verazz IzzA

Caso não houvesse seguido o comando de seus marujos, provavelmente não havia de ter se afogado, muito menos conhecido Manjiro. Ser capitão de um dos maiores navios piratas do Norte tinha lá seus problemas, disso Draken sabia, e muito deles seriam inimigos; mas nunca acreditou que ao fim da batalha se poderia descobrir um amor. Um capitão destemido se vê apaixonado por um Tritão, que ele poderia continuar por décadas a insistir ser uma sereia.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

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Adventure

O Capitão corria pelo longo convés de Touman, seu amado navio. Não queria se livrar de uma briga como aquela, mas seus subordinados ordenaram que fugisse para não haver risco de uma tomada do navio. Draken não era homem de correr em uma luta, mas confiava na palavra de seus companheiros; sabia que conseguiriam acabar com aqueles bastardos que ousaram atrapalhar sua longa jornada pelos mares. O barulho de um dos canhões explodiu ao seu lado, deixando-o ainda mais alerta.

— Draken, você precisa sair daqui agora! Eles já invadiram a Touman, não temos muito tempo! — Mitsuya, o Imediato, gritou para seu superior, enquanto se esquivava da lâmina afiada do sabre de um de seus adversários.

Ken trincou seu maxilar, sentia-se impotente por estar ali, mas impedido de se juntar ao combate. Voltou a correr, agora tendo de desviar dos corpos que se batiam e lutavam uns contra os outros. Olhou para trás apenas para ver se seus companheiros se mantinham em vantagem, porém o que viu foi o traidor de seu grupo, Kisaki, com uma arma à pólvora em sua mão. Merda, se não apressasse seus passos seria atingido, e no meio de tanta confusão não poderia ser tratado com rapidez.

Chegando ao extremo do navio deixou que sua cabeça bolasse alguma forma de sair dali. O mar brilhou em seus olhos como se o chamasse, dando lhe uma saída de emergência. Não negando seus instintos, jogou-se por cima da cerca que impedia que caíssem do convés.

O som do tiro foi abafado pela água ao seu redor, a adrenalina em suas veias não permitindo que sentisse a diferença de temperatura do local onde se metera; um jato fraco passou ao seu lado, assustando-o. Haviam voltada a atirar. Com os olhos ardendo pelo sal, começou a nadar para o fundo em diante, não se permitindo tirar o corpo da água até que tivesse certeza que não seria atingido por nada e nem ninguém.

Em poucos movimentos percebeu que não inspirara ar suficiente antes de se jogar. Seus ouvidos e nariz já começaram a doer graças a pressão que a água movimentada causava, não estava longe o suficiente para se permitir respirar e seu corpo já se desesperava pela falta de oxigênio. Não acreditava que com tamanho esforço feito por Mitsuya, e os outros, para o manterem vivo, seria em vão. Não havia mais saída, se levantasse com certeza seria atingido e morto; se permanecesse no mar, morreria afogado.

A água que inalava por engano já o fazia engasgar, não via muitas maneiras de sair de uma situação dessa. Já imaginava que seu fim seria daquela maneira, largado no mar, deixando suas obrigações e objetivos incompletos. Fechou os olhos e relaxou seus músculos, deixando que o seu corpo afundasse em paz, acreditando que seria uma morte gradativamente agoniante, por como sua boca tentava desesperadamente buscar por ar, mas apenas o mar invadia seu corpo.



Ei ei, você está vivo? Vamos, acorde! — Uma voz nervosa atingiu aos ouvidos do capitão, que se esforçou a abrir seus olhos, que insistiam em fechar quando o mínimo de luz os atingia. — Olha, se estiver morto vou te jogar no mar, não sei o que fazer com um cadáver.

— Não estou morto — respondeu rapidamente, estranhando a fraqueza que sua voz transferiu. Seja quem for, com certeza não queria ser jogado ao mar pela mesma pessoa que havia o salvado. — O que aconteceu?

— É você quem estava no meio do mar, eu não faço ideia do que aconteceu — A voz falou debochada.

