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O ano é 2945, e todos os jovens prestes a completar a maioridade são obrigados a passar por um teste para se formar. A "colheita", como era chamado o teste de aptidão obrigatório, era capaz de determinar seu papel dentro da sociedade por meio de projeções específicas da vida de cada um, em um lapso temporal de dez anos, bem como fornecia ideias precisas sobre habilidades e defeitos de todos os jovens que se submetiam a imersão no programa. Quando o semestre teve início e Min Yoongi completou dezenove anos, ele não fazia a menor ideia de qual seria o seu resultado, mas sabia que não havia como fugir, ele faria parte da nova "safra". No entanto, quando chega a sua vez de se submeter ao teste, um erro acontece e, no lugar de ver o seu futuro, ele vai parar no passado. Mais precisamente, vai parar no ano de 2935, no qual Park Jimin iria ser submetido a imersão.



Fanfiction Bandas/Cantores Para maiores de 18 apenas.

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Capítulo 1

Escrito por: Erami/@Erami4

Capa por: @JJKGirl


Notas Iniciais: Oi, pessoas!


Essa fic é diferente de tudo que já escrevi até hoje, vocês vão perceber quando lerem. Eu me dediquei bastante escrevendo então espero que vocês aproveitem! Beijinhos do erami 💜


~~~~

Seul, Coreia do Sul, 2935.


Park Jimin sentia as suas mãos suarem à medida que a fila de jovens andava e a sua vez de se apresentar ficava mais próxima. E, assim que o jovem parou em frente a um dos funcionários do colégio, seu coração acelerou bruscamente.

Jimin o reconheceu, pois o homem trabalhava ali durante a semana. No entanto, nem o fato do lugar em que ele estudava ter sido escolhido como sede para o seu exame amenizou o seu nervosismo. As pessoas ao redor poderiam até ser familiares, mas, estranhamente, isso só o provocou um aperto no peito.

O fato de estar prestes a fazer um teste capaz de revelar o seu futuro o deixava apavorado, ainda mais porque ele podia olhar para trás, por cima do ombro, e ver a sua mãe acenando na frente do colégio, ciente de que a mais velha o olhava com orgulho, depositando altas expectativas sobre o seu resultado, as quais ele não sabia se seria capaz de suprir.

Olhando ao redor, diversos cartazes do conselho estudantil estavam colados nas paredes em um tom de azul piscina, e isso o lembrava constantemente que, se ele não se saísse bem nessa prova, provavelmente seria expulso do seu cargo como representante de sala, assim como teria que sair de todas as atividades extracurriculares que tanto amava caso seu futuro indicasse que deveria seguir outro caminho.

Apreensivo como nunca, Jimin colocou o seu indicador sobre o leitor biométrico, vendo a tela do aparelho emitir um brilho verde, confirmando seu número de inscrição na C.O.L.H.E.I.T.A.

Uma imagem em três dimensões com o seu rosto apareceu diante dos seus olhos e ele reconheceu a sua feição gravada no dia em que foi na coordenação do seu distrito para oficializar sua participação no exame daquele ano. O funcionário a sua frente olhou do holograma para ele, vendo a semelhança e o mesmo olhar sério do garoto de cabelos escuros em ambas as situações; contudo, somente após conferir as informações no sistema, liberou a passagem do mais novo.

Jimin respirou fundo antes de passar pelas portas metálicas que se abriram e caminhou para dentro do colégio.

À sua volta, diversos estudantes, assim como ele, passavam apressados pelos corredores, seguindo para o prédio, que havia sido estabelecido logo na entrada, designado para a sua imersão nas máquinas da Colheita.

Jimin olhou para o relógio em seu pulso e viu um pequeno mapa do local aparecer, tornando toda a situação ainda mais real aos seus olhos. E, por mais que já soubesse exatamente onde seria o seu teste, por ir ali quase todo dia em sua rotina de aulas, ele permaneceu bons minutos vendo a sua localização brilhando no aparelho em seu braço. Ironia do destino ou não, seria próximo ao local onde ele participava das reuniões do conselho estudantil.

Um pensamento incerto se passou pela sua cabeça e ele se perguntou se gostaria ou não do futuro que encontraria para si em breve. Por mais que esse tipo de teste fosse deveras eficiente em direcionar as pessoas por sua especificidade, isso também o assustava, pois parecia que ele estava fadado a algo, como se não tivesse escolhas a não ser seguir o caminho pré-determinado.

