autoracarolfurtado Carol Furtado

**Esta história está publicada na Amazon** https://amzn.to/2SD2sOI Dois anos depois da partida de Jason, Ariel já está com tudo pronto para sua viagem. O acordo que eles fizeram, começa a ser testado. Será que vai dar certo? Será que eles ainda estarão tão apaixonados quanto antes? Leslie tem certeza do que quer: todos os amigos juntos como antes. Jack, não quer aceitar o que a namorada impõe e isso a faz ter muita raiva. Será que ele não vê que eu só quero o nosso bem? Por que ele é tão teimoso?? Sem contar com um pai muito sem noção que arranja muita encrenca! Será que Leslie consegue manter a calma que ela não tem? Adolescência. A fase que sempre nos trás muitas dúvidas e muitos questionamentos. Uma idade que faz toda a diferença. É aqui onde nos tornamos quem somos na idade adulta. Ariel e Leslie vão passar por mais um monte de provações com os seus maravilhosos namorados.


Romance Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#amor #basquete #canada #distancia #ensino #musica #romace #superior #viagem #violao
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Capítulo 1

ARIEL


- Que droga, Nick!!!! Saí do meu quarto!!! Sempre que você volta da faculdade é desse jeito. Saco! – Derrubo meu irmão de cima da minha cama, onde ele está todo esparramado.

Desde o ano passado tem sido assim: toda vez que ele volta da faculdade ele se joga na minha cama. Não sei se de saudade ou para me fazer raiva mesmo. Prefiro ficar com a segunda opção.

- Tô morrendo de saudade, maninha! Passo seis meses longe e é assim que você me recebe? – Desde que criaram o sistema igual as faculdades do Estados Unidos aqui, os ensinos superiores estão melhores. Os alunos fazem o vestibular e se passam, recebem todo o apoio do governo, como bolsas de estudos, que incluem material didático, alimentação e moradia. Por isso que esse idiota do meu irmão está aqui, querendo matar uma saudade que finge ter. O encaro de braços cruzados erguendo uma sobrancelha. – A minha namorada me abandonou e eu não sei mais o que fazer!

- Deixa de drama que ela tá casa da mãe dela. – Ele ainda namora com a Jade, irmã do Jason, meu ex-namorado. Eles estão no mesmo campus.

Jason.

Sempre que penso nele, a minha mente viaja. Acho que é culpa daquela cara idiota que ele sempre fazia para mim. Esses anos que a gente passou separados não me fazem esquecer que ele foi o meu primeiro amor, na verdade, ainda é.

- É, mas já fazem três horas que ela tá lá e ainda não falou comigo!

- Não sabia que você era dramático desse jeito. Levanta daí e vai chamar ela logo. A mamãe disse que fez o prato favorito dela.

Nick se levanta e bate a poeira invisível da roupa. Ele me encara e me abraça.

- Eu sei que você ainda pensa nele. Não fala sobre isso pra não ficar triste, mas se precisar, eu estou aqui. – Depois do discurso melodramático, me solta e sai, batendo a porta do quarto.

Quando ele volta da faculdade, faz a mesma coisa. Fico sempre sem dizer nada. Não tem o que dizer. O Jason foi embora e não por opção, mas porque os avós dele precisavam. Aquele dia foi o mais difícil para mim. E sempre que eu penso nele, meu peito doí, como se ele tivesse acabado de sair por aquela porta.


DOIS ANOS ANTES.


- Vamos pra casa, Ariel. – Nick fala gentilmente, me puxando da calçada, onde eu estava, parada olhando o carro dobrar a rua e partir com o único garoto que eu já amei e não consegui dizer. Mas de certa forma, foi bom. Ainda não tinha certeza se era isso mesmo que sentia. Nick não sabe, mas me fez um favor. Palavras ditas, não podem voltar a atrás e talvez o que eu dissesse poderia fazer o Jason desistir da viagem, se bem que ele nem queria ir mesmo.

Sigo meu irmão, que me conduz pela mão. O domingo parece mais sombrio e tenebroso do que se estivesse chovendo. Um vento gelado corta meu coração em dois e não consigo conter as lágrimas que segurei, até o momento de ele ir embora.

