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merthiolate


" no fim das contas, o pequeno príncipe foi bobo de ter voltado para a rosa quando a raposa lhe implorou por um cativo. Embora a rosa o amasse, era demasiado orgulhosa, nunca assumiria. " Jikook¡!Oneshot | Jimin | Jungkook | arte | borboletas | → obra de minha autoria → não aceito adaptações → plágio é crime


Fanfiction Bandas/Cantores Todo o público.

#Fanfic #Jikook #jeonjungkook #parkjimin #inkspiredstory #bangtanboys #bts #Oneshot #vincentvangogh #arte
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28 de julho

A verdade é que todos sabemos que pensar nos faz sofrer, se não fosse por uma mente vazia porfiando questões e sensações, não desfrutariamos do talamor. A verdade é que nos sentimos fortes o suficiente para enfrentar monstros terríveis por aquele que amamos - mesmo sabendo que aquele por quem lutamos não faria o mesmo - quando na verdade somos tão fracos que não suportamos a ideia de que não se vive uma vida sem sentimentos. Aderimos uma ideia de que precisamos de emoções perante o decorrer da vida, e não será tão cedo uma mudança nessa questão.


Vou lhes contar uma verdade crua e dolorosa: asborboletas, nada mais são do que pequenas assassinas.


Aquela criturinha tão adorável e de bela aparência está presente em momentos que nos encontramos a mercê de alguma droga injetada pelos olhos profundos e cativantes de um, até então, alheio. Aconteceu comigo, aconteceu com seus próximos e - se já não tiver acontecido - acontecerá também com você. Sinto muito, essa é a verdade.


Seríamos nós, seres humanos, tão fracos e mortais a ponto de sofrer pelo mísero batimento cardíaco de um outro alguém?


Sim, passei os últimos tempos me questionando o motivo pelo qual me deixaste. E naquele dia, às 00hrs00min de uma quarta-feira, 28 de julho; se completaram mil quatrocentos e sessenta dias, desde que te vi pela última vez. Digo, fisicamente. Me fazias tanta falta, por quê?


Dois amantes da arte, um seguindo os passos da dança e o outro dos traços marcados num papel. Era óbvio que não deixaríamos nossos destinos para viver um amor. Dois caminhos distintos brevemente entrelaçados pela arte se perderam quando a linha vermelha fora cortada. Eu precisei dela para amarrar minhas sapatilhas e você precisou para fazer um varal de exposições para seus belos desenhos. Não me deixei sair de Busan nunca em todos meus anos de vida, na esperança de um dia te ver voltar, enquanto você, na primeira oportunidade voou até pousar na França.


Tentamos ao nosso máximo manter contato, nos esforçamos para sermos presentes um na vida do outro; alimentamos as nossas borboletas até quando faltava comida para nós mesmos. Mas elas morreram.


Hoje eu percebo, as borboletas, elas beberiam até o seu sangue se fosse preciso. Borboletas sugam até a sua alma se sentem a necessidade. E nada se compara tão bem, quanto as borboletas, ao tal do amor.


É lindo, viciante; mas se for preciso, vai beber até a última gota do seu sangue, vai respirar até o último vestígio de oxigênio. O amor é orgulhoso, e o orgulho leva ao egoísmo.


Nossa história não foi tão dramática, eu vivi minha arte no ritmo clássico, apreciei até o último estilo musical que pude; e sei bem que não fizeste diferente. Te acompanhei pela televisão, vi seu grande sucesso no universo das cores, vi também que segues com a mania de sorrir tão falsamente para os outros. E, confesso que, como um egoísta, desejei que sofreste.


Não admitia o fato de apenas eu chorar todas as noites pelo buraco que você abriu no meu peito antes de partir. Cavei minha própria cova quando assisti ao seu documentário e vi que até comprometido você estava. Foi ali que errei, foi naquele momento que desejei que o vento levasse o meu cheiro pela janela do seu quarto. Queria que você sentisse o que eu senti.


Não fazia sentido, por que Jeon Jungkook estaria casado se não com Park Jimin? Qual a moral de um casamento, se não entre esses dois?


Eu, o tal do Park, passei mil quatrocentos e sessenta dias martirizando-me pela culpa de não ter subido no avião contigo naquele dia; eu tinha a passagem em mãos, roupas não seriam problemas desde que as suas me vestiam tão bem. Eu hesitei, as borboletas me prederam no chão e me limitaram a um pequeno sorriso e lágrimas saudosas. Eu passei a odia-las naquele momento; hoje eu percebo que tudo era parte de um plano do tal do destino.


Dizem por aí que o tal do destino não existe, e eu concordo. Mas permiti-me acreditar que teríamos um propósito, eu e tu, separados. O que éramosnóspassou a se dividir conforme os anos.


Demorou, mas aconteceu; doeu, mas aceitei.


