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Bakugou podia ver através da farsa que Kirishima criou. O verdadeiro eu dele, que era tão parecido com o seu. Porém, havia algumas peculiaridades que os diferenciavam, e uma delas, era a forma como cada um escondia seu passado.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#kiribaku #farsa #kirishima #fogo #bakugou
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Capítulo Único

"Ele queimava"

Essas poderiam ser as palavras um pouco fora de contexto para definir alguém, porém, Bakugou Katsuki as usava — e achava que eram as melhores — para definir Kirishima Eijirou. O sorriso dele queimava, seu toque queimava e sua voz também queimava. Talvez poderia também dizer que ele era uma combustão ambulante, tão instável que, qualquer mudança muito drástica, poderia gerar uma grande explosão.

Muitos diziam que Kirishima, com seu jeito tão harmonioso de ser e um sorriso de contagiar, brilhava. Reluzia tanto, que ofuscava os outros ao seu redor sem ao menos se dar conta. Mas Bakugou achava isso um grande engano, pois aquele ruivo queimava a tudo e todos ao seu redor. Queimava tão rápido que talvez você nem percebesse, e talvez nunca o fizesse. Parecia ser o único a enxergar por trás de todo aquele brilho.

E se fosse para dizer mais — e com certeza diria —, Kirishima era uma farsa. Não era, nem de longe, aquela pessoa que mostrava a todos. Podia ver em seus olhos o desastre que ele era, tão quebrado que não havia mais como consertar. Via em cada pequena ação dele, no mínimo gesto, suas segundas intenções. Um amigo chegou a dizer que prestava muita atenção em Eijiro, negou, porém sabia internamente ser verdade.

Em algum momento se fascinou por aquele rapaz que cursava a mesma faculdade e sala que ele próprio, queria mas que vê-lo, queria tocá-lo, beijá-lo e dizer tantas coisas que sempre quis. E olha que Bakugou nem se considerava gay, nem ao menos bissexual, aquela atração/fascínio surgiu de repente o deixando muito sem saber o que fazer.

Uma das explicações plausíveis por trás de tudo isso que talvez, porém bem provável, era que Kirishima fosse muito parecido com ele próprio — igual seria exagero, existia certas peculiaridades que os diferenciavam. Via nele uma dor como a sua, o desejo também de escondê-la de todos e seguir em frente. As formas de cada um deles fazerem isso eram bem diferentes, obviamente. Kirishima fingia felicidade, Bakugou não. Kirishima queria ser amigo de todos e agradá-los, Bakugou tinha seus poucos amigos, escolhidos a dedo, não se dava bem com todos e nunca faria questão disso. Agradava a si mesmo e isso era o suficiente. Kirishima mentia sobre seu verdadeiro eu, Bakugou não. Se o perguntasse diria a verdade e não se importaria com o que pensariam. As diferenças eram muitas, gritantes se alguém atento observasse.

Katsuki já chegou a cogitar o amor, porém, parecia profundo demais. Então aderiu a paixão intensa, atração inevitável, qualquer coisa que não envolvesse aquela palavra de quatro letras. Amar alguém, para muitos era normal, porém, para si, era muito pessoal. Uma ligação com seus altos e baixos que exigiam muito do ser humano.

Então ele não amava Kirishima Eijirou. Não estava tão disposto a tudo e as mais altas loucuras por ele. Nunca deixaria chegar a tanto. Porém, em controvérsia, queria mais do que tinha naquele momento. E era por isso que, agora se encontrava ali, na delegacia cheia de bêbados revoltados e mulheres que, injustiçadas pela sociedade, pediam socorro diante dos maus tratos que sofriam.

Telefones tocavam, pessoas gritavam de um lado para o outro, reclamações e xingamentos eram trocados de todos os lados, mas Bakugou não ouvia tudo isso realmente. Somente seus passos ecoavam em sua mente, como um eco repetido e sem fim. Cada passo mais perto das celas, contava-os para conter a ansiedade que o tomava por dentro, mas não transparecia por fora.

Mais um passo e logo você estará lá, pensamentos como aquele iam e vinham a todo instante. Logo estava diante das celas, passando por elas e procurando um rosto somente. Fazia-o sem muita pressa, mas por dentro gostaria de gritar o nome dele e assim achá-lo mais rápido. Mas conteve-se.

E mais devagar do que gostaria, estava diante da cela certa onde um Kirishima desolado se encolhia no canto escuro. Quando seus olhos o fitaram, soube que estava totalmente enganado; ele ainda queimava, mas agora muito mais intensamente. Com mais vontade. Se olharam por muito tempo, no silêncio que só existia entre eles.

Logo um policial apareceu, o rosto fechado em uma carranca de raiva e cansaço, com um bolo de chaves que tintilaram e fizeram os olhos do ruivo se fixarem nelas. Katsuki sentiu que Eijirou poderia explodir naquele mesmo instante. Mas se enganou mais uma vez, ele voltou a ficar instável, saiu da cela receoso e com mais perguntas do que a paciência de Bakugou poderia suportar.

— Você nunca me enganou, vamos deixar isso claro aqui. — Disse assim que puseram os pés fora da delegacia, a chuva fina caindo e dando um ar dramático para aqueles dois parados no meio da rua.

— E isso seria bom? — A voz dele demorou a vir, mas veio. Pesada e rouca, Kirishima parecia mais cansado do que nunca.

— Só o tempo vai dizer.

— Clichê. — Ele disse com certo tédio.

— Talvez. — Bakugou disse, pensando em tudo o que aconteceu até ali, clichê definia tudo muito bem até. Porém, aquele com certeza não seria um clichê comum.

Olhou para o Eijirou de baixo para cima, antes de sorrir de lado, muitas coisas invadindo sua mente e que, por enquanto, ficariam por ali. Apontou para seu carro estacionado um pouco mais a frente, camuflado com a escuridão da noite.

— Tenho certeza, Eijirou, que tudo isso será muito interessante. — Sussurrou no ouvido dele, andando em direção ao carro e logo escutando passos às suas costas.

— Nunca concordei tanto com alguém, Katsuki.— Foi a vez dele de sussurrar, deixando-o excitado com as várias possibilidades de como aquela noite poderia terminar.

E naquela noite, enquanto andava devagar apenas para poder ver o ruivo a sua frente queimando no meio daquela chuva fria, com um sorriso maldosos nos lábios, o futuro nunca se mostrou tão incerto para Katsuki. Kirishima faria com que todos os dias fossem diferentes e cheios de novidades — boas e ruins —, tornaria tudo desconhecido, que talvez, até mesmo ele, que viu a verdade de Kirishima Eijirou antes de qualquer outro, poderia ser queimado em algum momento. Sem ao menos se dar conta. Seria tão rápido que a dor se instalaria e só a sentiria depois, quando nada mais restasse de si do que um corpo oco por dentro.

Ele queimava. Kirishima queimava. E naquele momento estava tão instável, que a explosão era tão certa quanto o fato de Bakugou ser tomado por ela.

2 de Junho de 2020 às 15:10 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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awnthony ⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝙋𝙇𝙐𝙎 𝙐𝙇𝙏𝙍𝘼! -'ღ'- ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ também estou no wattpad e spirit fanfics com o mesmo user.

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