Chegava a ser loucura pensar que as pessoas, no começo do milênio, não eram controladas dessa forma e levavam a vida na incerteza, seguindo por caminhos completamente aleatórios, sem saber se faziam as escolhas certas. Na cabeça de Jimin, essa "falta de certeza" poderia ser algo que produzia um friozinho na barriga; porém, ainda parecia melhor do que desde o início saber que só há um caminho a se seguir. Poxa, e se ele não gostasse desse caminho? E se ele o odiasse, mas tivesse que prosseguir porque assim foi visto que ele o faria no futuro? Pior, e se ele não tivesse futuro?

Jimin lembrava bem de um colega mais velho seu que, empolgado, havia feito parte da safra de estudantes do ano anterior. Daehyun, como era o nome dele, havia se submetido à imersão, mas passou todas as vinte e quatro horas de duração do exame em um estado de inconsciência, só despertando quando uma das médicas da equipe desligou o equipamento e o olhou com uma expressão compadecida, quase de pena. E, Daehyun, ainda tão jovem, descobriu que não viu o seu futuro em dez anos, porque não havia mais vida para si nesse tempo. Ele morreria em breve.

Jimin lembrava bem do olhar de dor nos olhos de sua família assim que ele saiu do prédio de exame. E só de pensar em ser mais um dos sem-futuro, como Daehyun, Jimin sentia o corpo pesado e a pele formigar em uma agonia terrível, além de um embrulho se formar no início do seu estômago. Ele precisava se controlar antes que vomitasse na frente de todas aquelas pessoas.

Tentando não ser tão pessimista, pensou na possibilidade de ainda estar vivo daqui a dez anos e, nesse caso, o teste servir apenas para indicar que profissão ele deveria seguir. Ainda assim, saber isso de maneira tão exata o deixava angustiado.

Deixe de besteiras. O teste só mostra o que você nasceu para fazer. Como você poderia não gostar do futuro que você mesmo vai escolher seguir?”, era o que a sua mãe sempre o dizia quando ele a indagava sobre essas coisas.

Mas, sem saber se o Jimin de agora gostaria das escolhas do Jimin do futuro, o rapaz respirou fundo, ainda olhando para a indicação de direção no seu relógio. Ele se recusava a andar, numa tentativa inconsciente de postergar o momento iminente, já que seu coração parecia cada vez mais acelerado e as suas pernas aparentavam estar sem forças para dar um simples passo. Ele sentia que, assim que tentasse se mover, seu corpo começaria a tremer e ele colocaria para fora todo o café da manhã que sua mãe havia o obrigado a comer mais cedo.

O tempo foi passando e ele percebeu que algumas pessoas o olhavam com estranheza por sua face pálida em um aspecto quase doentio. Assim, sabendo que não havia para onde fugir agora, Jimin engoliu em seco, tentando afastar seus pensamentos conturbados da cabeça. E, buscando uma confiança que ele não possuía, ergueu a cabeça e deu passos firmes até o seu local de prova antes que alguém pudesse se aproximar, perguntando por que ele estava parado no meio do corredor.

O funcionário em frente à porta se afastou assim que a câmera na parede capturou os traços de Jimin e os cruzou com a informação recebida há pouco na entrada do colégio, liberando a entrada dele no prédio do conselho estudantil quando o sistema de segurança o deu passe livre para tal.

Já lá dentro, Jimin trocou de roupa, colocando o traje simples que havia recebido de um dos enfermeiros dali. Ele guardou as suas coisas em um armário e, após isso, se aproximou mais uma vez da equipe multiprofissional presente, a qual fazia parte da assistência médica do exame. O mesmo enfermeiro de outrora sorriu em sua direção, tentando tornar a situação menos fria e perturbadora, por mais que todos ao redor estivessem extremamente sérios.

Jimin sorriu também, levantando o canto dos lábios de leve enquanto estendia o seu braço na direção do homem. Por algum motivo, havia o achado simpático, e isso diminuiu um pouco do mal-estar em seu corpo.

O rapaz de roupas brancas calçou um par de luvas de látex antes de limpar sua pele com álcool e algodão. Ele era tão delicado e preciso em seus movimentos que Jimin quase não sentiu a punção venosa, só percebendo o que acontecia quando uma quantidade certa de medicação, colocada pelo outro no suporte para o soro, caía aos poucos em sua veia.

