sonhadora_criatura Fayla Raposo

◤━━━━━ ☆.SINOPSE.☆ ━━━━━◥ John Bryant tinha uma vida perfeita. O poder que o cargo de conde lhe dava, uma esposa de beleza exuberante, três herdeiros homens e mais um bebê a caminho. John se sentia o mais feliz dos homens. Mas como todos sabemos, o que é bom dura pouco. Após um trágico acidente, Agatha Bryant veio a falecer, deixando para trás os filhos e o marido. Perturbado por perder a esposa, John esqueceu-se da família, deixando os quatro filhos sob os cuidados dos empregados. Os irmãos cresceram, e se tornaram belos rapazes e uma belíssima moça. Sim, o bebê que Agatha carregava em seu ventre nasceu saudável e forte, mas, infelizmente, cego. John, amargurado, culpou a caçula pela morte da esposa e a negligenciou. Após decidir que iria sair de casa sozinha, Amy conhece Mason Kenely, um garoto forte e carinhoso que decide ajudar a moça. Mason, sentindo-se curioso, decide cortejar Amy e tentar desvendar o mistério que a garota é para ele.


De Época Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#original #romance #adultério #assassinato #mistério #de-época #era-vitoriana
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Tempestade

O som prolongado do violino chega aos ouvidos de Amy e, com isso, o fim da terceira dança da noite. Mais um baile em que ela é obrigada a ir, mais um baile em que ela não deve sonhar em se afastar do pai, mais um baile em que ninguém a tiraria para dançar.

Amy franziu o cenho ao sentir um cheiro forte, como eucalipto, um perfume que com certeza só alguém da nobreza usaria.

“Oh, Senhor Kenely, é um prazer vê-lo. Esta é minha filha caçula, Amy.” O tom gentil na voz do pai, a fez perceber que estavam em frente a alguém poderoso, alguém com quem o mais velho provavelmente queria ter relações. “Amy, minha filha, este é o Duque Leon Kenely, o dono da festa.”

“É um prazer conhecê-lo, Milorde.” Cumprimentou.

“O prazer é todo meu, senhorita Bryant.” Amy se sobressaltou, apertando o braço do pai, ao que teve a mão beijada pelo homem. “Se me permite, a senhorita possui uma beleza exótica. Imagino que este seja um dos orgulhos de vosso pai.”

“Ora, Senhor Kenely, Amy puxou a beleza de minha falecida esposa, Agatha. Não há como não sentir orgulho disso.” O tom gentil escondia raiva e nojo que não passaram despercebidos pelo Duque.

“Imagino que a senhorita sinta falta de vossa mãe.” Grosseiro, era isso que o Duque havia sido. Amy sentiu o corpo do pai tensionar. A raiva lhe subiria à cabeça em pouco tempo, ela sabia, só esperava não ter que sofrer com a ira do conde no mais tardar.

“Infelizmente, Senhor Kenely, minha irmã não pode conhecer nossa mãe.” A voz melodiosa de Ethan se fez presente, junto com o som de seus passos, evitando que John dissesse algo que fosse se arrepender mais tarde.

“Ethan!” Amy chamou o irmão, animada.

Bem, o que podemos dizer de Ethan Bryant? Muitos dizem que Ethan é a cópia do pai. Além da postura séria e madura, os cabelos negros e os olhos azuis, que havia herdado da mãe, davam-lhe um ar gracioso que faziam muitas moças invejarem Liz, sua esposa. Ethan com certeza era o irmão preferido de Amy.

“Olá irmãzinha.” O primogênito soltou um riso fraco com a animação da mais nova, puxando-a para seus braços. “Pai, sei que prefere que Amy fique ao seu lado, mas ela passou a noite toda sem fazer nada. O senhor permitiria que eu passeasse com ela pelo jardim?”

Um fato sobre John Bryant: ele é controlador, não gosta quando as coisas não saem do jeito dele e, bem, Amy já não era como o conde queria então, ele faria de tudo para que o resto fosse. Fazer aquele pedido ao pai era perigoso, um passo em falso e Amy poderia se machucar.