Draken desistiu e preferiu continuar em silêncio, a ardência em seus olhos e nariz diminuindo. Sabia que ainda estava de dia pela luz leve que atravessava suas pálpebras, também sentia a areia em suas costas, os grãos grudados em sua pele ainda úmida. Conseguia sentir outra pessoa parada ao seu lado sem muitos movimentos. Deveria agradecê-la.

Respirando fundo conseguiu abrir seus olhos e deixar com que os raios solares lhe indicassem onde estava, em uma ilha talvez? Viu a pessoa que falara há pouco, parecia um garoto, seu cabelo loiro estava molhado e jogado para trás deixando seu rosto muito mais evidente. Seus olhos estavam fixos em qualquer movimento que Ken fizesse, era meio perturbador.

Tentando desviar dos olhos negros, mirou suas orbes para baixo, arregalando-as logo em seguida. Fechou os olhos com força e os abriu novamente, coçou-os para ver se algo mudava, mas não, ainda havia uma enorme e cauda embutida ao tronco daquele garoto. Ela era longa, maior do que o peitoral nu daquele rapaz, brilhava em cores arroxeadas que se misturavam com o forte tom de azul que a cobria quase por completo. Vendo agora, o lugar não se parecia uma ilha, mas sim uma baía; o que permitia que aquele garoto estranho mantivesse mais que a ponta da cauda na água, sem se preocupar com o vai e vem das ondas fortes ou uma grande movimentação no mar. Estava acomodado como em uma piscina natural.

— Eu... Eu morri? — perguntou, seu corpo mole com medo da realidade. — Estou no céu?

O rapaz olhou com estranheza para o homem.

— Você é idiota? — falou movendo o rosto para o lado, em confusão. — Você parece ter morrido? E julgando pelo local de onde te tirei, duvido que você conseguiria ir para o céu.

— Você é uma sereia? — Tentou segurar sua língua, mas a curiosidade foi mais forte. — Você não parece uma mulher para mim...

— Porque eu não sou! — respondeu ofendido. — Sou um tritão, não uma sereia.

— Acredito que seja a mesma coisa — Draken olhou novamente para a cauda que se movia com mais rapidez. — Você tem até uma cauda de serei- Ei!

Um jato forte de água foi jogada em seu rosto, o homem-sereia ria e balançava a ponta de sua cauda, jogando mais um pouco de água no rosto do outro. O tritão gargalhou assistindo o outro jovem tirar o excesso de água de seu rosto com uma carranca.

— Você tem nome? — Draken perguntou, levantando-se para retirar sua bata encharcada.

— Manjiro, mas pode me chamar Mikey — respondeu, tentando capturar com seus olhos a diferença do corpo do homem alto em relação ao seu. — E você, tem nome?

— Draken. Capitão Draken — falou, seu tom de voz saindo orgulhoso.

— Capitão? — Mikey virou o rosto para o lado, confuso. — Já vi um navio sem capitão, mas nunca um capitão sem navio. Onde está sua tripulação?

Ken respirou fundo, quase se esquecendo de como parou naquela situação.

— Eu não faço ideia... Como você me achou? — Arqueou a sobrancelha, começando a se preocupar com os detalhes daquela história.

— O mar se agita muito quando vocês, piratas, resolvem brigar — deu de ombros, deixando seu corpo deslizar em direção a água, apoiando os braços na areia molhada. — Não costumo interferir, mas havia muitos gritos e tiros, fiquei com medo de quê atingissem algum pobre animal desavisado.

Mikey parou ao ver Draken andando e se afastando momentaneamente de onde estava, mas recebeu um sinal para continuar falando.

— Quando vi o desastre que estavam causando não me meti mais, até porque se chegasse um pouco mais perto era provável que mirassem mim; nesse ponto você já estava afundando, logo pensei "por que não garantir a minha próxima refeição?".

O homem que buscava algo entre a vegetação ali perto se arrependeu amargamente de ter deixado o pouco de suas coisas perto do tritão.