Ele conhecia o protocolo: passaria cerca de dois dias com diversas substâncias depressoras do Sistema Nervoso Central sendo administradas em seu corpo, até que entrasse em uma espécie de coma induzido. Tudo isso visando proteger o seu cérebro no momento em que fosse submetido aos aparelhos do exame, através dessas doses controladas. Ele somente acordaria quando tudo houvesse acabado.

E, observando o nível da substância descer lentamente, Jimin se perguntou quanto tempo ainda restava até realizar o teste e saber a verdade sobre seus sonhos. Ele só esperava que a sua mãe estivesse certa: que essa máquina de imersão cumprisse o seu propósito e o levasse para o caminho que ele realmente deveria seguir, e que ele gostasse desse caminho. Porque agora, tudo que ele possuía era medo.


Seul, Coreia do Sul, 2945.


Um garoto de cabelos negros estava sozinho, olhando, pelo que deveria ser a quinta vez naquele dia, o informativo em seu relógio que, mais cedo, havia sido enviado para si por seu professor.

Em seu peito, no uniforme do colégio onde ainda se encontrava, uma plaquinha de metal com o nome Min Yoongi reluziu quando ele bufou, olhando contrariado para as palavras que surgiam pouco acima do objeto em seu pulso.

Seus olhos analíticos cruzavam cada canto da projeção em três dimensões e isso fez Yoongi suspirar, forçando-se a reler as informações, mesmo que já houvesse decorado boa parte das palavras.


Conheçam a C.O.L.H.E.I.T.A

O exame nacional Comprobatório Obrigatório de Laudos de Habilidades e Inabilidades para Tributos Acadêmicos avalia o desempenho dos nossos formandos em suas especificidades, contribuindo para a descoberta de:

Suas futuras Aptidões e Defeitos;

Compatibilidade genética com a sua vocação;

Indicadores sociais de futuros relacionamentos.

Sobre o exame:

Todo jovem, ao se submeter à imersão no programa, deverá passar quarenta e oito horas no seu local de prova, visando a sua preparação médica para as vinte e quatro horas de imersão.

Nesse tempo, um espectro exato sobre o seu futuro será traçado, e cada tributo da safra de 2945 terá a oportunidade de saber como será sua vida no dia 15 de dezembro de 2955, por vinte e quatro horas. Após isso, retornarão para 2945 com o seu perfil traçado por nosso sistema em um lapso temporal de dez anos.

As inscrições começam dia 31 de novembro e vão até o dia 5 de dezembro. Procure a coordenação da sua escola para saber mais sobre a sua imersão.


Assim que terminou de ler, Yoongi bufou, desligando a tela do seu relógio enquanto se sentava de maneira largada em uma carteira qualquer da sala de aula vazia.

Agora era dia 10 de dezembro, e ele já havia feito a sua inscrição na Colheita, não havia mais o que fazer para mudar esse fato. Ter completado seus dezenove anos era uma marcação inevitável, e agora ele precisava passar por esse exame se um dia quisesse a chance de trabalhar em algum lugar ou de ter uma vida normal.

Após a criação desse sistema, nenhuma empresa contratava mais pessoas sem saber antes de todo o perfil do indivíduo. Saber do futuro significava uma nova perspectiva revolucionária, onde apenas pessoas com a confirmação de que seriam competentes em determinadas áreas possuíam vez.

Não existiam mais sonhos, existia apenas a dura realidade.

Yoongi odiava esse sistema.

Ainda pensando sobre o quanto tudo isso era uma merda, em suas próprias palavras, o estudante viu a porta da sala de aula se abrir e um homem passar por ela, indicando que seu momento sozinho havia acabado.

Se fosse qualquer outra pessoa, Yoongi provavelmente iria revirar os olhos e ir embora, para continuar no seu canto sem falar com ninguém; no entanto, a pessoa que estava diante de si era o seu professor favorito, o mesmo que havia enviado para o seu relógio as informações que leu uma porção de vezes. E ele era, muito provavelmente, a pessoa que mais gostava naquele colégio inteiro.

Então, sem nem perceber, o garoto direcionou um sorriso para o homem que puxou uma cadeira para se sentar junto de si.

Yoongi não conversava com muitas pessoas, mas, assim que o seu professor de artes foi substituído, ele não demorou a se apegar ao jovem recém-contratado que, na época, tinha apenas vinte e três anos, mas possuía uma aura inspiradora, bem como um espírito de liderança invejável. Yoongi o admirava secretamente, pois ele era tudo que sonhava em ser no futuro.