“Não vejo porque não. Ah, Ethan, meu filho,” Enfatizou. “lembre-se que estamos no inverno, preciso de você forte e saudável, então não demore.” Alertou.

“Não se preocupe, meu pai, não demoraremos.” Ethan respondeu com ironia na voz, afinal, não era apenas ele que estaria no frio.

Segurando a mão da irmã, o futuro Conde Bryant atravessou o salão até o jardim. Amy suspirou, esfregando os braços, tentando se aquecer. Ao ver que a irmã sentia frio, Ethan retirou a própria túnica e colocou-a sobre os ombros de Amy.

“Obrigada, Ethan. Sentia-me no meio de uma guerra por domínio. Não consigo imaginar quais xingamentos papai proferiria ao ofender o Duque Kenely.”

“Ah, querida irmã, não precisa me agradecer por isso. E se você prestar bastante atenção, conseguirá ouvir a voz de nosso pai blasfemando.” Amy ri baixo da brincadeira do irmão.

“Ethan, como está Liz? Faz tempo desde a última vez que conversamos. Imagino que você esteja muito feliz, irmão.”

“Ah, Amy, minha felicidade mal cabe em meu peito. Liz está muito bem, comentarei com ela sobre fazer-lhe uma visita."

“Seria incrí…” Começou, animada, mas parou ao sentir algo. “Ethan, que cheiro é esse?”

Ethan não respondia, respirava pesado, horrorizado com o que via.

“A-Amy, fique aqui. Há uma mulher extremamente machucada a sua frente. Eu vou procurar o Visconde Johnson. Soube que ele é médico. Talvez ele consiga fazer algo por ela.” Ethan sussurrou, e em pânico, correu para dentro do salão.

Um engasgo foi ouvido. Amy se abaixou. Sentia o cheiro da terra molhada, o vento forte a fazia estremecer. A música ainda tocava no salão, os Lordes e Ladys lá dentro jamais sonhariam que algo tão terrível estava acontecendo.

“E-eu não q-quero morrer. N-não quero.” Amy suspirou, retirando a túnica de seu irmão e, seguindo a voz da mulher, tentou colocar o longo pano sobre seu corpo.

“Você vai ficar bem. Meu irmão foi chamar ajuda, vai ficar tudo bem.” Tentou acalma-la.

O som de passos chamou a atenção da nobre que, ao tentar se levantar rápido demais, pisou na barra do vestido e acabou caindo sobre o chão enlameado. Havia alguém ali, alguém que não queria ser notado e que aparentava estar com pressa.

“V-você é a moça que ele havia f-falado.” Crise de tosse, sangue sendo expelido, sujando ainda mais o vestido azul claro de Amy.

“Shii, está tudo... bem.” Passos, tosses, respiração se findando e uma vida acabando.

“Amy!!” Um grito, duas vozes. Will, Ethan e o Visconde Johnson se aproximaram. “Por Deus, Amy, o que aconteceu? Está toda suja.” Johnson passou pelos irmãos e, pousando a mão enluvada no pescoço da mulher, negou com a cabeça, afastando-se.

“Ela está morta... não há nada que eu possa fazer.”

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Assassinato, no meio da festa mais esperada da estação. Amy não conseguia acreditar.

Por mais que Ethan tenha chamado Johnson o mais rápido possível, a mulher, que descobriram chamar-se Olga, não havia resistido ao ferimento. Um corte profundo rasgava-lhe a barriga. Por mais que nenhum órgão tenha sido acertado pelo assassino, a cortesã perdera sangue em demasia, não havia chance de sobrevivência.

“Quem quer que tenha matado esta mulher, queria que a encontrássemos viva” Sherlock Holmes comentou, a expressão séria em seu rosto. “Não há muito o que possamos fazer por agora. Lady Bryant, a senhorita ouviu a vítima dizer algo relacionado a aparência do assassino?”