Tentei passar toda a força de que ele precisava, não demonstrei um segundo sequer de fraqueza. Eu estava bem, estava segura... por fora. Por dentro, eu estava destruída. Tentava gravar na minha mente todos os momentos que passamos juntos, correndo de um lado para o outro, tentando reunir os documentos que faltavam para a sua partida. E sempre que eu tinha a oportunidade, prendia-o em alguma parede afastada para me aproveitar de seu corpo malhado. Ele me permitia fazer essas coisas e eu não desperdiçava a oportunidade. No dia que eu falei para ele que era com ele que eu queria ir para a cama pela primeira vez, não foi de brincadeira. Queria mesmo. Acho que não vai passar esse pensamento tão cedo.


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Aquele dia todo passou como um borrão. Fiquei trancada no quarto e só saía para fazer as necessidades básicas. Minha mãe tentou falar comigo algumas vezes, dizendo que isso ia passar, que eu era nova e que para mim, parecia o fim do mundo. Não queria ser indelicada com minha mãe que estava fazendo de tudo para me ajudar a passar por isso. Só dizia para ela, que em uma coisa estava certa, aquela fase ia passar. E no resto do tempo que eu tinha, ficava olhando para as fotos que eu fiz ele tirar para mim. Aquele idiota. Sempre fazia uma cara engraçada, menos uma, que é a proteção de tela do meu celular.

Essa foto, eu consegui tirar no dia que ele veio aqui em casa falar com a minha mãe sobre o nosso namoro. Jason estava todo sério falando com ela, tudo que pensava sobre o nosso relacionamento e como iria levar as coisas. Eu estava rindo da forma rígida que ele adotou para o momento e mexendo no celular. Quando ele começou a falar do quanto ele gostava de mim, me olhou nos olhos e eu consegui capturar com a câmera o que eu via todos os dias no seu rosto, desde o primeiro dia de aula. Seus olhos azuis brilhavam com tanta intensidade, que parecia que eu estava olhando o fundo de um lago. Sua boca larga em um sorriso de dentes perfeitamente alinhados e brancos. As covinhas que aparecem nas suas bochechas, o deixam muito mais charmoso e tudo isso emoldurado por um queixo levemente quadrado. Acho que quando ficar mais velho, ficará mais acentuado. Definitivamente, meu namorado é lindo. Quer dizer, ex-namorado.

Fecho os olhos com força. Não quero lembrar disso, pois não sei quanto tempo vou passar sem vê-lo.

Depois de chorar por alguns minutos, acabo por dormir. Acordo assustada e olho para o relógio do celular, já está escuro e são 01:45hs. Me levanto, vou até a cozinha tomar um copo de água, passo no banheiro e olho a minha cara. Horrível. Tomo um banho e mudo de roupa. Não tinha trocado antes, porque aquela estava com o cheiro dele. Como um cara que eu conheci por apenas um mês foi capaz de me fazer agir como uma idiota? Eu nunca vou saber. Volto para o quarto e me jogo na cama. Pego o celular e meu corpo todo treme. Vejo o nome do Jason aparecer em uma chamada pelo Skype. Tento parecer bem e abro um sorriso.

- Oi, Jason? Como foi de viagem? Chegou bem?

- Sim. Cheguei bem. – Seu sorriso maravilhoso aparece na tela e eu sei que está tão triste quanto eu. – Queria dizer que eu li. – Abro bem os olhos em surpresa. Não lembrava mais que havia entregado a caixa para ele. Escondo o rosto com as mãos.

- Não acredito. – Ele sorri.

- Por que não? Não são minhas? Tinha que ter lido antes e quando foi que você tirou todas essas fotos?

- Quando você não sabia que eu estava no lugar. Queria ter um registro seu, quer dizer, nosso. – Várias das fotos que eu mandei para ele eram nossas juntos e algumas dele sozinho, em quadra, onde eu amava ficar olhando para ele.

- Me pegou totalmente de surpresa. E por que você não me deu essas cartas antes?

