Choi Minho sempre fora um menino animado, vivia sorrindo, rindo, brincando e fazendo bagunça pelos cantos, seus pais viviam irritados, pois a cada dia uma nova travessura era feita. Mesmo pequeno, entendia das coisas e compreendia o quanto sua classe poderia atrapalhar sua vida, como ômega macho, o preconceito era grande.
Lembrava-se de seus pais dizendo a ele para não deixar que os outros dissessem como deveria se comportar, que o importante era quem ele era, e não o que os outros quisessem que ele fosse. Seu pai — mais do que ninguém — sabia das dificuldades que seu bebê passaria por causa dessa sociedade alfista, que tentam impor tudo, obrigando ômegas a serem recatados, julgando aqueles que eram diferentes, inventando estereótipos para todos. Onde um ômega precisava saber cozinhar, precisava ser fofo, não poderia — de modo algum — ser “bruto”… Onde não poderia ser ele mesmo.
Com seus quatro anos já descobrira que a Ômega do Dente era completamente mentira, que o Alpha Noel não existia e que a Beta da Páscoa era só uma invenção dos mais velhos; mesmo com todo esse conhecimento avançado para sua idade, como um grande sábio-xadrez que era — palavra inventada por ele, com o objetivo de mostrar o quanto era sábio e malandro no preto e branco — calou-se e fechou os olhos para sua descoberta, fingindo que ainda acreditava em todos esses contos de fadas, visto que só queria e ligava para os seus amados presentes.
Meses passaram e o seu aniversário havia chegado, assim como toda criança ele acordou bem cedo, todo animado para saber o que aconteceria nesta data comemorativa especialmente sua e, principalmente, descobrir qual seria o presente que ganharia.
O pequeno saiu correndo até o quarto de seus pais e cutucou a bochecha de sua mãe, fazendo-a resmungar e franzir a testa. Mais uma, duas, três… Na quarta a matriarca acabou por acordar irritada, encarando o filho de cinco anos feitos, acabando por suspirar.
— O que foi, meu amor? — perguntou, pegando Minho no colo e colocando-o entre ela e seu marido.
— Hoje é meu aniversário, mamãe — falou o pequeno com um bico nos lábios. A alfa sorriu, acariciando os cabelos do filho.
— Oh… É sério? — perguntou como se não soubesse desse detalhe.
— Mamãe! — exclamou indignado, aumentando o bico já enorme nos lábios.
— Ai meu bebê, é brincadeira. É claro que eu me lembro do seu aniversário. — Sorriu, beijando todo o rostinho de seu filhote. — Por que não levantamos e seguimos para a cozinha? Que tal fazermos um café da manhã para o papai?
O pequeno assentiu, olhando para o ômega ao seu lado, este que continha os olhos fechados e a aparência serena. Sorriu para a mais velha e viu-a levantar, ir em direção ao banheiro e fechar a porta, alguns barulhos saíam de dentro do local: água, armário e tampa do sanitário.
Desceram as escadas sorrindo e foram até a cozinha, Minho foi deixado em cima da bancada, vendo a alfa de cabelos negros pegar cada um dos ingredientes e colocar em uma vasilha, começando a bater.
— Deixa eu bater, mamãe? — indagou manhosamente.
— Promete que não fará sujeira e nem uma travessura? — perguntou seriamente.
— Prometo!
A colher de pau foi entregue na mão do filho e a vasilha colocada delicadamente na bancada, onde o outro com a colher em mãos, mexeu a massa facilmente.
— Mamãe, quando este coiso fica pronto?
— A massa? Quando começar a formar pequenas “bolhas” e ficar lisa.
— Bolha? Lisa? É uma espécie de vulcão de casa?
— Vulcão de casa? — Franziu o cenho e encarou o pequeno. — Meu filho, tu quiseste dizer vulcão caseiro? — perguntou rindo, enquanto começava explicar ao filho o que era aquela massa.
As panquecas foram feitas e os acompanhantes pegos, a mesa foi montada e enfeitada, ficando pronta em minutos. Os dois sorriram brilhante, único; seus rostos moviam-se em animação, onde vários risinhos eram soltos enquanto uma vasilha de água com gelo era enchida.
