Nas fissuras de todos os ruídos, o silêncio… Aquela primeira manhã com cara de noite, cujos olhos devoravam o futuro, parecia um reflexo absurdo do passado cruzando os espelhos e avançando sobre a realidade. O que fazer com o medo? Quis correr e tapar a boca e os ouvidos para que as humilhações e os insultos não fossem capaz de entrar… Até por quanto tempo seria possível resistir? Até por quanto tempo residiria a fúria dentro de si, aparada, mortificada, a fúria imensurável e sólida, um bloco feito de esperanças e sonhos massacrados, se ela já não era para o mundo, porque o mundo não queria ninguém como ela, ali sozinha, no canto do quarto, enrolada no seu próprio corpo, abraçada aos joelhos…
Lá fora, que parecia longe, uma mancha bicolor, opaca como as desilusões, movia-se. Adiantaria trancar a casa para evitar a invasão? A mancha não avançou devagarinho, cômodo a cômodo, obrigando-a sair de casa, ao contrário, veio em torrente, pegou-a de surpresa, encarcerou-a dentro do quarto e mulher não deve sair sozinha...
Era tudo tarde demais, tarde demais, tarde demais…
O que fazer com o medo?
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