- Bom, eu não sabia como você iria reagir. Uma doida que te conhece a menos de um mês escrevendo cartas desse jeito. – Dou de ombros.

- Não acho você doida e nem teria rejeitado suas cartas.

- É. Você me ligar uma hora dessas, prova muito bem isso. – Ele sorri e mostra as cartas.

- Eu queria falar com você ainda hoje.

- Bom, aqui já é segunda-feira. – Sorriu.

- Não importa. Aqui ainda é domingo e eu preciso te pedir uma coisa. – Fico atenta para todas as palavras que ele vai falar. Ele suspira, olha para os lados e finalmente me encara. – Esquece o que eu falei. Não precisa me esperar. É melhor.

- Melhor pra quem? Pra você? Que vai se ver livre da obrigação de ter uma virgem idiota esperando por você aqui? Que deixou o coração dela com você? – as palavras que ele me disse, me deixaram com tanta raiva que eu não pude deixar de verbalizar isso. Seu rosto se contorce de dor, tanto quanto o meu.

- E você acha que o meu tá onde? Você acha mesmo que eu tô falando essas coisas porque quero estar livre aqui? Pra falar a verdade, eu nunca quis um relacionamento, mas inacreditavelmente, agora, eu só quero ter um e é com você e te ver todos dos dias à distância, sabendo que não vou poder te tocar, te beijar, te levar pra casa, pular a sua janela... é torturante demais pra mim. – Ele passa as mãos exasperadamente pelos cabelos e quando volta a me olhar, eles refletem uma tristeza tão profunda que eu entendo agora o que ele quis dizer. Que me ver não é suficiente. E com a compreensão disso, eu tenho uma iluminação, por assim dizer.

- E se eu disser pra você que eu vou morar no Canadá. Com você? Qual cidade, você está? – Ele me olha com muita surpresa.

- Toronto, mas o que você quer dizer com vir morar aqui?

- Não sei, mas eu vou dar um jeito. Nem que eu tenha que arrastar o Jack e a Leslie comigo. – Ele sorri e balança a cabeça.

- Você não existe e é doida mesmo. Para de pensar maluquices, Sereia. Se der certo, como você vai vir pra cá? – Ele levanta uma sobrancelha. Tenho certeza que ele não acredita no que eu acabei de falar, mas assim como ele é cheio dos planos, eu também posso ser. Sorrio para ele.

- Como eu disse, não sei. Mas eu quero que você me prometa uma coisa. – Suspiro e reúno toda a coragem que eu tenho em mim e falo. – Se um dia, você me esquecer, me avisa! Me avisa que eu paro tudo que eu estiver fazendo. – Vejo espanto em seu rosto, mas também vejo uma certeza, que isso nunca vai acontecer.

- Como se isso fosse acontecer algum dia. – Seu sorriso ilumina a minha vida. – Amanhã eu vou saber com os meus avós quanto tempo eles querem que eu fique aqui ou que eles vão ficar aqui. Provavelmente a vida toda, porque eu fiquei sabendo que eles venderam a casa que eles tinham aí. – Ele balança a cabeça e rir. – Eles não têm um pingo de juízo.

- Você teve a quem puxar então.

- Pois é. Mas agora eu tenho que ir. Já já vou conhecer a escola nova e os meus professores. E você tem aula também que eu sei.

- Tenho sim, mas não será a mesma coisa sem você.

- O mesmo pra mim. – Ele olha para baixo. Não sei porque a minha vida foi tão complicada.

- Jason?! – ele levanta os olhos. – Tenho uma coisa pra te dar. Mas só quando eu conseguir o que eu quero.

- Eu não sou muito fã de surpresas. Começa falando essas coisas que eu pego um avião de volta, amanhã mesmo. – Gargalho da sua frase e me lembro do dia que ele disse que ia fazer uma pergunta em uma semana. Juro que tentei me controlar, mas não consegui. Tudo que eu fazia, me lembrava que em uma semana ele me faria uma pergunta e milhões de possibilidades apareceram na minha cabeça. Vou fazê-lo provar do próprio veneno.

Sorrio maliciosamente para ele.