Seus olhos passaram pelo rosto bonito do outro e Yoongi sentiu as suas bochechas ficarem vermelhas à medida que o observava. Agora o professor tinha vinte e nove anos e, se é que isso era possível, sua aparência estava ainda mais impecável. Isso, ou Yoongi que estava reparando mais nele nos últimos dias. O fato é que, estando prestes a entrar na universidade e no início da sua vida adulta, talvez o seu olhar sobre o outro estivesse mudando, e Yoongi achasse bonita até demais a maneira como o mais velho passava as mãos por seu cabelo, jogando os fios pretos para trás.

Ainda meio perdido nos traços daquele homem, Yoongi desceu sua visão até o pescoço dele, vendo o início de um colar escondido por dentro da camisa. Observando a parte visível da corrente, notou algo familiar nela, mas não teve muito tempo para lembrar de onde a reconhecia.

— Tudo bem por aí, Gi? — chamou o garoto pelo apelido que havia o dado, não consciente do que se passava pela cabeça dele. — Você parece preocupado.

Ouvindo o chamado do seu professor, o estudante deu de ombros, focando na conversa e parando de pensar na pequena queda que havia desenvolvido pelo seu professor de artes.

— E tem como não ficar preocupado? — Bufou livre para se expressar, sem temer o julgamento alheio. Eles haviam se tornado bons amigos nesse tempo em que haviam se conhecido. — Daqui a cinco dias é o meu exame, e eu só consigo pensar que eu odeio toda essa merda. Nem programar aquele jogo que te mostrei da outra vez eu estou conseguindo, para você ter noção do quão distraído que eu estou ultimamente.

O homem riu, achando graça do jeito emburrado do Min, mas o olhou com uma expressão compreensiva em seguida.

Yoongi era a pessoa mais viciada em gastar seu tempo com um bom e velho computador. Isso porque o garoto era simplesmente um nerd e geek compulsivo, que sabia um pouco de tudo. E, para ele chegar ao ponto em que nem isso estava conseguindo afastar sua preocupação e prender a sua atenção, era porque sua situação estava realmente séria. Infelizmente, seu professor fazia uma boa ideia sobre o que se passava por sua cabeça e porque ele estava tão aéreo.

— Por mais incrível que isso pareça, eu te entendo perfeitamente.

— Como assim? — Yoongi franziu a testa, olhando-o com confusão. — Achei que você fosse a pessoa mais satisfeita do mundo com o seu emprego. Seu teste deve ter sido tranquilo.

— E eu sou. Realmente amo o meu emprego. Mas, quando eu completei a sua idade, dez anos atrás, eu também não queria participar da Colheita — confessou, vendo o olhar surpreso do Min sobre si. — Ainda acho horrível isso de termos que saber todas as respostas tão cedo.

— Mas você gostou do seu resultado, não foi? — perguntou, vendo o outro dar de ombros de maneira enigmática, sorrindo.

— Digamos que foi um pouco diferente do que eu esperava. Mas nem por isso menos surpreendente — admitiu. — Inclusive, como esse ano fazem dez anos que me submeti ao teste, meu eu do passado deveria chegar aqui esse mês.

— Deveria? — Yoongi não deixou de se atentar nessa parte da fala do outro, pois ele falava como se não fosse algo certo. — Hyung, por acaso você não conseguiu ver o seu futuro dez anos atrás?

Yoongi podia jurar que não fazia a menor ideia do que o professor estava querendo dizer com aquilo, mas essa foi a primeira possibilidade que passou por sua cabeça.

O mais velho não fez questão de explicar, deixando a questão subentendida nas entrelinhas, e Yoongi suspirou com a falta de respostas.

— Hyung, às vezes você fala umas coisas esquisitas.

O professor não negou, ignorando a testa franzida do garoto para o seu jeito misterioso.

— Na hora certa você vai entender o que eu quis dizer com isso. Mas não vamos falar sobre mim agora e sim sobre você estar tão ansioso para o seu teste.

Vendo o rosto perdido de Yoongi, o rapaz a sua frente conseguiu se visualizar com perfeição nele, pois era exatamente assim que se sentia no seu exame, uma década atrás. A sensação de mal-estar era tão viva em sua memória e no início do seu estômago que ele se perguntava se o garoto junto de si se sentia de forma semelhante.

— Vai ficar tudo bem, Gi. Você vai ver. — Tentou o consolar ao ver que o Min permanecia em silêncio, mesmo após a sua tentativa de mudar de assunto.

— Eu espero que sim.

