Eu tenho o mesmo sonho todas as noites... Estou sentada em um lindo campo florido com duas pessoas que sorri e acariciam minha cabeça. Ao lado direito está uma mulher cuja aparência é tão bela quanto um florescer de uma rosa-branca, do outro, está um homem alto e confiante que me olha com um olhar sereno e calmo enquanto acaricia meus cabelos... Às vezes penso ver algum par de asas, mas não tenho certeza... O sonho sempre acaba da mesma forma... Abrupta, com a mulher partindo para algum lugar, me deixa para trás com o homem... Não consigo ver os seus rostos, mas consigo sentir o calor de cada um deles... Depois disso sempre acordo com lágrimas nos olhos, sem entender o porquê.
[...]
Eu não me lembro de nada de antes dos meus 14 anos, não lembro como foi a minha infância e muito menos em relação aos meus pais... Sempre que penso sobre isso algo bloqueia meus pensamentos, tudo o que sei é que além de não poder crescer contínuo presa em um castelo onde todos me tratam como alguém importante, não que eu seja, ou será que sou? Eu não sei, já se passaram 9 anos e ninguém me diz nada nem se dispõem a me ajudar, parecem temer algo ou alguém, por isso... Tomei uma decisão! Irei a uma aventura de autodescoberta!
— Minha rainha, por favor espere! Não saia do castelo é muito perigoso! — Um guarda se coloca frente a mim.
— Hunf! Até parece que passarei a minha vida toda presa em um lugar como este! E como vocês não me dizem nada, descobrirei eu mesma! — Forço passagem indo em direção a ele.
O guarda novamente se coloca em minha frente com sua lança em mãos.
— M-Me desculpe, mas tenho ordens expressas para não deixá-la passar! — Gaguejando e com as mãos trêmulas, ele aponta sua lança em direção a mim.
— Ah... — Dou um leve suspiro... Então avanço sobre ele.
Rapidamente invado seu espaço e então o golpeio no estômago com o cotovelo... Ele recua... Abrindo uma brecha para um golpe perfeito em seu pescoço, o deixando inconsciente.
— Desculpe-me, mas eu realmente tenho que ir. — Faço um leve reverência me evadindo do local.
O lugar é bem protegido, existem guardas por todas as partes e os portões são enormes. Seria um problema para qualquer outra pessoa, mas já tenho explorado bastante o lugar, não é como se tivesse alguma outra coisa para fazer... Por isso sei que atrás dos estábulos há uma passagem subterrânea que me leva para floresta em frente ao castelo. Prossigo o caminho até encontrar uma saída.
Uma floresta tingida de vermelho aparece diante mim e um lindo campo florido em meio a ela, por um momento me pego maravilhada com tamanha exótica beleza. Galhos grossos e velhos carregam consigo folhas com tons avermelhados e ao solo estão flores com uma cor escarlate mesclada com um azul safira, tornando o lugar, único.
— Que lindo... — Deixo palavras saltarem boca à fora enquanto me pego aturdida pelo cenário.
De repente sinto uma dor de cabeça intensa que me coloca de joelhos ao chão, me deixando atordoada, causando alucinações...
— Rei... Flores... Você gosta não é... As fiz... Você... — Escuto palavras passarem por meus ouvidos, mas olho ao meu redor e não encontro ninguém.
— "O que foi isso?" — Penso comigo.
As flores ao meu redor começam a soltar algum tipo de pólen que alivia minha dor, lentamente me coloco de pé novamente sem entender o que de fato acabara de acontecer... Me perguntando se foi apenas uma alucinação, ou se de fato fora lembranças do passado, continuo seguindo.
Algum tempo após sair dos arredores do castelo, me vejo perdida sem saber onde estou. Já tenho andado por algum tempo e não tenho certeza se estou ao sul... Ou ao norte... A única coisa que me vem a mente, é o cheiro de algo assado em fogo e brasa.
Me aproximo lentamente do local de onde provém o cheiro, mas ao me aproximar um pouco mais, alguém me ataca... Me esquivando de seu ataque digo:
— O que está fazendo!? Poderia ter me machucado!