- Tem calma que vai dar tudo certo.

- Realmente eu espero que sim. – Alguém bate na porta do seu quarto. – Oi, Vó.

- Tá falando com quem meu filho? – Uma senhora de cabelos bem escuros aparece ao fundo da imagem. É a mesma tonalidade dos de Jason.

Ela é alta e tem uma vivacidade no olhar que dá para saber que é uma mulher forte. Tem um rosto arredondado e usa aqueles óculos bem delicados, tipo os de leitura na ponta do nariz. Seus olhos são azuis também. Está vestindo um suéter listrado, junto com uma calça de tecido grosso, como se fosse de lã. Pelo menos, olhando daqui parece.

- É a minha namorada, vó. – Namorada! Isso me deixou muito feliz. Ele ainda pensa em mim assim. É, parece que eu ainda tenho chance.

- Namorada, é? Você não me disse que tinha uma.

- Pois é, vó, eu tenho. – Ele olha para mim e revira os olhos. Sorrio. – Essa é Ariel, Vó. Ariel, Dona Ilária.

- Oi, minha filha. Quando que você vem pra cá? – essa pergunta me surpreende, mas nem tanto assim. Agora eu sei de quem Jason puxou toda essa impulsividade.

- Como a senhora sabe disso?

- Ora minha filha. Esse moleque aqui, - ela empurra a cabeça do neto – passou a viagem de carro inteira com cara de quem só comeu limão durante o voo. E agora eu chego no quarto e vejo o melhor sorriso dele estampado nos olhos. Ainda mais que você tem o mesmo sorriso. Sem contar que é desperdício deixar um partidão que nem o meu neto solto por aqui. – Ela se aproxima da tela e fala como se não pudesse ser ouvida por Jason. – Você tem que vir rápido. Não sabe o quanto de mulher bonita tem nesse lugar.

- Vovó!!! – Jason a repreende. – Não fica falando essas coisas.

- É verdade. – Continua ela. – Quando ele ia ficar com a gente, lá na nossa antiga casa, todas as meninas do bairro queriam ficar perto dele. E todas elas sempre diziam que ele era muito lindo. Na verdade, ainda é. – Seu sorriso de orgulho me fez perceber que essa viagem dele não poderia ter sido diferente.

- Nisso, eu tenho que concordar com a senhora.

- Pois é, então corra. Se quiser posso lhe ajudar a chegar mais rápido. – Ela pisca para mim.

- Vó, deixa de dar ideia errada pra Sereia, por favor. E o que a senhora tá fazendo acordada. Era pra tá na cama, já! – ele a olha bravo, mas sei que não é um bravo de verdade. Ele tem muito carinho pelos dois. Com esse pensamento, começo a sorrir. – Vá para o quarto que eu já faço o seu leite e levo pra senhora. O vovô ainda tá acordado?

- Tá fazendo aquelas palavras cruzadas. Nunca sei metade do que é perguntado. – E sorri.

- Tá bom. Vou só me despedir da Ariel e vou pra lá.

- Tudo bem, meu filho. – Ela vai se virando para sair quando o neto a chama de volta.

- Vó? Quanto tempo vocês pretendem que eu fique aqui? – Sinto sua angustia no momento que as palavras saem da sua boca. Meu coração fica muito apertado, pois não quero que eles pensem que eu sou o único motivo de Jason não querer ficar com eles por muito tempo.

- Meu filho, – ela se aproxima dele e senta ao seu lado. Acho que esqueceram que eu ainda estou ouvindo – seu avô e eu, não temos muito tempo e não queremos voltar para o Brasil. Pensamos em ficar por aqui e queremos lhe dar um futuro melhor, que sabemos que lá você não vai ter. – Sinto os ombros de Jason cair. O que ele disse é verdade mesmo. – Mas se você quiser voltar pra sua namorada, pode ir.

- Não, vó. A Ariel entende e a gente... – não deixo que ele termine a frase.

