jriddle Jéssica Friedrich

Um anjo, um demônio, uma criança e sua irmã protetora. O que os quatro tem em comum? Todas estão ligadas à uma profecia escrita há milênios que poderá soltar o mal no mundo, quebrando um selo importante para abertura dos portões do inferno. ◇♡♤♧●○•° - Este livro está registrado na Biblioteca Nacional, ja tendo exemplares físicos de sua primeira tiragem. Qualquer apropriação indevida de seu conteúdo acarretará a uma resposta judicial.


Fantasia Épico Todo o público.

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Prólogo

PRÓLOGO


John digitava em uma máquina de escrever velha que ficava em cima da mesa em seu escritório. A chuva de outono caía com velocidade sobre a cidade de Londres às duas e trinta da madrugada, fazendo o local clarear a cada relâmpago que riscava o céu. Ele dava pequenas pausas para bebericar de seu copo de uísque que estava ao lado de um cinzeiro com algumas bitucas amassadas. Mesmo com a chuva caindo o quarto estava quente, John suava por baixo de sua camisa branca acompanhada com uma gravata azul marinho de nó frouxo. A sua expressão era nervosa, vez ou outra passava sobre sua face uma das mãos, limpando-a para melhor visão do que estava escrevendo.

O último relâmpago clareou a sacada revelando a silhueta de uma mulher que o observava. Ele não viu seu rosto, mas se levantou como se a esperasse e foi até a porta de vidro, abrindo-a. Deu alguns passos para trás esperando que ela entrasse em seus aposentos e, se virando, foi buscar seu copo e acender mais um cigarro.

- Olá John.

A voz de fala maviosa preenche o lugar com um ar sereno e confortador. O barulho do sapato de salto agulha nos tacos foram os únicos sons que ecoavam após o cumprimento daquela mulher que até então, demonstrava confiança e paciência como se já esperasse esse encontro. O sobretudo longo quase arrastava no piso e por baixo se via o decote de seu vestido, tão negro quanto o sobretudo. A chuva não havia molhado um fio sequer de seu cabelo, como se ela não fizesse parte daquele cenário frio e chuvoso.

- Boa noite. – John responde, virando-se para onde ela estava e bebendo mais um gole de seu uísque.

A mulher vai até sua mesa com passos calmos e corre seus olhos para os papéis que estavam na mesma desarrumados, pega a garrafa de uísque e serve em outro copo que estava ao lado da máquina de escrever. Seus cabelos loiros dourados eram tão angelicais quanto as esculturas dos templos do Vaticano e a pele clara e macia como veludo fez John parar o copo sobre os lábios para contemplá-la. Ela tira um cigarro do maço e coloca na boca, alcançando com sua destra o zipo sobre a mesa e voltando a olhar o homem em pé ao seu lado, tirando por um breve momento o cigarro da boca com dois dedos.

- Já faz tempo, não? Dez anos...

Ela diz e em seguida coloca o cigarro novamente nos lábios já aceso, o fitando com um ar sarcástico como se tivesse contando os anos em sua cabeça. Volta a observar os papéis e bebe o uísque, pousando o copo sobre as folhas em cima da mesa.

- Como se não soubesse, Katie. – John fala, bufando em seguida, pegando a garrafa de bebida e acomodando-se em sua poltrona. Observava seus movimentos. – Preciso de mais tempo...

- Ora John! – Uma gargalhada quebra o barulho da chuva e a mulher a qual ele denominou como Katie senta sobre a mesa, cruzando as pernas. – Se eu desse mais tempo a todos que me pedem, eu não teria lucro nenhum.

John afrouxa ainda mais a gravata e passa a mão sobre sua testa, limpando as gotículas de suor que teimavam escorrer.

- Eu faço o que quiser! Katie, minha filha se casa no fim de semana.

- Está tentando comover um demônio, John? – Após sua fala ouve-se um trovão e o clarão invade novamente o escritório, fazendo com que ele se encolha na poltrona. O pavor exalava de sua face ao ver a sombra da mulher na parede, abrindo um par de asas esqueléticas. – Sou de palavra. Hoje às duas horas e cinquenta e quatro minutos do dia onze de dezembro de mil novecentos e vinte e oito, levarei sua alma comigo.

Assim que ela termina ele olha para o relógio na parede que marcava duas e cinquenta. Sente seu coração bater forte e o desespero tomar conta de cada músculo de seu corpo. Pensou em correr, mas não adiantaria, nada iria ajudar a fugir de um ser nascido nas trevas. Não havia como fugir, não poderia salvar sua vida medíocre.

- Valeu a pena? – ela o encara.

A voz de Katie o faz voltar a realidade, olhando novamente o horário que marcava duas e cinquenta e dois. Ele tira a gravata que estava em volta do pescoço e pega o retrato de suas duas filhas e esposa ao seu lado no criado mudo, olhando as três sorrindo com lindos chapéus de primavera ao lado de um carrossel no parque da cidade.

- Sim. Sim, valeu. – as lágrimas começam a descer sobre sua face e em segundos, seus gemidos de choro já fazia parte da sinfonia da chuva.

- Então John... pense bem, eu lhe dei dez anos. Você não é o primeiro soldado a fazer um pacto com o demônio e provavelmente não será o último. Se te consola, muitos soldados venderam suas almas a mim para sobreviver a Primeira Guerra Mundial e vários alemães estão abraçando Lúcifer e ardendo no inferno nesse exato momento.

Ele olha para ela e em seguida para o relógio que estava marcando duas e cinquenta e quatro.

- Será uma morte natural? – seu olhar era piedoso.

Ela sorri com sua pergunta e seus olhos ganham uma tonalidade acinzentada. John encara seus olhos e os segundos começam a bater em seu coração, como o ponteiro do relógio. A primeira fisgada o faz levar a mão no peito e trancar a respiração, dando um gemido baixo de dor. Logo sente uma fisgada mais forte e esta o deixa sem equilíbrio, não aguentando o peso do próprio corpo ele tomba para o lado, caindo da poltrona para o chão em uma posição fetal, encolhendo as pernas. A terceira fisgada, ainda mais forte o fez soltar um grito e, naquele segundo de instante John relaxou os músculos, mantendo o olhar arregalado e fixo na parede. A imagem de suas filhas e sua mulher invadem as lembranças do homem. Aquela era a hora de partir, a hora de pagar a dívida com o inferno e queimar pela eternidade em troca dos dez anos que havia vivido.

A parede onde ele fitava havia um quadro antigo de Jesus Cristo nos braços de Maria e era como se eles olhassem para John e o acusassem, apontando para ele e o julgando fraco. - devido à falta de oxigênio em seu cérebro as imagens começavam a se contorcer em sua visão embaçada - Maria o olhava com repulsa e Jesus estava com a expressão de nojo. A luz de seus olhos se apagaram lentamente e o ar se dissipou de seus pulmões, John não estava mais naquele escritório.

- Sim John, será natural. – Ela o responde atrasada de propósito, com um sorriso sarcástico pegando a garrafa de uísque do chão, enchendo mais um copo e bebericando.

11 de Maio de 2020 às 16:59 0 Denunciar Insira Seguir história
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