— Eu estou brincando! — Mikey falou rindo ao ver o corpo do outro enrijecer. — Vocês acreditam em todo tipo de rumor, não é mesmo?

— Não é como se eu conhecesse muitas sereias por aí — respondeu, sorrindo com a cara amarrada que recebeu por chamar Manjiro de sereia, novamente. — Não deveria acreditar que vocês não comem os homens que cruzam seu caminho? Sempre devemos esperar o pior do inimigo.

— Como posso ser seu inimigo se nem sequer nos vimos antes?

Ficou em silêncio por alguns instantes, sorrindo logo em seguida. Ele estava certo. Interessado, se voltou para o local onde estava e sentou-se, observado pelos olhos negros do ser que se mantinha na água salgada.

— Você tem um ponto — disse, tirando o elástico que prendia sua trança única e desfazendo-a, deixando que seu cabelo tingido de loiro caísse em seus ombros, cobrindo sua tatuagem. — Mas ainda poderia transformá-lo em meu inimigo, apenas tem que me provar o contrário.

— Provar que não como seres humanos? Não preciso fazer isso — respondeu. — Quem está descrevendo minha espécie com hábitos tão estranhos aqui é você.

— Não pode me culpar, como disse não conheço nenhum outro tritão. Acredito no que os que vieram antes de mim, falavam; e sempre me avisaram para tomar cuidado para não ser seduzido e morto por vocês — deu de ombros, seu interesse por aquele rapaz aumentando cada vez mais.

— Apenas quem seduz são as sereias, mas elas não vão comer vocês — disse, era divertido saber o que pensavam sobre os seres marinhos. — Elas só fazem isso para procriar. Usam o corpo do homem seduzido e depois o deixam morrer afogado, tritões não procriam.

— Por que elas usam homens? Vocês não... — perguntou tentando não soar ofensivo, movimentando suas mãos para tentar expressar o que imaginava.

— Eu não preciso te falar isso! Talvez um dia você descubra sozinho — falou rindo, nem mesmo percebendo o tom malicioso que a sua frase poderia ser levada.

Mikey se mateve calado por alguns instantes, mas remexia suas mãos como se segurasse sua língua.

— Me conte como é viver fora daqui, sabe, do mar... — perguntou com o tom baixo.

Draken olhou para o céu, que começava a mostrar seu ar poente, anunciando que o fim do dia estava próximo. Não sabia como deveria responder aquilo, durante mais de 15 anos de sua vida permaneceu em um navio, primeiro como Criado-de-bordo, e agora Capitão. Sua vida em terra firme não era boa. Havia nascido e crescido em um bordel qualquer, não se dava bem com as pessoas à sua volta e se viu agarrando com todas as suas forças a primeira oportunidade que teve de sair daquele lugar.

Não fora nada fácil conseguir sua própria embarcação, muito menos juntar uma tripulação digna, mas se sentia realizado por tal feito em sua vida e agora poderia rondar pelos 7 mares com aqueles que se uniram a si e formaram uma família. No começo acreditou que um dia poderia enjoar dessa vida, mas nunca isso ocorreria, não com tantas descobertas e conquistas que fazia dia após dia.

— De verdade, não faço ideia — disse, olhando nos olhos fundos de Manjiro. — Não sei o que é ter uma casa ou uma família em uma cidadezinha qualquer. Bom, Touman é a minha casa e meus marujos, minha família; mas não ousamos perder nosso tempo em terra firme.

— Touman é o seu navio? — perguntou, a voz de Draken era profunda e deixava seu coração lento.

— A mais bela embarcação de todas, eleita por mim mesmo! — falou, fazendo com que a risada de Mikey ecoasse por seus ouvidos. — Veloz e segura, ótima para uma boa batalha. Minha tripulação é forte e a defende com orgulho!

— Então, o que está fazendo aqui? — questionou, franzindo o rosto.

O semblante animado do capitão sumiu junto ao brilho de seus olhos, todos os acontecimentos recentes passando em sua cabeça em um 'flash'.

