A noite fria de inverno avança na região rural no sul do país, Aline já retornou do seu trabalho na cidade onde realiza trabalhos administrativos em um escritório de contabilidade. Na solidão de sua humilde casa ela se apressa em finalizar seus afazeres domésticos, quer terminar tudo antes das 22hrs para poder descansar, há dias busca por uma noite de sono tranquila que parece ter desaparecido de sua vida.
Após lavar a louça se entrega em sua banheira onde tenta relaxar, alguns minutos depois o único ruído perceptível é o de gotas caindo da torneira em um ritmo hipnotizante e das criaturas noturnas que rodeiam a casa de campo, grilos e corujas que elevam o clima do lugar para uma tensão mórbida. Aline há várias noites tem tido problemas para dormir, suas olheiras não escondem sua dificuldade noturna. Ela sai da banheira e com uma toalha ao redor do corpo caminha pelo corredor até seu quarto, no trajeto cruza com Baxter, seu gato cinza que rodeia seu calcanhar pedindo ração, ela retorna até a cozinha, a tensão em seus nervos aumenta, ela sabe que logo iniciará o tormento que vem se repetindo por vários dias, pega a ração no armário e despeja o suficiente para Baxter passar a noite. Tensa ela retoma o caminho até seu quarto, se senta em na cama e inicia a hidratação pelo corpo, tudo é válido para tentar uma boa noite de descanso, chegou a comprar remédios, porém os efeitos colaterais só pioraram coisas, desde então tenta relaxar de forma natural. De repente um ruído estranho do lado de fora da casa lhe chama a atenção, tensa ela corre os olhos pela fresta da janela sem encontrar nada além de insetos que rodeiam o poste em frente da casa.
Sentada de frente para o espelho inicia outro processo de relaxamento, a escovação de seus cabelos longos cabelos negros, para evitar qualquer interrupção de ruídos esternos ela liga seu mini system que inicia tocando Roxette – I Must Have Been love, na sequência outras baladas dos anos noventa tocaram até que finalmente ela se deita e adormece, rapidamente entra em sono profundo, na casa apenas o som de tic tac do relógio Cuco da sala, herança de família, de repente mini system para como se a bateria tivesse descarregada, agora o som do antigo relógio invade a casa. O ponteiro do despertador no criado mudo avança rapidamente e quando marca 03:04hrs Aline estremece enquanto dorme, como se um calafrio percorresse todo seu corpo e então a perturbação noturna se inicia.
Um choro distante vai invadindo o interior da casa e Aline vai aos poucos despertando de seu sono lentamente até que o choro aumenta seguido por gemidos. Aline acorda, mais uma noite de descanso interrompida, seus nervos querem saltar para fora, sua cabeça recebe pontadas que parecem enlouquecer. O choro mesclado gemido aumente e parece dominar a mente de Aline, que se senta na cama e coloca suas mãos na cabeça e também passa a gritar enlouquecida.
“Pare de chorar, me deixe em paz” cada vez que Aline pede para os lamentos pararem eles aumentam mais ainda como uma afronta. “Cale-se você está me enlouquecendo”.
Já em seu limite, Aline veste seu roupão corre desesperadamente pelo corredor da casa abre a porta e sai correndo pela escuridão da noite. O terror que lhe aflige é tão intenso que ela não se incomoda com frio da madrugada, após alguns metros percorridos em uma noite sem luar ela finalmente chega a um cemitério que pertence a sua família, se joga em um túmulo e chora. “Mãe, pare com isso, já fiz tudo o que podia, me deixe em paz”.
#arrepiainks
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