorriso bobo no rosto.

— Bom. – murmura antes de se erguer na ponta dos pés e pressionar um beijo nos lábios dele.

~Kissus da Taimatsu~