Genesia, 63 anos, nunca conseguiu acompanhar os fatos mundiais ao seu redor.
Aos 8 anos ouviu falar que o país tinha uma nova capital, mas cuidando dos cinco irmãos mais novos ela não ligou, nem sabia o que era uma capital.
Aos 14 anos, já trabalhando como lavadeira, estava longe de saber que o homem havia conquistado o espaço e pisado na lua. Ela só queria conquistar sua próxima refeição.
Aos 30 anos, já casada e quatro filhos, não viu a convulsão social que assolava o país, vivendo em 6 metros quadrados, lavando e passando a roupa dos patrões que bradavam de punhos cerrados "vagabundos" ao televisor que estava tão longe na sala de estar, pensando o que será que meus filhos estão fazendo agora?
Aos 42 anos não soube que uma princesa distante havia morrido fugindo de parte da crueldade humana. Estava ocupada velando o corpo do filho, morto com 3 tiros nas costas, em uma operação policial padrão.
Aos 54 anos em um corredor de hospital ninava o neto, reizinho, que acabara de nascer doentinho naquele mesmo local e não percebeu o burburinho sobre a morte de um outro rei mundial.
Esse e outros tantos fatos foram perdidos por Genesia, em sua luta sobrevivente e agora se encontrava em um leito de hospital após um desmaio no serviço de faxina. Foi levada as pressas para a emergência e acabara de ouvir do médico e da filha que não tinha mais tempo, era câncer terminal.
Olhou para a janela, a lua no céu se apagava lentamente, devia ser o tal eclipse que ouvira no jornal. Esse, ela havia conseguido ver.
- Não vai dizer nada mãe?
Genesia olhou para sua filha sorrindo.
- Hoje é o dia mais feliz da minha vida.
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