Olho para o autor do ataque, um humano, trajando um equipamento leve de couro e aço enquanto segura uma espada simples de forma amadora.
— Fique longe! Não tem nada para você aqui, mazoku! — Ele grita segurando a espada em suas mãos trêmulas.
— Ma... Mazo- lu — Tentando pronunciar a palavra, acabo me atrapalhando... Enrolando minha língua.
— Hum? — Um pouco confusa levo uma das mãos em minha cabeça, enquanto a coço tento entender o que ele quiser dizer.
Desistindo de procurar entendimento sobre isso, digo:
— Deixando isso de lado... — Olho em direção ao pedaço de carne assando em um espeto.
— Isso parece bom, poderia me dar um pouco? Eu não como há algum tempo... — Minha barriga ronca...
O humano por alguma razão fica ainda mais tenso, dando um passo para trás, dizendo:
— E-Eu não vou te deixar me comer tão fácil! — Suas mãos vacilam e quase deixam a espada cair.
— Hã? Você é idiota por acaso? Por que eu comeria um humano? São horríveis! Não que eu já tenha comido algum... De qualquer forma... É óbvio que estou falando daquele pedaço suculento de javali bem ali! — Aponto para o pedaço de carne enquanto salivo de vontade.
O humano olha para o pedaço de carne, mas parece não acreditar.
— Você é estranho... Quem atacaria alguém assim, do nada, muito suspeito... Será que... Você é um dos humanos ruins que vivem me dizendo que existem por aí? — Procuro algo no chão, encontrando um graveto.
— O-O que pretende f-fazer!? Eu tenho uma espada e não tenho medo de usá-la! — Apavorado, ele aponta sua espada.
— Mas... Você já usou. — Rapidamente atiro o graveto em direção a ele.
O graveto ganha velocidade passando por ele acertando algo no mato, que solta um grunhido ao ser atingido. O humano cai sentado ao chão aliviado... Me aproximo em direção ao mato, pego algo já morto e o puxo para fora.
— U-Um javali?... — Diz ele sem entender.
— Sim! E você quase o espantou, idiota! — Faço cara feia enquanto o levo para perto do fogo.
— Já que você não quis me dar um pouco do seu, decidi pegar por mim mesma... Você não vai me negar o fogo também, vai? — Pergunto.
Um pouco mais calmo me responde se levantando do chão:
— Não...
Após limpo, coloco a carne do javali em alguns gravetos e começo a assá-la. O humano me observa por alguns instantes e então abre sua boca e diz:
— Por que não me ataca?
Um pouco confusa com sua pergunta, o respondo:
— E por que eu faria isso? Não sou uma pessoa ruim, não tenho que sair atacando todos que eu encontro, você é estranho. — Pego um dos gravetos e mordo a carne.
— Hum... Que delícia! — Levo as mãos até as bochechas.
— E-Estranha é você, todos dizem que os mazokus são terríveis! — Diz ele elevando um pouco o tom.
— Como eu disse... O que é mazoku! — "Ah! Consegui falar", penso.
Tomando coragem, ele responde de forma barulhenta e apavorada:
— Vocês! Os demônios!
Por um momento tudo fica em silêncio, me colocando de pé, fico em alerta, meus instintos dizem haver algo por perto. Termino de comer a carne e então digo:
— Você! Fique parado e não se mexa... — Olhando fixamente em suas costas, algo solta um rosnado.
Obrigado pela leitura!
Um suculento javali e um feroz lobo.
O começo da história ilustra grandes aventuras, ótima trama e narrativa, é de apelo ao bom entretenimento com que podemos aqui.
Um suculento javali e um feroz lobo.
Acredito q vou me surpreender positivamente com a história, é cativante assim como a capa é atrativa
Um suculento javali e um feroz lobo.
Uma história diferente de tudo o que já vi digna de um "rei" personagens cativantes de leitura fácil que transmite toda a emoção do que esta acontecendo. Impossível ler apenas um capítulo.
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