A passos lentos, ágeis e silenciosos os dois subiram as escadas segurando o riso e mordendo o lábio, Minho levantou seu dedo indicador e levou-o aos lábios, soltando o ar que passou por suas cordas vocais, saindo em um som quebrado e soprado; o "sh" foi ouvido, eles estavam bem perto do quarto e o pequeno ômega não queria acordar seu pai. Eunsoo sorriu, era tão fofa a maneira que seu filho agia…
A porta foi entreaberta, podia-se ouvir o pequeno e fraco ronco do homem que lá dormia, este que estava encolhido em uma bolinha. Ambos riram cúmplices, aproximando-se devagarinho e silenciosamente da cama no meio do quarto espaçoso. Choi riu baixinho e olhou diretamente seu pai que estava com um bico nos lábios em sono profundo, sua mãe tirou os travesseiros e o cobertor, pegando a vasilha novamente e encarando-a seriamente, voltou os olhos para seu marido que dormia, fazendo o percurso de o encarar cinco vezes. Ao prensar o objeto em suas mãos, ela mirou o filho e virou rapidamente aquela vasilha na cabeça de seu ômega, que acordou tossindo com os olhos arregalados, os pelos arrepiados e a consciência desesperada.
Seu pai olhou para a cama molhada, ouvindo a risada alta do filho que saiu correndo do quarto junto com sua esposa.
— EUNSOO! — gritou, encarando a porta e ouvindo a mais nova — cinco anos no caso —, rir descontroladamente no andar inferior.
Minho saiu correndo ao ver quem temia, descer as escadas com raiva. Gritou alto e foi em direção à cozinha com os braços esticados para cima, sendo que estes estavam completamente moles. Jiho seguiu até a esposa e começou a fazer cócegas nela, o riso alto aumentou e as gargalhadas tomaram conta daquela linda boca. Estava nervoso, porém deixou sua ira para trás e sorriu aberto, deixando as desavenças para outro dia.
O moreninho escondeu-se no armário, rindo baixinho com as risadas de sua mãe, em sua cabeça pensava que não seria pego, estava em um bom esconderijo afinal… Errado!
O armário foi aberto com rapidez, o pequeno gritou e tentou fugir por baixo nos braços do ômega, porém o outro foi ligeiro e agarrou seu pequeno filhotinho.
— Te peguei, garotão — falou alto, jogando-o no ar e segurando novamente.
Choi riu alto, uma risada única e fofa de criança, sentindo seu pai encher seu rosto de beijinhos.
— Appa… — sussurrou baixinho, fazendo biquinho com os lábios.
— O que foi, meu bebê? — perguntou ao olhar o rosto delicado de seu filho.
— Mamãe me obrigou a fazer isso, juro juradinho. — Levanta o dedinho com a cara mais inocente que podia.
Ah, que bebê mentiroso, não era isso que aconteceu minutos atrás…
“— Aí a massa cresce um pouquinho e…
— EXPLODE! — gritou, fazendo um barulho de explosão com a boca e gesticulando com as mãos.
— Não bebê. — Eunsoo riu e começou a fazer as panquecas na frigideira. — Panquecas não explodem — continuou.
Passou-se um tempo até que o pequeno começou a andar em cima do balcão, pensativo.
— Que cara é essa, Min? — Engoliu a risada e fez desesperadamente o filho sentar novamente no balcão com medo dele cair.
— Vamos jogar água no papai? — Bateu palminhas animado.
— Fale mais…"
O pai riu ao ouvir o que o filho tinha dito, olhando para a porta e vendo a mulher com os braços cruzados.
— Que mentira é essa, Choi Minho? O que eu conversei com você sobre mentiras? — Eunsoo olhou-o seriamente, fechando os olhos e prensando os lábios um no outro.
— Que para não ficar de castigo, podemos mentir um pouco, só não muito pra não ficar feio? — respondeu o menino em dúvida encarando o olhar irritado, que era mero fingimento, da mãe.
