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Foram laçados pelas famílias, numa obrigação única, e sem data de termino. Isso era o que dizia no contrato. Também dizia que teriam que se comportar como marido e mulher, ou seja, viveriam juntos. E como conviver com uma pessoa que não conhece? Além de que, teriam que dormir junto em algum momento. Mas nem tudo, é o que parece ser. Barbara era uma virgem pacata, dedicada aos estudos e não tivera chance alguma de sair. Sonhava em fazer faculdade, mas isso não ia acontecer. Seus nervos estavam deixando-a atordoada, casar não estava em seus planos, embora suas vontades sempre estivessem trancadas em seu coração. — Acha mesmo, que eu teria coragem de fazer algo que você não queira? – Ele perguntou enquanto a olhava, sério. – A única coisa que obrigaram você a fazer, foi casar-se comigo. Suas pernas tremeram. — Eu quero! – Declarou hesitante. Ele riu. — Você, não sabe o que quer.


Erótico Para maiores de 18 apenas.

#romance #casamento-arranjado
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Um



Ela encarava sua imagem refletida no espelho emoldurado com ouro e prata.

Nunca pensou que se casaria com um contrato assinado por seus pais, e não por amar o homem ao qual se entregaria para sempre. Em nenhum momento, cogitou que sua vida fosse voltada ao século XVI; casando-se obrigatoriamente por interesses entre duas famílias.

Já era irritante o bastante, ter que aturar sua mãe, as regras que lhe eram impostas a sua frente, apenas para obedecer. De modo algum conviveu como uma criança, adolescente e, agora, como uma jovem normal. Apenas debaixo de regras e olhares de seus pais. E por isso, não tinha muitos amigos e, não teve experiências o suficiente para contar a seus filhos um dia. Sempre chamou atenção dos meninos, mas nenhuma vez, teve a oportunidade de ir mais além com algum.

E naquele dia, ela lamentava não ser dona de sua própria vida. Desceu o olhar tristonho pelo vestido que usava, era bonito, o sonho de qualquer noiva, menos o seu: um tecido leve, branco, com alguns detalhes em salmão. Descia até o chão tento consigo uma pequena e linda calda. O véu em sua cabeça terminava aos seus pés, a tiara de prata entre seus fios de cabelo loiro, destacava abundantemente.

O casamento aconteceria em menos de meia hora, estava pronta e com o buquê de flores em suas delicadas mãos que foram escolhidas e colidas especialmente para a data do seu casamento arranjado.

O noivo, certamente, estava a esperando no altar. E, claro, inteiramente ansioso para que tudo acontecesse. Não tinha o conhecido, e nem tentando conhecê-lo. Sabia apenas que seu sobrenome era Vicente. E isso foi à única coisa que quis saber ao seu respeito. Na verdade, sabia que ele não estava interessado naquele casamento e, sim, em seu corpo, a qual ainda era intocável e, permaneceria daquela forma. Ela suplicava aos céus.

Como o amor que nunca lhe chegou, sua vontade própria também não tinha vez; sua família estava indo a falência, e aquele casamento, compensaria tudo. Claro, ela odiou saber que seria usada como uma troca, e os Vicente a teria como um maravilhoso troféu para exibir.

Deixou que seus olhos se fechassem e, se conteve para que não viesse a chorar e borrar a maquiagem leve. Expirou para relaxar. Seu coração estava acelerado.

— Barbara. – a voz empolgada de Victoria se fez presente no quarto em que se encontrava.

A moça virou para ver sua mãe lhe sorrir animada e logo guardou o sorriso para mostrar-se triste em sua presença. Mas nada daquilo convencia Barbara de que era o certo a se fazer. Tinha total certeza de que quando as coisas ficaram feias na empresa, Victoria foi a primeira a empurrar a menina para os braços de um desconhecido, apenas para não perder sua posição.

Ser mulher de um ex-milionário era um tanto quanto bom, ninguém na mídia sabia, então, recomeçar com uma aliança com os Vicentes, seria uma boa. Esse era o pensamento da mulher parada na sua frente, com um sorriso morno. Barbara entreabriu seus lábios pintados de um rosa claro, nada muito forte em seu rosto, pelo menos isso, ela conseguiu naquele dia.

— Todos estão te aguardando. Você está tão bonita – declarou Victoria, ao tocar no rosto de sua filha.

Barbara era sim uma boa filha, uma vez que ficava calada e acatava todas as regras que lhe eram feitas. Sempre bem arrumada, guardada e escolhida a dedo para ser uma grande mulher, conhecida em todo mundo. Esse era o sonho de Victoria, e como não pôde realizar, tornaria a vida de Barbara no seu próprio sonho de infância.

— Ele está esperando – com certeza estaria. Barbara abaixou a cabeça, olhou para seus pés cobertos pelo tecido do vestido e sentiu um calor se apossar de seu ventre. Ela estava prestes a perde algo. Sabia disso, tinha certeza.

Quando se voltou para frente do espelho, ela ergueu a cabeça, convencendo-se que tudo que acontecia era normal. Afinal, estava se casando, com um homem rico, tentou sorrir, mas nada ali a animava. Sucumbindo ao desejo de sua família, mais uma vez, ela engoliu seu orgulho, seus sonhos, desejos, sua vontade e, riu como se tivesse totalmente feliz.

