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"O corpo da minha mãe jazia sem vida no chão. Todos pensaram que eu a tinha matado, mas não fui eu. Do outro lado da sala, pude ver a pessoa que fez isso, mas denunciá-la me condenaria completamente."


Suspense/Mistério Para maiores de 18 apenas.

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Capítulo Único

O corpo da minha mãe jazia sem vida no chão. Todos pensaram que eu a tinha matado, mas não fui eu. Do outro lado da sala, pude ver a pessoa que fez isso, mas denunciá-la me condenaria completamente. Ambas usávamos uma máscara de demônio, o que deixa a cena ainda mais assustadora. Sorrindo ela se afastou do quarto escuro, deixando-me sozinha com o corpo, minha tia e meu primo.

Tentei manter a calma, mas parecia impossível. Meu peito chega a doer, de tão rápido que meu coração está batendo. Em desespero pulei pela janela, pois poderia ser suspeita deste crime. Mesmo de máscara e com a escuridão da noite, tenho medo de ser reconhecida e condenada. Corri até onde meu fôlego conseguiu aguentar e, olhando para trás, avistei várias viaturas chegando em casa. Pude ouvir as sirenes ficando cada vez mais longe, enquanto me embrenhava em uma floresta que existia perto do local.

Agora preciso pensar em algum jeito de entregar a pessoa que assassinou minha mãe. Isso era para ser uma brincadeira de Halloween, mas tomou proporções que eu nunca imaginei que fosse possível. Talvez eu devesse parar de pregar peças nos outros, porque não é a primeira vez que dá errado. Se pudesse voltar no tempo, eu chamaria outra pessoa para participar das minhas brincadeiras, já que sempre que chamo ela, as coisas saem um pouco de controle.

Ok, não é hora de pensar nisso Mika. Você precisa encontrar uma solução para isso. Você sempre conseguiu consertar todas as suas brincadeiras, certo? Pensando sobre, não parece ser tão fácil desta vez. Eu só quero alguém para desabafar porque não sei o que fazer, não sei o que sentir a não ser desespero.

Em meio ao choro, lembrei da minha melhor amiga. Talvez Clara possa me ajudar com essa bagunça, afinal, ela sempre me socorre quando preciso. A casa dela não fica muito longe da minha, então consigo ir a pé até lá. No caminho precisei manter a calma, pois haviam policiais em tudo que é canto. De relance, consegui enxergar o corpo de minha mãe todo coberto por um pano branco, sendo levado à ambulância. Chorando segui em frente, porque preciso de uma solução urgente. Não quero ser culpada pela morte dela.

Cheguei a casa de Clara e percebi que a luz de seu quarto estava acesa. Bati na porta da frente, tentando secar as lágrimas do meu rosto enquanto esperava ser atendida. Não demorou muito e uma mulher apareceu, com seus longos cabelos cacheados e pretos, olhos castanhos escuros que brilhavam com o reflexo da lua, um sorriso no rosto que acalma um pouco meu coração. Esta é a mãe de Clara. Ela sempre me transmite paz quando estou a ponto de explodir.

“Mika! Tudo bem? Entre por favor”, a mulher exclamou feliz em me ver. Acho que estou conseguindo disfarçar um pouco o nervoso, já que ela não comentou nada. “Clara está no quarto dela assistindo TV. Pode ir lá, ela vai amar ver você.”

“Muito obrigada senhora Kelly”, respondi com a voz um pouco trêmula. Meu estado emocional está uma desgraça, mas não posso deixar isso transparecer. Não na frente da mulher, pois ela e minha mãe eram muito amigas. Sabe-se lá o que Kelly pode fazer comigo se souber de toda essa merda.

Com os passos pesados, fui até o quarto de Clara e bati na porta, pedindo licença para entrar. Ouvi ela gritar um “pode entrar” meio abafado e, mais que depressa, abri a porta e adentrei o local. Quando me virei para encará-la, fiquei em choque. Uma garota de cabelos curtos e loiros, olhos azuis como o céu durante o dia, estatura média, corpo magro e pele clara estava presente ali, me encarando com um pequeno sorriso. Minha amiga olhou assustada para nós duas, afinal a outra menina é praticamente uma cópia minha.

“O que está acontecendo aqui? Mika isso não tem graça. Eu sei que tu gosta de pregar peça nos outros, mas isso não tem graça!”, Clara falou tremendo um pouco. Não a culpo por isso. Até eu ficaria assim se estivesse numa situação dessas.

“Olá maninha. O que faz aqui? Estou no meio de uma conversa séria com a minha amiga.”, a garota falou calmamente olhando em meus olhos. “Mamãe não te ensinou que é feio interromper a conversa do outros?”, a pergunta fez meu sangue ferver e, sem pensar nas consequências, parti para cima dela.

“Mila o que você fez? Aquilo era para ser uma brincadeira! Por quê fez aquilo?”, questionei furiosa, me segurando para não bater nela. Eu senti cada parte do meu corpo esquentar de raiva. Não posso perdoar o que ela fez.

“Por favor gente calma! Mika o que ‘tá acontecendo? Por que você matou sua mãe?”, Clara perguntou, com seus olhos castanhos escuros cheios de lágrimas. “Você pode se abrir comigo, eu prometo não contar à ninguém! Só fala o que ‘tá acontecendo!”, ouvi cada palavra desesperada sair da boca dela e, após isso, silêncio.

