jpsantsil Jp Santsil

Sentimos a chegada do ‘GRANDE CONFRONTO’ em nossas vidas quando estamos sozinhos, doentes, deprimidos, rejeitados e fracassados. No fundo do poço… no barco a deriva de um mar solitário… na corda bamba que atravessa o abismo… na sala apertada e fria de uma solitária. O fim do mundo chegou! E, nos aperta para confrontar o mal. Eis o Armagedom que a bíblia revela em seu último livro.


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O Grande Confronto

Há um certo momento da vida, que não podemos fugir ao dia do grande confronto. Sendo, esse, o dia do confronto final! O Apocalipse interno, dentro de cada um de nós. Assim vejo que o fim do mundo é o momento em que temos de dar um basta ao medo dentro de nós mesmos. Algo em nós que não presta mais… algo que tem que ser combatido e confrontado… algo que tem que morrer. Esse dia do confronto final chega para todos. Um dia de escolha em que o ‘pequeno’ almeja ser confrontado e vencido pelo ‘GRANDE’. Passamos a maioria do tempo adiando o ‘GRANDE CONFRONTO’, porque temos medo dele. E, assim, nos afastamos da nossa essência DIVINA… e, para preencher esse vazio… procuramos nas pessoas, nos lugares, na comida, nas drogas, nas coisas e objetos, e até mesmo, nas belezas naturais, universais e espirituais, uma certa essência que não passa de uma alegria virtual que logo, automaticamente, será deletada. Pois, ao cair no imenso buraco negro sem bordas e fundos do nosso íntimo, desaparece como a pequena pedra jogada no lago, que por um instante de vislumbre se faz quicar sobre as águas das ilusões. O momento do ‘GRANDE CONFRONTO’ é triste, duro e doloroso, porém, não tarda em chegar na vida de todos nós. E, quando fraca e vergonhosamente o rejeitamos, a morte vem nos consolar com seu carinho doentio, porquanto, o tempo acabou!

Sentimos a chegada do ‘GRANDE CONFRONTO’ em nossas vidas quando estamos sozinhos, doentes, deprimidos, rejeitados e fracassados. No fundo do poço… no barco a deriva de um mar solitário… na corda bamba que atravessa o abismo… na sala apertada e fria de uma solitária. O fim do mundo chegou! E, nos aperta para confrontar o mal. Eis o Armagedom que a bíblia revela em seu último livro.

Sentimos o momento que temos de ser sacrificado numa cruz, como foi feito ao jovem judeu Yeshua. O momento em que a dor, e as dúvidas nos sequestram, como se deu com arqueiro guerreiro Arjuna ao ter que se confrontar em uma batalha mortal contra seus pais, avós, filhos, primos, tios e tias, professores e amigos como relata o Bhagavad Gita. O momento em que Siddhartha Gautama fora abandonado pelos Deuses da Lei para combater os seus demônios internos.

Irmão e Irmã! Você que está lendo esse texto agora. Assim, como esse momento chegou para todos os iluminados… chegará também para você, como hoje chega agora para mim. Não vos falo aqui, como os iluminados que ganharam as suas batalhas, e agora vivem nos planos divinos. Falo como um homem que está diante da batalha, e tem muito medo. Pois, Yeshua teve seu GRANDE PAI-MÃE. Arjuna tinha Krishna. Gautama tinha o DHARMA (Grande Lei) ao seu favor. E, eu só tenho a mim mesmo, uma fé “desconhecida”, os exemplos vitoriosos desses iluminados, e nada mais. Vê que assim como muitos de vocês, eu não tenho as ferramentas certas. E se tenho ninguém me ensinou utilizá-las, pois o mundo em que nascemos nos deixou apenas o medo, a dúvida e meras ilusões como herança. Porém, de uma coisa sei, no momento do ‘GRANDE CONFRONTO’, o GRANDE PAI-MÃE abandonou Yeshua na sua cruz, e o seu peito foi aberto à força numa procura; Krishna ao levar Arjuna em seu cavalo ao campo de batalha, regressou ao seu posto deixando o seu amigo só na luta, e Arjuna nada fez, senão, esquecer os seus medos; Os Guardiões da Lei abandonaram Gautama no momento em que mais precisava, quando na noite fria lutava internamente com MARA, o senhor de todo mal, meditando debaixo de uma grande árvore, e ele apenas fugiu das armadilhas internas da mata escura. No final Irmãos e Irmãs, no ‘GRANDE CONFRONTO’, iluminados ou não, estamos todos sós! E só assim seremos dignos do ‘GRANDE CONFRONTO’, e só assim, vamos descobrir o que nos faz sentir, como diz a música: EU… CAÇADOR DE MIM.