- Vai dar um jeito e eu vou morar aí também. – Vejo o rosto dela se iluminar. A ideia de perder Jason para os avós é substituída pelo sentimento que eu tenho, agora mais do que nunca, que encontrar uma forma de estar perto dele. Não posso ser egoísta em dizer que eu quero que ele volte correndo para mim, quando os avós também precisam dele.

- A gente vai? – Jason me olha confuso.

- Ótimo. Vou deixar que vocês continuem conversando. – Ela pisca mais uma vez na minha direção e sai do quarto.

- Sereia, não quero que faça nada estúpido.

- Pode deixar, aprendi com o melhor. – Pisco para ele, que baixa a cabeça e balança negativamente.

- Você não existe.

- Existo sim e não estaria fazendo uma loucura dessas se não fosse por você. – Sorrio mais uma vez. – A conversa tá muito boa, mas eu realmente preciso ir. Tô morrendo de sono. – Sinto os olhos pesarem.

- Também tô cansado. Desde a hora que eu cheguei, ainda não parei, nem um banho tomei. Passei a viagem inteira me perguntando o que tinha nessa caixa e não conseguiria esperar até amanhecer para ler. – Ele me olha e sinto o peso da distância e uma tristeza súbita me atinge. Ele tem razão. É muito doloroso vê-lo, mas não poder tocá-lo. Nem sei quanto tempo vai levar até a gente se ver de novo.

- Queria você aqui. – Ele suspira cansado.

- Nem me fala, Sereia. Tudo que eu mais queria era poder pular a sua janela agora e te abraçar. – Penso nisso e posso ver, nitidamente, aquele dia que ele pulou a minha janela para me consolar da separação dos meus pais. Parece que foi a tanto tempo.

- É, mas ainda não dá pra fazer isso. A gente se fala amanhã?

- Sereia...

- Tudo bem, eu só queria te ver, mas você tem razão. É pedir pra sofrer desse jeito. – Tento sorrir, mas quando encaro seus olhos, estão marejados.

- Desculpa, Ariel. Por tudo que eu te fiz passar.

- Não desculpo, porque sem isso eu não teria vivido o melhor mês da minha vida. Até qualquer dia, Jason. E não esquece da promessa que você me fez.

- O mesmo vale pra você. – Sorrio, solto um beijo em sua direção e ele finge que segura no ar e coloca na boca. Que saudade daquela boca e é porque não faz nem um dia direito que ele foi embora.

Desligo, mas agora não tenho mais tanta tristeza no coração, é mais uma certeza de que eu irei até lá, ficar com ele. Mesmo que no fim das contas não dê nada certo.


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Depois da conversa que eu tive com o Jason, passei vários dias fazendo pesquisas sobre como eu poderia ir para o Canadá, e achei um programa de bolsa para uma universidade de Toronto que uma agência daqui faz. Mesmo sendo um pouco salgado, é o mais em conta que eu achei. Sabia que não ia ser barato, mas acredito que esse esforço vai valer a pena. Mesmo que o Jason não queria mais ficar comigo, eu vou mesmo assim. É o meu futuro e estou disposta a arriscar. Pelo menos vou ter uma ótima experiência.

Falei com o meu pai da minha vontade e deu trabalho, mas acabei convencendo-o de que eu queria isso de presente de 18 anos. E desde então tenho guardado cada centavo que eu consigo em vários trabalhos temporários que consigo. Às vezes, tem uns escorões que me pedem para fazer o trabalho de casa deles. Acabo fazendo, mas eu cobro por isso. Já juntei quase toda a minha parte. Dividi o valor total com meu pai e já consegui mais da metade, e ainda falta quase um ano. Se eu conseguir o dinheiro antes, vou logo. Estou muito ansiosa.

Agora imagina ter que me dedicar aos estudos, trabalhar, juntar dinheiro e tudo isso sem poder contar para o Jason o que eu estou fazendo é de cortar o meu coração, mas estou mantendo a promessa que eu fiz a ele. Todo dia, eu tenho que me controlar para não ligar, porque se eu fizer, ele vai achar que eu arranjei outro namorado. Como se isso fosse possível. Não tenho nem tempo de me coçar, que dirá ter tempo de sair por aí com outro rapaz que não seja ele. Bem capaz.