O pequeno ômega escondeu-se atrás do pai, fazendo-o soltar uma gargalhada. Choi Eunsoo sorriu e foi até o filho, repreendendo-o sobre a resposta e logo após beijando-o todinho enquanto falava coisas como: “ai meu bebê”, “bebê da mamãe”, “vida” e entre outras coisas. Ao finalizar as demonstrações de amor melosas, sentaram-se à mesa e começaram a comer, vira e mexe Choi Jiho pedia o mel para comer com sua deliciosa panqueca.
[...]
A campainha tocou, fazendo a mulher olhar para trás e suspirar, seguindo em direção à porta e olhando no olho mágico, enxergando tudo escuro. Suspeitando já saber quem era, destravou a porta e sorriu, vendo sua irmã gritar animada um bom-dia e abraçá-la forte. Eunsoo retribuiu o toque e apertou-a em seus braços fracamente, quem diria que receberia uma surpresa dessas?
Um vulto passou por suas pernas em uma velocidade até que alta, sorriu olhando para trás e vendo o pequeno Taemin gritar por seu filho completamente animado. Jiho desceu o filho do colo cuidadosamente e viu-o correr até o pequeno alfa e abraçá-lo com força.
A família Lee — sobrenome da família de Eunsoo — era uma das mais conhecidas no país, simplesmente por ser a única que mais nasce meninas alfas em todos os séculos, era pequena a quantidade de homens que encarnam, tais na maioria das vezes são ômegas ou betas. Sua irmã, que infelizmente ficou viúva há cinco anos, foi a única a quebrar isto; é claro que ela também podia encaixar-se nisso pois, assim como a irmã, não teve nenhuma primogênita, mas seu pequeno nasceu ômega o que aliviava o peso de ser a diferentona da família em séculos. Era estranho, não?
As mães, que olhavam seus filhos, sorriram. Eunsoo e Minah sabiam que eles tiveram um imprinting, mas mesmo parecendo errado por serem primos, era algo que não podiam mudar, pois infelizmente era um elo para a vida toda, apenas contentavam-se que independente do que for, seriam felizes.
Minho sorriu animado para o primo e segurou em suas mãozinhas, puxando-o para subir as escadas. Os dois pularam cada degrau animados, rindo a cada barulho engraçado que faziam no intuito de fazer o outro rir. Ao entrar no quarto, Taemin sentou na cama do menor e deitou, enquanto encarava-o ir até um baú médio azul e tentar abri-lo, fazendo um biquinho ao não conseguir, o Lee, já com seus sete anos de idade, foi até o primo e abriu o objeto facilmente, pegando os brinquedos necessários e sentando no chão para começar a brincar com o outro.
Brincadeira vai e vem, os dois divertiam-se a cada barulho feito com a boca, a cada risada e a cada tempo juntos brincando de boneco, carrinho ou cabra-cega até que um cheiro de bolo impregnou o ar, fazendo as duas crianças saírem correndo do quarto e seguirem até à cozinha. Minho cheirou o ar e falou:
— Mamãe, quando o coiso vai estar pronto? — Saiu correndo para as pernas de sua mãe e rodou-as com seus braços, prensando a bochecha em suas coxas fechadas.
— Daqui cinco minutos, meu bebê — Inclinou-se para frente e segurou debaixo dos braços do pequeno, erguendo-o e colocando em seu colo. — Como foi a brincadeira? — perguntou sorrindo e beijando a bochecha do filho.
— Foi muito legal! Consegui fazer o Tae brincar de casinha comigo. — Bateu palmas e sorriu feliz.
— Que bom, querido! Por que não vão brincar no balanço enquanto eu vou arrumar o bolo? — comentou ela, deixando o pequeno no chão.
Taemin — que estava com sua mãe sendo mimado um pouquinho — ergueu a mão, vendo o mais novo correr até si e segurá-la, soltando aquela risada fofa e única. Minho seguiu o que sua mãe tinha dito e puxou o Lee para brincar no pequeno balanço que tinha na árvore atrás de sua casa.
[…]
O carro andava pela rua em quarenta quilômetros por hora, o pequeno Choi cantava uma música junto ao seu primo que segurava sua mão fracamente, os dois sorriam animados e olhavam a janela vez ou outra para encarar o mundo à sua volta. Depois de encherem seus estômagos com bolo, seus pais resolveram sair para passear e quem sabe, fazer uma surpresa ao seu filho.