E, percebendo como o seu aluno permanecia pensativo, resolveu deixá-lo sozinho um pouco. Com isso em mente, levantou-se, bagunçando o cabelo de Yoongi, o que levou o garoto a fazer uma careta na sua direção.

— Eu odeio quando você faz isso.

— Tem razão, você nunca gostou — riu, bagunçando o cabelo de Yoongi novamente. — Vou me lembrar de fazer mais vezes então.

Ele pareceu pensativo com aquelas palavras, como se houvesse algum significado a mais por trás delas, e Yoongi não escutou bem quando o jovem murmurou algo em voz baixa.

— O que disse?

— Nada — mudou de assunto. — Não vou mais te perturbar, Gi. Vou te deixar sozinho, mas não se preocupe muito com o seu teste. Você vai ver que tudo vai correr bem.

O mais novo assentiu, vendo seu professor se levantar, direcionando um último sorriso a Yoongi, o qual fez seus olhos desaparecerem em dois riscos em cima das maçãs do rosto.

Yoongi sentiu o coração bater mais forte, mas tentou ignorar essa sensação enquanto assistia o seu hyung ir embora.

Já sozinho, Min suspirou, ligando a tela do seu relógio mais uma vez enquanto pensava sobre o que o mais velho havia dito. Como assim ele iria entender o que o seu hyung disse quando o momento chegasse?

Sinceramente, às vezes Jimin falava umas coisas sem sentido.


~°~°~


Infelizmente, por mais que não fosse a sua vontade, os cinco dias restantes para o seu teste se passaram ainda mais rápido que o normal, e o Min mal pôde descansar durante esse tempo, dormindo mal todas as noites. As enormes olheiras embaixo dos seus olhos estavam fundas e escurecidas, denunciando seu estado de insônia. No entanto, ele não tocou em seu computador uma noite sequer. Estava cansado até mesmo das coisas em que sentia prazer normalmente.

No dia do exame, ele tomou o banho mais lento de toda a sua vida. Demorou se arrumando e até mesmo passou corretivo e alguns produtos de maquiagem em seu rosto na tentativa de conferir a sua tez pálida um aspecto mais saudável. Mas, a verdade é que ele estava apenas prolongando o tempo que ficaria em casa, porque a sua vontade era não sair dali.

No entanto, uma hora tudo enfim estava pronto e seu irmão mais velho já estava irritado com a sua enrolação, arrastando-o para dentro do carro quando o relógio marcou dez da manhã.

— Por Deus, Yoongi. Como você consegue ser tão lerdo? — reclamou, mas o jovem no banco do passageiro pouco se importou, permanecendo calado e com a expressão fechada. — No meu exame eu não consegui dormir de tão animado que fiquei para chegar cedo. Mas você… — Revirou os olhos. — Você fica aí se atrasando sem motivo.

Yoongi iria mais uma vez ignorar a fala do seu irmão, contudo, uma suposição veio a sua cabeça e ele tentou se aproveitar da presença do outro Min para obter uma informação.

— Hyung… — chamou e, ao ver o mais velho o olhar antes de voltar a sua atenção para a estrada, continuou: — Você fez parte da safra de 2935, não foi?

— Sim — comentou, finalmente arrancando com o veículo para longe da casa dos dois. — Você inclusive me levou no meu local de prova com o papai, lembra?

— Acho que eu era muito novo. — Ficou pensativo, calculando a idade que tinha na época do exame do seu irmão. Nove anos. — Você também fez seu teste no meu colégio, não foi?

Vendo o homem assentir, Yoongi o olhou com curiosidade.

— Por que tantas perguntas de repente? Você nunca teve interesse nesse assunto… — falou, percebendo o jeito ansioso do irmão mais novo.

— Por nada em especial — disfarçou.

Seu hyung ainda o olhou com desconfiança, mas não insistiu na pergunta já que Yoongi quase nunca se abria consigo.

No entanto, o garoto parecia inquieto, e isso era perceptível, principalmente quando ele não se conteve e perguntou:

— Você por algum acaso do destino conheceu algum Park Jimin quando participou da Colheita?

O Min que dirigia arqueou a sobrancelha.

— Park Jimin?

— Sim, sim. Você conheceu?

Ele forçou a memória.

— Acho que sim. Tinha um garoto com o sobrenome parecido com esse no prédio que eu fiquei. — Fez uma careta de dúvida, mas logo algo dentro de si pareceu fazer sentido e ele assumiu um olhar nostálgico. — Lembrei! Esse tal do Park foi o garoto que passou mal. Ele estava suando frio e vomitou a enfermaria inteira, foi nojento. — Riu, sem dúvidas exagerando em seu relato. — Era um medroso.