Hoje não venho com contos, crônicas e textos de ficção… hoje falo o que acontece comigo! E como presente, um presente de escritor, deixo-vos também, um conto que está encabeçando o último capítulo do meu primeiro livro: O FILHO DAQUELA QUE MAIS BRILHA. Quando o escrevi… nem eu sabia o que estava dizendo… como sempre uma revelação mística. Hoje! Em minha catarse, compreendo muito bem. Sejamos fortes e corajosos para o dia do nosso Armagedom! Fica o conto… cito a canção, pois vou descobrir o que me faz sentir, EU… CAÇADOR DE MIM:

“O que foi destruído pela culpa e consumido pelo arrependimento será restaurado pela glória. O mais forte e o mais fraco se olham olho no olho. O dia do confronto, sendo este o dia da verdade. O mais forte almeja vencer o mais fraco. O mais fraco agora almeja ser derrotado pelo mais forte. Um na frente do outro se observam. O mais fraco roga para ser vencido, pois as suas fraquezas sufocam o seu pobre coração.

O mais forte diz:

— Como posso lutar com você, se você não é forte o suficiente para me enfrentar?

O mais fraco diz:

— Eu caio todas as vezes que me levanto.

O mais forte diz:

— Se não pode ficar de pé, não poderá nunca lutar comigo.

O mais fraco se esforça para se erguer, mas as suas fraquezas sempre o derrubam.

O mais fraco decidiu antes de lutar com o mais forte, confrontar as suas fraquezas. O mais fraco viajou para o interior, até a morada das fraquezas, e encontrou uma casa suja, fria e abandonada. Essa casa estava lotada de coisas velhas, porcas e imundas. O mais fraco, ao ver essas coisas, apavorou-se! E, disse:

— Farei uma grande faxina nessa casa e, limparei toda essa imundícia e podridão.

Ao terminar a grande faxina, a casa se esvaziou e mais nada restou. E todo o lixo foi consumido pelo fogo. O mais fraco, vendo que a casa ficara vazia, entristeceu-se! Pois, se sentiu solitário sem as suas fraquezas para lhe trazer consolo e distração. O mais fraco sentiu um vazio tão profundo, tão doloroso, que o seu pobre coração parecia mergulhar em um abismo profundo. Espadas penetravam em seu coração, e este sangrava até a morte. Sem se perceber, o mais fraco em sua solidão estava de pé. E, chorando, disse:

— Meu pobre coração dói, dói e dói.

Então, o mais forte disse ao mais fraco:

— Vejo que você está de pé!

E o mais fraco, ao parar de se lamentar, percebeu-se erguido. E disse:

— Eu realmente estou de pé, mais ainda não tenho forças para te confrontar.

O mais forte disse:

— Você já se confrontou, e já se derrotou. Então, como diz, tem que me confrontar. Se agora você é eu, e eu sou você.

O mais fraco, agora de pé, viu que não era mais o mais fraco. E, quando procurou o mais forte, encontrou a ele mesmo, preenchendo o vazio com a verdade.”

11 de Maio de 2020 às 20:34 2 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Jp Santsil Nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, tendo se dedicado mais da metade de sua vida a projetos de ativismo social, educacional, cultural e ecológico com crianças e jovens em estado de risco e extrema pobreza nas favelas e comunidades carentes do Brasil e Ecuador. Atualmente vive e é cidadão do Estado de Israel, oriente médio asiático, onde se dedica a projetos ecologicamente sustentáveis. ​

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DC David Cassab
Muito bom, ler em cinco minutos mas pensar o resto da noite! Gosto de textos assim.
May 15, 2020, 01:23

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