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Já tem um tempo que não escrevo aqui sobre minha condição de saúde, antes não tinha novidades e para ser brutalmente sincera, eu estou deprimida demais pra me obrigar a qualquer coisa, todo esse inferno começou em 18 de Maio de 2022 quando meu útero começou a tentar me matar com um sangramento incessante, passei por 2 internações, procedimentos, medicações, e wxames pra lá de invasivos, e bem não é câncer, jamais vai ser mas ainda assim é grave.


Possuo uma combinação de problemas muito específicos que me causam sintomas horríveis e caros de lidar. Gasto uma grana e recebo ajuda de outras pessoas para comprar meus remédios e materiais de higiene. Isso me deixa mal, pior que a doença, a sensação de impotência e incapacidade de cuidar de mim mesma me assola, desgasta e faz estrago todo dia.


Essa semana, precisamente na segunda-feira, dia 27 de Março de 2023 eu passei por um dos piores atendimentos médicos da minha vida. Com muito sacrifício e ajuda dos meus primos e amigos consegui fazer os exames que eu precisava pra ir à avaliação, chegando lá num hospital que eu não conhecia, nunca tinha pisado, fui atendida por um homem, esse homem, um cirurgião sequer viu meus exames, não comparou os períodos que foram feitos, os novos sintomas ou a situação atual do meu útero. Os exames de sangue sequer foram abertos, ele não viu meu exame do coração, o mais caro e difícil de conseguir. O médico me olhou como se eu fosse apenas um pedaço de carne ambulante que estava diante dele com queixas e reclamações fúteis, fui julgada sem o menor pudor da parte dele que disse com todas as letras: -"se você fosse minha esposa ou minha filha eu jamais deixaria você retirar o útero", não parou para me ouvir, não considerou o tempo que venho sofrendo com esse sangramento e eu sai de lá com 2 papéis para buscar atendimento em outra cidade e só. O julgamento moral, a sensação que estava nos anos 40 que precisava da aprovação do meu pai ou de outro homem pra decidir sobre a minha vida me ofendeu e dilacerou. Um episódio clássico de misoginia, tentativa de controle do corpo feminino e ódio, uma desatenção tão odiosa que meu estômago revira quando me lembro. Eu vou denunciar isso, mas ao saber o quão famoso e respeitado ele é, sei que não vai dar em absolutamente nada. Esse texto é um desabafo, é a minha dor e desespero escancaradas, pra todo mundo ver. Como vai ser daqui pra frente, eu ainda não sei. Não aguento mais sangrar, não aguento mais usar absorvente todo dia e sentir dor.


Por isso agora eu peço pra vocês a quem vão chegar essas palavras apoiem suas mulheres, as lutas delas, acolham, façam o possível pra que tenham o mínimo conforto e alento. Mulheres, possuindo ou não um útero se cuidem, quando sentirem qualquer coisa errada com seu corpo vão ao posto, vão ao hospital, procurem ajuda, não esperem, não se calem, façam o possível pra preservar sua saúde, é o único bem que vocês tem. Eu sou portadora da síndrome do ovário policístico, 2 miomas, cistos, pólipos, endométrio espessado e útero aumentado.

Vou agora em busca do tratamento alternativo, 2 procedimentos para que ele funcione e alguns remédios ainda. Queria terminar esse relato com uma mensagem de esperança, mas não, preciso ser realista e fria, ainda há um bocado pelo que lutar. Espero ter forças pra sobreviver. É isso.

1 de Abril de 2023 às 00:08 2 Denunciar Insira 2
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