Quando o carro parou, Taemin desceu correndo, indo direto para a fila com seu tio em seu encalço, enquanto Minho saía com sua mãe e tia para a bilheteria do parque.
Seus olhos brilharam ao encarar todos os brinquedos e a multidão em sua volta, queria andar em todos! Infelizmente, isso não aconteceu, porém isso não diminuiu a diversão. Brincaram no carrinho de bate-bate, tiro ao alvo e entre outros brinquedos e barracas, até recebeu um coala de pelúcia de Taemin, que ganhou com muita luta tentando acertar as bolinhas pequenas de basquete nas cestinhas. Ficou feliz por ganhar aquilo, pois seu primo poderia muito bem ficar com o que ele quisesse, porém decidiu pegar o que ele queria… Ficou tocado pelo que ele fez por si, sentia-se grato e feliz pelo seu primeiro presente.
Primeiro presente… Mesmo com aquele presente que ganhara, Minho acabou por ficar triste; ele queria mais, muito mais.
Sempre sorria animado a cada momento que passavam no local, mas a única coisa que não saía de sua mente era: seus presentes. Mesmo feliz, o principal do seu aniversário sempre era seus presentes.
Ficou mais triste por seus pais não terem lhe dado um presente quando chegaram em casa, sempre deram, por que nesse ano não? Não sabia explicar, mas isso machucava seu coração.
Estava com Taemin em seu quarto, os dois brincavam de boneco, vira e mexe o outro encarava o pequeno sem animação, conseguia sentir um cheiro de tristeza vindo dele.
— O que foi, Min? — perguntou ao pequeno, que deixou o boneco cair no chão.
— Não foi nada, hyung. — Sorriu fechado para o alfa à sua frente.
— Não esconda nada de mim. — Faz bico e aperta a bochecha do menor. — Conte-me, hm? Não precisa ficar triste.
— Mas hyung, mamãe e papai não me deram presente — murmurou, abaixando a cabeça e piscando rapidamente.
Podia parecer idiota, mas seu coraçãozinho doía por pensar que não era mais importante receber seus amados presentes. Taemin aproximou-se e abraçou seu dongsaeng, começando a fazer carinho em sua cabeça.
— Presentes não são as melhores coisas do mundo, Min… — Sorriu para ele. — Nos divertimos muito, tio Jiho até levou a gente pra comer chocolate! Eu ganhei um ursinho pra você!
Riu divertido, vendo o pequeno soltar um sorriso e corrigi-lo, dizendo fracamente que era um coala, não um ursinho, fazendo Taemin sorrir ainda mais…
— Não precisamos de presentes para sermos felizes Min, podemos só encher a pança e nos divertir muito! — pegou o menor e o levou para a cozinha, vendo seu tio lavar a louça. — Tio Jiho, pega bolo pra nós?
[...]
Ao final de toda a diversão, Minho foi levado ao quarto de seus pais, onde Jiho tirou sua roupinha com cuidado e ligou o chuveiro, começando a dar banho em seu filhote. O ômega limpou bem seu filho, vendo-o brincar com um patinho de borracha, ainda cabisbaixo.
— O que foi, meu filho? — perguntou fazendo carinho na cabeça da criança, colocando os cabelos desta para trás.
— O que foi o que, appa? — Encarou o mais velho, ainda com o bico nos lábios.
— Esse biquinho aqui. — Sorriu para ele e apertou o bicão com dois dedos.
— Ai, appa! — reclamou fazendo careta, vendo o outro rir e pegá-lo no colo.
O ômega terminou de dar banho em seu filho emburrado e enrolou-o em um roupão branco com desenhos azuis, puxando a touca para cima lentamente e depositando na cabeça do menor, sorriu para seu filho e encostou levemente seu nariz no dele, dando um beijinho de esquimó. Encostou-lhe os lábios na testa e ergueu-se, voltando ao banheiro para pegar uma toalha para si e tampar seu corpo seminu.