— Fomos traídos... — respondeu, apoiando os braços em sua perna. — Um dos nossos utilizou informações de ataque para um adversário, Valhalla. Caso ele tomasse a Touman, teria em sua posse dois dos maiores navios entre os piratas do norte.

— Você deveria ter ficado e acabado com esse cara! — Mikey se exaltou, fazendo com que alguns respingos de água atingisse a areia.

— Também acho, mas para tomar um navio você precisa matar o seu capitão e por esse motivo me mandaram sair da confusão. Não poderíamos perder Touman tão facilmente.

O tritão olhou para Draken com um certo respeito à sua autoridade e comando com seus semelhantes.

— Nunca estive com outras pessoas por tanto tempo, e parece ser incrível olhar para o mar de cima — disse pensativo, como se estivesse prestes a fazer uma escolha. — Por esse motivo vamos encontrar Touman e depois me juntarei a sua tripulação!

Ken riu com a animação inesperada do rapaz.

— Vamos primeiro encontrar Touman, depois posso averiguar a sua situação.

O seu primeiro dia na baía deserta fora calmo, passado a maior parte do tempo conversando e conhecendo o que poderia chamar de seu novo amigo. Mikey contou sobre como se movia sozinho pelos mares apenas acompanhando e contemplando a existência de outros seres desde a morte da única pessoa próxima a si, algo como um irmão. Tritões e sereias evitavam se locomover em bandos, por esse motivo muitos cresciam e viviam a maior parte de suas vidas sozinhos. Graças a sua solidão e enorme curiosidade, desejava se juntar a Draken, já que não havia contato com outros de sua espécie.

Na manhã seguinte explorou o local, encontrando uma pequena fonte de água doce e algumas plantas com frutos comestíveis. Mikey o ajudou com a busca de pequenos animais, como peixes, para se alimentar e escobrindo que o tritão comia o mesmo que qualquer outro ser humano. Ao menos não se sentia sozinho e poderia contar o que sabia sobre a vida para alguém tão curioso quanto Mikey, que não deixava uma única informação escapar.

Por mais que quisesse, não poderia simplesmente sair nadando por aí como um louco somente para encontrar os outros; por esse motivo Mikey se ausentava por algumas horas ao menos duas vezes ao dia para procurar qualquer indício de barcos por perto do anco, mas voltando de mãos vazias.

Em sua quarta noite, já esperava Mikey em sua última volta pelas águas, sentindo a brisa noturna balançar os fios de seus cabelos que passou a deixar solto desde o dia que havia chegado naquele lugar; quase não se ouvia barulho alheio às ondas fracas e baixas que batiam no extremo da baía. Balançava distraidamente as pontas de seus dedos na água calma da piscina natural que o amigo costumava ficar, estava morna e tinha pouco movimento.

Algo se entrelaçou em seus dedos e apertou sua mão, fazendo com que sorrisse e retribuísse o aperto carinhoso.

— Alguma novidade? — perguntou, virando-se para Mikey que tinha os cabelos completamente penteados para trás pela água, vendo ele hesitar em sua resposta.

— Sinto muito...

— Não se preocupe, você já esta fazendo mais que o possível — sorriu.

Mikey soltou sua mão e apoiou os braços em uma parte mais firme, para pegar impulso e se sentar ao lado do capitão, deixando apenas metade de sua longa cauda na água.

— Ken, você poderia fechar os olhos? Queria te mostrar uma coisa.

— Como você vai me mostrar se eu estiver com os olhos fechados? — perguntou contrariado, mas logo recebendo um muxoxo irritado do tritão. — Tudo bem, me desculpe.

Draken fechou os olhos com um sorriso, deixando sua teimosia de lado. Mikey esperou alguns segundos apenas para ter certeza de quê não os abriria de repente; com cuidado apoiou-se no chão para puxar toda sua cauda para fora da água, tentando fazer o mínimo de barulho possível e não encostá-la no outro rapaz.