“N-não. Ela… ela murmurava algo, mas, quando me aproximei, ela apenas disse que... que o assassino falou algo... de... mim...” Contou, com medo. “I-isso não me faz suspeita, faz?”

Sherlock riu, negando com a cabeça. “Não Milady. Isso nos mostra que o assassino tem... certa fascinação pela senhorita. Bem, será melhor que tenha sempre alguém por perto de agora em diante.”

“Pedirei a meu pai que aumente a segurança de nossa casa.” William, o mais novo entre os homens da família Bryant, disse a Holmes, que assentiu e foi conversar com o Visconde Johnson. “Amy, papai provavelmente vai manda-la ficar em casa até a poeira abaixar então...”

“Will, sabe que não gosto de ficar presa em casa. Estou presa naquele lugar desse que me entendo por gente!” Amy reclamou, frustrada.

William riu fraco. “Sei disso, meu bem. Prometo que sairei com você, okay? Sempre vou estar aqui por você, Amy.” Amy sorriu, abraçando o irmão.

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Tédio. Depois de semanas presa dentro de casa, sem nem mesmo poder comparecer aos bailes, era de se esperar que esse fosse o estado de Amy. Infelizmente, Will não pôde manter sua promessa, afinal, John havia encontrado uma pretendente “aceitável” para o filho. Sendo assim, o mais novo dos homens Bryant deveria encontrar-se com a moça para... conhece-la melhor.

“Senhorita Amy? A mesa do café está pronta. Venha comer um pouco.” Ah, é verdade, Amy tinha a companhia da governanta, Senhora Elizabeth. Os herdeiros Bryant tinham-na como uma figura materna, afinal, foi ela que os criou após a morte de Agatha.

Amy nada respondeu, apenas levantou-se do pequeno sofá, deixando que Elizabeth a conduzisse até a sala de jantar.

O dia parecia estar lindo. Os pássaros cantavam alegremente a distância, o vento não parecia forte e o sol lhe acariciava a pele suavemente.

“Senhora Elizabeth, Nathan já retornou? Pude ouvir a porta do quarto dele ontem à noite.” Perguntou, nervosa.

Nathan Bryant era irmão gêmeo de Ethan, porém, tanto a aparência quanto a personalidade eram diferentes. Nathan possuía cabelos loiros e olhos castanhos, como John, e, assim como o pai, culpava Amy pela morte de Agatha.

“Senhor Nathan chegou na noite anterior e parecia... bem irritado.” Elizabeth comentou, a expressão cansada tomando conta de seu rosto. Esperava que Nathan não descontasse suas frustrações na irmã. “Não acho que vosso irmão aparecerá para o café, afinal, Senhor Nathan e Senhor John saíram antes do alvorecer. Senhor Ethan estará deixando a mansão ainda esta tarde. Além de vosso pai, apenas a senhorita e Senhor William permanecerão, já que o Senhor Nathan viajará daqui a alguns dias.”

“Sinto desaponta-la, querida Senhora Elizabeth, mas meu pai comunicou-me sobre um possível casamento.” A voz cansada de Will se fez presente. “É provável que a família de Lady Evelyn Foster venha jantar conosco.”

“Você não parece muito feliz com isso, meu irmão. Algo o incomoda neste casamento.” Amy comentou, ouvindo um bufar irritado do irmão. “Deixe-me ver. O casamento é apenas um contrato e papai está forçando-lhe a isso. Acertei?”

“Ah irmãzinha, você não podia estar mais certa. Conhece nosso pai como ninguém.” Ambas as mulheres riram. Sua frustração era palpável.

“Um casamento não é o fim do mundo, irmão. A menos que... Wiliam Bryant, você está apaixonado?!” Gritou, brincalhona e, ainda assim, animada. Will nunca havia demonstrado interesse por qualquer moça, ao menos não que Amy soubesse.

O loiro riu, alto, ao ponto de gargalhar pela constatação da morena. “Não, Amy, não estou apaixonado. Sequer pensava em me casar, mas, você sabe tão bem quanto eu que não posso negar um pedido de nosso pai.”