De repente fui parar em um lugar vazio, escuro. Não há nada aqui a não ser a escuridão, tão densa que é possível sentí-la na pele. Ao fundo, ouço uma voz familiar. Uma voz dizendo que tudo vai passar, que meus problemas serão resolvidos quando eu a silenciar. Ela é a culpada desse crime, não eu. Ela quem matou minha mãe, não eu. Ela não é minha irmã.

Após ouvir essas palavras, minha visão foi clareando aos poucos. Minha audição foi voltando também e, com isso, passei a ouvir gritos desesperados vindos de Clara. Tudo está parecendo borrões em minha frente. A única coisa que consegui distinguir foi o sangue em minhas mãos, junto a uma faca que surgiu do nada.

Minha visão logo ficou boa, então pude processar toda a cena a minha frente. Clara está gritando desesperadamente, com um corpo em seu colo. Ela tentava estancar o sangue, que não parava de jorrar da ferida localizada no peito do cadáver. Ao lado dela, Kelly estava ligando para alguém que não consegui distinguir. O corpo? Estava imóvel e quase sem vida. É praticamente impossível sobreviver a esses ferimentos. Como eu sei? Minha mãe morreu assim.

“Para quem você ‘tá ligando…?”, perguntei calmamente com a faca em mãos. “Ela mereceu isso. Foi ela quem matou minha mãe.”, divaguei enquanto ouvia uma voz ao longe, dizendo que eu precisava de me livrar das duas também.

“Mika pare com isso! Por favor me deixe te ajudar! Prometo fazer o que for possível para você ficar sã!”, a mulher falou trêmula, pondo-se em frente de Clara e Mila. Não quero fazer isso, mas é necessário.

“Adeus Clara, adeus senhora Kelly. Foi bom enquanto durou.”, disse minhas últimas palavras à elas e corri em direção a maior.

Mais uma vez a escuridão me cegou, parecendo estar mais fria que antes. A densidade era a mesma, se não maior. A voz parece mais forte e grossa, marcando sua presença e dominando minha mente. “Você fez o certo, minha menina. Agora só falta uma coisa. Você tem coragem de cumprir esta missão?”, ecoando em minha cabeça ela perguntou em tom debochado.

“O que ‘cê quer que eu faça? Já não é o suficiente? Não tenho nem a quem culpar mais.”, respondi com raiva. Se não fosse por essa voz, eu estaria numa boa curtindo o halloween com minha família.

“Você tem a quem culpar.”, recebi como resposta. Quem eu iria culpar afinal? Eu estou com uma faca e três corpos comigo. Não vou conseguir sair dessa sem punição. “Você pode alegar legítima defesa. Sua irmã as matou e você só se defendeu.”, ouvi a voz me dizer a coisa mais absurda que já ouvi. Minha irmã não matava nem barata, quem dirá matar uma pessoa?

“Isso não faz nem sentido, sua merda. Tu me enfiou nessa situação e agora eu me ferro sozinha?”, questionei furiosa olhando para os lados. Como imaginei, não havia nada ao redor também.

“Eu te enfiei? Você se condenou sozinha. Apenas lhe dei ideias do que fazer. Ao contrário de você, sei muito bem usar facas.”, seu tom era mais macabro do que antes. O que ela quer dizer? Até eu estou ficando com medo agora. “Como prova de minha gratidão por ser ouvida, irei lhe mostrar o quão bem sei usar esse instrumento.”, seu timbre ficou tremulante, assim como todo o lugar em volta de mim.

Aos poucos percebi meus sentidos voltarem novamente. Desta vez, uma enorme dor se apossou de meu corpo. Tentei focar a visão para entender o que estava acontecendo, mas ela ficava mais turva a cada momento. Usei minhas mãos para apalpar o local dolorido. Em meu pescoço, pude sentir a faca cravada até o chão, dilacerando minhas cordas vocais. Isso me impediu de gritar por ajuda. Fiquei ali me debatendo, sentindo meu sangue jorrar, vendo minha vida se esvair de meu corpo.

“Eu falei que conseguia usar uma faca”, a voz debochou e, logo em seguida, soltou uma risada assombrosa. Notei que não sentia mais dor alguma, então tentei focar a visão novamente. Eu estava flutuando acima da casa de Clara, vendo os policiais adentrarem o local. A cena era perturbadora e caótica, chocando a todos que estavam lá. Minha tia e meu primo acompanhavam os policiais. Pude presenciar o desespero dela ao ver todas nós mortas, cheias de sangue.

“Como castigo eterno e por ter me obedecido, você passará a eternidade revivendo a noite de hoje.”, a voz ecoou e, numa risada sinistra, sumiu em meio a escuridão.”

E lá estava eu de novo, com o corpo da minha mãe sem vida no chão.

10 de Outubro de 2020 às 01:48 2 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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CohenHiraMi 💻📸🌺 Ciência da computação | Leitora | Escritora | Haikyuu | Ordem Paranormal | Digimon | Pokémon | Steven Universe | Undertale | Cesar/Kaiser stan | Bokuto stan

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Isís Marchetti Isís Marchetti
aaaah eu amei esse conto! Sabe, eu tenho uma irmã gêmea e agora tô com medo.
October 27, 2020, 18:37

  • CohenHiraMi 💻📸🌺 CohenHiraMi 💻📸🌺
    Que bom que gostou! Fico feliz em saber disso! <3 Eita nóis, tome cuidado kkkkkkkk Muito obrigada pelo comentário! Isso me deixa bastante feliz e me ajuda nos projetos futuros! <3 October 28, 2020, 22:10
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