Ao colocá-la na areia, respirou fundo sentindo o estralar de seus músculos por dentro das camadas de seu membro, era dolorido, muito mais do que deveria. Fazia isso com quase nenhuma frequência, seu corpo não era acostumado a se modificar com rapidez e isso deixou Mikey um pouco ansioso com o risco de Draken abrir os olhos antes da hora e presenciar uma cena nada agradável de sua cauda dividindo-se em duas. Mas o capitão permaneceu com sua palavra até o último momento, onde Manjiro permitiu que ele voltasse a abrir seus olhos.

Draken observou com cautela o par de pernas compatível com o tamanho do corpo de Mikey, elas estavam juntas ao corpo do jovem, como uma proteção, ele não parecia muito confortável com o vento gelado em seu corpo diferente. Retirou com rapidez a sua bata e se moveu para colocá-la no corpo do amigo, que com alguns movimentos bruscos sem intenção o fez com que soltasse gritinhos de desconforto.

— Desculpa, não costuma usar elas, por isso doem tanto — Mikey falou envergonhado. Ajeitando a roupa grande demais em seu corpo diminuto.

— É incrível, não sabia que conseguia fazer isso — falou admirado.

— Ainda sou metade humano — disse sorrindo tímido.

Draken o ajudou para se sentarem encostados em uma rocha em direção a lua, deixando que Mikey agarrasse em seu corpo caso sentisse alguma dor ou apenas para não se desequilibrar.

— O que é isso? Sempre quis saber — Mikey perguntou, passando a mão em sua tatuagem na têmpora, jogando seu cabelo para ter melhor visualização do desenho.

— É um dragão — respondeu, deixando que o outro se admirasse mais um pouco com o desenho. — Significa poder. Algo que tento ter desde pequeno.

— Você nasceu com isso? — falou curioso e preocupado.

— Não — riu —, é uma tatuagem. Um desenho feito na sua pele, como uma cicatriz, para sempre.

Manjiro torceu o rosto ao imaginar como aquilo deveria doer, mas parecia legal ter algo que gostasse tanto ao ponto de trasforma-la em uma cicatriz eterna, ao menos Mikey achava isso.

— É muito bonita — Elogiou, acariciando com leveza os traços negros na cabeça de Draken.

— Quando acharmos a Touman e o resto, posso te levar para fazer uma. Talvez devesse ser uma igual à minha para mostrar que somos conhecidos um do outro — Draken falou, abraçando com leveza o corpo pequeno ao seu, que ainda dava leves espasmos pelo frio.

Mikey tentou sorrir ao acenar com a cabeça, sabendo que talvez aquilo não aconteceria. Há dois dias havia encontrado um navio com as mesmas discrições de Touman, dadas por Draken: feito de madeira escura, bandeira vermelha e dourada, com um enorme dragão esculpido em sua proa. Começou a chamar a atenção dos marujos a bordo para a baía, que estavam agora próximos a chegar ao amanhecer. Seria egoísta de sua parte prender Draken em um lugar deserto como aquele. Desde o momento que havia encontrado o barco, repensou sua "proposta" de embarcar com o capitão.

Poderia ser veloz enquanto nadava, mas não seria útil em uma batalha entre grupos diferentes, mal tinha controle sobre suas pernas humanas. Ele só seria um peso para Draken e seus amigos. Por mais que fosse sentir falta dele, acreditava que não poderia atrapalhar o seu caminho.

— Eu adoraria — falou com um sorriso triste.

Mikey levou sua mão até o cabelo de Draken e o acariciou, nunca esteve próximo de qualquer um, não daquela maneira. Deixava que o capitão deslizasse suas mãos por seu corpo sem restrição, não com segundas intenções, mas com carinho; deixando-o arrepiado pela sensação da pele morna. Trocaram olhares repletos de sentimentos com o silêncio que os cobria, não era necessário em um momento como aquele.

Naquela noite apenas Draken dormiu, apertando Mikey contra seu corpo. O tritão se manteve acordado guardando em sua memória cada traço do rosto forte do capitão, acariciando-lhe a pele com ternura e paixão.