Tornou a fitar sua mãe e confirmou com a cabeça.

— Estou pronta.

— Certo – a mulher virou para sair, mas Barbara a puxou novamente. Estava com uma dúvida e, aquela seria a sua última noite pura. Queria pelo menos saber se poderia fugir daquilo, não amava o homem com quem casaria, então, era mesmo obrigada a se deitar com ele? – O que foi?

— Eu vou ter que... – Ela se calou, seu rosto ficou vermelho e, rapidamente, Victoria entendeu. Como uma mãe, normal, Victoria segurou-lhe as mãos, e beijou-as em seguida sorriu, confortando-a.

— Querendo, ou não, ele será seu marido. E se Ângelo Vicente querer, você vai ter que aceitar.

Barbara ficou calada, ela não era totalmente obrigada a deitar-se com um homem, e se ele fosse groso, o denunciaria, também não tinha obrigação em permanecer naquele contrato sendo que a única que sairia perdendo era si própria.

— Ele precisa me respeitar – ela sussurrou. Victoria inclinou sua cabeça para um lado e, depois soltou-lhe as mãos dando as costas a menina. – Mãe?

— Não faça nada que eu e seu pai não queremos. Tudo bem?

Barbara ficou calada, esse era o modo em que vivia, que sempre viveu: ouvia, se calava, e obedecia, como uma submissa a sua própria família.

Ela fechou os olhos novamente, escondendo seu orgulho, seus sonhos, desejos, sua vontade, seu eu.

Quando levantou a cabeça, expirou, calmamente. Em seguida, riu como se tivesse feliz. Não teria como voltar atrás, ou pelo menos impor alguma exigência. Seu destino estava escrito naqueles contratos que tanto odiou saber existir. Não tinha mais como mudar.

Suas pernas tremiam a cada passo que dava em direção ao seu destino escrito. Ofegou ao chegar à porta da igreja que se casaria. Seu pai estava parado lhe esperando, riu gentilmente, confortando-a como sua mãe quis fazer. Ela sorriu sem graça, sabia que Jorge queria mostrar-se forte e protetor ao mesmo tempo, mas Barbara sabia que ele não pensou duas vezes também, antes de jogá-la nos braços de um homem rico.

Tudo para salvar a família, e sua posição na sociedade.

A porta se abriu, e o vento soprou em seu rosto. A marcha nupcial começou a tocar. Barbara pôde ver o longo tapete vermelho a sua frente e, estremeceu no momento. Deu um passo para trás, talvez pudesse correr o mais rápido, e o mais distante possível. Ainda dava tempo. Jorge segurou-lhe o braço, rindo para os convidados mais próximos da porta. Barbara deu o primeiro passo engolindo a seco, riu para as pessoas, nem parecia feliz, e sim, uma completa desajustada que fora pega de surpresa vestida de noiva com um homem a sua espera.

Ela teve tempo de olhar para o altar enquanto caminhava, avistou o padre, sua mãe de um lado, e sua futura sogra do outro, com um homem alto e bonito acompanhando-a. O padre de branco e com um sorriso bonito no rosto. E para finalizar, seu noivo a esperava um tanto quanto nervoso, podia ver claramente suas mãos tremerem, revirou os olhos, se era apenas fingimento, ele podia atuar em qualquer novela depois daquela apresentação falsa de um casamento feliz.

— Eu não vou conseguir – seu coração sempre fora puro, diante de tanta falsidade para com sua pessoa. Fingir uma ação daquele nível, onde várias pessoas se apressavam para tirar uma foto sua, estavam a deixando constrangida e assustada. Sentia-se tão falsa quanto seus pais.

Ela apertou o braço de seu procriador, o homem que lhe aguardava era forte. Notava-se pelo físico coberto pelo tecido de sua roupa, sabia que era um homem atlético demais para seu gosto. Mas se fosse legal, ela deixaria passar, afinal, permaneceria com ele para o resto de sua vida. Isso também estava escrito no contrato, ela leu as vinte e duas páginas, inteiras.

— Apenas sorria – seu pai sussurrou sorrindo para algumas pessoas, ela fez o mesmo. – Não faça nada que eu e sua mãe não queiramos.

Mas um passo foi dado, e aquele longo tapete, realmente não parecia ter fim. Ela engoliu seu orgulho novamente, sua vontade própria, riu para os convidados parecendo uma noiva feliz em ser sorteada a casar com um dos herdeiros de uma fortuna com muitos zeros no final.

Nossa, porque estaria prestes a correr daquela igreja?

A cada passo que se aproximava o homem parado de estrutura rígida, a estudava de uma forma avaliadora. Vislumbrando-a com mais brilhos no olhar do que no salto da sua ex-namorada sentada a sua direita.

Havia visto uma foto antiga da sua bela noiva, e mandando dois homens atrás dela, somente para que tirassem fotos de sua pessoa. Ele não era tão burro de dizer sim na primeira oportunidade. Mas, nenhuma das fotografias que lhes foram trazidas, mostrava a real beleza que a menina ostentava naquele momento épico.

