eduardo-miranda1595643581 Eduardo Miranda

Uma dupla de assaltantes em fuga descobrem que o crime não compensa ao chegar no mórbido esconderijo


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#fuga #bandidos #assalto #terror #canibal #carne #medo #susto #suspense
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Fugindo Para A Morte

O Opala 1971, zero km, preto, corta uma estreita estrada vicinal de terra no interior de Santa Catarina, no volante, Abreu Scuber está com os olhos estatelados, a adrenalina corre por suas veias seu bigode avantajado não disfarça a preocupação em seu rosto, ao seu lado Jair Malaquias, igualmente tenso e agitado com os olhos fixos na estrada tortuosa, vez ou outra escutam batidas na lataria do possante veículo, porém ambos sabem que aquele barulho não se trata de pedras da estrada e sim do “volume extra” que transportam no porta-malas.

Quarenta minutos depois eles chegam a uma porteira deteriorada pelo tempo, visivelmente sem manutenção, passam por ela sem diminuir a velocidade entrando em um lugar nitidamente abandonado, quinhentos metros depois avistam uma casa igualmente deteriorada, Abreu freia o Opala derrapando nos pedriscos levantando uma nuvem de poeira. A dupla se entre olha e em seguida voltam a observar a casa, era uma construção grande, com uma enorme varanda na entrada, uma residência de dois andares, paredes sujas e úmidas e janelas de madeira precisando de manutenção.

_Não acredito que este é o lugar. – Jair comenta com indignação.

_Não tem erro, é aqui mesmo. – Abreu confirma a informação com os olhos fixos no que vê.

_Mas este lugar nem está no mapa! – Jair segue indignado.

_Por isso se trata de um esconderijo seu retardado. – Neste instante eles escutam mais um baque no porta-malas. – Vamos nos apressar logo irá anoitecer.

A dupla desce do veículo, ambos de calça social boca de sino e camisa volta ao mundo, Jair pega duas sacolas de lona que estavam no banco de trás juntamente com seu paletó xadrez enquanto Abreu abre o porta-malas, ele gira a chave e após um estalo a porta se abre. Lá dentro com os olhos arregalados e com expressão de terror está a gerente de 35 anos da loja de joias da capital Catarinense. Amanda foi sequestrada servindo como escudo de segurança para a dupla durante a fuga. Apesar da beleza e sensualidade natural da mulher a dupla não tinha intenções sexuais para com ela, eram profissionais e pais de família, o plano era solta-la assim que as “coisas” esfriassem. Enquanto Abreu alojava Amanda na sala da casa próximo à lareira, Jair descarregava do veiculo mantimentos que utilizariam nos próximos 2 ou 3 dias.

A casa estava deteriorada por dentro, muita sujeira, porém, estava mobiliada, o que deixou a dupla intrigada, afinal apesar da sujeira, os móveis pareciam estar em bom estado, como se estivessem sendo utilizados com certa frequência. Jair deu uma “geral” na casa toda e constatou que todos os cômodos estavam mobiliados e que o fogão estava funcionando perfeitamente, sem demora ele espalhou na mesa da cozinha as compras de mantimentos, guardou os enlatados no armário e em seguida dirigiu-se para a geladeira que estranhamente estava ligada, o motor roncava alto por ser um eletrodoméstico antigo, com cuidado, ele tinha medo de que a maçaneta da geladeira quebrasse, ele abriu a porta lentamente, a luz interna acendeu e seus olhos arregalaram enquanto levava sua mão á boca, além do cheiro de carne podre, o que viu lhe causou náuseas.

_Abreu! – Ele chamou seu parceiro com a voz esganiçada. – Após chamar o companheiro por três vezes sem ser atendido, ele foi cambaleando até a sala onde Abreu arrumava o local para acomodar Amanda que ainda estava com a boca amordaçada.

_Meu Deus! O que aconteceu Jair? – Abreu se assustou ao ver seu amigo pálido cambaleando pela sala.

Jair não se conteve, se apressou para alcançar a janela e com a cabeça para fora vomitou. Após alguns minutos, se recuperou o suficiente para contar o que vira.

_Por Deus Abreu, vamos embora daqui! – Ele estava assustado de uma forma que seu parceiro nunca presenciara antes. _Olhe a geladeira, é horrível.

Assustado, Abreu foi até a cozinha onde a geladeira estava com a porta aberta, ele se aproximou lentamente, pois não sabia do que se tratava, a única referencia era o terror e desespero de seu amigo. Ao se aproximar, antes que pudesse ver o que havia lá dentro, sentiu o cheiro de carne podre que rapidamente lhe embrulhou o estomago, tirou um lenço do bolso de seu paletó mostarda e levou ás narinas, quando pôde ver o interior da geladeira se assustou, aguentou firme para não vomitar como seu amigo, correu até a janela e respirou fundo. Em seguida Jair surgiu na porta da cozinha.

_Viu aquilo Abreu? – Ainda demonstrava estar em desespero.

_Não deixe a garota sozinha! – Abreu gritou irritadíssimo, mas era apenas uma forma de descarregar tudo o que estava sentindo.

_A garota que se dane! Vamos embora daqui.

Já recuperado do mal estar, Abreu de longe olhou para geladeira, observou os potes de vidro com pedaços de carne humana e membros, como se fossem alimentos em conserva, havia olhos, dedos, mãos, pés e pedaços de couro e pele. Tudo organizado, como se fossem alimentos normais de consumo encontrados no mercado da esquina ou em uma grande rede de supermercados. Rapidamente ele fechou a geladeira.

_Vamos pegar tudo e dar o fora daqui.