No início da manhã Mikey acordou Draken com rapidez, deixando-o assustado, mas garantindo que seria por uma boa causa. Correram para o litoral da baía, onde as ondas eram mais altas e ao longe a silhueta de um barco podia ser vista. Ken animou-se quando pode ver sua amada Touman navegando com leveza em sua direção; as pernas físicas de Mikey não doíam tanto e conseguia se manter de pé, com a bata de Ken o tampando como uma camisola.

— Capitão! — Um rapaz de cabelos negros e roupas simples correu em direção a Draken, como uma criança, ao sair do bote que remava acompanhado de mais duas pessoas.

— Takemichi, por favor não chore — falou batendo nas costas do companheiro. — Chifuyu, Mitsuya, bom em revê-los.

Outros dois rapazes, um com tapa olho e outro com cabelos arroxeados, se aproximaram e começaram a dialogar com Ken. Mikey se sentindo levemente desconfortável, escondido atrás da figura robusta do capitão.

— Ei, não foi você que nos ajudou? — Takemichi apontou para Mikey ao ver a sombra pequena atrás de Draken. Manjiro acenou com a cabeça em confirmação e sorriu. — Muito obrigado!

— Senhor, Kisaki está com Baji, não conseguimos o proteger ao se machucar, precisamos ir buscá-lo! — O menino de tapa olho, Chifuyu, disse firme.

— Iriamos atrás dele primeiro, mas no caminho esse garoto nos achou — Mitsuya falou referindo-se a Mikey. — Agora que o achamos, podemos salvar Baji e acabar com o traidor do Kisaki!

Draken concordou.

— Vai lá, você precisa salvar seu companheiro! — Mikey falou determinado, dando motivação ao amigo. — Venha me buscar depois.

O capitão pensou em silêncio. Ficar com Mikey agora seria perigoso, mas não deixaria de levá-lo a bordo em sua companhia...

— Um mês — Draken falou de repente, deixando o tritão confuso. — Eu só preciso de 1 mês.

— Do que está falando, Ken? — perguntou rindo.

— Voltarei daqui a 1 mês para buscá-lo. Vou atrás de Baji e em 4 semanas venho levar você comigo! — disse com firmeza, colocando entonação em cada uma das suas palavras, como uma promessa.

— Não seja idiota, você nem sabe onde eles estão, você não vai fazer isso em tão pouco tempo. Não se preocupe comigo, estarei esperando mesmo que demore — respondeu tristonho, mas agradecido pelo esforço da outra parte.

Draken puxou Mikey com força em sua direção, juntando seus corpos com raiva e sequer dando espaço para que o tritão entendesse a situação que havia sido colocado. O capitão começou a beijar os lábios pequenos do outro com avidez, sendo retribuído de forma tímida e afobada com a inexperiência do rapaz que tentava acompanhar o movimento da língua de Draken, mas sempre falhando ao suspirar extasiado com sentimento que aquele contato proporcionava em seu corpo. Agarrou a nuca de Draken, com medo de quê acabasse com aquilo rápido demais. Ainda tinha proveito a tirar.

Takemichi, Mitsuya e Chifuyu fingiam observar a paisagem, tentando ignorar o som erótico que os dois amantes faziam com o beijo lascivo que compartilhavam.

— Eu vou vir te buscar! — Foi a primeira coisa que Ken disse ao se separar ofegante dos lábios convidativos de Mikey.

— Acredito em você — respondeu ainda surpreso, fazendo com que o parceiro risse.

— Uma vez me disseram que se beijasse uma sereia, você poderia respirar em baixo d'água — Draken falou, apoiando sua testa junto a de Manjiro. — Me pergunto se é verdade...

— Acho que vou ter que te afogar para descobrir — disse rindo. — Você precisa ir, não se preocupe, vou esperar.

E assim Manjiro assistiu à ida de Draken com sua tripulação em busca de seu amigo, Baji, com a promessa de sua volta. Ele não se preocupou em duvidar da palavra do amado, não precisava de um prazo, somente a garantia que Ken voltaria a vê-lo.