Não existe mais um "nosso futuro", o que temos hoje é um Jimin dançarino e um Jungkook artista. Dois caminhos separados. Lembro-me bem de que naquele dia, vinte e oito de julho, nos reencontramos. Fora doloroso, mas seria uma data marcada até meu último suspiro.


Te reencontrei ao acaso, no mesmo aeroporto, na mesma data. Eu me despedia de uma amiga quando você desembarcou, uma criança em seu colo e uma moça do teu lado. Me partiu o coração. Eu era um jovem apaixonado, tinha lá meus vinte e sete anos de pura desilusão amorosa e muito esforço na dança. Deixei de viver casinhos de balada ou romances passageiros por tua causa, na tua espera. E quando chegasse, tinha contigo seu primogênito e esposa. Me senti traído; mesmo que não tivéssemos nada, você ainda era um traidor.


Então você me enxergou, ao longe, no meio de toda a multidão, dois adultos com o passado ferido, congelados numa troca de olhares. A moça que tinha seu braço entrelaçado pegou seu pequeno e disse algo antes de se afastar, seguindo o caminho até o banheiro dali. Agora estávamos somente eu e você, perante o aglomero de pessoas, apenas nossas almas importavam. E o imprevisto aconteceu.


Você se aproximou e eu me senti nervoso, mas, muito diferente do que ansiei, as borboletas já não estavam mais ali. Pensei que elas voltariam assim que nossos olhos se encontrassem mais uma vez. Me senti decepcionado, na hora comentei:


— que droga, elas não estão mais aqui.


Como um fracassado, chorei mais uma vez, pensando; onde eu havia errado?


Me cobrei por anos um amor distante, a vida nos separou e desistir estava fora de cogitação. Eu te esperei por anos e então, quando aconteceu o tal do reencontro não era mais o mesmo. Agora você tinha uma família, as borboletas não dançavam mais em mim, minha dança se tornou um solo. E as suas pinturas deixaram de ser meu corpo nu, passaram a retratar tardes ensolaradas num piquenique com aquela mulher e a criança. Percebi que não vivias por mim como eu vivi por ti.


— eu estudei Van Gogh; ele amava as estrelas como ninguém jamais amou outro alguém. - me explicasse com cautela, queria me dar uma desculpa para o seu sumiço. Mas não me interessava. - ele precisou abrir mão do que amava, a pintura, para chegar no tão esperançoso paraíso. Van Gogh fora conhecer as estrelas de perto.


Em meus olhos, lágrimas sorrateiras escorriam; não me importava com sua teoria sobre Van Gogh ter se suicidado para conhecer as estrelas. Uma vez você me disse que era eu o "céu estrelado" por ele pintado. Percebo então que suas palavras eram vazias no passado, apenas uma criança fazendo juras falsas de amor para outra criança que cobraria no futuro.


— eu te amei como Van Gogh amou as estrelas, Jeon Jungkook. Mas tu me amas-te como ele amou a vida. - palavras tão melancólicas jamais haviam sido proferidas com tanta dor de mim para ele, pensei que a história de Park Jimin e Jeon Jungkook fosse ter um final feliz, mas não foi esse o caso. - no fim das contas, o pequeno príncipe foi bobo de ter voltado para a rosa quando a raposa lhe implorou por um cativo. Embora a rosa o amasse, era demasiado orgulhosa, nunca assumiria. Te desejo uma vida saudável e feliz, senhor Jeon; foram emoções e sentimentos imensuráveis que me proporcionaste nesses anos todos, me fez ser forte. Te devo agradecimentos.


Uma breve reverência, foi tudo o que fiz antes de te dar as costas e sair dali o mais rápido possível. De fato, nunca me esquecerei tudo o que senti enquanto sofri calado. Eu amei por dois, e quem ama por dois chora sozinho. Já dizia um poeta. Embora seja trágico, todos os dias vinte e sete de julho, esperarei ansioso até que o relógio vire a meia-noite, para então eu sorrir ao céu e perguntar: pequeno príncipe, como vai a rosa?


Todas as madrugadas do dia vinte e oito de julho eu me questiono os motivos para eu ter me deixado sofrer tanto na minha vida, por ter te deixado fugir de tal forma e ter me culpado por tantos anos? E nada e nem ninguém saberá me responder, a única certeza que temos nesse mundo é a incerteza da mente huamana, nada pode ser afirmado ou negado. Nada, se não a dor do amor, pode ser confirmado.


Hoje me encontro cicatrizado, conto minha história sem derramar lágrimas; percebi que amores estarão sempre aí, a dor de um amor se cura com outro amor. O segredo é não se deixar apegar, o segredo é saber controlar; todos os dias eu aprendo um novo saber, e o resultado disso foi a conclusão de que: a cada ano que passa, a cada segundo que conto, eu percebo o quão bobo foi ter dado ouvido as borboletas. Afinal, elas são as verdadeiras culpadas.


— Merthiolate.

1 de Agosto de 2021 às 18:36 0 Denunciar Insira Seguir história
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