O vestido branco ela bonito, sem decotes ou glamour, e se tivesse sido a noiva a escolhê-lo, ele havia aprovado sua escolha; nada muito chamativo, gostava disso. Ângelo queria privacidade e um casamento calmo, sem que nenhuma rede de tevê o interrompesse, mas para seu desgosto, sua mãe fez questão de não deixar apenas uma rede de tevê entrar, e sim todas.

Ela dizia que seria o único casamento que faria de seu filho, e que teria que ser épico, o melhor casamento daquele século, e ela estava conseguindo. Pois estavam ao vivo em qualquer tevê que ligasse. Queriam uma parceria concreta e que todos pudessem ver, eles estavam conseguindo.

Todos sairiam ganhando, mesmo Barbara.

A moça delicadamente chegou ao seu lado. Os olhos verdes brilharam ao vê-lo. Era a primeira vez que se viam pessoalmente. Barbara entreabriu os lábios sem palavras para expressar, mesmo que não o amasse, conhecesse ou quisesse casar com ele, jamais negaria a beleza que o Vicente, tinha.

Ângelo riu de sua inocência barata, surpreendeu-se ao ver véu e grinalda naquela mulher. No Brasil, ainda dão valor a mulheres que se casam virgem, e esse era o caso de sua noiva. E mesmo que fosse indecente pensar, ele estava louco para ganhar o seu prêmio.

Dando um sorriso de canto para a mulher, ele virou para o padre. O sacerdote sorria para a menina e depois riu para ele. Ângelo imitou o gesto, mesmo que falsamente.

— Pode começar – o noivo declarou. Barbara o olhou novamente, de lado, o moreno parecia maravilhoso, embora estivesse carrancudo. Mas era apenas isso: Bonito.

O casamento havia saído perfeito, assim como as matriarcas da família dos noivos, planejou. A festa logo após, fora organizada na mansão Vicente e, quando os noivos chegaram, sentiram-se irritados com o barulho da música alta. No salão, os recém-casados, foram obrigados a dançarem juntos, e ali, foi o primeiro contato que tiveram. Tirando o selinho que deram logo após confirmar o amor que sentiam um pelo outro.

Todavia, não estava ali para dar nenhuma sugestão, apenas para obedecer ao que as famílias haviam dito.

Quando as pessoas tomaram conta da pista de dança, Barbara e Ângelo se viram livres de todos aqueles olhares e se separaram no mesmo minuto, indo cada um para um lado, sem dizer nada, apenas sorrindo, e cumprimentado as pessoas que iam até eles.

Barbara logo foi atrás de procurar algo que se sentasse. Ajeitou o cabelo que teimava em bagunçar e cair sobre seu rosto, culpa dele, por ser tão fino. Logo olhou para seus pés pequenos, o salto estava a matando.

— Doendo? – A voz de Ângelo soou mais perto do que ela queria. Bem devagar, a noiva olhou para o lado vendo seu marido sentar-se junto a si, e lhe oferecer uma taça, e pelo liquido amarelado, julgou ser um bom e puro champanhe.

— Eu não bebo – avisou, timidamente. O Vicente deixou a taça extra em cima da mesa e a olhou com mais atenção.

Observou o cabelo loiro atentamente, era charmoso, tão delicado.

— O que foi? – Barbara perguntou, despertando o Vicente de seus pensamentos sujos. Ele riu, terminando de beber todo o liquido de sua taça transparente, recomendadas especialmente para a ocasião.

Ele a colocou em cima da mesa enquanto buscava a outra cheia, voltou a sentar-se e inclinou seu corpo para frente, e sua boca chegou aos ouvidos de Barbara, que estremeceu no mesmo momento em que ouviu suas palavras:

— Se prepare! Você tem deveres, depois daqui – indagou sorridente e, afastou-se somente um pouco.

Barbara olhou para frente, mas simplesmente não enxergava nada. Abaixou a vista e fitou as pernas do Vicente, e consequentemente o volume entre suas pernas. Se arrepiou ao pensar na cena. Sempre sonhou com aquele momento, mas nunca pensou que ele chegaria cedo demais em sua vida, ou que aconteceria em um lugar que ela não gostava, e que o homem da historia seria um desconhecido, a qual não amava.

Entretanto, sua vida estava laçada à do Vicente, e seria uma esposa perfeita assim como sua mãe ordenou, querendo ou não, como sempre foi ensinada. Iria obedecer porque não tinha escolha. Somente por isso. Também não bancaria a filha que destruiu a vida de seus pais, mas não se mostraria tão submissa diante de seu marido.

Ela não era uma mercadoria que podiam vender, trocar, anunciar ao vencedor, e logo ser erguida como um troféu; era dessa forma que ela se sentia.

Naquele momento, ela engoliu o orgulho, seus sonhos, seus desejos, sua vontade e confirmou como se tivesse feliz:

— Vá se ferrar. - Murmurou devagar, mas o suficiente para o marido escutar e lhe sorrir de volta.

21 de Março de 2021 às 01:52 0 Denunciar Insira Seguir história
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