Dia após dia rondava a baía, não se mantendo longe por muito tempo, o medo de quê não estivesse por perto quando Ken voltasse e fosse largado lá. Começou a treinar com suas pernas humanas, para que não se sentisse tão desconfortável a usá-las, já que passaria a ser o seu maior meio de movimentação. Tudo que fazia era pensando em como poderia viver com Draken; até mesmo ao comer lembrava-se dele, sobre o que poderia se alimentar durante uma viagem quase eterna em um barco. Ele passou a respirar pelo dia onde poderia encontrá-lo novamente.

Não diferiu para o capitão da Touman, que transformou uma busca de meses ser feita em apenas duas semanas. Desde o momento que pisou no convés, após sua volta, as piadas sobre o seu beijo com o "homem sereia" havia tornado-se algo habitual; ele não ligava, era dele e de Mikey que estavam falando, como se eles fossem um casal. Salvar Baji acabou sendo uma tarefa fácil, mas com etapas que Draken infelizmente teve que adiar, como acabar de vez com a tripulação de valhalla. Visto que salvar seu amigo já estava de bom tamanha, por enquanto.

Um dia antes do prazo final dado por Draken, Mikey esperava impaciente, andando de um lado para o outro, arrastando seus pés na areia molhada. Continuava vestindo a única peça de roupa que possuía, a blusa de Draken. Se sentia idiota por esperar tão ansioso uma volta que nem sabia se iria ocorrer naquele momento. Mas se sentiu ainda mais bobo quando começou a rir ao ver Touman vindo em sua direção, gritos em todos os tons emanavam do barco para chamar sua atenção, conseguindo ver Draken pendurado no mastro acenando para si.

Abraçou-o com toda força quando finalmente chegou até a areia em um bote de madeira simples, não poderiam deixar o navio muito próximo da borda para que ele não encalhasse. O cabelo longo estava preso em uma trança que deixava sua tatuagem a mostra, Mikey não conseguia descrever a maneira que o seu peito se encheu de alegria ao finalmente estar novamente ao lado de Ken, dessa vez de maneira permanente.

Retornou ao barco com o amado, agora devidamente vestido com calças que Draken havia levado, argumentando que não permitiria que outras pessoas vissem seu corpo nu. Acreditava que toda a tripulação fosse composta apenas por homens, mas se surpreendeu ao ver uma única mulher no meio de toda confusão, Hinata Tachibana.

— Não sabia que damas também poderiam ser piratas — Mikey disse, ainda impressionando com a quantidade de pessoas que estavam no convés.

— Hina' é mais brava que muito homem, não queira levar um soco dela! — Takemichi falou abraçando com carinho a garota, que retribuiu rindo. — Além de ser a mulher mais bonita de todas as piratas e donzelas.

Riram da melosidade do rapaz com sua companheira, era agradável de se ver o sentimento de família e segurança que parecia emanar de cada ponto daquele local.

Se surpreendeu ainda mais ao saber que muitos ali navegavam com algum amante ao lado, como o jovem Chifuyu que permanecia ao lado de Baji a todo momento e não mostravam vergonha ao segurarem suas mãos como um casal. Mikey não poderia achar aquilo mais estranho, ele não poderia estar mais feliz. Não conhecia muitos piratas, mas se todos fossem daquele jeito ele poderia começar a gostar de viver ainda mais ao lado dos humanos.

Durante a noite, o capitão disponibilizou rum à vontade para seus companheiros beberrões que não demoraram a cair pelos cantos com garrafas vazias e pensamentos desconexos. Draken aproveitou para finalmente olhar para Mikey com toda atenção qual aquele jovem merecia, em sua opinião. Arrastou-o para sua cabine, com a desculpa que precisava mostrar-lhe algo, mas ao fechar a porta beijou os lábios de Mikey com toda a saudade que aquele mês desastroso o fez passar longe do tritão.