O menor olhou para dentro do banheiro e sorriu sapeca, saiu correndo pelo quarto, molhando todo o local com seus pés, logo parando no batente da porta, vendo seu pai olhá-lo e andar rápido para sair do banheiro, acabando por escorregar e cair de costas no chão. Uma gargalhada alta e fofa tomou os ouvidos do outro, que gritou um nome conhecido por todos com muita vontade.
O bingulim de Minho balançou enquanto este corria pelo corredor do andar superior em direção às escadas, continuou rindo ao conseguir ouvir os resmungos de seu pai enquanto descia as escadas pulando cada degrau. Sua mãe e tia ao vê-lo gargalharam, fazendo-o rir também, era engraçado o jeito como o menor corria pelo chão, procurando um esconderijo enquanto ouviam passos no andar de cima, mais engraçado ainda era ver seu pintinho balançar enquanto corria. Minho pulou em sua mãe e escondeu-se debaixo do cobertor, ficando todo encolhido assim como uma bolinha: quieto e parado, achando que nunca seria encontrado; engano seu, nenhum esconderijo era bom o suficiente para seu pai não encontrá-lo. O mais velho segurou em sua cinturinha e puxou-o para cima, levando o cobertor junto, enrolando todo o filho neste como um bebê, fazendo apenas seu rosto ficar para fora.
— O que achas que está fazendo, molequinho? Achas mesmo que irá fugir do melhor homem do mundo? — O outro riu e falou:
— Eu sou o melhor homem do mundo, appa — murmurou, sorrindo.
— Estás errado! — exclamou fingindo um tom chateado. — Eu sou o melhor homem do mundo, você é o melhor bebê.
— Eu não sou bebê! — resmungou. Um bico surgiu em seus lábios.
— Oh, não? O que és então? — Encarou o pequeno, risonho.
— Sou um homenzinho, appa! — Foi colocado no chão, deixando o cobertor cair, todos estavam se divertindo ao ver as reações do menor, que cruzou os braços e bateu o pé. — Já tenho cinco bolinhos! — Fez o número cinco com uma das mãozinhas. — Cinco!
O pai riu alto e ditou:
— Okey, garotão! Que tal subirmos e vestirmos uma roupa, hm? — Segurou a mão do filho e acariciou seus cabelos negrumes.
— Vamos!
Os dois subiram novamente para o andar de cima, agora indo para o quarto do pequeno onde seu pai escolheu sua roupinha com atenção, ajudando o outro a vestir-se e tentando ensiná-lo a como trocar-se.
— Vamos ficar bem bonitos, hm? Mamãe quer te dar algo muito importante.
— Um presente!? — animou-se de imediato, esperando uma resposta confirmando tal pergunta.
— Podemos dizer isso… — Riu pela animação alheia. — Só não conte para a mamãe, ou ela bate no papai — O pequeno assentiu e levou o indicador à boca, expressando que ficaria calado sobre isso.
Enquanto seu pai trocava-se em seu quarto, o pequeno desceu da cama e seguiu até a porta do quarto ao lado, espiando dentro do local. Abriu ainda mais a porta e dirigiu-se ao outro que dormia, encarando-o docemente.
Minho foi até um ursinho jogado no meio do quarto, pagando-o e levando até à cama onde seu primo dormia, colocando-o nos braços deste, sorrindo feliz.
— Agora estará protegido, hyung — Aproximou-se de Taemin e beijou-lhe a bochecha, vendo seu rosto suavizar. — Lumpa-lumpa te protegerá em seus sonhos…
Ele realmente acreditava que o ursinho nomeado Lumpa-lumpa protegeria seu primo com unhas e dentes de qualquer sonho ruim, estranho e chato que este possa ter; afinal, sempre fora protegido por ele também.
Depois de pedir à Lumpa-lumpa que ficasse de olho no alfa, saiu do quarto e encontrou seu pai, que espiava por entre a porta.
— Deu seu ursinho protetor a Taemin? — Encarou o filho.
— Eu não dei, appa. — O pequeno olhou para dentro do quarto novamente. — Apenas emprestei, mas se for para proteger o hyung, posso dar Lumpa-lumpa pra ele.