“É bom saber disso William. Ao menos você não me trará o desgosto que Ethan trouxe.” O tom irritado de John Bryant assustou os irmãos. “O que ele estava pensando? Casar-se com uma negra?! É um absurdo. Bem, não importa mais agora. O casamento já aconteceu. Espero ao menos que aquela garota dê herdeiros a Ethan.”

“Liz é uma moça saudável, pai. Com certeza terão filhos tão saudáveis quanto ela.” Will comentou. Pai e filho entraram em uma discussão sobre algo que Amy não fazia questão de saber, sendo assim, a moça simplesmente ignorou-os, finalizando seu desjejum.

“Senhorita Amy?” Senhora Elizabeth a chamou. A nobre virou a cabeça em direção a voz da idosa, que riu ao ver a expressão confusa da menor. “Lorde Michael chegou para sua aula de dança.”

Amy sorriu animada. Virou-se para o pai e, pedindo licença, dirigiu-se para o salão de dança.

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Após a aula com Lorde Michael, Amy recebeu a visita inesperada, mas, muito bem vinda, da cunhada.

Liz era uma mulher negra, extremamente bela e educada. Ethan a conheceu de uma maneira bem estranha afinal, ninguém esperaria ver uma mulher caindo do céu em seus braços. Aparentemente, Liz fugia de um velho senhor que tentava abusa-la, e acabou utilizando uma janela para escapar. Para sua sorte – e felicidade, Ethan passava em baixo da janela e a segurou, impedindo que a moça se macucasse. Após muita enrolação, Ethan a pediu em casamento e, graças ao bom Deus, estão extremamente felizes.

“Ah Amy, tenho me sentido um tanto cansada esses dias.” Liz comentou. “Mamãe disse-me que se eu começar e ter enjoos, é provável que eu esteja grávida”

“Liz isso... isso é maravilhoso. Ethan ficará tão feliz! Se realmente estiver grávida, faremos uma surpresa para meu irmão.” Liz concordou rindo.

Horas mais tarde, Amy estava sozinha novamente. Suspirando, a nobre sentou-se em frente a janela de seu quarto. Imaginou o pôr do sol, sentindo o cheiro da terra, o calor agradável que o astro lhe proporcionava. Ouvia o canto dos pássaros, o latido dos cães de caça de seu pai e, imediatamente, imaginou como seria sair sozinha pela propriedade. Tinha certeza de que seria encantador.

Decidida, Amy esgueirou-se pelos corredores, prestando atenção nos passos dos empregados. Desde menina, Amy andava de um lado para o outro dentro daquela casa, sendo assim, não foi difícil chegar até a porta dos fundos sem ser vista.

Rindo, Amy começou a correr para longe da casa, tinha confiança de que conseguiria voltar. Se ninguém lhe pegasse, com certeza faria isso mais vezes. Ah, o vento balançando seus cabelos lhe dava uma sensação tão boa.

O sol ia em bora depressa, o vento ficava cada vez mais forte e, para o azar da morena, uma tormenta caiu sobre sua cabeça.

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22 de Julho de 2021 às 21:34 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fayla Raposo ◤━━━━━ ☆. .☆ ━━━━━◥ 𝒪𝓁𝒶 𝓈𝑜𝓃𝒽𝒶𝒹𝑜𝓇𝑒𝓈, 𝓈𝑜𝓊 𝒶 𝒮𝑜𝓂𝓃𝒾𝒶𝒷𝓊𝓃𝓉, 𝓂𝒶𝓈 𝓅𝑜𝒹𝑒𝓂 𝓂𝑒 𝒸𝒽𝒶𝓂𝒶𝓇 𝒹𝑒 𝐹𝒶𝓎. 𝐸𝓈𝓅𝑒𝓇𝑜 𝓆𝓊𝑒 𝓅𝑜𝓈𝓈𝒶𝓂𝑜𝓈 𝓈𝑒𝓇 𝒶𝓂𝒾𝑔𝑜𝓈. ◤━━━━━ ☆. .☆ ━━━━━◥

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