— Fiquei com medo de que esquecesse de mim — Mikey confessou abraçando Ken, essa frase em voz alta soando como uma piada, como pode acreditar que Draken faria algo daquele tipo consigo?!

— Impossível — Ele respondeu, colocando o rosto do tritão junto ao seu, fazendo com que seus olhares se fixassem um no outro. — Todo dia eu pensava que deveria voltar para você, ficar ao seu lado. Uma semana foi o suficiente para me apaixonar por você, e 1 mês foi o tempo que tive que pagar para estar ao seu lado. A partir deste momento você não se livrará de mim, nem que queira.

— Eu espero que isso seja verdade — Mikey respirou pesado pela confissão tão calorosa. Puxou Draken novamente para si, querendo sentir o mesmo que ele havia o proporcionado em seu primeiro beijo.

Os braços longos de Ken acolhiam seu corpo, deixando-o seguro, como se nada mais podesse acontecer com sua vida. Era isso que Draken o fazia sentir. Com ele estaria em segurança, seria amado e teria o que a paixão de um homem poderia lhe proporcionar.

— Você não vai usar meu corpo e depois me afogar não, né? — Draken perguntou se afastando e retirando sua blusa, recordando da informação que havia recebido ao conhecer Mikey.

— Usar o seu corpo? Talvez — respondeu começando a retirar suas peças de roupa com rapidez. — Agora, afogar... Posso pensar no seu caso.

Draken gostava de pensar que quando pudesse fazer sexo com Mikey ele o faria com cuidado e carinho, como não havia feito com ninguém. Mas o Manjiro deixava seu amor agressivo, como se ele precisasse provar a todos e a si mesmo a quem Mikey pertencia.

Pegou Mikey no colo, o levando para a mesa onde costumava bolar seus planejamentos, empurrando para o chão todo papel e tinteiro que atrapalhava seu caminho. Colocou Mikey ali em cima e se afastou para olhar mais uma vez toda a combinação que fazia seus olhos brilharem e seu tesão o consumir. Mikey apoiou-se nos cotovelos abriu as pernas, apoiando o pé na borda da mesa de madeira. Ele já estava ofegante e seu cabelo loiro meio bagunçado, deixando tudo mais excitante.

Draken se encaixou nas pernas do amante e retornou aos beijos apaixonantes que deixavam sua cabeça em branco, se apenas beijar Mikey era assim, não conseguia imaginar o êxtase que chegaria ao ter a experiência de uma foda completa com aquele garoto. Passeava suas mãos calejadas pela pele fina do tronco pálido de Mikey, arranhando levemente os biquinhos de seus mamilos e logo os puxando com carinho, fazendo com que um arrepio corresse pela espinha do tritão ao contrair o corpo em surpresa.

Draken se separou para soltar seu cabelo e retirar o resto da roupa que impedia a nudez completa de seu corpo esguio. Tratando de puxar as calças largas do corpo do Manjiro, o deixando tão exposto quanto ao abrir suas pernas com força e deixar a mostra seus pontos mais íntimos. Mikey não se sentia envergonhado com tamanha exposição em frente a Draken, se ele gostava poderia fazer muita mais.

Voltaram aos beijos calorosos e molhados, produzindo estalos baixos ao buscarem incansavelmente pela língua um do outro, os corpos nus possibilitando o contato da pele. Ao ver Mikey com suas pernas humanas pela primeira vez Draken se satisfez em apenas sentir a pele do outro em suas mãos, diminuindo a vontade de apertar cada centímetro do corpo menor. Mikey era lindo de formas que Draken sequer conseguia verbalizar.

Separou-se para olhar no fundo dos olhos escuros do tritão, respirando fundo e perdendo a sanidade duvidosa que tinha em seu ser. Naquele momento poderiam aproveitar do amor carnal e em seguida do sentimento puro em seus corações como um casal um tanto quanto estranho entre um pirata e um tritão.

6 de Setembro de 2021 às 04:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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IzzA Escrevo por pura diversão, mas coloco cada pedacinho de meu ser em todas essas palavras.

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