Yoongi não gostou da maneira como seu irmão se referiu a Jimin, mas preferiu não comentar nada para não provocar uma briga no carro. Em vez disso, permaneceu em silêncio, pensando acerca do que ouviu.

Então Jimin havia dito a verdade quando falou que não queria participar da Colheita. Ele só não esperava que o seu professor houvesse passado mal de tão nervoso que estava. E imaginar Jimin nessa situação o fez sentir um aperto no peito, coisa que ele já sentia desde antes de sair de casa, assim que acordou, mas agora parecia pior.

Na sua cabeça, a única certeza que passava era o quanto ele odiava o fato de que todos eram obrigados a passar por esse ciclo, mesmo nessas condições.

— Mas por que você quer saber disso? — questionou o mais velho, e Yoongi despertou dos seus pensamentos.

— Eu já disse, não é nada. Ele é só um conhecido meu. — Fez pouco caso, não deixando transparecer o quanto realmente estava curioso com esse assunto e o quão próximo realmente era do Park. — Você sabe me dizer se, por algum motivo, ele não conseguiu fazer a prova, por estar passando mal?

Seu irmão franziu a testa, achando graça.

— Como assim não fazer a prova? Isso é impossível. Não tem como alguém ficar sem fazer — murmurou, e Yoongi viu todas as suas teorias indo por água abaixo.

Mas, se Jimin havia feito o teste, por qual motivo ele havia falado aquelas coisas para si na sala de aula, insinuando não ter visto o seu futuro? E como assim Yoongi iria entender na hora certa?

Isso era tão confuso…

— Chegamos. — Escutou a voz do outro Min e um arrepio passou por seu corpo assim que o mais velho estacionou o carro, acompanhando-o até a entrada do colégio.

Passando por toda a burocracia do local, Yoongi se despediu do seu irmão antes de entrar no estabelecimento.

Assim como era de se esperar, o prédio estava lotado e diversas pessoas iam de um lado para o outro, apressadas. Não se sentindo no mesmo humor do resto dos jovens, ele andou lentamente, atento a cada detalhe ao redor.

Estava praticamente tudo igual no que se diz respeito à estrutura física do colégio; todavia, a maneira como tudo estava organizado com informativos sobre a Colheita e equipamentos de segurança mais reforçados deixava evidente que aquele não era um dia qualquer.

Yoongi lembrou das palavras do seu professor, dizendo que tudo ficaria bem, e pensou que, se Jimin que passou mal conseguiu enfrentar isso, então ele também conseguiria. Com isso em mente, tentou se convencer de que não seria tão ruim assim.

Assim que pegou a roupa oferecida por uma das pessoas do seu prédio de exame, Yoongi foi trocar as vestes, mantendo, das suas roupas originais, apenas o colar que ele possuía o costume de usar faz algum tempo. Mais precisamente, desde que a sua mãe o deu o objeto no seu aniversário de dezenove anos.

Ele segurou a correntinha em mãos e tentou encontrar um pouco de forças através dela, lembrando o quanto seus pais deveriam estar felizes por ele finalmente estar entrando na vida adulta. Mesmo com seu irmão o trazendo hoje, já que nenhum dos mais velhos o fez, por causa do trabalho, os dois conversaram com ele na noite anterior, dizendo que estariam orgulhosos, seja qual fosse o seu resultado profissional.

Pensar nisso, lembrando-se das palavras encorajadoras dos seus pais, incrivelmente ajudou bastante. E, quando ele menos percebeu, já estava sendo preparado para o teste, com o acompanhamento da equipe local.

O tempo passava lentamente e, à medida que algum medicamento era administrado em suas veias, Yoongi começava a se sentir sonolento.

Ele olhava ao redor, vendo os vultos brancos dos médicos passando de um lado para o outro, e seu olhos foram fechando sem que ao menos reparasse como estes pesavam. Ainda estava deitado na poltrona da enfermaria montada ali quando sua percepção foi sumindo até que um estado de inconsciência o tomou. Logo mais, ele seria levado até a ala de testes e submetido aos aparelhos do exame, imergindo no programa. Mas, quando Yoongi abrisse os seus olhos, o tempo já seria outro.

~~~~


Notas Finais: Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo 💜

15 de Junho de 2021 às 19:45 0 Denunciar Insira Seguir história
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