- Parece que está tudo dando certo, não é Ariel? – Jade me tira dos pensamentos que voaram longe, para ser mais precisa, para Toronto. Comecei a dividir os meus planos e frustações com ela e a dona Irene, que estiveram do meu lado, assim como minha mãe.

No começo eu quase surtei e desisti, mas a ajuda delas foi essencial.

- Do que você tá falando, Docinho? – a única pessoa que ainda não estava sabendo era o meu irmão. Sei que vai surtar assim que souber o que pretendo fazer.

- Já disse pra não me chamar assim na frente dos outros, Nick.

- Desculpe, Jade. É o costume. E o que você disse que está dando certo para minha irmã?

A Jade sempre esquece que eu pedi segredo quanto a isso. Tomara que ele aceite bem a notícia.

- Sim, Jade. Tenho quase tudo pronto. Falta pouco agora.

- Tô tão orgulhosa da minha garotinha. – Olho atravessado para minha mãe, que já sabe que falou algo que eu não gostei. – Desculpe, filha. Mas é verdade.

- É impressão minha, ou eu fui totalmente ignorado? – Nick pergunta.

- Não é impressão, Nickolas. – Olho para ele sem nenhuma vontade de responder mais nada. – Com licença. – Me levanto para sair, mas ele segura meu braço.

- Espera um minuto. O que é que está acontecendo aqui?

- Nada, Nick. São meus planos, só isso.

- Que são... – Acho que agora eu não tenho escolha a não ser contar a ele. Faço uma pausa para responder e ele espera. Acho que não tenho saída.

- Eu vou para o Canadá. Fazer faculdade lá. – Enquanto falo, meu irmão vai de surpreso a enfurecido.

- Que maluquice é essa??? – Agora ele está de pé, encarando nossa mãe. – E a senhora não pensou em me contar uma história absurda dessas, mãe?

- Eu que pedi pra ela não contar. – Falo.

- Por que sabe que está fazendo besteira e que não deveria fazer?

- Não. Exatamente por causa desse chilique que você daria. Você sempre faz escândalo com algo que não é da sua conta. Pode me deixar viver do jeito que eu pretendo, pelo menos uma vez na sua vida?? – Quando Nick soube que eu estava interessa em Jason e ele em mim, quis dar uma de irmão super protetor e me proibir de sair com ele. Quando vinham garotos atrás de mim, na época do fundamental, ele também colocava os meninos para correr, sendo que ele não precisava fazer isso. Eu nem queria ficar com eles de qualquer forma.

- Ariel, isso não está certo.

- E por que não?

- E se... – Vejo uma hesitação em seus olhos. Sei porque parou de falar. Não quer colocar em palavras o que pode ser a pior coisa da minha vida.

- Não vai acontecer. A gente tem um acordo e eu confio nele. – O asseguro com toda a convicção que eu possuo em cada célula do meu corpo.

- Ele já está lá há dois anos, Ariel. Pode nem estar mais pensando em você. – Jade cai na gargalhada com esse comentário do seu namorado. – O que foi que eu disse de engraçado, Docinho? Ele enfatiza a palavra para deixá-la irritada, mas acho que não funcionou. Ela enxuga uma lágrima do olho e fala calmamente.

- Você realmente não conhece meu irmão. O Jason não pensa ou fala em outra coisa, que não na namorada linda que ele deixou aqui. – Nick deixa o queixo cair e eu me sinto a garota mais especial do mundo. – Eles podem não estar se falando, mas o idiota enche o meu saco e o da mamãe todo santo dia. Quer ver? – Jade saca seu celular, abre na conversa do seu irmão e solta um áudio para todos na mesa ouvirmos. A linda e grave, porém diferente, voz do garoto em questão sai do alto falante.