Jiho sorriu satisfeito. Mesmo jovem, Minho fazia o que podia para proteger Taemin, ainda que de um modo inocente.
— Isso, meu filho, sempre devemos proteger quem amamos!
— O que é amar, appa? — perguntou confuso.
— Mamãe te explica.
Isso sempre acontecia quando seu pai não queria dizer algo para si, Minho não entendia, porém apenas aceitava que não iria saber tão cedo…
Desceram as escadas lentamente, o garotinho andou até o sofá e inclinou-se sobre ele, escalando como podia, sendo ajudado por sua mãe. Engatinhou até ela e subiu em seu colo, sentindo um calor aconchegante acolhê-lo, emanando por toda sua volta; Eunsoo estava abraçando-o.
Naquele momento, Minah retirou-se do local, subindo as escadas para ver como seu filho estava. Ao verem-se sozinhos, os pais sorriram para o filho.
— Sabe, meu amor… — Abaixou a cabeça e acariciou os cabelos do pequeno. — Você está crescendo, se tornando um homem forte e mesmo que ainda não esteja na idade, tenho certeza que saberá lidar com seu lobo interior…
— E é por isso que queremos te dar algo muito especial — continuou Jiho.
Sua mãe tirou de seu bolso um saquinho de veludo preto, abrindo-o e tirando uma corrente dourada, que continha um pingente de lobo com pedrinhas vermelhas indicando seus olhos.
— Esta é uma corrente de família, passada de geração a geração… Foi-me entregue quando tinha sete anos e se reparar, é igual a de Taemin — Suspirou, pegando a mãozinha de Minho e acariciando-a com o polegar. — Quero passá-la para ti, mesmo que não tenha a idade correta.
O garotinho encarou aquela coisa por minutos, seu coração apertava cada vez mais.
— Eu não quero mamãe. — O menor cruzou os braços e fez biquinho. O que faria com uma corrente? Não dava para brincar! — O que eu vou fazer com isso, mamãe? Não dá para brincar com esse presente… — Minho não entendia o que estava acontecendo, porém estava chateado demais e era novo demais para compreender. Ele queria um brinquedo, pensava que seu presente seria legal e que ele poderia brincar e levá-lo para todos os cantos… Aquilo não era presente!
Seus olhinhos encheram-se de lágrimas, estava decepcionado com o que ganhara.
— Eu não quero isso… Não é um presente! Eu-eu quero me-meu brinquedo — sua voz saiu embargada. Levou as mãos aos olhos e tentou limpar as lágrimas, soluçando várias vezes no meio da fala.
Sentia seu peito apertar, ele só queria um brinquedo… Por que seus pais tinham que dá-lo algo assim? Sentia-se completamente decepcionado e triste, não ganhara algo que gosta, afinal. As lágrimas saíram mais pesadas, ele começou a soluçar alto, fazendo um barulho ao puxar o ar pela boca, já que por sua vez, seu nariz estava entupido demais.
— Não chora, meu amor — Eunsoo olhou para si e suspirou, tirando-o de seu colo e ajoelhando no chão, ficando cara a cara com o pequeno chorão. — Olhe, Minho, nem todos os presentes são usados para brincar. Não importa o que é, meu bem, o que importa é o quanto ele é especial, se é dado por alguém especial — Ele não compreendeu o que ela quis dizer, mas tentou ao máximo controlar o choro. Eunsoo limpou as lágrimas do menino e beijou-lhe a bochecha várias vezes, tentando fazê-lo acalmar-se. — O que importa não é o físico e sim, o que ele representa. Está corrente não pode ser tão interessante como um brinquedo, podes não poder usá-la para outros fins a não ser deixá-la em seu pulso, mas o valor que ela tem para mim e para nossa família, e que tenho certeza que terá um dia para você também, é mais especial do que algo material que pode se perder no tempo. Sei que amas presentes, que amas brincar e fazer arte pelos cantos, mas um dia isso se perderá! Terá novas metas, novos gostos, novos pensamentos… — Encarava bem os olhos do filho, mostrando-o o quanto o assunto era importante. — Quando algo é dado com amor e carinho, o valor torna-se extremo, independente de quem dá, sempre devemos guardar com carinho! Sentimentos são especiais e tornam tudo mais valioso.
