No silêncio da madrugada os meus demônios vem me visitar
Primeiro vem a insônia, que afugenta qualquer vestígio de quietude
Então ela se senta à mesa como uma velha anfitriã
Abre a porta das minhas entranhas e convida a tristeza, a culpa, a ansiedade e
a solidão
Todas juntas tomam café e conversam como velhas amigas
Enquanto planejam como remexer com tudo que existe dentro de mim.
Em consequência do café quente o meu corpo fica febril
A tristeza vem primeiro, derruba todos os meus pensamentos positivos sobre tudo
Sussurra palavras amargas, tal qual o café na sua xícara
Fazem o meu ser sentir que a felicidade foi morar em outro lugar
Tão distante que os meus olhos já não podem mais enxergar.
A culpa me olha como juíza e soberana; me julga de nariz em pé
Faz acusações tão maldosas que me sinto culpada de coisas que nem compreendo
Me projeta memórias e lembranças distorcidas na qual eu sempre sou a vilã da história.
A ansiedade vem em seguida, me demostra como uma mestre do ar usa as suas habilidades
Abre a boca e suga bem devagar todo o ar dos meus pulmões
Me esqueço de como respirar
Busco oxigênio
Não o encontro
Só existe o vazio tão preto quanto o café em sua xícara
Então a solidão, como a última a convidada a fazer as honras,
Cutuca as feridas da minha alma
As feridas que nem o tempo conseguiu curar
Me faz sentir a garota solitária que sempre fui
Me faz chorar ouvindo músicas de artistas mortos que ninguém mais escuta
Então, depois de feitas as honras,
Me abandonam
Me deixam sem sono, sem felicidade, sem par, sem ar
Ao menos até a próxima visita.
Obrigado pela leitura!