- Vai Jade, fala como ela tá? Porque eu não faço outra coisa, que não pensar nela. Toda noite eu brigo comigo pra não ligar pra ela. Faço de tudo pra não pensar nisso. Preciso saber dela por você. E respondendo a sua pergunta, não posso ligar pra ela. A gente tem um acordo, mas eu quero muito saber como ela tá, porque... – ele para, suspira e volta a falar. – Deixa pra lá só me diz como a Ariel tá, por favor? Tem três dias que a mamãe não me responde e eu não sei mais a quem perguntar. – O áudio acaba e acho que meus olhos estão fora da minha cara, porque todos na mesa me fitam e eu não sei o que dizer. Saio correndo para o meu quarto e me tranco.

Não acredito que ele disse isso!!! É verdade mesmo que ele vem perguntando por mim? Por que ninguém me disse isso antes? Será que eu ligo pra ele? Tenho que tirar isso a limpo. Quando pego meu celular, pensando em jogar tudo para o alto e ligar para ele, meu telefone toca. O nome da Leslie pisca na tela e solto um suspiro. Mesmo quando eu não digo ela me salva.

- Oi, Leslie.

- Oi, gata! O que tá pegando?

- Meu irmão voltou pra casa hoje e já está enchendo o saco. – Deito na cama encarando o teto. – E com você?

- Tá tudo de boa. Aquela parada da faculdade no Canadá, já falei com meu pai. Ele disse que apoia cem por cento. Leva até o Jack, mas tu sabe como o meu namorado é turrão, né? – Sorrio lembrando da cara que o amigo do Jason fez quando a gente falou para ele sobre irmos todos para o Canadá.

- Sei, sim. Tem que mandar as propostas de vocês logo. E se der certo você acha que ele vai?

- Olha, é por isso mesmo que eu estou te ligando. Vou com ele ao cinema e como você tá, meio que de folga, quero te convidar pra me ajudar a convencê-lo. Vamos?

- Não posso gastar nada, Les. Infelizmente... – Ela nem me deixa continuar.

- E quem disse que você vai pagar alguma coisa?? Eu tô convidando, eu pago. – Sei que não adianta discutir com ela. Já perdi as contas de quantas vezes tentei dissuadi-la sem sucesso. Nem o Jack consegue, quer dizer, as vezes dá certo.

- Tudo bem. Que filme a gente vai ver?

- Annabelle 3!! – Sinto pela sua voz que está tentando me deixar com medo.

- Esse tipo de filme é bom para ver com o namorado Les e o meu está à exatamente 6.659 km de distância.

- Tá, então o que você sugere que a gente assista?

- Eu vi que estreou no mês passado Toy Story 4. A gente poderia assistir esse!

- Não!!! Deus me livre. Não vou assistir animação de jeito nenhum.

- Acho que o seu namorado vai concordar comigo.

- Droga! Não sei porque eu ainda chamo vocês para ver um filme comigo. Eu nunca consigo escolher.

- Claro que consegue. A gente assistiu A Freira que você queria tanto. – Ela rir do outro lado da linha, sabendo que eu disse a verdade.

- Beleza, então a gente vê esse de menininha mesmo. Depois a gente ver Annabelle 3. – Fala com voz de filme de terror.

- Me diz uma coisa: o Tavinho, não vai dessa vez, né? – já tem duas vezes que a gente inventa de sair e esse cara fica aparecendo. Não é por nada, mas a forma como ele me olha, me deixa nervosa. Não gosto disso.

- A gente nunca chama ele. É um metido que aparece sem ser convidado.

- Tá certo. Vejo vocês que horas no cinema?

- Duas horas está ótimo.

- Tá bom. Pode me esperar.

- Té mais, gata. – Ela estala os lábios, me mandando um beijo.

Desligo a chamada e dou mais uma olhada na minha proteção de tela.

Será que ele ainda está do mesmo jeito? Será que ele realmente ainda pensa em mim? Quando será que ele mandou aquele áudio? São tantas perguntas e nenhuma resposta que eu possa ter agora.

Tento espantar todas as inquietações e me levanto para ir ao cinema com meus amigos. Leslie e eu temos uma missão quase impossível.

9 de Outubro de 2020 às 16:30 1 Denunciar Insira Seguir história
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Valeria Torres Valeria Torres
Tão (ou mais) emocionante quanto o primeiro. Essa série tem todo o meu <3
October 21, 2020, 19:20
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