A dupla correu para a sala, pegaram as sacolas de lona cheias de joias, e a garota que estava mais aterrorizada do que antes, afinal ela apenas escutava o que estava acontecendo, não tinha a informação completa. Ao saírem da casa perceberam que o sol iniciava seu desaparecimento por trás das árvores, enquanto Jair abria o porta-malas Abreu tentava dar partida no Opala, sem sucesso, após várias tentativas resolveu ver o que estava acontecendo, abriu o capô e constatou que a fiação do motor estava toda cortada, sua espinha gelou, ele ficou paralisado por alguns instantes, o suficiente para Jair perceber que havia algo errado, ele correu para ver o que estava acontecendo.

_O que houve Abreu? - Antes que seu parceiro respondesse qualquer coisa, ele mesmo viu a situação do veículo. _Mas o que ...???

_Vamos voltar para dentro, está escurecendo. - Abreu virou-se para pegar Amanda, porém a garota não estava lá, ele olhou no interior do carro, correu para olhar o porta-malas e nada, olhou em volta e não a encontrou. _Onde está aquela piranha? – Seus olhos flamejavam de ira, toda aquela situação o tirara da razão, sacou seu revolver calibre 38 e apontava para todos os lados. _Você deixou a vagabunda dentro da casa?

_Claro que não Abreu, ela estava aqui em pé do lado do carro, não deve ter ido muito longe. – Jair estava assustado com a situação, com o surto de Abreu e com o sumiço da refém. _Vou procura-la, não deve ter ido muito longe.

_Cala essa maldita boca. – Abreu berrava em desespero e ira. _Deixe a vagabunda que se dane, vamos entrar e pensar no que fazer.

Dentro da casa constataram que a energia elétrica havia sido cortada, acenderam as lanternas que não durariam acesas por muito tempo.

_Por Deus Jair! Quem lhe indicou esta maldita casa?

_Foi o Tuim, primo do Cascatinha lá da comunidade Santa Esmeralda... – Ele foi interrompido.

_Vou matar este desgraçado.

_Ele disse que era um lugar abandonado, com histórias estranhas e isso afastava as pessoas daqui, ou seja, um ótimo lugar para se refugiar.

_Que histórias?

_Bobagens, do tipo, pessoas que passavam por aqui desapareciam... – Novamente ele foi interrompido.

_Bobagens! O que está dentro daquela geladeira parece bobagem? Seu idiota, porque não me contou?

_Porque achei que fosse bobagem.

A ira em Abreu era tão grande que lhe passou pela cabeça dar um tiro em Jair, porém, se aquietou, sabia que era um momento complicado e precisariam estar juntos e unidos para saírem daquela situação. Abreu respirou fundo e determinou:

_Vamos passar a noite aqui, revezando o plantão e pela manhã vamos embora á pé pela estrada.

_Mas e a garota?

_Essa infeliz deve estar morta agora.

Assim, Abreu deitou-se no sofá e ficou “pescando”, não conseguia dormir e Jair ficou sentado ao lado da lareira, com seu calibre 38 em punho, de frente para porta e a janela. Em alguns momentos ele também “pescou”, até que um ruído do lado de fora o despertou completamente, era uma espécie de risada que após despertar Jair também acordou Abreu.

_Que barulho foi esse? – Abreu despertou com a arma em punho e os olhos arregalados.

_Eu..eu não sei.. – Jair ficou em pé com arma apontada para a porta, em seguida ouviram um grito de horror de mulher, muito provavelmente de Amanda.

_Quem está ai? – Abreu berrou com fúria. – Perguntou várias vezes sem obter resposta em nenhuma delas.

Repentinamente o vidro da janela estraçalhou com um baque, um braço inteiro de Amanda fora arremessado para dentro da casa, a dupla de assaltantes disparou vários tiros aleatórios em direção á janela e a porta. Pararam com as armas quase que descarregadas, ficaram em silencio e ouviram mais gemidos de horror e risadas que pareciam ser de mais de uma pessoa, de repente outros pedaços de Amanda foram arremessados pela janela, a sala estava tomada pelo sangue da mulher, um baque arrebentou a porta de entrada deixando-a aberta, a dupla que já havia descarregado as armas com tiros sem direção agora as recarregavam, foi quando a casa foi invadida por uma mulher, um homem e um adolescente, sujos, olhos estatelados e grandes dentes amarelos e afiados, Abreu ainda conseguiu fechar o tambor da 38 e dar um disparo que acertou de raspão o braço esquerdo do homem, imediatamente a dupla de assaltantes de joalheria foi imobilizada, aquelas pessoas estranhas eram extremamente ágeis e avançaram sobre a dupla que já estavam entregues a situação, sem forças para lutarem, com a mente em frangalhos eles escutam um veículo se aproximando da casa, Jair inutilmente tenta pedir socorro, contudo, sua voz está esganiçada, em seguida eles escutam passos se aproximando pela varanda, até que um homem de estatura média entra pela porta, Jair arregala os olhos para mais uma surpreendente revelação:

_Tuim? O que faz aqui? – Jair está confuso.

_Me desculpem, pelos modos da minha família, eu deixei bem claro que fossem cautelosos e educados com vocês, mas sabe como é, a apetite deles aumenta quando o tempero é o medo e o desespero. Jair chorou de medo enquanto Abreu berrava alucinado. A família de canibais sorria feliz, pois o cardápio daquela noite seria farto.

29 de Julho de 2020 às 23:19 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Eduardo Miranda Paulistano, 47 anos, casado e pai de 3 filhos, amante da música e de esportes em geral, adora o cinema em especial o gênero suspense e terror. Meu primeiro trabalho iniciou em 2008 quando escrevi a fantasia , Maddems, em 2017 finalizei meu segundo trabalho, Um Santo Amigo, escrevi também cerca de 21 contos de terror. e agora me aventuro a escrever online o suspense "A Estrada Escura".

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