— Então quer dizer que não importa se eu posso brincar ou não com o presente… e sim o quanto ele é valioso? — perguntou, tentando entender o que sua mãe dizia para si.
— Sim. Tudo que é dado com amor é valioso, principalmente quando é dado por uma pessoa que ama. — Minho fungou e sorriu fraquinho, lembrando-se de perguntar depois o que era amor para sua mãe.
O Choi lembrara-se de mais cedo, quando estavam no parque de diversões e Taemin ganhara o coala para si… Recordara o quanto ficou feliz por ter ganhado algo tão lindo, o quanto seu coração aquecera-se por receber um presente com tanto carinho. Ficou imensamente feliz quando recebera, não pelo coala em si, mas por ter sido seu primo a dá-lo, era sobre esse sentimento que sua mãe queria dizer? Sobre o quanto receber algo de alguém é especial, assim como recebeu de Taemin?
O pequeno estendeu a mãozinha direita, vendo Eunsoo sorrir e colocar a corrente em seu pequeno pulso.
— Isso quer dizer que tudo que tenho é valioso? Que tenho muitos tesouros? — Minho sorriu ao pensar em Taemin. Tudo isso quer dizer que ele era valioso, não é? Que a pelúcia que recebeu era valiosa? Ele achava que sim. Seu coração aqueceu com toda essa descoberta, novos sentimentos explodiram em seu coração em todo momento que olhava a sua volta, ficou feliz com a mais nova descoberta: seus amados presentes eram mais especiais do que pensava, eram valiosos, independente do que sejam, eram seus tesouros.
Jiho riu com o raciocínio de seu filho, era uma criança afinal; seu bebê.
— Se for levar por este caminho, é um bom começo — respondeu ao filho, abraçando-o fortemente.
— ABRAÇO EM FAMÍLIA! — Jiho gritou, pulando em cima de sua esposa, fazendo todos caírem em cima do sofá. A Choi brigou com o marido, pedindo para que ele não gritasse ou acordaria o pequeno Taemin, mas com toda aquela felicidade, acabaram por rir juntos, escutando o som da risada de Minho, que estava feliz com tudo.
— Obrigada pelo presente, mamãe — agradeceu sorrindo para a mais velha, logo deitando a cabeça no ombro dela e encarando a corrente em seu pequeno pulso. Minho abriu um sorriso maior, deixando todos seus dentinhos aparentes. Levou seus pequenos dedos a ela e acariciou o lobo, fechando os olhos. — Obrigado por me dar mais um tesouro, mamãe… Agora tenho mais coisa para o papai enterrar no jardim para acharmos!
Ela riu e falou:
— Não leve o tesouro tão a sério bebê, algo especial deve ser guardado com carinho.
— Oh… Então posso te colocar em um potinho?
É, tudo que se dá é um presente, presentes são valiosos; logo, nada é melhor que um presente.
-x-
Eu resolvi misturar Kids!au com ABO, esse universo não é tão envolvente na fanfic, mas é explícito. Diferente de muitos, criei um universo só meu, sem MPREG.
Foi esta história foi a primeira que postei no spirit como fanfic do SHINeeProject, faz uns 2 anos k. Resolvi revisar ela atualmente e escrever uma saga de oneshot, logo mais trarei a continuação em meu perfil.
Outra coisa: também farei uma versão jikook dessa história.
Gostaram do capítulo? Espero que sim! Agradeço por muito lerem minha fanfic, caso tenha gostado ou não, não se acanhe, pode comentar dando sua opinião se quiser! <3
Estou de braços abertos para todos!!
Quero muito agradecer à @/ChoiMandy (spirit) por ter me ajudado e me auxiliado na melhora de minha fanfic com a crítica dela na época.
Quero também agradecer à @/Ryuriarty (spirit) por ter betado minha OS com muito carinho e amor na época.
Outra pessoa que eu quero agradecer é a @/vks (spirit) por ter feito a capa e o banner da fanfic na época, ficaram um máximo!
Obrigado pela leitura!
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